Entrevistamos A Banca 021 sobre o novo álbum “As Joias Não Brilham”

A BANCA
Foto: Bryan Leone

No final de setembro, a banda A Banca 021 divulgou o álbum inédito “As Joias Não Brilham”, com 10 faixas compostas pelos integrantes Ursoleone, GB e Porto. O trabalho contou com a contribuição de Carlos do Complexo, que também assina a direção musical.

A Nação da Música teve a oportunidade de entrevistar o trio d’A Banca 021 sobre a criação e produção do disco, as gravações do videoclipe de “Filipin” e também sobre o primeiro single “Velhos Tempos, Novos Planos”.

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Entrevista por Marina Moia.
———————————— Leia a íntegra:
Vocês divulgaram há pouco tempo o primeiro disco oficial do grupo, As Joias Não Brilham. Como é o sentimento de colocar este trabalho no mundo? Como tem sido a recepção dos fãs?
Ursoleone: Como a gente estava conversando recentemente, por mais que não tenha sido um disco que foi feito na quarentena, ele tem total a ver com o sentimento que a gente está vivendo nessa loucura toda. Pra gente, tem um valor muito maior do que se a gente tivesse lançado ele em 2019, 2020. São coisas que não tem como explicar. A aceitação do público é aquela coisa de acompanhar sempre os comentários, as trocas de ideias… Está sendo uma parada muito orgânica. Até de amigos mais íntimos estão vindo falar sem a gente falar “pô, ouve a parada nova que saiu”. Está sendo uma troca orgânica porque é um disco, não é um single ou um clipe. É diferente.

Porto: Uma palavra muito marcante que eu acho que define bem o disco e que para gente fez muito sentido também, é que algumas pessoas falaram “cara, esse disco era necessário. Eu precisava ouvir as mensagens que estavam nesse disco”. A recepção não poderia ser melhor. Eu acredito que os fãs entenderam o que a gente queria dizer e estão digerindo ainda todos os sentimentos que a gente buscou colocar nesse disco.

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Realmente, é um disco para você digerir mesmo, ouvir com calma, na ordem. Poderiam nos contar sobre o processo criativo do disco? Como vocês falaram, ele não foi feito durante a quarentena em si, mas tem muito dela no álbum. Esse momento do mundo influenciou vocês depois também?
GB: É um disco que foi realmente feito antes da quarentena e ele ficou pronto no início da quarentena. Aí a gente decidiu segurar porque ninguém entendia muito bem o que estava acontecendo e o que ia acontecer.

Porto: Até hoje a gente não entende muito bem [risos].

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Ursoleone: A gente só entende que tá há quase dois anos isso né.

GB: A gente parou, fez um outro disco, que foi o “Lírios São Deusas”, que conta com participação de vários artistas incríveis da música.

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Ursoleone: Vale ressaltar que em “LSD” tem uma coisa muito louca também, como ele falou dos artistas, a maioria desses artistas começaram as suas carreiras na pandemia. Foi uma honra estar ali como abre alas da galera, fazendo a recepção pra esse mundo da música.

GB: O “Lírios São Deusas” foi realmente pra registrar esse momento, mas “As Joias Não Brilham” tem muito a ver com tudo que está acontecendo, mesmo tendo sido escrito antes.

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Ursoleone: Ele não foi feito na pandemia, mas ele foi feito para a pandemia.

Porto: Eu acredito inclusive até que o disco novo fortificou ainda mais as mensagens e potencializou várias coisas que fazem sentido dentro do “As Joias Não Brilham”. Se complementaram, por mais que a gente não tenha feito nesse sentido, com essa intenção, mas isso ajudou também a narrativa de “As Joias Não Brilham”. Faz todo o sentido.

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GB: É um disco que a gente começou a produzir lá em 2018, a gente já queria chegar nele, e foi fruto de muita experimentação com nosso amigo, mentor e produtor Carlos do Complexo e um outro amigo nosso, que conhecemos na produção do disco, o Ariel Donato. Ele [o disco] foi fruto disso, dessa experimentação, muita conversa…

Ursoleone: Convivência humana, né. Diária.

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Porto: Uma bagagem nossa de muitos anos, já que a gente vinha querendo construir há alguns anos algo como “As Joias Não Brilham”…

GB: É como se fosse uma síntese de todos esses anos. A gente queria fazer um trabalho que representasse desde a nossa primeira demo, que foi o “Gold”, até aqui. Fechar o ciclo.

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Porto: Até por isso que foi um disco sem participações também.

É algo que eu ia perguntar mesmo, se foi uma escolha consciente ou não o fato de não ter participações neste disco.
Ursoleone: Num determinado momento, pensamos sim em ter participações neste disco, mas infelizmente ainda existem algumas coisas esquisitas e chatas num momento de fazer parceria. Falando a verdade, muito artista só olha se vai ser favorável para ele naquele momento, se não vai, e não olha pra coisa com um olhar de “pô, deixa eu somar aqui na história”. Assim como a gente também somou na história de uma galera que estava começando. Mas a gente entende que isso faz parte e era pra ser só nosso, então não vamos questionar.

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Por que escolheram “Velhos Tempos, Novos Planos” como primeiro single? Quão importante é essa faixa para o entendimento do trabalho todo?
Ursoleone: É engraçado porque ela foi, na composição do álbum, uma das últimas. Na primeira audição que a gente teve na outra casa que a gente morava, com a gravadora, todo mundo se olhou no final e disse “galera, essa daqui tem que ir pro topo”. E assim ela virou a primeira faixa, por ser bem pé na porta, já começa puxando pra energia do restante do álbum.

GB: Ela surgiu [quando] a gente estava indo pra um evento que o Carlos ia tocar e veio essa sequência harmônica na cabeça, daí já fui pro computador pra registrar. A primeira pessoa a escrever foi o Porto, depois de uma conversa com o Urso…

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Porto: Isso. Ficou na minha cabeça, eram questões profundas que estava lidando na época, que lido até hoje, e o Urso na época tinha falado pra mim pra eu escrever uma espécie de carta pro meu filho para ele poder ouvir no futuro. Eu estava passando por uma fase complicada também com a mãe dele, de separação… e eu pensei “ok, vou escrever”. Aí eu fui fazer isso em cima da harmônica que o GB tinha feito. E acabou fluindo a música, nasceu a música. Mostrei pra eles, que gostaram muito também. Pra mim, faz muito sentido porque essa letra fala sobre paternidade, sobre vulnerabilidade, sobre a vida mesmo. Aborda um todo. Fala da minha questão, só que também aborda muitos outros pontos, que a gente abre mão de muita coisa por causa dos nossos sonhos, mas no final das contas vale a pena. A parte do Urso fala sobre “cara, se a gente tiver um momento, a gente vai achar um tempo aqui pra gente, vai achar uma solução”. A do GB também, de certa maneira, tipo “me dá um abraço, irmão!”. Muitas das vezes, é tudo que a gente precisa ouvir. É uma faixa que fala sobre a nossa vulnerabilidade, sobre coisas que te acontecem, sobre como é difícil, mas ao mesmo tempo fala que a gente é feliz e que vai ficar tudo bem, tá ligado?

Ursoleone: A gente também não pode pensar que vai ser feliz o tempo inteiro. Que a gente saiba sempre construir bons momentos, mas saber lidar quando tiver aquele momento que você não está legal.

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Sei que vocês gravaram o clipe de Filipin de maneira bem despretensiosa e acabou ficando muito lindo! Como foi isso, por que tiveram a ideia de gravar ali naquele momento?
Ursoleone: O Porto, alguns meses atrás, conheceu o Toz, que é um artista do grafite, das artes plásticas, e a gente estava devendo uma visita ao ateliê. Só que por conta da pandemia, a gente está filtrando muito as saídas que a gente dá, porque é complicado. Até que decidimos ir e passar a tarde no ateliê pra gente conhecer e tudo o mais. É numa fábrica antiga, fica no último andar, e quando a gente chegou, o Toz falou que a escada que leva pro topo foi consertada e que dava pra subir. Os moleques subiram e falaram “bora fazer o clipe aqui!”.

Porto: Mas é agora, vamos filmar agora! Se a gente tivesse planejado, não teria saído tão bom quanto saiu.

GB: O Bryan Leone estava com a gente e começamos a dialogar, a planejar meio como seria, e já começamos a filmar com o celular e uma câmera mini DV.

Ursoleone: Eu vejo que essa situação que aconteceu é fruto de uma coisa que a gente vem entendendo que é: o mundo mudou. A gente não tem mais o timing pra ficar um mês roteirizando ideias. A gente tá no lugar, uma ideia simples, e é isso. Às vezes você gasta energia demais, sendo que as pessoas vão mais ouvir sua música do que assistir hoje em dia. A gente tem estudado e entendido que as coisas precisam ser mais nesse estalo assim. Ficamos muito felizes com o resultado.

GB: A pandemia serviu muito pra isso, pra ajustar as coisas, pra se organizar melhor. Esse clipe, por exemplo, a gente filmou num dia, levamos umas três horas, e no outro dia ele já estava editado.

Ursoleone: Justamente por causa dessa coisa que a gente está entendendo, de fazer menos imagens pra na hora de editar ser mais rápido. É tudo que a gente vem conversando, analisando, então pra gente tem sido assim um tempo muito favorável de aprendizado. Estamos felizes e ansiosos para o futuro, com as coisas mais normalizadas.

Ainda não voltamos à rotina normal de shows, infelizmente. Mas quais músicas do disco vocês estão mais ansiosos para tocar ao vivo e ver a reação dos fãs?
Ursoleone: Com certeza “Velhos Tempos” e “Filipin”. Desde a produção de “Filipin”, por exemplo, as pessoas que participaram, tocando instrumentos, ouviam e falam “pô, essa música tem um balanço”. A gente criou essa expectativa porque a gente também já sentia isso. E a “Velhos Tempos” por abrir o álbum, por causa da batida ali mais presente, então estamos muito ansiosos para ouvir ali na hora do show a galera sentindo. Queria eu ter o poder de olhar o futuro e voltar pra cá rapidinho [risos].

Gostariam de deixar um recado aos fãs e leitores da Nação da Música?
Ursoleone: Esse nome agora mexeu comigo, Nação da Música, e pra gente, nessa banda, música é tudo. 24 horas por dia. Não só quando a gente está fazendo as nossas, mas quando tá lavando louça, fazendo qualquer coisa. Essa casa aqui é música 24 horas por dia. Fico muito feliz de estar aqui trocando essa ideia com vocês da Nação da Música porque sinto uma energia no nome.

Porto: O recado que eu vou dar é que vai ficar tudo bem. Vai ficar tudo bem.

Ursoleone: Vai ficar tudo bem a partir do momento que a gente esteja ligado pra não cometer os mesmos erros de novo. Ano que vem é ano de eleição, a gente tem que estar com o pé no chão, tem que ficar firme. Essa coisa de ficar em cima do muro não dá. A gente nunca quis tanto o dia 01 de janeiro de 2023.

GB: Vamos cuidar um dos outros, vamos juntos, pensar exatamente nisso. Votar consciente. Muita saúde pra todo mundo!

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Jornalista e apaixonada por música desde que se conhece por gente.