Entrevistamos Adi Oasis sobre 1° single em português

Adi Oasis
Foto: Ílan De Meyer/ Reprodução/ Instagram

No início de agosto, a multiartista francesa Adi Oasis lançou o primeiro single da carreira em português, intitulado “Cheirinho”, em parceria com a dupla fluminense de jazz YOÙN. De acordo com a artista, a música nasceu durante uma estadia em Chez Georges, vila modernista no Rio de Janeiro.

A canção foi inspirada na filha da baixista, no ‘cheirinho’ que uma criança exala no colo da mãe: “Estas horas no Rio me lembraram que a maternidade não diminui minha, e sim expande”, conta a francesa. “Cheirinho” cria um fluxo de versos em português e inglês, formando o que Adi Oasis define como “um aperto de mão carimbado com passaporte entre duas cidades que vivem pelo ritmo.”

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“Trabalhar com Adi foi química groove instantânea. ‘Cheirinho’ prova que a música ignora fronteiras”, comemorou a dupla YOÙN em nota divulgada. O Nação da Música entrevistou a artista francesa sobre o novo single, sua experiência com composições em português e uma possível vinda ao Brasil.

Entrevista por Isabel Bahé.

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————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Queria começar perguntando sobre a inspiração da música Cheirinho. Ela tem um toque de bossa nova, certo? Eu sei que você passou um tempo aqui no Brasil e gravou essa música, então queria saber sobre a inspiração tanto do som quanto da letra.
Adi Oasis: Eu estava no Rio quando compusemos essa música. Acho que a inspiração veio… bem, inspiração é difícil de descrever, porque é um sentimento, sabe? Naquele dia, eu estava me encontrando com o YOÙN pela primeira vez, e eu já tinha os acordes no violão.

Nós só queríamos criar algo positivo e bonito. Minha filha estava no quarto ao lado e veio até o estúdio — com certeza ela inspirou a letra. A música fala sobre o que eu sentia por ela, e ela estava ali, foi algo especial.

A música tem duas línguas: você canta em inglês e também em português. Queria saber por que essa decisão de mesclar os dois idiomas, porque às vezes eles não se encaixam muito bem, mas nessa música funcionou. Como surgiu essa ideia? Você escreveu primeiro em inglês ou em português? Como foi esse processo?
Adi Oasis: Na verdade, a gente nem pensou muito sobre isso. Os caras [da equipe] não falam muito inglês, e eu queria cantar em português, mas também queria fazer uma música para o meu público em inglês. Não planejei muito — meu cérebro pensa em vários idiomas. Cheguei a considerar fazer em francês por um segundo, mas depois pensei: “Isso deveria ser mais global”.

Eu tenho passado muito tempo no Brasil, e acho que vai além disso. Tenho visto uma conexão muito forte entre brasileiros, especialmente pessoas negras — negros brasileiros e negros americanos. Eles são muito parecidos em vários aspectos. Na minha mente, eu queria criar uma ponte, e senti que essa música poderia ser um bom começo.

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Você planeja fazer mais músicas em português?
Adi Oasis: Eu adoraria. Tenho ótimos amigos aí, e amo os músicos brasileiros. Esse foi só o primeiro passo pra fazer música no Brasil, e um dia eu quero fazer um projeto inteiro por aí.

Você mencionou sua filha, e isso é… não exatamente uma surpresa, porque muitas artistas falam sobre maternidade, mas queria saber da sua experiência. Você já disse que a maternidade não diminui a arte. De que forma sua filha é um… modelo para você? É isso, estou esquecendo as palavras em inglês. De que maneira ela te inspira?
Adi Oasis: Não, não diminui nada. Sabe, as crianças trazem bênçãos, mas também trazem complicações. Tudo que é incrível tem um preço. Tudo que é bonito vem com algo difícil ou com desafios. Isso é o yin e yang, é a lei da atração, é simplesmente como o mundo funciona.

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Então, para essa coisa linda que me aconteceu – ter esse serzinho lindo –, se o único preço a pagar é dormir menos, então vale absolutamente a pena. E ela traz tanta inspiração. A forma como ela vê o mundo, poder ver o mundo através dos olhos dela, está me dando muito material para a minha música, porque me dá uma perspectiva positiva sobre coisas às quais eu nem prestaria atenção.

Como você disse, ser mãe, ser pai, é algo difícil. É difícil porque há o cansaço, o sono, você tem que cuidar de uma pessoa que precisa muito de você, mas tem que trabalhar em um mundo que exige trabalho o tempo todo. Você, como artista, cantora, musicista e mãe, avalia que a indústria poderia mudar na indústria musical para abraçar os artistas que também são pais, para que possam equilibrar essas duas vidas?
Adi Oasis: Essa é uma ótima pergunta. Depende do país. Agora estou na França, onde cresci, e todos os meus amigos músicos têm um status, o status de artistas, e o governo francês lhes dá dinheiro quando estão de folga, basicamente.

Eles fazem parte do sistema, são parte da sociedade. Nos Estados Unidos não é assim nem um pouco; não recebemos ajuda financeira alguma. Mas o que eu acho que deveria mudar internacionalmente, globalmente, é que os serviços de streaming deveriam nos pagar mais. A Spotify agora domina a indústria musical, lucra bilhões de dólares e só nos paga US$ 0,005 por stream. Se isso fosse nos anos 90, eu seria uma multimilionária hoje, e não é o caso. E eu não mudei, a forma como trabalhamos não mudou; na verdade, temos que trabalhar mais do que antes porque temos que cuidar das nossas próprias redes sociais.

Não é que as pessoas devam parar de usar os serviços de streaming. Eles têm pontos positivos, e a maioria das pessoas não pode comprar um CD por 20 dólares. A nossa indústria está sofrendo, assim como outras. Então, nós apenas precisamos ser melhor pagos por esses serviços. Isso faria uma grande diferença.

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Você não é só cantora, é também compositora. Você já teve aquele sentimento de… de parar, ou de tristeza, quando vê a situação da indústria musical? Como você se sente sobre isso, sendo letrista, compositora e também cantora?
Adi Oasis: Quer dizer… às vezes é um pouco deprimente. Às vezes me deixa com raiva. Fico muito chateada, talvez uma semana no máximo, e depois volto a agir porque não posso parar. Eu amo o que faço e ainda me sinto muito sortuda por poder viver do que mais amo. Também me sinto sortuda por gostar de me apresentar e ser boa nisso, porque é mais difícil para artistas que não gostam de estar no palco, e tudo bem.

Então, é o que é. Podemos viver em nosso tempo, mas não vamos desistir, não é? Não podemos desistir. Então, podemos levantar a voz e tentar melhorar as coisas. E se não mudarmos para nós, pelo menos mudaremos para a próxima geração. Porque é assim que fazemos um mundo melhor, e não há outra escolha.

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Você planeja fazer mais turnês e vir ao Brasil e a outros países aqui na América Latina? E como estão os novos projetos para você, quais são seus planos de se apresentar no palco no momento?
Adi Oasis: No momento, estou me apresentando em festivais de verão na Europa, o que é sempre divertido. Assim, posso ficar com minha família e levar minha bebê, o que é ótimo. Em termos de uma turnê mais extensa, provavelmente será no ano que vem, depois de lançar mais músicas. E eu definitivamente adoraria me apresentar no Brasil e fazer uma turnê completa por lá, além de tocar em mais países da América Latina.

E você está trabalhando em um novo álbum agora? Como tem sido o processo no momento?
Adi Oasis: Vai sair muita música nova. É isso que posso adiantar. Estou sempre no estúdio, então sim, haverá… [novas músicas].

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Se você pudesse escolher outro artista brasileiro, além de você e da Luísa, quem você escolheria?
Adi Oasis: Liniker. Liniker é sensacional. Ela é incrível. Ela veio aqui, pude vê-la no palco. Ela é maravilhosa. Também amo… quer dizer, estas são minhas amigas. Tenho amigos incríveis no Brasil que são artistas fantásticos. Também amo a Xênia França, ela é uma boa amiga minha.

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Isabel Bahé
Isabel Bahéhttps://linktr.ee/isabelfbahe
Jornalista bibliófila que respira músicas.