Entrevistamos Milongas Extremas sobre o álbum “El Mismo Cielo”

Milongas Extremas
Foto: Divulgação

O grupo uruguaio Milongas Extremas leva estampado em seu nome a sugestão do trabalho que faz. “Milonga”, uma rica vertente artística que é tradicional de alguns países latinos e da Espanha, também embala a cultura de algumas cidades da região Sul do Brasil.

O quarteto lançou o álbum “El Mismo Cielo” em meados de junho desse ano e foi selecionado para se apresentar no Festival SIM São Paulo, que aconteceu de forma virtual no começo de dezembro.

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Recentemente a Nação da Música conversou, por telefone, com o integrante Francisco Stareczek. Durante a entrevista exclusiva, ele falou sobre o projeto, sobre as influências do grupo e revelou ter muito respeito e apego pela música brasileira.

Entrevista por Katielly Valadão.
————————————– Leia a íntegra:
Oi Francisco, eu me chamo Katielly, muito prazer! Como vai? Como tem passado esse período de isolamento social e como vão as coisas aí na região onde você mora?
Francisco: Bom, estou bem. Muito obrigado pela ligação. Aqui agora nós não estamos em quarentena, estou em Montevidéu, Uruguai. E bem, por sorte não estamos em quarentena obrigatória, algumas pessoas ainda estão, mas podemos nos cuidar, e por sorte também fazer coisas culturais que são muito importantes para a vida.

Que bom! Eu quero começar essa entrevista fazendo um pequeno desafio, tudo bem? Para as pessoas que vão estar lendo e que ainda não conhecem a banda, como você gostaria de apresentá-la? Como você descreve o grupo?
Francisco:
Hm… Como eu descrevo o grupo…

Isso! Como você gostaria de apresentar o Milongas Extremas?
Francisco: Bom, a banda é um quarteto de guitarras, fazemos Milonga e a misturamos com… digamos, a Milonga é um gênero tradicional , que bem, na verdade não sei em qual parte do Brasil você está, mas é o mesmo que toca aqui no Uruguai e na Argentina e em algumas partes do Brasil também, no Sul do Brasil.

Eu estou em Brasília, a capital do Brasil.
Francisco: Ah sim! Não sei se você conhece muito, mas em toda a parte do Rio Grande do Sul e em uma grande parte do Brasil também é um ritmo que é folclórico, digamos. Nós adicionamos esse ritmo e vamos por outros lados, experimentamos um pouco, misturando com outras músicas.

Perfeito! Vocês lançaram um álbum há alguns meses, que se chama “El Mismo Cielo”. Eu o escutei e posso dizer que está muito bom. Gostei da maneira como incorporam a mescla de sons e as letras são muito sinceras, então me conta, como foi o processo de criação desse disco?
Francisco: Bom, “El Mismo Cielo” acredito que foi o que produzimos mais rápido, digo, em menor quantidade de tempo. Nós começamos a fazer as canções em 2017 e foi um processo muito lindo! Fizemos muitas músicas, algumas outras a trouxemos de um EP, onde elas estavam aguardando… Foi um processo muito interessante porque o conseguimos fazer com Iñaki Antón, que é um produtor da Espanha, e bem, é uma pessoa de quem gostamos muito e que admiramos muito como produtor também, além de músico da banda Extremoduro, que é uma banda de punk que eu gosto muito.

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Então foi todo um trabalho com ele, de compartilhar a música, de dirigi-la, tudo a distância, sabe? A princípio através de e-mails, de ligações, fomos resolvemos todo o tema e no ano passado nós viajamos para lá e gravamos tudo no estúdio lá. Foi muito enriquecedora e linda a experiência.

E durante esse ano vocês mudaram algo em sua maneira de criar, como você já disse, na forma de produzir, mas e em relação às composições? Afetou de alguma forma o trabalho de vocês?
Francisco: Eu acho que nos afetou, afetou a todo mundo… não sei se estritamente à forma de compor e tudo mais, acredito que seja algo muito mais complicado, não sei como explicar. Realmente, não ter a liberdade de poder ajudar as pessoas, de poder se aproximar e estar com as pessoas que você quer é muito. É muito! (difícil).

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E isso eu acredito que afeta em qualquer circunstância da vida, não apenas para a composição musical, mas parece que afeta toda a vida e a liberdade da vida, então é realmente muito difícil. Então, no meu caso pessoal, eu não pude compor. Eu aproveitei para fazer outras coisas, para estudar, consegui ir para outros lados, mas é realmente muito difícil quando não se pode ver as pessoas. É complicadíssimo.

Francisco, eu sou do tipo que acredita que todo artista tem um propósito ao lançar um material, então qual você diria que é a principal mensagem que a banda quer passar para as pessoas com as músicas que vocês fazem?
Francisco: Olha, eu acredito que a nossa mensagem é que conversando e estando juntos é possível se divertir mais, digamos. Nós gostamos que as pessoas tenham um momento agradável, que se juntem, se quiserem, que disfrutem a música, e bom, que respeitem as diferenças, que tenha espaço para a expressão e que cada um possa se expressar e possa ficar contente em seu espaço. É por aí. Uma ideia de comunidade, de respeito e de expressão.

Vocês foram selecionados para tocar no festival SIM Paulo, meus parabéns. Me conta, como vocês estão se sentindo?
Francisco: Bom, na verdade foi algo muito lindo, nós estamos muito felizes porque cada oportunidade que temos de tocar para o público no Brasil é um desafio e uma alegria, porque bem, nos interessa muito. Aqui nós escutamos um monte de música brasileira e acompanhamos muitos artistas daí, então cada vez que podemos colocar um pouco do nosso trabalho aí é muito emocionante e ficamos muito entusiasmados em poder ir tocar.

Nós fomos a Porto Alegre, fomos duas vezes. Fomos a Porto Alegre e a São Francisco de Paula para um festival e a verdade é que é um lugar muito bonito, o público do Brasil é muito afetuoso e muito respeitoso, então estamos muito felizes!

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Essa ia ser minha próximo pergunta, em relação a música brasileira, você gosta de algum artista em específico? O que anda escutando? Me conta o que você gosta de ouvir.
Francisco: Sim, eu particularmente escuto muita música brasileira, desde muito pequeno. Aqui é assim.. escutamos muitos músicos uruguaios, e em seguida vem os brasileiros e os argentinos também, todos os artistas da Argentina, então se escuta de tudo! Eu sou fascinado pelo Caetano Veloso. Bom, tudo o que o movimento tropicalista fez aí no Brasil eu acho que me enlouquece. E no momento eu estou escutando muito a Larissa Baq que é uma cantora e compositora jovem, que se você não a conhece, eu te recomendo.

Não a conheço, mas vou ouvir.
Francisco: Sim, ela é muito boa! Escute a Larissa Baq.

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Vou escutá-la. E me diga, quais são as principais influências musicais de vocês?
Francisco: Desde a infância tivemos uma paisagem sonora muito variada, havia de tudo, a música folclórica daqui, a milonga, mas também na rádio passava muita música clássica, tem uma rádio muito antiga que também toca tango e música raiz o dia todo. Então eu escutava muitos cantores de tango e cantores líricos, então tudo isso, e também toda a música brasileira que aqui é como se fosse daqui mesmo, e a música argentina. E fomos juntando todas as épocas, juntos, com a banda.

E além das influências musicais, o que mais você diria que “é isso” te inspira a fazer música?
Francisco: O que me inspira a fazer música… a vida! A vida em geral. Estar vivendo em um lugar e compartilhando com as pessoas, se relacionando com o seu redor… a vida! Os pássaros, as árvores, tudo que está ao meu redor, a natureza, os seres humanos. Toda essa relação, eu acredito que seja o que me inspira.

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Essa é uma resposta muito boa! (risos) e quais são os próximos planos de vocês? Já sabem? Pode nos adiantar algo?
Francisco: (risos) bom, a verdade é que não são tempos em que se pode adiantar algo, estamos vivendo muito o momento, mas sim, tempos planos de apresentar o nosso álbum que íamos apresentar esse ano, mas que não pudemos, obviamente. Então esse é o nosso próximo objetivo, mas realmente agora não podemos, pelo contexto. Não podemos sair, não teria sentido começar a projetar datas e tal, até que se saiba como vão ser as coisas a seguir, é complicado. Então é isso. Fizemos alguns shows, por sorte, e agora vamos participar desse festival, gravamos alguns vídeos e é isso! Seguimos nos reunindo para tocar, para continuar criando e tendo ideias e bom, vamos ver o que acontece, né?

Sim, é verdade. E Francisco, você quer mandar uma mensagem para todas as pessoas no Brasil que vão estar lendo essa entrevista e que vão escutar as suas canções? O que você gostaria de dizer?
Francisco: Eu gostaria de lhes mandar força e animo para toda essa situação, e bom, desejo que possam encontrar na música uma maneira de viajar, ainda que seja internamente… através da música.

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Katielly Valadão
Katielly Valadão
Jornalista apaixonada por palavras, cultura e entretenimento.