Resenha: “Therapy” – Anne-Marie (2021)

Anne-Marie
Foto: Divulgação / Twitter

Anne-Marie tem uma voz incrível e envolvente, além de ter um talento para composições que são facilmente relacionáveis com seu público, e isso tudo é provado em seu segundo álbum, o “Therapy”, lançado na última sexta (23), como você pôde acompanhar aqui na Nação da Música. No entanto, nas doze faixas do disco, a cantora falha em sair do seu nicho e perde uma grande oportunidade de mostrar uma nova face da Anne-Marie – escolhendo fazer um projeto inteiro cujas músicas soam como afluentes de seu grande hit “2002”, ou extras do último álbum.

“Therapy” tem seus momentos, faixas que conseguem aproveitar características do pop atual e criar um ambiente dançante – por exemplo na faixa “Kiss My (Uh Oh)” – que foi single, como você pode ler sobre aqui na NM – que conta com a participação da girlband britânica Little Mix, com sua batida inspirada no ritmo latino, mas o mesclando com uma produção eletrônica. Mas é difícil encontrar algum fio que conecta todas as músicas do álbum – além de poderem estar em “Speak Your Mind” de 2018, onde Anne-Marie já se mostrava um pouco desligada da cena pop contemporânea.

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O álbum abre com “x2” e é uma faixa divertida, mostrando o talento da cantora de se mostrar atrevida em suas composições – já começando com “Você já viu uma ‘bitch’ completamente se descontrolar?”. A canção explora um ritmo diferente para Anne-Marie, com ela rimando rapidamente em alguns momentos, criando versos interessantes como “You’ve never had to face no consequence / But if you wanna talk about consequence” (Você nunca teve que enfrentar nenhuma consequência, mas se você quer falar sobre autodefesa) – enquanto trata da vingança contra um ex-interesse amoroso.

Infelizmente “x2” é um dos poucos momentos de inovação em “Therapy”, que segue com “Don’t Play”, parceria com o rapper KSI e os produtores Digital Farm Animals. A batida eletrônica reminiscente do DJ Marshmello estaria em casa em uma playlist de hits 2018 – junto até mesmo de “FRIENDS” de Anne-Marie e Marshmello. “Kiss My (Uh Oh)” também tem o tom brincalhão de “x2”, mas, nessa faixa, a cantora enfrenta um desafio diferente, sua escolha de colaboradoras – em meio às integrantes do Little Mix, Anne-Marie se perde, parecendo que ela é o “feat.” e não a girlband.

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A próxima música é “Who I Am” e é um hino dedicado completamente ao amor próprio e à pessoa de Anne-Marie – afirmando direto que “Nada vai me mudar”. Infelizmente, além da produção repetitiva e sem muito padrão, a faixa se prende a muitos clichês desse gênero de música – cantando versos como “If you don’t like it / I don’t give a damn” (Se você não gosta, eu não me importo) – e tenta esticar seus braços a temas que não se encaixam na composição, como falar sobre amigos falsos.

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A seguinte é “Our Song”, com o cantor Niall Horan, e é um dos destaques de “Therapy” – as vozes suaves dos dois artistas se mesclam perfeitamente e conseguem criar um dueto bastante sentimental. Mesmo com uma ideia clichê: lembrar-se de um amor passado ao ouvir a “nossa música” e a saudade dessa pessoa quando você sente que já tinha superado, Niall e Anne-Marie fazem com que a música – que foi um single do álbum – seja um dos pontos marcantes do álbum.

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Way Too Long”, a parceria com o rapper MoStack e o produtor Nathan Dawe, traz o disco para uma cena mais contemporânea do pop, ou da música eletrônica – e reúne alguns versos divertidos, especialmente na seção de MoStack, referenciando a própria Anne-Marie e a hit maker Cardi B. A próxima faixa é “Breathing” e, para o benefício da cantora, ela consegue expor a sua grande capacidade vocal. As estrofes sentimentais e os diferentes tons que Anne-Marie atinge na comparação entre versos e refrão mostram o talento inegável da artista, um descanso no meio de músicas no qual ele se perde dentro da produção.

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Infelizmente as batidas extremas voltam na próxima – “Unlovable”, junto da banda Rudimental, traz uma letra mais emocional, falando sobre a dificuldade que é encontrar alguém para amar e a pergunta de “Será que alguém poderia me amar de qualquer jeito?”. No entanto, a vontade de criar uma faixa dançante faz com que o significado e a produção não se encaixem nem contrastem, eles só completamente não se encaixam.

Beautiful” é quem segue “Unlovable” e as falhas dessa faixa não estão na produção, cujos sintetizadores crescentes e alegres se encaixam perfeitamente na mensagem de encorajamento e amor próprio que a composição traz. Porém, as letras, como “Quando eles te empurrarem para baixo, você pode responder / Somos lindos, todos nós”, são uma reunião dos clichês desse gênero – repetindo inclusive alguns pontos da faixa “Who I Am” no começo do disco.

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Felizmente, um dos maiores destaques de “Therapy” é a faixa que segue: “Tell Your Girlfriend” traz de volta a face atrevida de Anne-Marie que vimos em “x2” – e uma produção bastante divertida, trazendo uma suavidade nos versos, enquanto cresce no refrão. “Better Not Together” volta a alguns clichês de produção, além de realmente parecer uma faixa extra de seu último álbum. Como acontece no hit “2002”, as batidas vão sendo somadas uma em cima da outra e o refrão traz uma junção de todas e o som eletrônico não consegue inovar – além de tomar conta da faixa quando a voz deveria ser a protagonista.

O fechamento é inclusive um dos melhores momentos do álbum, em “Therapy”, Anne-Marie traz uma mensagem muito importante sobre cuidar da saúde mental – e como o amor não soluciona tudo, algo que muito do pop afirma. Além disso, a produção coexiste com perfeito equilíbrio com a voz da cantora – talvez mostrando um tipo de faixa pop que seja o caminho futuro de Anne-Marie.

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O disco e suas 12 faixas infelizmente perdem uma oportunidade de mostrar novos lados de Anne-Marie além do pop dançante e seu talento vocal imenso, focando, ao invés disso, em letras clichês, produção repetitiva e um som que já ouvimos vindo da cantora. No entanto, “Therapy” é um álbum de música pop que pode ser trilha sonora de qualquer festa ou momento em que você só quer dançar – tendo faixas, inclusive, que tem potencial para hitar especialmente por essa característica, como “Tell Your Girlfriend”.

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RESUMO DA RESENHA
Anne-Marie - "Therapy"
Estudante de jornalismo, não-binárie e apaixonade por música. Sempre aberte para ouvir qualquer gênero, artista ou década. O universo do pop, principalmente hyperpop, k-pop e synthpop, é onde eu vivo e sobrevivo.
resenha-therapy-anne-marie-2021Anne-Marie se prende em um nicho em “Therapy”, entregando um álbum que, mesmo dançante, é repetitivo e falha em mostrar quaisquer novas faces da cantora, além das que vimos no seu álbum de estreia, “Speak Your Mind”.