Entrevistamos Eagle-Eye Cherry sobre passagem pelo Brasil e indústria musical

eagle eye cherry
Foto: Nando Machado

O músico sueco-americano Eagle-Eye Cherry passará por três cidades brasileiras nesta semana, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. No último domingo (20), o cantor inclusive gravou videoclipe de música “Down and Out” na capital paulista, como você vê aqui.

A Nação da Música teve a oportunidade de bater um papo com Eagle-Eye Cherry sobre a passagem pelo nosso país, o sucesso de “Save Tonight” e também sobre a família dele, que tem um background bem musical.

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Entrevista por Veronica Stodolnik e tradução/transcrição por Marina Moia.

————————————– Leia a íntegra:
Bem-vindo de volta ao Brasil! Como é ter uma base de fãs tão grande num lugar tão longe de casa?
Eagle-Eye: É fantástico! Um sonho que se tornou realidade. Cresci ouvindo meu pai tocar música brasileira como Tom Jobim e Gilberto Gil e nós conversávamos muito sobre o Brasil. Meu pai tocava bastante percussão. E eu sempre pensei em vir ao Brasil, mas pensava em vir como turista. Em 1999 eu vim pela primeira vez para tocar num festival e foi incrível não só vir ao Brasil, mas vir como músico. E eu já voltei várias vezes, mas sempre amo voltar para tocar. A público é incrível, vocês tem ótima comida, ótima música, sol… é ótimo!

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Você já trabalhou com artistas brasileiras como Maria Gadú e Vanessa da Mata. Como foi?
Eagle-Eye: Foi ótimo, fantástico! Especialmente porque eu fiz essa música chamada “Alone” e queria achar alguém para cantar nela. Eu ouvi a voz da Maria Gadú e pensei “esta é perfeita!”. Poder cantar essa música com ela foi muito empolgante. Eu gostaria de fazer mais colaborações com brasileiros! Talvez na próxima vez com um artista masculino.

Já faz mais de 20 anos que você lançou “Save Tonight” e essa música ainda é muito popular. Quando começa a tocar, as pessoas imediatamente começam a cantar. Como você se sente ao ter esse tipo de legado? Ou se sente meio assombrado pela música?
Eagle-Eye: [risos] Não! Eu amo essa música. Graças a Deus! [risos]. Eu acho que é uma música muito boa. Sabe, todo compositor espera e sonha em ter uma música que passe pelo teste do tempo. Naquela tarde, quando escrevi “Save Tonight”, eu não esperava que ela fosse perdurar por tanto tempo. Pessoas que estão aprendendo a tocar violão me falam que é a primeira música que eles aprenderam a tocar. É uma benção ter isso. Como você disse, é incrível quando começo a tocar e as pessoas sabem cada letra da música. É um sentimento muito bom. “Save Tonight” tem cuidado muito bem de mim.

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Basicamente você escreveu seu disco de estreia, “Desireless”, no seu quarto, numa época que programas de computador não existiam. E foi um grande sucesso! Como você acha que a indústria musical evoluiu desde então?
Eagle-Eye: Mudou. Quando eu saí do meu exílio, que fiquei muitos anos longe da música, eu vi que tudo tinha mudado. Era uma cena completamente diferente. O que é muito reconfortante é que assim que eu entro no palco, tudo está como sempre foi. Eu ainda tenho a minha banda, tocamos ao vivo, o público está lá. É aí, pra mim, que a música ainda faz sentido, quando fazemos shows. Foi isso que me trouxe de volta, sentir falta das turnês de de tocar ao vivo. Eu sinto que a música não mudou, que show ao vivo ainda é a melhor maneira de experienciar música. Contanto que isso ainda exista, eu não me importo com as outras mudanças.

Depois de tantos anos nesta indústria, o que te mantém motivado e inspirado?
Eagle-Eye: Pra mim, o que fez com que eu decidisse voltar e fazer um álbum novo foi aquilo que estávamos falando. Porque eu sentia que tinha experienciado tudo que podia com meus três primeiros discos. Todas as turnês que fiz, todos os lugares do mundo em que estive, o sucesso de ter minhas músicas tocando pelo mundo, eu pensei que era isso, tinha alcançado tudo. Mas eu sentia falta de subir ao palco e ter essa experiência de levar minha músicas às pessoas. É isso. É isso que me motiva a seguir em frente. 

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Você vem de uma família muito envolvida com música. Seu pai era um artista de jazz, seus irmãos também estão na indústria musical, e agora sua sobrinha Mabel. Como é vir de um lugar assim? E você sentiu pressão para seguir a carreira de músico?
Eagle-Eye: Nenhuma pressão no sentido de se tornar um músico, mas acho que senti a pressão de seguir os passos do meu pai, de ter sucesso como ele. Eu demorei um pouco pra começar na música, porque fui pro lado da atuação, trabalhei muito em Nova Iorque com isso. Mas, em retrospecto, acho que eu precisava trabalhar em algo que era só meu, antes de partir para a música. Nesse período, eu vi o que realmente gostava e sentia falta e que precisava ir pra música. É definitivamente algo que herdei do meu pai e da minha mãe. Meu pai e o jeito que eles nos inspirou a fazer música. A vida continua e acabou se tornando o negócio da família. É muito divertido.

Como foram esses anos na atuação? Porque você frequentou a High School of Performing Arts em Nova Iorque e teve aulas com a Jennifer Aniston, certo?
Eagle-Eye: Correto! Frequentamos a mesma escola e éramos muito amigos.

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Pode falar pra gente sobre os projetos de atuação que trabalhou ou que está trabalhando? Não com ela necessariamente, mas no geral.
Eagle-Eye: Eu fiz um filme sueco ano passado e foi a primeira vez que voltei nisso, e era um projeto especial que eu esperava já que fosse ser divertido. Eu não quero ser um ator novamente porque eu amo ser músico. Mas eu amo essa arte, amo filmes, amo tudo que tem a ver com atuação e roteiros, as músicas nos filmes…

E você de certa forma continua conectado com a indústria cinematográfica, já que teve suas músicas em diversos filmes e seriados e, claro, nas novelas brasileiras também. Você escreve essas canções diretamente para esses projetos ou as músicas já existem e são escolhidas?
Eagle-Eye: Eu não escrevo necessariamente para o filme, mas tive várias músicas que apareceram em filmes. Mas ainda não tive a chance de sentar e compor algo especialmente para um projeto ou filme. Eu adoraria fazer isso algum dia!

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Como você diria que o seu mais recente disco se conecta com seu eu atualmente, comparado com seu trabalho de estreia?
Eagle-Eye: Composição é algo sempre muito pessoal. É algo que eu não olho muito em volta e vejo o que está acontecendo agora e faço música que se encaixe nisso. Mas eu faço músicas que vem de mim e eu foco muito no storytelling da música. Neste sentido, isso mudou desde o começo da carreira. Mas acho que quando eu escrevo agora eu estou muito mais ciente de onde ela vai parar, que é no palco, ao vivo. Eu escrevo músicas para serem tocadas ao vivo, esse é o meu objetivo principal.

Você falou sobre gostar tanto de estar em turnê e a energia que sente sempre que está no palco. Como é sua relação com os fãs?
Eagle-Eye: É disso que se trata! É uma das coisas que mais amo é que agora temos mídias sociais, algo que não existia quando eu comecei. É legal porque você pode ter contato direto com os fãs, eles podem saber o que você está fazendo, onde vai ser o próximo show. Pra mim, é uma coisa bem linda. Mas quando você sai e encontra todo mundo, vê os rostos, é a melhor coisa do mundo.

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Gostaria de deixar uma mensagem para aspirantes a músicos?
Eagle-Eye: Uma coisa que eu acho muito importante ao tentar entrar na indústria e compor as primeiras canções é lembrar que você tem só uma chance de primeira impressão. É importante estar pronto e fazer a música que é exatamente a que você deseja fazer. Porque quando você entrar neste meio, vão aparecer muitas pessoas com sugestões, e você precisa estar certo de quem você é como músico. É bom dar tempo ao tempo e não ter pressa. Porque, como eu disse, você tem uma chance de dar uma primeira boa impressão, e precisa ser certa. 

Por último, gostaria de deixar um recado aos fãs brasileiros?
Eagle-Eye: Eu amo vocês e vejo todos vocês nos shows!

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Jornalista e apaixonada por música desde que se conhece por gente.