Entrevistamos Barão Vermelho sobre retorno ao Rock in Rio 40

Barão Vermelho
Reprodução: Facebook

Em 1985, Barão Vermelho subia pela primeira vez aos palcos do Rock In Rio, na época com os vocais de Cazuza, em um show histórico que marcou a geração do rock nacional. No último domingo (15), o grupo que integra o Quarteto Sagrado do Rock retornou para a abertura do terceiro dia da edição comemorativa de 40 anos do festival. Além do marco de aniversário, o show marca a abertura da nova turnê de Barão Vermelho.

Na apresentação, a banda apresentou seus maiores sucessos, com algumas novidades a contar. A primeira foi a colaboração com o percussionista Japa System (marcando a volta da percussão no grupo desde Peninha), e o lançamento da música inédita “Do Tamanho da Vida”, com letra original de Cazuza. Poucos dias antes da apresentação, o Nação da Música conversou Maurício Barros (teclados e vocais) e Guto Goffi (bateria), que compõem Barão Vermelho desde sua formação, sobre este show emblemático.

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Entrevista por Isabel Bahé

————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Como é retornar ao Rock in Rio, 40 anos após a primeira edição, e o que o público pode esperar do show de vocês nesta edição comemorativa?
Maurício Barros: É muito especial retornar ao festival depois de tanto tempo. Estivemos na terceira edição do festival, naquela época com o Frejat à frente da banda. Nossa primeira participação foi com a formação original, com o Cazuza como vocalista, e agora estamos de volta com o Rodrigo Suricato. Esse retorno representa a consolidação do trabalho que temos desenvolvido nos últimos oito anos com essa formação. Lançamos alguns álbuns, incluindo um em comemoração aos 40 anos da banda, e também um disco de inéditas em 2019. Além disso, participamos do “Barão 40” em 2022. Estamos extremamente felizes de retornar ao Rock in Rio com a nova formação; é uma grande alegria e uma honra.

O público pode esperar uma banda feliz e empolgada no palco. Todos que estão no Barão Vermelho hoje estão porque realmente querem estar ali, tocando e curtindo o repertório ao lado dos fãs. Vai ser um momento incrível para nós! Quem estiver presente vai ver uma banda muito animada e pronta para entregar uma apresentação intensa. Preparamos algumas surpresas e novidades especialmente para esse show.

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Estamos firmando ainda mais essa formação e estreando a nova turnê no palco do Rock in Rio. Também lançamos uma música inédita, algo que remete ao que fizemos em 1985 com “Um Dia na Vida”, parceria minha com o Cazuza.

Quais são as principais diferenças que vocês percebem no festival e no público em comparação àquela época?
Maurício Barros: Em 1985, e até mesmo em 2001, o mundo era muito diferente. Claro, em 2001 as coisas já estavam mais rápidas, mas em 1985 o ritmo era muito mais lento. Nós ouvíamos um lado do LP, depois o outro, e tínhamos menos canais de televisão. Não havia internet, nem celulares. Hoje, tudo isso mudou. As pessoas podem assistir a um jogo de futebol, ver um anúncio, comentar no celular com amigos e desconhecidos, tudo ao mesmo tempo. O mundo mudou muito – algumas mudanças para melhor, outras mais questionáveis –, mas é o mundo em que vivemos.

O festival reflete muito bem essa nova realidade. Ele é multifacetado, com muitos palcos e uma grande variedade de atrações, atendendo a todos os tipos de público. Mesmo no dia dedicado ao rock, existem outras vertentes em palcos alternativos, o que é algo muito positivo. Isso vai ao encontro da nossa era, em que tudo acontece simultaneamente. O mundo é multifacetado, e o festival está atualizado ao oferecer essa diversidade. Hoje em dia, as pessoas raramente se sentam para ouvir um álbum de 20 ou 30 minutos sem fazer mais nada. Embora isso possa ser lamentável, é assim que as coisas são.

Guto, você mencionou que o Rock resistiu por 40 anos no Brasil. Como você vê a evolução do rock nacional e o papel do Barão Vermelho nesse cenário ao longo das últimas décadas?
Guto Goffi: Então, o rock nacional durou, né? Ele percorreu esses 42 anos, claro que não com o mesmo protagonismo de antes. A indústria fonográfica sempre apoia estilos específicos para lançar novos artistas e lucrar com eles. Depois de um tempo, os músicos entram em uma fase mais independente, sem o suporte da gravadora, e começam a seguir sua carreira sem a mesma pressão de vender milhões de discos. Isso se torna algo natural: só permanece na música quem realmente é da música.

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Estar em uma gravadora, com todos os privilégios, é muito diferente do que viver a rotina da arte por conta própria. Na gravadora, você voa de avião para lá e para cá, frequenta shoppings, ganha casa alugada e recebe a sensação de que é a pessoa mais importante do mundo. Mas, quando você cai no cotidiano artístico, o foco é viver de ideias e realizações, fazer acontecer, independente de ter ou não uma gravadora ao lado. O Barão Vermelho tem uma carreira muito rica, passando por todas as fases da indústria musical.

Chegamos ao topo, voamos nos melhores aviões, ficamos nos melhores hotéis, aparecemos nas maiores revistas e jornais. Mas também começamos lá embaixo, no que chamamos de “classe Z”. No início, não tínhamos nada, apenas a banda formada por Guto Goffi, Maurício Barros, Roberto Frejat, Dé Palmeira e Cazuza. E essa trajetória é fascinante, pois dá a certeza de que escolhemos o caminho certo.

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Hoje, o Barão Vermelho vive um momento muito especial. Todos estão com saúde e vigor. O nosso desafio foi recolocar a banda no mapa do Brasil como uma das principais bandas de rock da geração dos anos 80. A participação no Rock in Rio é mais uma consagração que nos coloca de volta ao lugar de destaque. Esta formação atual da banda tem muito orgulho e sede de conquistar esse espaço novamente, de erguer a bandeira do Barão no topo da montanha. Podem esperar muitas novidades da nossa parte.

Uma das primeiras é o lançamento de um single em parceria com Cazuza, com uma letra inédita que conseguimos graças à Lucinha Araújo. A música se chama “Do Tamanho da Vida” e dará nome à nova turnê, que estreia no Rock in Rio. A partir desse ponto, temos a intenção de lançar mais alguns singles e, no mínimo, um EP com cinco ou seis músicas novas. É o mínimo que podemos prometer em termos de material inédito.

A turnê nova deve durar pelo menos 18 meses, com shows por todo o Brasil, incluindo as capitais e cidades menores. Adoramos viajar pelo país e temos muito orgulho de ser uma banda brasileira com um repertório tão presente no inconsciente coletivo. Nossas músicas marcaram décadas e momentos especiais na vida de muita gente, então chegou a hora de celebrar tudo isso.

Vocês mencionaram a colaboração com o Japa System e a inclusão de percussão pela primeira vez desde Peninha. Como essa nova sonoridade influenciará a apresentação e o futuro da banda?
Guto Goffi: Acho que o Peninha conseguiu incorporar a percussão no rock de uma forma que nenhum outro percussionista conseguiu. A musicalidade dele, combinada com a linguagem do rock – que é difícil para adicionar elementos que fujam do estilo mais “quadrado” do gênero – foi algo surpreendente. Tive o privilégio de tocar com o Peninha por 35 anos, tanto no Barão quanto em outros projetos. Estimando por alto, devo ter feito uns mil shows com ele ao longo da vida. Trocamos ideias e informações durante todos esses anos, e acredito que isso é insubstituível; não existe ninguém que possa replicar isso exatamente.

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Claro, o Japa System é extremamente original também e tem sua própria qualidade, que se inclina mais para a música eletrônica. Sei que ele vem de uma escola de tambores, já que saiu da Timbalada, criada por Carlinhos Brown. Aliás, acredito que o próprio Brown também se encaixaria no Barão se fosse tocar conosco. Como sei que o Japa vem dessa linhagem da percussão, tenho certeza de que vai funcionar muito bem no que vamos fazer no Barão Vermelho.

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Isabel Bahé
Isabel Bahéhttps://linktr.ee/isabelfbahe
Estudante de jornalismo e bibliófila que respira músicas.