Emoponto. – 21/03/2008

Uma das bandas de maior público no Brasil que se chegou ao fim, respondeu as nossas perguntas aqui na Nação da Música semana antes de anúnciar que a banda estaria acabando, a banda Emoponto muito conhecida pelo público jovem se originou no RJ, saiba mais sobre eles…

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• Primeiramente, agradecemos a vocês por nos dar essa oportunidade de saber um pouco mais da carreira de vocês.

– A gente que agradece o espaço e o convite para a entrevista com a banda.

• Como vocês se conheceram?

– O Daniel conheceu o Marcelão no cursinho pré-vestibular, em 97. O Ingo é o irmão do primeiro vocalista da banda e eu (Tuírow) conheci o Daniel no meu primeiro período da faculdade de comunicação da PUC, em 1999. O vocalista tinha viajado para Portugal e aí o Daniel comentou sobra a banda e sobre a viagem do vocalista e eu aceitei o desafio de retomar o projeto.

• Quem teve a idéia e como foi que montaram a banda?

-A idéia surgiu do Carlos Sagaz (primeiro vocalista) e do Daniel em 1998. Eles queria tocar as músicas das bandas que curtiam (Descendents, Blink 182, Pennywise e várias outras). Após alguns ensaios foram recrutando os membros e vendo quem também tava com esse intuito. A partir daí foi um pulo pras músicas autorais.

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• O que é mais difícil, no começo, pra fazer a banda crescer, ser reconhecida e respeitada?

– É uma boa pergunta. E eu vejo as coisas da seguinte forma: quando nós começamos a tocar, o

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nosso prazer era estar no estúdio suando e tocando, fazendo melodia e letra e procurando

qualquer lugar pra tocar. Era muito distante da nossa realidade e da nossa pretensão fazer

sucesso e viver de banda. Por isso, as coisas foram acontecendo naturalmente e a gente não via

dificuldade porque já estávamos realizando o nosso objetivo. Depois de algum tempo

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começamos a divulgar as músicas na internet e foi surpreendente ver uma resposta cada vez

maior e receber pedidos de show ao invés de termos que procurar pelos shows. Hoje em dia a

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maioria das bandas começa querendo o estrelato, o reconhecimento imediato, shows lotados e

aí vem o sentimento de dificuldade, de frustração e de competição, que surgem por um foco

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inicial equivocado.

• Como surgiu a idéia desse nome pra banda em meio a todo esse preconceito com o emocore?

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– O nome emo. foi dado em 2000, quando ainda não existia essa cena ( ou o que quer que seja) emo. Sempre que falávamos o nome da nossa banda todo mundo achava legal, perguntava o motivo e dizíamos “É tirado da faixa 10 do cd Dude Ranch do Blink 182”.

• E no começo havia alguma rejeição do publico?

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– No começo, como falei, não existia preconceito nenhum porque ninguém sabia o que era emo. Quando o nome emo começou a ser vinculado a bandas que usavam maquiagem, queriam cortar os pulsos e tinham franjas no rosto aí sim começaram a relacionar o nosso nome com esse tipo de expressão. Como virou uma moda é natural que tenha seus adeptos e seus sectários. A própria banda não via com bons olhos o tipo de comportamento, as roupas e atitudes dos que se intitulavam emos. Aliás, nenhuma das grandes bandas da cena levantavam a bandeira de serem emos, muito pelo contrário.

• Hoje ainda rola isso?

– A moda só existe porque um dia acaba, senão não seria moda. Hoje em dia não vejo isso tão forte, ou por não estar mais ligado e antenado no que rola por aí, ou por essa rebeldia fashion ter perdido sua expressividade. Uma das músicas do nosso cd novo, disponível na internet no http://tramavirtual.uol.com.br/artista.jsp?id=11359 fala exatamente sobre a efemeridade dessa tendência. O nome dela é “1001 maneiras de se maquiar em menos de 60 segundos”.

• Quais músicas de vocês não pode faltar nos shows?

– Conversando com o Daniel, a gente viu que tínhamos perto de umas 70 músicas próprias. Fica difícil compor um setlist assim. A gente procurava não deixar nunca de fora dos shows as músicas Mais Uma Vez, Seu Retrato, Deixar Partir e Rádio, que são as músicas que tiveram mais projeção e que consequentemente a galera mais pedia nos shows.

• Quais são as influências da banda?

– As bandas que mais influenciaram o nosso som eu diria que são Face to Face, MxPx, Descendents e Blink 182

• Atualmente que bandas vocês tem ouvido?

-Só posso falar por mim nessa pergunta. Eu ouço bastante All, Motion City Soundtrack e Matisyahu.

• E bandas independentes, vocês tem se interessado por alguma?

-Sim, eu gosto muito de Phone Trio, Cinedisco, Carbona. O novo do Forfun ta vindo bonito demais também, Lunar 4 também é uma ótima banda aqui do Rio. Tem várias, com certeza.

• Até hoje, existe um show que marcou mais a carreira de vocês?

-Acho que para todos foi o show no Hangar que fizemos em 2003. Lotado, todo mundo cantando e logo após o show tinha um cara da EMI (salve Vitor) querendo falar com a gente, dizendo que tinha saído do Rio só pra ver o nosso show e dizendo que gostou muito.

• Em relação aos fãs, existe algum assédio?

– Sempre existe uma admiração forte que muitas vezes acaba se tornando exagerada. Mas no nosso caso sempre foi algo tranqüilo, talvez pela nossa postura em relação ao público.

• Já rolou alguma coisa engraçada que algum fã fez por vocês?

– Já tive meu dia de Wando quando tacaram uma calcinha no palco (rsss). Hoje em dia acho que tem fã fazendo esse tipo de coisas inusitadas só pra ser citada quando fazem essa pergunta. rsss

• O que vocês acham que os fãs da banda esperam?

Acho que quem conhece e gosta do nosso trabalho espera da gente músicas sinceras, que falam da nossa realidade e que soam do jeito que a gente quer se expressar no momento. O que eles não devem esperar é um visual despojado, um hype astronômico e um som moldado para convencer e agradar. Isso a gente já viu que não é a nossa praia.

• Em relação a novos projetos.. o que vocês podem adiantar sobre o cd novo?

-O cd novo foi lançado dia 24/03 e está disponível no tramavirtual. São 7 músicas que registram essa última fase da banda e foram gravadas sem 1 grama de neurose e nem 1 mililitro de pressa, pois não tínhamos prazos com ninguém. Eu ouço a gravação e acho a mais sincera que já fizemos e com músicas que sintetizam bem a intenção comum da banda. Dos 3 cd’s que lançamos esse foi o que mais me dá prazer de ouvir. As músicas mostram bem nossas influências, que vão do hardcore estilo NOFX e bandas da epitaph até o punk rock tipo Blink 182. Inclusive saiu uma resenha muito legal no zonapunk: http://www.zonapunk.com.br/ver_res_cds.php?id=1457

• Tem previsão pra lançamento?

– O lançamento foi dia 24/03, exatamente nesse ínterim em que vocês mandaram a entrevista e que eu estou respondendo. Melhor momento impossível.

• E está rolando um boato que esse cd é o ultimo projeto de vocês, a banda vai acabar? Expliquem um pouco dessa história toda pra gente.

-Sim, esse é o último projeto nosso como emoponto. A partir de agora acho que cada um vai focar no que está fazendo profissionalmente sem nunca deixar de tocar e de se expressar através da música também, mas acredito que não deva ser a prioridade de nenhum dos quatro. A banda já vem conversando sobre parar de tocar desde o início de 2007. As razões nunca foram por brigas ou indisposições entre os integrantes, por isso decidimos tornar 2007 um ano de despedida, das últimas viagens, últimas gravações e últimos shows. Rolou muito bem e esse ano vimos que como não temos mais condição de levar o emoponto como prioridade na vida então é melhor cada um seguir na sua com a sensação de que os 10 anos juntos foram muito bem vividos, e nos acrescentou imensamente como músicos e como pessoas.

• Sobre todas as musicas que vocês disponibilizaram pra download.. essa atitude ajuda a banda?

-Eu acho que ajuda a banda e também quem curte ou tem interesse em conhecer a banda. A gente sempre freqüentou estúdios para gravar músicas novas, fazer pré-produções, mixar shows ao vivo etc. Então vimos que tinha muito material não lançado e, apesar da baixa qualidade de alguns, achamos interessante colocar a disposição de quem quisesse ouvir e saber como a banda se expressou musicalmente de 99 até 2008.

• Com tanta música disponível gratuitamente a venda de cd’s cai.. o que mais vale a pena?

-Acho que se pensamos alguma vez em venda de cd esse pensamento durou 10 segundos e depois deixou de existir. Nós todos éramos assíduos compradores de cd na década de 90. Em 2000 já começamos a sentir que as coisas não iam bem nesse ramo e que o futuro já tinha um lugar reservado para o compact disc, e era junto dos vinis e fitas K-7 das coleções de raridades de lojas e colecionadores. Então essa nunca foi a nossa aposta.

• A divulgação das bandas pela internet pelo ponto de vista de vocês tem algum ponto negativo?

-Eu não vejo ponto negativo. Talvez a falta de um encarte com cheirinho de novo e com uma arte maneira, letra das músicas e tal. Eu particularmente ainda sinto falta de ver e entender a arte do cd das bandas que eu curto, mas nem por isso compro o cd. Até porque é possível ver tudo isso pelo site da banda. A galera que já nasceu na era da mp3 então nem sabe o que é isso.

• Como vocês deram em uma entrevista publicada recentemente, falaram será as últimas músicas gravadas pela banda Emoponto, vocês estão com algum projeto novo ou ira realmente acabar a banda de vez?

-O emoponto vai acabar, ou até já acabou, já que agora o cd foi lançado. Ninguém tem um projeto novo ainda. Eu to curtindo saber que todos os finais de semana posso ficar no Rio e sair com minha namorada e meus amigos. To aproveitando a falta de compromissos com a música, mas acredito que com o tempo venha a necessidade de compor, ir pro estúdio e ouvir seu som gravado. Quando rolar isso eu vou pensar em um novo projeto com certeza. O Ingo já tocava na banda do irmão dele, Marte http://tramavirtual.uol.com.br/artista.jsp?id=24422 e o Marcelão recentemente se juntou a eles. O Daniel por enquanto não comentou nada sobre planos musicais futuros.

• De quem foi a decisão do fim da banda? E pelo qual motivo isto veio a acontecer?

No final de 2006 eu comecei a sentir uma necessidade de fazer outras coisas na minha vida. Eu era muito grato e contente por tudo que o emoponto tinha conquistado e por ter 3 amigos ali sempre comigo, mas eu comecei a entender que a música poderia continuar sendo importante para mim, sem ser necessariamente a minha prioridade. As dificuldades de ter uma banda e viver disso no Brasil também são enormes e eu já tinha visto bastante coisa e tinha certeza de que o meu sonho de ter banda tinha me levado a lugares que eu nem poderia imaginar e me presenteado com sensações também indescritíveis. Conversei então com o Marcelão e ele achou o mesmo. No início de 2007 então comentei com o Daniel. Ele entendeu perfeitamente e sugeriu da gente levar 2007 na alegria, esquecer qualquer neurose e aproveitar com consciência os frutos dessa nossa empreitada como banda. Além disso, ele também propôs gravar as músicas que estavam sendo feitas e foi exatamente o que aconteceu, shows fodas, viagens, novos amigos e um cd novo. Agradeço a ele pela idéia e ao Ingote e Marcelão por embarcarem nessa e me fazerem companhia nesse ano que pra mim vou lembrar pra sempre.

• Para finalizarmos esta entrevista, agradecemos a presença da banda e a atenção. E por ultimo pedimos que deixem um recado aos Fãs da banda e ao pessoal da Nação da Música.

-Primeiramente obrigado a Nação da Música pelo espaço cedido aqui. Que vocês prosperem cada vez mais. Para a galera que curte nosso som o recado é que nunca se esqueçam dos 3 lados fundamentais da vida e que trazem alegria imediata: o da inteligência (leiam bastante, coisas boas); o da saúde (saiam da inércia e pratiquem qualquer tipo de esporte ou exercício) e o da arte (expressem o que sentem de qualquer forma, música, poesia, literatura, teatro etc…).

Entrevista por: Bruna Lovelly
21/03/2008

Respondido por: Daniel

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Redação
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