Entrevistamos Lurdez da Luz sobre trajetória no hip hop e novo show

Lurdez da Luz
Foto: Ana Boggaciovas

Com quase 20 anos de estrada, Lurdez da Luz é uma das pioneiras do hip hop no Brasil. Natural do bairro no centro de São Paulo, o amor da rapper pela cidade vaza em suas músicas, seu nome artístico e seu último álbum “Acrux”, sexto disco da carreira e primeiro projeto acústico.

A cantora sobe aos palcos do Sesc Pompeia, em São Paulo, no sábado (24) para apresentar “Acrux” ao vivo pela primeira vez. O espetáculo contará com a participação de Karina Buhr e promete ser uma união de experiências audiovisuais e sonoras.

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Lurdez da Luz deu entrevista à Nação da Música e falou sobre sua trajetória na cena hip hop brasileira, sobre ser mulher nessa indústria e contou o que podemos esperar da apresentação.

Entrevista feita por Gabriela Cavalheiro.

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————————————————————————————————————— Leia na íntegra

Oi, Lurdez! Parabéns pelos 18 anos de carreira. Como você acha que o cenário musical brasileiro mudou desde quando você começou?
Lurdez:
Olá, Nação da música. Muito obrigada pelos parabéns! Eu acredito que as coisas se expandiram bastante, que a música independente tomou uma outra proporção. Diferente de quando eu comecei, agora muitos artistas da cena independente tem uma grande relevância, na minha época era muito definido e dividido o underground e mainstream, a gente tá num momento onde isso é mais fluído. A internet mudou a forma de divulgar música, ficou mais democrático.

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Você começou a se envolver com música em uma banda de punk rock, aos 15 anos, certo? Como foi essa transição pro hip hop?
Lurdez:
Eu comecei querendo fazer música, especialmente tocar guitarra, eu entrei em banda de rock, em uma banda só de mulheres que tocava groove, meu negócio era a música. Antes eu já usava beats de rap pra escrever minhas poesias. Até que um dia eu comecei a escrever letra, meio que automaticamente e na época eu escutava muito rap porque estudava áudio e trabalhava num estúdio, por ali conheci vários grupos de rap que estavam gravando. Nesse momento que rolou e aos poucos eu fui ganhando autonomia dentro dessa história, fui entendendo. Primeiro uma explosão criativa e depois percebi que eu caminhava mais com o rap mesmo. Entre 98 e 2001 que eu fui me entender como MC de vez.

Claramente São Paulo é muito importante na tua vida. Como a cidade influencia a tua música?
Lurdez:
Eu acho que é tudo que eu conheço, o ambiente que a gente cresce é o que tá marcado na nossa vida pra sempre. É o que a gente carrega.

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Como eu nasci aqui, fui criada aqui e sempre viajei muito pouco, quando viajei foi pra tocar. São Paulo é a realidade que eu mais conheço, nunca experimentei morar em outro lugar. Acho que vem disso a influência, não é porque eu amo São Paulo loucamente e nem porque detesto, é porque é realmente o que eu vivo.

Como é ser uma mulher na cena hip hop brasileira? Você acha que hoje existe menos resistência às MCs mulheres?
Lurdez:
Hip hop no Brasil como todas as músicas que surgem da expressão mais popular e periférica, da diáspora africana, da música negra, é subjugada. Tem algumas coisas que o “universo branco” e a mídia consegue absorver e deixa passar, mas é difícil, a gente sabe! Como forma de arte ele foi invisibilizado, ele foi desacreditado por muito tempo.

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Já hoje em dia eu vejo que isso mudou, primeiro mudou pros homens, muitos deles conseguiram ter destaques e serem artistas relevantes, mas só agora mesmo que começaram a despontar mulheres. Estamos num momento muito melhor.

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Como foi o processo de passar as suas músicas para acústico em “Acrux”?
Lurdez:
Eu achei um processo muito interessante, dos arranjos eu não participei tanto, eu dou todo crédito pra dupla de produtores musicais [PParalelo] que fizeram este disco, eu só passei minha vontade de releituras mais orgânicas e eles vieram com a ideia de acústico. Quando eles usaram essa palavra eu fiquei um pouco resistente, eu não consegui imaginar minhas músicas naquele formato, mas eles conseguiram encontrar uma linguagem que me agradou muito.

O processo de gravação foi muito legal, é uma voz realmente ao vivo, sem grandes tratamentos e isso é um grande desafio, acho que a energia do momento registrado vale mais que a busca de algo perfeito.

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O que podemos esperar do show no Sesc Pompeia?
Lurdez:
O show vai ser muito especial, é a primeira vez que a gente apresentar o disco na íntegra e ainda vão rolar mais algumas músicas que não entraram no disco. A gente incluiu coisas do primeiro álbum também e uma parceria que eu tenho com a Marieta Vital.

Guardamos uma música nova pro momento, e vai ter uma experiência de projeção também, imagens pensadas pra cada música.

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A Karina Buhr vai fazer uma participação especial. Como foi criar essa parceria?
Lurdez:
Eu to muito feliz com a participação dela, ela é referência pra mim. Eu fui pra Recife há muito tempo atrás pra sentir a energia da época que tava rolando, o pós mangue beat, e foi lá que conheci a Karina e fiquei muito impressionada. Em seguida, ela veio morar aqui em São Paulo, ela escolheu aqui pra viver sua arte. Acho que a gente se conecta em vários pontos.

Vamos fazer uma versão de “Selvática” e de “Corrente de Água Doce”. Vai ser bem bonito.

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Gostaria de enviar um recado para os leitores do Nação da Música?
Lurdez:
Gostaria de dizer pros leitores que eles venham pro show! Acho que é um espaço muito importante pra música brasileira, to muito feliz de me apresentar lá. Foi um show preparado com muito carinho e quero o máximo de pessoas possíveis pra participarem com a gente deste momento.

Lurdez da Luz se apresenta no Sesc Pompeia em 24 de março, às 21h30. Ingressos de R$6 a R$20.

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