Resenha: “Motordrome” – MØ (2022)

MØ
Foto: Divulgação / Capa do álbum “Motordrome”

“Forever Neverland”, álbum de estúdio da cantora dinamarquesa MØ, era desértico, quente e reflexivo, no entanto ainda assim enraizado no electro pop da artista. Porém, nesta última sexta-feira (28), MØ soltou o seu mais novo disco “Motordrome”, como você pôde acompanhar aqui na Nação da Música, que mostra um lado diferente da cantora.

Deixando um pouco de lado o electro e dedicando-se ao pop, MØ é quase uma rockstar em “Motordrome” – misturando os sintetizadores do pop tradicional, com instrumentos orgânicos reminiscentes ao rock clássico. Tratando de renovações, amor e liberdade, a artista canta um universo mais sombrio e mutado que seus projetos anteriores.

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Começando com “Kindness”, MØ expressa um relacionamento basicamente decidido pelo destino, usando metáforas como “Nós dois éramos destinados a ser, é algoritmo, baby”. Descrevendo sua paixão pela bondade desta outra pessoa, a cantora narra que tudo pode estar perdido em sua vida, porém esta relação a mantém.

A produção é um dos momentos mais eletrônicos do álbum, estando entre faixas como “New Moon” e “Brad Pitt” neste sentido. O uso de sons quase digitais conecta-se com a ideia do algoritmo e a crescência do ritmo é interessante quando as letras explicam o que MØ já perdeu, mas, sente que é compensado por esse amor destinado.

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Começando uma rota mais reminiscente do rock, misturada com o pop dos anos 80, “Live to Survive” é uma canção de synthpop engrossada pelo uso de guitarras e uma constante bateria aos fundos. Desconectando-se de um relacionamento, MØ canta sobre o clichê do ‘achei que iria morrer sem você’, só que de uma perspectiva nova: da pessoa que já superou e compreende que agora “vive para sobreviver a outro erro”.

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Wheelspin”, no entanto, é um distanciamento do electro pop, tornando-se uma música quase completamente orgânica, com alguns sintetizadores podendo ser ouvidos aqui e ali, especialmente por baixo da voz grossa característica de MØ. As letras são uma descrição quase contraditória, em momentos comemorando sua vida e outros a questionando.

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Narrando que está procurando de novo por uma pessoa que a marcou pessoalmente e usando imagens esféricas e hipnotizantes (como na capa de “Motordrome”) para relatar como este indivíduo a cativou, a artista canta sobre perdição e o encontro de seu caminho novamente, especialmente de maneira a gerar um reencontro.

Seguindo o álbum, “Cool to Cry” tem uma das produções mais interessantes do álbum, com um som de guitarra distorcido aos fundos da canção e uma mistura do rock e pop que se ouviria nos anos 80, especialmente, além de uma utilização masterizada dos picos e vales de uma música.

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No entanto, as letras são o momento em que a faixa falha, tendo um claro problema de clichê – a artista tenta criar um hino de liberação emocional, mas, acaba se trancando em uma jaula de frases já muito usadas e repetidas nos anos de música.

Em comparação, “Youth Is Lost” é um dos momentos mais poéticos durante o álbum, equilibrando ambição e o sentimento de estar perdendo sua juventude com sonhos, MØ consegue criar uma composição que é uma declaração de adoração ao conceito de sempre procurar por algo mais, no entanto também adoração a seu interesse amoroso, até a chamando de “minha única verdadeira deusa”.

Com pouca variação na produção e uma dedicação aos instrumentos orgânicos, com sintetizadores quase imperceptíveis até quase o último momento da faixa, o foco de “Youth Is Lost” são suas letras e a batida selecionada combina perfeitamente com isto.

Na sexta posição na tracklist de “Motordrome”, temos o que, em minha opinião, é a obra-prima do disco: “New Moon”. Usando dos sintetizadores e ritmos dos anos 80, que já são uma moda na música atual, MØ e seu time conseguem distorcer isto e criar uma faixa dançante que é, em certos momentos, cortada por sons fenomenais, como trovões.

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Selecionada como o single principal do disco, esta faixa descreve um momento de renovação e liberação de pessoas e conexões que nos fazem mal, o que a batida acompanha. Sendo um processo cheio de variações emocionais e incertezas, “New Moon” é marcante pelas suas mudanças e sua utilização da voz de MØ quase como um instrumento dentro do eletrônico reinante.

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Brad Pitt” é mais uma canção em que MØ dedica-se ao conceito de um relacionamento quase escrito nas estrelas, até chamando o casal de “monolito”, em comparação com os outros, que são “os humanos”. No entanto, a diferença é que esta faixa é a masterização da mesclagem entre seu electro pop característico e o rock usado pela cantora durante o disco inteiro, nunca puxando demais para somente um lado.

Falando sobre amor e mergulhando em pensamentos sobre amadurecimento e envelhecimento, “Goosebumps” é o coração do álbum, batendo com um sangue formado de reflexões sobre renascimento e resgate de sonhos do passado.

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A produção, especialmente por isto, é mais lenta e menos definida, mesmo que momentos de distorção podem ser identificados ao longo de seus três minutos. Com o piano como instrumento principal, a faixa se prova um episódio de completa honestidade de MØ.

A penúltima canção de “Motordrome” é “Hip Bones” e é completamente uma faixa do gênero alternativo, fugindo do pop pelo qual a artista é conhecida. Com uma produção reminiscente de bandas como Arctic Monkeys, contando até com um solo de guitarra, a canção é um convite para o parceiro de MØ a puxar para mais perto, prometendo que mesmo perdidos, sempre estarão juntos.

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Com uma aura quase de filmes de cowboy, “Punches” é crescente e conectada por leves sons de palmas presentes ao longo da canção inteira. É completamente diferente de outros momentos do disco e atinge uma temática maior e mais importante de forma geral. Narrando a necessidade de aguentar os socos, mas continuar a se dedicar a sua causa e seu movimento, MØ consegue resumir isto nos versos “Mas eu vejo fogo nas ruas / Eles tentam matar com aquele antigo tanque de água / Mas não conseguem se livrar de mim”.

“Motordrome” é diferente de tudo que MØ já havia feito anteriormente em sua carreira, distanciando-se do pop e quase fazendo um disco alternativo. No entanto, sem se dedicar completamente a nenhum dos gêneros sonhados, o álbum vive em uma corda bamba, sempre tendo a possibilidade de criar faixas marcantes, como por exemplo “New Moon”, mas, se prendendo em um equilíbrio que, mesmo que divertido, é vezes demais mudo.

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Pedro Paulo Furlan
Pedro Paulo Furlan
Estudante de jornalismo, não-binárie e apaixonade por música. Sempre aberte para ouvir qualquer gênero, artista ou década. O universo do pop, principalmente hyperpop, k-pop e synthpop, é onde eu vivo e sobrevivo.
Em seu novo álbum, MØ consegue momentos de destaque e mistura perfeita do alternativo com seu pop característico, no entanto, também se prende em episódios de incerteza e falta de guia no equilíbrio entre os dois gêneros.Resenha: "Motordrome" - MØ (2022)