Entrevistamos Aléxia, ato de abertura do The Calling no Brasil

Aléxia
Foto: Acervo da artista/ Divulgação

Considerada uma das vozes emergentes do rock nacional, Aléxia foi anunciada em setembro como ato de abertura da banda The Calling no Brasil. Responsável por hits que marcaram gerações, tais como “Wherever You Will Go”, o grupo estadunidense passa pelas cidades de Curitiba (PR), Santo André (SP), Belo Horizonte (MG) e Brasília (DF), numa mini-turnê que tem início nesta quinta-feira (09).

Com 4 anos de carreira, Aléxia ficou conhecida pelos seus covers disponibilizados na internet, colocando sua autenticidade em músicas de Evanescence, Linkin Park, System of a Down, Lady Gaga, Joan Jett, e Green Day. Recentemente, a cantora tem divulgado trabalhos autorais (incluindo sua mais nova canção, “Monstro”) e prepara o lançamento de seu primeiro disco.

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Em outubro, ela se junta à sua banda (formada por Léo Aoyagui, Guzz Campos e Guga Valência) para acompanhar The Calling na estrada por diversas capitais do país, prometendo um show com seu repertório tradicional e alguns spoilers do futuro.

O Nação da Música conversou com Aléxia sobre a nova fase da carreira, suas inspirações e os planos para o próximo ano.

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Entrevista por Isabel Bahé.

————————————– Leia a entrevista na íntegra:
A imprensa geralmente te coloca como uma cantora emergente de rock, mas, olhando seu repertório, você não canta rock. Como você se define nesse aspecto?
Aléxia: Sou bem aberta, na verdade. Venho muito do pop, minha artista favorita e maior inspiração é a Lady Gaga – que pra mim é a cantora de pop mais rockstar que existe. Ela me influenciou muito, então sempre estive muito ligada à cena pop, das divas… Gosto muito de rock, mas gosto de trazer esses elementos para as minhas músicas. E acho que minha voz também tem um timbre mais pop, então a música acaba atraindo até quem não é tão fã de rock – o público pop também se identifica.

É meio difícil me definir, mas acho que se você gosta de pop, vai curtir; se gosta de rock alternativo, também. Até gostaria de criar um novo gênero, tipo um heavy pop – algo assim.

Como foi que você começou a cantar? Quais gêneros te marcaram no início?
Aléxia: Quando comecei a cantar, eu só queria fazer música pop – por causa da Lady Gaga, principalmente. Comecei a fazer aula de canto e só queria gravar vídeos das músicas dela e de outros artistas pop. Fiquei obcecada por ela, ela me influenciou bastante. Só que quando surgiu a oportunidade de virar vocalista de uma banda, era uma banda de rock – e aí, de fato, comecei a cantar mais rock e clássicos do estilo.

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A gente cantava Aerosmith, Metallica… Coisas que eu já curtia por influência dos meus pais, mas ainda não cantava muito em casa. Antes, só gravava vídeos pro YouTube, dos artistas que mais ouvia: Lady Gaga, Rihanna, Billie Eilish. Quando entrei profissionalmente na música, foi que comecei a cantar mais rock mesmo.

Você já citou em outras entrevistas algumas referências como Linkin Park, Lady Gaga e Paramore. Queria te perguntar: quem são seus maiores ídolos, e por que você os usa como referência na sua persona artística?
Aléxia: Admiro muito vários aspectos, não só a sonoridade. Gosto de pegar um pouco de cada um. A Gaga, por exemplo, admiro não só pelas músicas, mas por ser uma artista completa, uma performer incrível – sempre admirei isso nela. Amo demais a Hayley Williams, ela é uma cantora extraordinária, e amo o jeito que ela se comporta no palco.

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Sempre busquei me inspirar nessa forma dela de se apresentar. Linkin Park também, acho que vai além da música, é algo muito visceral. A Amy Lee, do Evanescence, é outra vocalista fantástica.

Gosto de absorver um pouco de tudo: como se portam no palco, como se expressam. Acho muito importante. Gosto de performar, não só cantar. E compor também. Escrevo todas as minhas músicas, acho legal e importante participar de todos os processos. Admiro muito artistas que fazem isso, não só cantam músicas que outros escreveram.

Quais são os temas que você mais gosta de explorar nas suas letras?
Aléxia: Olha, eu gosto muito de escrever sobre coisas que eu realmente vivo, sabe? Vou muito pelo que sinto. Às vezes, até escrevo coisas que eu gostaria que dissessem para mim – quase como uma mensagem ou uma terapia. Então, gosto muito de falar sobre superação, resiliência, empoderamento e saúde mental.

Uma coisa que queria te perguntar é sobre o rock ser um gênero ainda nichado. Hoje em dia talvez menos, mas ainda é desafiador ser uma vocalista mulher no rock. Você sente essa pressão? Como lida com isso, especialmente agora como artista solo?
Aléxia: É um pouco difícil. Quando a gente resolveu seguir esse caminho de artista solo, eu sofri com muitos comentários. Teve gente que torceu o nariz ou simplesmente parou de acompanhar porque não conseguiu aceitar uma mulher assumindo a frente do projeto. Parecia que, para alguns, não combinava: como se o “rock star” tivesse que ser um cara, e a mulher fosse só uma parte secundária do projeto.

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Mas a gente tem que ultrapassar essas barreiras com coragem, mesmo sendo difícil, a gente ouve cada coisa… Até na noite, fazendo shows em pubs, por exemplo: as pessoas que não me conhecem já me subestimam só por ser mulher. Eu tenho cara de ser mais nova do que sou, e aí já acham que não entendo nada da cena rock, que não sei o que estou fazendo. Mas a gente segue em frente, fazendo o que ama e o que acredita.

Acho que, mesmo com todas as dificuldades, consigo me conectar com muitas pessoas. Preciso tentar não focar naqueles que não querem me ver crescer, e sim nas pessoas com quem crio conexão, a gente acaba fazendo um bem para o outro dentro da cena. Hoje em dia, tenho muito mais amizades no rock nacional. Antes, por ser do interior de São Paulo, não conhecia quase ninguém da cena, mas fui muito bem recebida – fiquei bem surpresa e feliz com isso. Mas é… Tem que ter coragem mesmo.

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O rock também tem muita resistência em aceitar a geração mais jovem. Existe aquele ditado de que “o rock está morrendo”, mas não há interesse das pessoas mais velhas em revitalizar o gênero apoiando artistas novos. Você acha que o rock realmente está morrendo?
Aléxia: Não, na verdade não acho. O rock já esteve muito em alta, é verdade, e hoje ele não está no mainstream do mesmo jeito. Mas parte dessa culpa é do próprio público que você mencionou: quando surgiram bandas como Fresno, Restart e outras, muita gente simplesmente abandonou o movimento. Ficou presa naquela ideia de “só o que é antigo é bom”, e nem dá uma chance para ouvir o que está sendo feito hoje.

Temos muitos artistas, muitas bandas novas fazendo música de qualidade. Se você for aos festivais, os line-ups estão cheios de nomes legais e você acaba conhecendo muita gente talentosa. Só que o público realmente não busca, não vai a esses festivais para apoiar as bandas emergentes. As pessoas querem continuar ouvindo as mesmas bandas de sempre.

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Então, eu diria que o rock não está morrendo, mas está “fraquinho”. Não está brilhando como poderia. Se todo mundo fizesse sua parte (ouvindo, incentivando, comparecendo aos eventos), a cena estaria muito mais forte. Até porque há uma nova geração que está curtindo rock de novo.

Faz quatro anos que você deu esse start na sua carreira profissional. O que você mais gosta na carreira de artista? E o que menos gosta?
Aléxia: O que eu mais gosto é, com certeza, estar no palco. Fazer show é a parte mais legal de todas. É quando me sinto realmente realizada, completa. Já a parte mais difícil, principalmente para quem faz música autoral, é lidar com a rejeição e com as críticas. Não estou falando das críticas construtivas, mas daquelas pessoas que só querem te colocar para baixo.

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Quando era mais nova, eu me sentia muito mal com qualquer comentário negativo, já chegava a pensar em desistir de tudo. Hoje em dia tenho mais maturidade e vivência, mas ainda é muito difícil ler pessoas falando mal da sua arte, que é algo que você faz, algo muito pessoal.

Como faz para lidar com as críticas negativas, que nunca param de surgir?
Aléxia: Quanto mais exposição, mais críticas, né? Com certeza. A terapia me ajudou muito a encontrar um caminho para filtrar o que leio. Quando vejo algo negativo, tento olhar o contexto: de quem está vindo, de que forma, e por quê. Muitas vezes, a pessoa está se sentindo mal com algo na vida dela e acaba descontando. Então, tento não levar para o lado pessoal.

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Aprendi a não deixar que isso chegue ao meu coração, a observar o contexto e, principalmente, a não ficar buscando ou lendo tudo que falam. É uma forma de me proteger.

Você tem algum momento favorito na sua carreira, algum palco especial?
Aléxia: Ah, eu tive muitos momentos especiais, mas tem um lugar que adoro tocar: o Come Together, em São Roque. É um pub incrível. Lá a gente tem, acho, nosso público mais fiel – muitos fãs surgiram ali, de cidades como Anderson Ró e Mairinque. Quando tocamos lá, é sempre muito especial. O show é menor, mais intimista, a gente toca as músicas autorais e todo mundo canta junto. As pessoas se emocionam porque as músicas realmente significam algo para elas. Todo show lá é especial, principalmente quando cantamos “Sobreviver”, que parece ser a favorita deles. É sempre uma experiência muito gostosa.

Você está preparando seu primeiro disco, né? O que pode adiantar para a gente? Já tem previsão? Como será o tom do álbum, o que esperar?
Aléxia: A gente pretende lançar no começo do ano que vem – acredito que até abril já esteja disponível. Estamos trabalhando nas músicas e quero fazer um álbum bonito e coeso. Vou incluir alguns singles que já lancei, mas também muitas inéditas. Estamos trazendo referências que sempre quis explorar, com um som mais maduro. Gosto muito de blues, por exemplo, mas com uma roupagem moderna. Não sei explicar direito, mas estão saindo sons bem legais. Tô bem ansiosa!

E vamos falar também do show de abertura do The Calling! Como está o coração? Você curte a banda? Como está se preparando para abrir para um fenômeno assim, que sempre arrasa por aqui?
Aléxia: Incrível, né? Eles podem vir quantas vezes quiserem que sempre é uma loucura. Eles têm um público muito fiel e forte no Brasil. Agora que estou mais inserida nesse contexto, até acompanho a página do fã clube deles – são pessoas realmente apaixonadas, é lindo de ver.

Estou muito feliz e honrada por ter sido escolhida, e por eles mesmos terem aprovado meu trabalho. Eles marcaram uma geração inteira nos anos 2000, todo mundo conhece. É muito importante para minha carreira participar dessa turnê, porque vou ter a oportunidade de aprender com eles, vivenciar todo o trabalho de perto e quero absorver o máximo possível. Também quero conhecer pessoas e mostrar meu trabalho para o público deles – acho que vai rolar uma identificação legal.

Como está a preparação da setlist? Você vai cantar inéditas do novo álbum? Vai incluir covers?
Artista: Estamos montando uma estrutura bem legal. Quero cantar todas as minhas músicas autorais já lançadas e também vou incluir algumas inéditas para ver a reação da galera. Também devo colocar duas ou três versões de covers, dependendo da cidade e do público, porque são versões bem diferentes do original e o pessoal sempre curte. Acho que isso faz parte da minha identidade sonora. Com cerca de uma hora de show, acho que dá para montar uma estrutura legal e mostrar meu trabalho.

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Isabel Bahé
Isabel Bahéhttps://linktr.ee/isabelfbahe
Jornalista bibliófila que respira músicas.