Entrevista: Selvagens à Procura de Lei fala sobre o novo álbum “Praieiro”

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O quarteto cearense Selvagens à Procura de Lei, formado em 2009, lançou em março seu terceiro disco de estúdio, o álbum “Praieiro”. Ao longo da carreira, a banda já fez muitos shows, se apresentou em festivais, como o Lollapalooza Brasil, e tem história de sobra pra contar – inclusive sobre a vinda dos integrantes para a capital paulistana.

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O Nação da Música bateu um papo com o Gabriel, voz e guitarra na banda, sobre o processo de criação deste novo álbum, inspirações do grupo e o que São Paulo trouxe de novo para a banda.

Vocês sentem que a participação do público durante este novo álbum fez com que o processo fluísse mais facilmente?

Gabriel Aragão: O público mexeu com a gente muito antes do financiamento coletivo de Praieiro. Enquanto estávamos na turnê do disco anterior, pudemos aprender muito como cada música afeta às pessoas, o que um refrão potente causa, ou um solo bem colocado, o que faz as pessoas dançarem, etc. Acho que tudo isso somado à participação dos fãs no financiamento coletivo fez com que esse nosso último trabalho se torne algo muito especial, as músicas, por si só, fluem com muita facilidade, talvez mais do que nos discos passados.

Vocês conseguem resumir “Praieiro” em um só conceito? Por exemplo, vocês o tratam como um álbum contemporâneo ou que traz de volta as raízes da banda?

Gabriel Aragão: Praieiro é a fotografia da banda naquele momento. E naquele momento nós queríamos fazer as pessoas dançarem num show de rock, tirar o pé do show e se emocionarem com as novas letras, que falam sobre a nossa mudança para São Paulo, em todos os sentidos. Amor, política, amadurecimento, o mundo da música: está tudo ali. Não é uma volta às raízes. Ainda somos uma banda muito nova para dizer isso. Acho que estamos criando novas raízes, mostrando uma nova face da banda para o público.

Atualmente vocês vivem em São Paulo, mas o som do Ceará os inspira em suas composições? Podem citar artistas do Nordeste que são importantes para vocês?

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Gabriel Aragão: Belchior, Fagner, Ednardo, Caio Braz… São tantos! Para além do Ceará tem Alceu, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Tom Zé, Gilberto Gil, Caetano, Raul Seixas…

Morar em São Paulo trouxe o quê de inovador para este novo disco? 

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Gabriel Aragão: Praieiro é um disco que olha pra frente. Não se trata de saudade de casa, essas coisas. São Paulo trouxe esse amadurecimento pra banda, como pessoas e artistas. As letras mudaram muito, todos os quatro passaram a escrever música nesse disco. Foi algo muito importante e que precisava acontecer. O período que moramos juntos serviu para melhoramos no instrumento e nos aproximarmos como amigos, nos conhecermos melhor.

Como vocês enxergam o novo rock nacional?

Gabriel Aragão: O rock nacional está pulsando e está cheio de sangue novo. A nova geração já tá ligada. Eles não dependem de TV ou rádio para acompanhar o novo rock. Somos uma geração nova que briga por espaço e usa o que tem em mãos. É questão de tempo até a grande mídia perceber a grande conexão que o novo rock brasileiro tem com o público jovem.

O álbum “Praieiro” explora diversos estilos musicais, vocês pensaram em seguir este caminho ou foi algo que aconteceu naturalmente?

Gabriel Aragão: A primeira coisa que surgiu do Praieiro foi o nome do disco, inspirado em “Canções Praieiras”, do Dorival Caymmi. A partir daí, já sabíamos a energia que queríamos transmitir. Foi diferente fazer um disco assim, já com um conceito fechado, mas também foi uma experiência muito legal. Aos poucos fomos conhecendo mais e explorando outros universos musicais que até então os Selvagens não transmitiam na sua música como o dance, reggae, p-funk, soul, música nordestina, etc.

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O instrumental ganhou um bom destaque dentro do álbum, o Red Bull Station é um dos motivos de vocês explorarem tão bem a sonoridade ao longo das faixas de “Praieiro“?

Gabriel Aragão: Tem uma história engraçada. Na casa da banda, em São Paulo, onde escrevemos e desenvolvemos a maior parte das músicas, não tínhamos como ensaiar voz no estúdio. Então, ficamos meses praticando os arranjos entre nós 4, criando mais do que foi utilizado, registrando tudo. Isso foi muito importante porque demos um salto como instrumentistas entre o segundo disco e o Praieiro. Outra coisa que fizemos foi ter aulas de voz. Isso também mexeu muito com a gente e é bem perceptível, pois esse é o disco que os 4 cantam mais juntos. Gravar na Red Bull Station SP foi mágico. Passávamos dias inteiros lá, junto com o David Corcos O Marroquino, registrando muita coisa, explorando os arranjos que tínhamos criado no nosso estúdio e recebendo outros artistas como o Jota Erre, que gravou todas as linhas de percussão do álbum. Foi um período muito agitado e de muita aprendizagem.

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Este é o terceiro álbum do Selvagens, qual o próximo passo para a banda?

Gabriel Aragão: Seguimos na #TourPraieiro, que está mais incrível a cada show. Queremos chegar nas cidades que ainda não passamos, como Porto Alegre e Manaus, e voltar para outras que há tempos não visitamos como Brasília. Temos pensado sobre fazer um registro ao vivo dessa turnê. Estamos com um repertório muito rico agora e acho que essa é a hora. No mais, estamos sempre escrevendo música nova. A gente costuma pensar no próximo disco assim que lança um trabalho. Ainda é cedo pra dizer. Mas já temos algumas coisas. Não queremos fazer o Praieiro 2 nem repetir algo que já fizemos antes. O que está feito está feito. É hora de seguir outra direção. Estamos no processo de descobrir esse novo caminho. É muito instigante.

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Juliane Romanini
Juliane Romanini
Passo a maior parte do tempo escrevendo, procurando por bandas novas, lendo de tudo um pouco, destruindo umas paranoias da minha cabeça e assistindo tudo que vejo pela frente na Netflix. E por favor, make emo great again.