Entrevistamos Bryan Behr sobre encontro com Calum Scott e novos projetos

bryan behr
Foto: Divulgação

Na última sexta-feira (25), durante a passagem de Calum Scott pelo Brasil, o cantor britânico trouxe também Bryan Behr para tornar a “Bridges Tour” ainda mais especial. O artista, que já havia cantado com Calum no single “Da Primeira Vez” em 2021, foi escolhido pelo próprio para ser o show de abertura em São Paulo.

A Nação da Música conversou com Bryan Behr sobre a oportunidade de abrir para Calum Scott, e seus últimos trabalhos, como o EP “Conversas de Travesseiro” e a participação no projeto “Exagerado”, que homenageia os 65 anos de Cazuza, além do que ainda está por vir até o final de 2023.

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Entrevista por Natália Barão
————————————– Leia a entrevista na íntegra:

Oi, Bryan, tudo bem:
Bryan Behr: Oi, Natália! Tudo bem sim, e você?

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Tudo bem também! Como estamos aí morrendo de calor nesse tempo ridículo de São Paulo?
Bryan Behr: É, está calor, mas como você consegue observar aqui que eu estou bem agasalhado, porque isso é São Paulo. Ontem eu estava aqui praticamente pelado, produzindo de tanto calor, derretendo, e hoje eu estou aqui, completamente agasalhado e quase pegando um cachecol (risos). Mas já está começando a ficar calor de novo já e eu sei que daqui a pouco a gente vai começando a tirar as as camadas que vão ficando penduradas pela casa. Eu vim do Sul, então lá faz muito frio e é muito comum fazer isso também de um dia você sair de casa agasalhado, de repente estar derretendo e de repente ver que precisava ter levado um guarda chuva (risos). Então eu estou acostumado.

Ai sim, mas pior que estamos no inverno, sabe? Isso não faz nem sentido. Eu vi que amanhã vai fazer tipo, 13°C. A semana inteira a máxima foi de 33°C e amanhã a máxima vai ser de 13°C!
Bryan Behr: Olha isso, que loucura!

Sim! (risos). Bom, vamos começar?
Bryan Behr: Podemos, por favor.

Bom, a gente está conversando principalmente para falar sobre o fato de você abrir o show do Calum Scott hoje aqui em São Paulo. Primeiramente, como surgiu essa oportunidade?
Bryan Behr: Eu acho que, na verdade, a oportunidade surgiu já há muito tempo atrás, quando eu gravei uma música com ele. A gente gravou uma música em 2021 e foi uma das coisas mais legais que eu já fiz na minha vida. Eu e ele conversávamos pelo Instagram, na maioria das vezes, que quando ele viesse pro Brasil isso ia acontecer, e aí, quando ele divulgou as datas do Brasil eu lembro que eu fiz um comentário, feliz que ele estava vindo pra cá, e ele mandou mensagem dizendo que a gente tinha que conversar sobre uma coisinha. E foi super legal, porque tem alguns artistas que eu sinto um pouco de medo de conhecer, de estragar aquela magia que a gente sente, e o Calum, cara, foi completamente o contrário, quando eu conheci ele, só ficou ainda mais especial. Ele é um dos 200 artistas mais ouvidos do mundo e ainda assim tem a sensibilidade de olhar para o trabalho de um artista que, em números, é muito menor do que ele ainda assim, e saber que ele pode colaborar com aquilo, sabe? Então foi muito bonito o que ele fez de ter aberto esse espaço pra gente também, pra eu fazer essa abertura. O show hoje vai ser voz e violão, o que me deixa também muito feliz e até de certa forma confortável, porque é meu lugar de conforto eu com o meu violão ali, então acho que vai ser muito lindo e torcendo para que role aí uma oportunidade da gente cantar junto também.

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E justamente como você comentou, a parceria que vocês fizeram, “Da Primeira Vez”, eu achei incrível que ele até canta uns trechinhos em português também! Você que chegou a ensinar para ele? Porque eu sei que foi durante a pandemia, meio remoto, né?
Bryan Behr: Na verdade, cara, foi uma surpresa pra todo mundo, até pra mim. O pessoal da gravadora falou “ó Bryan, a gente mandou a música pro Calum como você pediu, mas deu algum erro lá, alguma coisa errada, você tem que ouvir aqui a master e a mix que a gente mandou, tem alguma coisa errada”. Eu entrei desesperado, todo descabelado, eu lembro que eu estava saindo do banho e eu falei “meu Deus, o que aconteceu?”. E quando eu entrei, sei lá, tinham umas 30 pessoas na ligação e eu falei “cara, que estranho, o que está acontecendo? será que eu sei lá falei um palavrão sem querer? o que que tá rolando?”, e quando eles deram o play para eu ouvir, eu comecei a ouvir algumas sobreposições de voz e falei “cara, mas eu conheço essa voz aqui” e aí eles apresentaram a parte do Calum cantando e eu me emocionei muito. Era uma surpresa eu ouvir pela primeira vez o Calum, e naquele momento que ele gravou ele já mandou arranhando algumas coisas em português e ninguém pediu, não foi uma coisa que “ah, ia ser legal se você fizesse”; ele fez por livre e espontânea vontade. Acho que isso tornou tudo ainda mais legal, sabe, porque é um carinho, né? Eu acho que você aprender, por mais que seja só um pouquinho a língua de um outro país, que não é uma língua fácil inclusive, mostra muito carinho pelo público daquele país e o interesse muito grande em ser querido pelas pessoas daquele lugar. Então a gente ficou muito surpreso. O Calum é um amor de pessoa.

Sobre o show de hoje, quais são suas expectativas? Alguma coisa no repertório que você pode me falar de repente?
Bryan Behr: O repertório vai ser 100% autoral, 100% de músicas minhas e um show obviamente muito menor do que eu estou acostumado a fazer, mesmo com banda, mesmo voz e violão, como vai ser o caso de hoje. Mas, cara, acho que uma das coisas legais é tocar para pessoas que ainda não conhecem o meu trabalho. Eu sei que muita gente me conhece por conta da parceria que eu fiz com o Calum em 2021, mas muitas pessoas ainda não conhecem as minhas músicas. Então acho que essa experimentação de mostrar para uma pessoa pela primeira vez uma coisa que é sua há tanto tempo e é tão forte, é um negócio muito legal. No começo da minha carreira eu encarava de um modo meio assustador, tipo “meu Deus, ninguém me conhece, as pessoas vão tacar pedra em mim (risos). o que vai acontecer?”. Mas depois você começa a se aventurar e se divertir nesses movimentos de mostrar você e as suas músicas. Na maioria das vezes eu escrevo sozinho ou com a ajuda de pessoas muito próximas de mim, contando a minha vida para um monte de estranhos que podem aos pouquinhos se tornar um pouco mais próximos de mim e curtir um pouco do que eu estou fazendo e colocando no mundo. Então as minhas expectativas são essas, acho que não é minha noite; a noite é do Calum, a noite é dele e ele está vindo pro nosso país trazer a música dele. Eu vou colaborar um pouquinho com a minha música antes para trazer um pouco da energia das pessoas pra cima, pra receber ele com a energia que ele merece também, mas a noite é dele, ele é a estrela da noite.

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Tem alguma música dele que você gosta mais que você gostaria de cantar? Não que necessariamente vá, mas que, caso rolasse ali a oportunidade de vocês cantarem juntos de repente, além de “Da Primeira Vez”?
Bryan Behr: Tem! Eu acho que é “You Are The Reason”, é um clássico, mas dos últimos lançamentos dele eu amo “Biblical”. Se não me engano, inclusive, o James Bay escreveu também com ele essa, que é um dos últimos lançamentos dele assim que eu parei pra ouvir e fiquei “wow, isso aqui é muito bom!”. Eu lembro que eu fiquei cantarolando várias e várias vezes. Eu ainda estou aprendendo aos pouquinhos o inglês, já me viro, já é um pouco mais fácil, e eu era sempre muito acostumado a compor em inglês, mas tem que ter um tempinho aí pra pegar o negócio, pra aprender bonitinho e fazer valer o mérito também de gravar alguma coisa com ele que não fosse em português, porque no fim “Da Primeira Vez” eu canto em inglês, mas eu faço as dobras, eu canto algumas coisas junto com ele e tudo mais. Mas enfim, eu podia fazer uma lista enorme aqui pra ti, mas eu acho que “Biblical” é a que mais bateu forte depois das outras que eu já conhecia dele.

E falando versões, eu vi que recentemente você lançou o EP “Conversas de Travesseiro” com seis versões diferentes dessa faixa, e algumas que são até um pouco mais distintas do seu som mais característico. Isso é algo que você pensa em explorar mais pra frente?
Bryan Behr: Eu acho que tem muitas coisas ali que não conversam diretamente com o meu trabalho, mas a linha que costura todas essas versões é a canção, a letra, a melodia e o que está sendo cantado ali. Então tem lugares que “Conversas de Travesseiro” não tocaria se não fosse por esse contexto, se ela não estivesse sendo apresentada no contexto de um remix, por exemplo. Acho que um dos maiores desafios pra quem trabalha com música é fazer cada vez mais pessoas ouvirem sua música, e eu estou encontrando meu público cada vez mais, ganhando o carinho dessas pessoas, que faz toda a diferença no meu trabalho. Então, essas versões são momentos que a gente gosta de pegar uma música e explorar outros públicos, outras energias também; eu acho que o contexto em que a música está inserida muda tudo, e eu não acho que a gente tem que rotular qualquer artista pelo trabalho dele, sabe, porque aquilo é uma fotografia do momento, então acho que não dá pra olhar pra isso e dizer “putz, agora o Bryan é eletrônico”, ou “agora o Bryan é low fi? agora o Bryan é remix anos 80?”. Eu sou tudo isso aí, só que eu acho que cada um vai se identificar um pouco com alguma essência em específico e vai consumir mais daquilo, sabe? Não significa que você não gosta de uma música, isso acontece quando os artistas lançam discos um pouco fora da curva do que estão acostumados a fazer. Você pode ouvir as outras coisas ainda, tá tudo certo, está tudo lá ainda, você ainda pode dar play, curtir aquilo e, talvez em algum momento da vida, ele vai trazer aquilo de novo que você gosta. Mas acho que viver a arte é isso, é se reinventar e explorar outros contextos pras músicas e tudo mais.

Falando nisso, já que você tem uma versão remix anos 80, falando em anos 80, eu vi que há pouco tempo atrás você participou do projeto “Exagerado”, cantando “Exagerado”, do Cazuza, com a Carol Biazin e a Mahmundi, e ainda a versão solo de “Pro Dia Nascer Feliz”, certo? Eu queria saber como surgiu a oportunidade de entrar para esse projeto que celebra os 65 anos que o Cazuza faria esse ano.
Bryan Behr: A Universal Music estava entendendo essa homenagem e cogitando alguns nomes, e o meu nome caiu por lá e eu fiquei muito feliz quando fui convidado. Acho que colocar a voz numa música do Cazuza é uma responsa muito grande, uma música que já foi gravada por muitas pessoas também, e estar ao lado da Carol e da Mahmundi foi muito legal, são duas pessoas incríveis e maravilhosas que eu consegui fazer amizade. E cara, tanto “Exagerado” quanto “Pro Dia Nascer Feliz” e as músicas que elas gravaram também sozinhas ficaram muito especiais, porque acho que por mais que sejam músicas que já foram regravadas várias vezes por vários artistas, manter viva a obra do Cazuza é elevar o nível de tudo quando a gente fala sobre música no Brasil, e a gente manter viva essa essência, a poesia e todo esse trejeito de se compor que é tão necessário, eu acho que se tem uma coisa que eu desejo quando eu não estiver mais nesse plano, é que as pessoas regravem as minhas músicas pra que tudo o que eu vivi, tudo que eu vi do mundo, tudo o que eu cataloguei ali, acompanhado de uma melodia, de uma harmonia, reverbere muito mais. Acho que a gente vive num período tão veloz de consumo, de saber tudo tão rápido, que às vezes nem dá tempo da gente, emocionalmente falando, ser impactado por uma música; talvez nem seja isso mais que as pessoas estão procurando. Então manter viva a obra do Cazuza é uma coisa muito mais que necessária, eu tive o prazer de bater muitos papos com a Lucinha, que é a mãe dele e é uma pessoa sensacional também, e a gente compartilha da mesma ideia de manter viva essa chama que ele acendeu lá atrás e que ele construiu com tanto carinho e tanta vivência uma história inteira de vida contada através das músicas. Então seria muita burrice não fazer isso, não só por homenagear ele, mas fazer com que a obra dele continue viva também. Eu queria fazer mais um disco inteiro cantando Cazuza!

Mas você escolheu cantar “Pro Dia Nascer Feliz”, tipo, “essa vai ser minha música solo” ou não?
Bryan Behr: A gente foi entendendo quais seriam as músicas, e assim, é muito difícil escolher, né? Porque primeiro que são muitas músicas boas e a gente quer as que as pessoas mais escutam, a gente quer ir naquela que a gente gosta mais e tal, mas acho que “Pro Dia Nascer Feliz” tinha um quê de energia, um quê de poder colocar a voz pra fora que às vezes eu não consigo encontrar em várias músicas que eu canto até no meu próprio trabalho, que são coisas um pouco mais mansas. Então eu falei assim “cara, essa aqui o Bryan criança que sempre sonhou em ser rockstar, vai ficar muito feliz, então vou nessa aqui”. Eu gravei ela, “Exagerado” também foi super legal de gravar com elas e para mim o resultado ficou muito legal, eu leio os comentários volta e meia das pessoas falando sobre sobre o projeto e estou muito feliz vendo que todo mundo tá gostando.

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Eu gostei bastante! Eu gosto muito do Cazuza, inclusive eu tenho um “meio bossa nova e rock’n roll” tatuado aqui no meu braço, que pra mim é a minha biografia, minha definiçãozinha (risos). E Bryan, pra encerrar nossa conversa, eu soube que você já está gravando o seu próximo álbum! O que você poderia me adiantar sobre?
Bryan Behr: Eu poderia adiantar, por enquanto, que alguma coisa diferente aconteceu nesse disco. Ele está bem diferente de tudo que eu já construí até hoje e eu acho que com certeza vai ser o projeto mais incrível que eu já lancei até hoje. Estou há dois anos trabalhando nele, e tem muito carinho envolvido aí, foram meses e anos lapidando essa coisa que está pra nascer. Ainda não posso falar sobre datas, mas provavelmente alguma coisinha dele as pessoas já conheçam um pouco esse ano.

Pois muito bem, estaremos ansiosos aguardando! Bryan, muito obrigada pelo papo, adorei conversar com você e bom show hoje!
Bryan Behr: Obrigado, Natália!

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Natália Barão
Natália Barão
Jornalista, apaixonada por música, escorpiana, meio bossa nova e rock'n'roll com aquele je ne sais quoi