Em entrevista exclusiva, 3OH!3 fala sobre novo álbum, trajetória e o Brasil

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Depois de três anos do disco “Omens”, o duo norte-americano 3OH!3 – formado por Sean Foreman e Nathaniel Motte -, lançou no último dia 13 de Maio de 2016 o seu mais novo álbum intitulado de “Night Sports”. Aproveitando a novidade, nós da Nação da Música fomos convidados pela Warner Music Brasil a entrevistar os caras com exclusividade.

Conversamos com Sean, que nos falou sobre o novo trabalho, as reações dos fãs e é claro, sobre o Brasil. A entrevista foi feita e traduzida por Veronica Stodolnik.

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Vamos voltar para o começo—como foi que você e o Nathaniel se juntaram? Eu li que vocês se conheceram numa aula de física e achei muito bonitinho, como uma típica história de “bromance” [romance entre amigos]. É verdade mesmo?
Sean Foreman: (Risos) Sim, foi vergonhoso o bastante, pelo menos para mim. Eu acho que talvez eu tenha começado esse “bromance”; ele começou numa aula de física. Na verdade, nós— eu sabia que ele gostava das mesmas músicas que eu naquela época, um tipo de hiphop underground que nós gostamos, e sério, é muito vergonhoso dizer isso, mas eu usei uma camiseta que eu sabia que ele ia ser o único que ver e ia ficar “cara, eu conheço aquele rapper”, então eu sentei perto dele, e ele viu. Eu só admiti muito tempo depois que isso foi meio que intencional pra gente começar a tocar músicas juntos, mas parece perturbador pra caramba. Mas você ouviu isso primeiro—vocês tiveram a exclusiva de tão esquisito foi.

Ah, mas é uma história engraçada! (Risos)
Sean Foreman: Quero dizer, olhando para trás, deu certo. Acho que estamos felizes tocando juntos agora, então estou bem contente por ter feito aquilo (risos).

Já se passaram três anos desde o lançamento do último álbum, Omen. O que vocês tem feito desde então?
Sean Foreman: Bom, fizemos bastante coisas. Nat pegou uma nave espacial e foi para lua, e eu… Não, eu estou brincando, obviamente (risos). Nós temos experimentado com muitas coisas, para falar a verdade. A gente tem se aventurado no mundo de composição, tipo escrever e promover músicas para outros artistas e pessoas, e estamos nos dando bem nesse campo; nós aprendemos muita coisa nesse meio tempo, e entre ele também. Nat compôs uma música com o Maroon 5 chamada “Love Yourself”, e eu trabalhei com a Ariana Grande, e também acabei de lançar uma música com Fitz and The Tantrums. Isso tem sido bem legal; a gente aprendeu muito, especialmente para o novo álbum, pois aprendemos muitas manhas por trabalhar com outras pessoas.

Mas sabe, quando você tem feito a mesma coisa por dois anos, a gente meio que queria se distanciar um pouco do 3OH!3 para poder trazer algo novo, inédito quando nós voltássemos. Então por volta de um ano e meio atrás nós começamos a trabalhar nesse novo álbum. É engraçado como o tempo realmente passa; eu percebi por que obviamente também sou fã de muitos músicos, e quando uma banda não lança um álbum novo em um ano eu sempre fico “qual é, quando vai lançar o próximo?” (risos). Então eu consigo entender. A gente claramente queria lançar algo novo, mas não queríamos lançar só por que tinhamos que fazer isso, entende? A gente queria ter certeza de que era algo que a gente realmente curtisse.

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Night Sports acabou de ser lançado há alguns dias atrás [13 de Maio de 2016]. Ele ficou muito bom, cara, parabéns! 
Sean Foreman: Oh, obrigado!

Pela turnê e redes sociais, como tem sido a reação dos fãs? Vocês estão contentes?
Sean Foreman: Esse tem sido o melhor; é interessante por que eu tento—coisa que a maioria dos artistas não fazem por que pode ser muito sofrido—olhar por todos os comentários em redes sociais e no YouTube, o que é a pior coisa que você pode fazer, por que as pessoas estão lá somente para serem cruéis e insensíveis. Mas para mim, eu acho que isso é bem legal de fazer por que além de obviamente ver o que os fãs estão achando, você também fica sabendo do que pessoas que acabaram de descobrir a banda acham do som. E esse tem trazido para nós, o que me deixa muito feliz em dizer, o melhor retorno e reações de fãs que tivemos desde que começamos. Eu acho que isso se deu pela gente ter feito o que realmente queríamos, não somente copiamos o que ta tocando no rádio ou tentamos lançar uma música comercial. Nós fizemos o que fazemos de melhor, que é uma música meio estranha, bem alegre e cheia de energia, mas também com alguns momentos e refrões pop.

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Mas tipo, não fizemos isso pensando “oh, isso vai tocar na rádio”. Se isso acontecer, massa. A gente ia curtir muito, por que ia ser muito bom para essas músicas, a gente ia ficar feliz das pessoas poderem ouvi-las na rádio. Mas ao mesmo tempo, a gente tem um sentimento de “fizemos isso para nós, para os nossos fãs”. Se algo a mais vier disso, ótimo. E acho que vejo isso em nossos fãs também. A gente tem recebido tantas mensagens de pessoas dizendo “esse é meu álbum favorito desde Want”, ou “vocês mandaram muito bem nesse disco”, e “esse é o meu álbum favorito do ano” e coisas do tipo, o que é muito incrível, maravilhoso, e eu estou muito feliz de estar acontecendo. Tem sido ótimo. Claro, a gente sempre vai receber comentários do tipo “esses caras ficaram muito feios”, “eles se perderam”, e “qual é a desse cabelo cinza do Sean?” (risos). Mas você sempre vai receber esses, não importa o que fizer, então…

O mix de influências é muito perceptível—não é só um álbum pop ou eletrônico, é fácil de reconhecer hiphop, rap, um pouco de jazz… Como que vocês decidiram fazer esse mix todo?
Sean Foreman: Quer saber? Ele meio que aconteceu. Eu e Nat escutamos muita coisa, vários gêneros diferentes, e isso acaba fluindo naturalmente para nós. A gente escuta todos esses tipos que você listou e mais, incluindo hiphop, metal, pop punk, rock… Então é como se nós convidássemos todos esses momentos quando estamos fazendo uma música nova. É tipo, “cara, vai ter esse refrão bem massa, a gente podia intensificar mais ele com guitarras ou algo parecido”. Estamos meio que em todos os lugares, mas acredito que quando a gente começou a fazer música desse jeito, era meio louco.

Muita gente tentava nos englobar em uma coisa só, tipo “ah, vocês fazem música tipo hardcore-rap-rock”. Eles tentavam nos conter em pequenos gêneros, mas eu acho que a música tem mudado tanto desde que a gente começou—e muito antes disso também—que não é tão maluco assim. Eu acho que agora as pessoas estão mais acostumadas com esse tipo de música com muitos sons diferentes. Eu acho que elas estão mais receptivas, então não temos mais que explicar em que gênero nos encaixamos ou nada parecido. Ta muito parecido com tudo o que tem saído na internet ultimamente, o que tem muitas influências diferentes.

E se você me permitir, fiquei meio curiosa para saber da onde o nome Night Sports surgiu!
Sean Foreman: (risos) Quer saber? Nós temos essa coisa— é interessante por que às vezes nós fazemos um álbum e já temos um nome para ele desde o começo. Acho que Omenfoi assim, a gente decidiu o nome bem cedo, mas esse a gente não tinha um nome mesmo depois de já ter acabado. A gente escreveu 46 músicas quando começamos a gravar, e aí diminuímos para 11. Então a gente estava pensando nisso, tentando descobrir que nome faria sentido e se encaixaria com todas as músicas que fizemos.

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A gente tinha várias opções, incluindo nomes das próprias músicas, tipo, talvez a gente pudesse ter usado “Mat At You” ou “BASFM”, mas nada parecia se encaixar com o álbum inteiro. Então o Nat me mandou um e-mail—a esse ponto a gente já estava no último minuto do segundo tempo para escolher o nome do álbum—e ele disse “esse ‘night sports’ [esportes noturnos] estava lá”. Eu fiquei pensando nisso, e fiquei tipo “cara, esse é nome do álbum!” e ele respondeu “oi? Eu só disse isso por dizer, eu nem sei o que isso significa” (risos). Mas para mim isso fez total sentido por que uma vez que você termina uma música, são essas coisas que lhe vem à cabeça, coisas recreacionais tipo “vamos pra uma festa”, ou tipo andar de bicicleta pela cidade, todas essas coisas que só acontecem a noite.

Pra mim, esse álbum tem esse tipo de sentimento, meio que um elemento mais sombrio… Não sei, fez muito sentido. Eu amo esse nome, acho ele muito legal. A gente tirou uma foto com nosso celular mesmo, na frente de um arco que acabou virando a capa do CD, e literalmente, as coisas aconteceram assim, todas no último segundo. Eu fiquei muito feliz (risos). Podia ter sido uma bagunça, e a gente podia ter acabado com um nome que a gente não curtisse, mas ficamos estamos muito felizes com esse.

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Essa é uma ótima história! Por que bem, vocês são ótimos em chamar a atenção das pessoas, especialmente com suas escolhas de nomes—é só dar uma olhada no primeiro single desse CD, “My Dick”. Não da para ser mais direto que isso, certo?
Sean Foreman: Ah, claro (risos). Isso é muito engraçado, mas o que eu acho mais engraçado dessa música é ouvir pessoas da indústria falar o nome dela em voz alta (risos). Isso foi suficiente para nós termos lançado ela.

Vocês tem um jeito mais leve de levar a música de vocês; é sempre sobre se divertir, letras engraçadas, batidas dançantes. Isso faz com que o processo criativo de um álbum de torne mais fácil?
Sean Foreman: Eu acho que é diferente, pois nós nos divertimos muito. Nós tentamos entrar para cada sessão no estúdio com a mesma energia e alegria, mesmo se estamos trabalhando numa música tipo “Hologram” ou “Claustrophobia”, que são por si mesmas mais sérias e sombrias; mesmo assim vamos com o mesmo espírito. Nós queremos nos divertir, não queremos sentir como se estivéssemos trabalhando. Não queremos que pareça que estamos indo só para bater cartão e gravar por que temos que gravar; nós ainda queremos manter a essência do por que gostamos tanto de compôr e gravar músicas, e acredito que também levamos esse espírito pros trabalhos experimentais que fazemos.

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Às vezes fica fácil de se perder—acho que qualquer artista pode se identificar com isso—quando você está tentando fazer um álbum novo, e às vezes está no estúdio só por que tem que estar, e tem que escrever músicas novas por que tem toda essa pressão em cima de você vinda de todos os lugares para lançar logo um produto novo. Para ser bem sincero, a gente não queria isso. A gente queria o sentimento de “nós estamos fazendo isso pela diversão”. Foi como eu disse, se a gente conseguir um single que toque na rádio ou um comercial, massa, vai ser legal. Mas a gente lançou o CD para poder se reconectar com nossos fãs com algo que a gente curtiu muito fazer, e esperamos que eles curtam o tanto quanto a gente.

2016 tem sido um bom ano para vocês—vocês assinaram a gravadora Fueled by Ramen, lançaram Night Sports, estão de turnê por todo o país, vão estar na Warped Tour… O que mais vocês tem alinhado?
Sean Foreman: Bom, você resumiu bem a parte inicial do ano. Agora estamos tentando resolver o que vamos fazer no segundo semestre. Como você disse, faz três anos [desde o último álbum], então acho que pra gente é mais sobre voltar a tocar e mostrar o nosso trabalho, tentar reeducar as pessoas sobre o nosso som e que acabamos de lançar um CD. Nós descobrimos que uma vez que as pessoas ouvem o álbum elas gostam dele, mas o maior obstáculo é fazer com que elas o ouçam; é bem uma reeducação mesmo, tipo “ei, ainda estamos aqui e continuamos tocando, esperamos que vocês curtam!”. A gente quer fazer várias turnês; a gente quer muito ir para o Brasil, é o que mais queremos.

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A nossa última tentativa há dois anos atrás não deu certo, o que foi muito triste para a gente e para os fãs, então estamos tentando voltar o mais cedo possível; isso ta sempre nos nossos planos. A gente curte tocar no Brasil tanto quanto em nossa cidade natal. Esperamos voltar logo! Ah, e mais vídeos! A gente adora lançar novos vídeos, já lançamos quatro e provavelmente vamos lançar mais um logo mais. A gente adora lançar coisas que os nossos fãs possam ver e interagir com a gente.

Do seu tempo de volta em Boulder [cidade do Colorado da onde eles são originalmente], vocês um dia pensaram que o 3OH!3 ia se tornar o fenômeno que se tornou? 
Sean Foreman: Não (risos). Cara, eu posso honestamente dizer que nós nunca pensamos nisso. Nós não somos o tipo de pessoa que… Quer dizer, nós sonhamos alto em certos aspectos, tipo no que gostamos de fazer. Mas o 3OH!3, especialmente para eu e o Nat, era mais um hobby bacana que a gente tinha, que ocasionalmente dava para levar uns amigos para beber umas cervejas se a gente ganhasse grana suficiente com um show. Ele acabou se tornando algo muito maior do que nós pensamos originalmente, e tem sido uma jornada muito incrível, que nos proporcionou poder fazer o que nós realmente amamos fazer, escrever música e ver o mundo, e também ter fãs muito legais, os quais nós respeitamos muito e temos uma ótima relação online. Tem sido muito legal.

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E para terminar… Você quer deixar um recado para os fãs brasileiros?
Sean Foreman: Sim, quero que nossos fãs brasileiros saibam que nós os amamos muito! Eles estiveram conosco por todo nosso trajeto, especialmente com esse álbum, e sei que posso dizer por mim e pelo Nat quando digo que é isso que nos mostrou o que é mais importante em fazer música: ter essa conexão um-a-um com os nossos fãs. Os fãs brasileiros são sempre os primeiros a nos apoiar, e essa é a maior razão pela qual nós fazemos isso. Espero que isso sirva de exemplo para todos os outros fãs pelo mundo!

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Veronica Stodolnik
Veronica Stodolnik
Veronica Stodolnik: Paulista que mora nos Estados Unidos desde 2011, e colabora no Nação da Música com entrevistas e cobertura de eventos internacionais. Amante de música e literatura, atualmente cursa um mestrado de comunicações, não vive sem seu PS4 e assiste muitas séries de TV nas horas vagas.