Entrevistamos Busted sobre vinda ao Brasil, “Greatest Hits” e futuro da banda

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Uma das principais características do emo e do pop punk é, inegavelmente, a nostalgia. Quando surgiram nos anos 2000, tanto pelas letras, quanto pela melodia, as músicas carregavam a nostalgia dos bons sentimentos presentes na infância; anos depois, passaram a soar nostálgicas justamente sobre a época em que foram lançadas.

Quando Matt Willis, Charlie Simpson e James Bourne se deram conta de que em 2023 o Busted, banda que tiveram no auge da onda pop punk, completaria 20 anos de carreira, não pensaram duas vezes em celebrar o marco. Além de terem anunciado oficialmente a retomada das atividades da banda após quase três anos de hiato, lançaram um álbum comemorativo com seus maiores hits – incluindo uma versão 100% colaborativa com outras bandas de sucesso do gênero (como Simple Plan, All Time Low e Neck Deep) – e uma turnê mundial que, pela primeira vez incluiu o Brasil.

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A Nação da Música conversou com os membros do Busted um dia antes do show único realizado em São Paulo, no Cine Joia, sobre a sensação de finalmente virem ao Brasil, os bastidores da “Greatest Hits 2.0” – desde os convites até as gravações com outras bandas – e os próximos planos da banda para o futuro.

Entrevista por Natália Barão
————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Olá, pessoal! Tudo bem com vocês?
Matt Willis: Oi, Natália! Tudo ótimo! Que camiseta legal!
Charlie Simpson: Fender! Eu toco uma Fender.
Matt Willis: Eu também toco uma Fender. 

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Obrigada! Eu toco guitarra, mas infelizmente não é uma Fender (risos).
Matt Willis: Qual você tem?

Uma Stratocaster branca e preta.
Matt Willis: E você curte?

Sim! Eu fiz seis anos de aula de guitarra porque meu sonho era ser a Avril Lavigne (risos), o que claramente não aconteceu.
Matt Willis: Mas ainda está em tempo! Sua roupa está bem no estilo!
James Bourne: Nós conhecemos a menina que escrevia todos os hits dela no começo: “Complicated”, “Sk8er Boi”, “I’m With You”…

Sério? Que demais! Só os clássicos!
James Bourne: As clássicas!
Matt Willis: “I’m With You” é uma puta balada, é inacreditável!

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Sim! Eu vi esses dias um mashup de “I’m With You” e “Die With a Smile”, do Bruno Mars e da Lady Gaga, que eu nem imaginava que poderia ficar bom, mas, de algum jeito, essas músicas combinam.
Matt Willis: Ninguém tira inspiração do nada. Eu assisti “Deadpool x Wolverine” e “I’m With You” estava no filme, e se encaixou perfeitamente!

Ah sim, eu vi que estava na trilha sonora, mas ainda não consegui assistir “Deadpool 3”!
Matt Willis: É muito bom!

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Tenho certeza que sim! Mas bem, vamos pro nosso papo sobre Busted?
Matt Willis: Vamos nessa!

Essa é a primeira vez que vocês vêm ao Brasil, então, antes de tudo, como estão se sentindo em estar aqui? Vocês receberam muitas mensagens ao longo desses anos de “please, come to Brasil” por parte dos fãs?
Matt Willis: Você está brincando? (risos)
Charlie Simpson: Esse é o motivo de estarmos aqui! (risos).
Matt Willis: Nós estamos aqui literalmente pra dizer “ei, nós viemos!”, porque tudo que a gente posta é “por favor, venham pro Brasil!” (risos). Nós estivemos ouvindo vocês muito bem por todo esse tempo, e nós sempre quisemos vir aqui, mas nunca tivemos a oportunidade. Nós estamos fazendo essa turnê agora e viemos pro Brasil pra fazer só um show, e esperamos poder voltar novamente. Eu amo aqui, é ótimo!
Charlie Simpson: É um lugar muito legal!

O que vocês estão achando de São Paulo?
Matt Willis: Nós não pudemos ver muito porque chegamos ontem, dormimos, aí ficamos acordados durante a noite por causa do cansaço da viagem, hoje de manhã fomos pra rádio e agora estamos aqui.
Charlie Simpson: Tinham vários fãs na porta da rádio e todos pareciam muito legais, o que foi ótimo!

Sim, os brasileiros são muito apaixonados!
Matt Willis: Tem um grupo de fãs brasileiros do Busted no Instagram que eu sigo e eles são demais! Eles postam e repostam tudo!
Charlie Simpson: Sim, muito dedicados.
Matt Willis: Nós os conhecemos na rádio e eu falei “eu sigo vocês”, e eles “é, a gente sabe!” (risos).

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Eles veem tudo! (risos)
Matt Willis: Eles veem tudo, eles sabem tudo sobre você… é bem bizarro (risos), mas de um jeito incrível! 

Sim, nós temos uma fanbase de pop punk muito forte e apaixonada por aqui (da qual eu sou parte), tanto que, esse ano, tivemos um festival inteiramente pop punk e emo chamado I Wanna Be Tour, onde teve Simple Plan, The Used, Boys Like Girls…
Charlie Simpson: All Time Low?

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Sim, o All Time Low também!
Charlie Simpson: Nós fizemos colaborações com todas essas bandas: All Time Low, Simple Plan, Neck Deep. Você conhece Neck Deep?

Sim, sim, só nunca fui no show deles! Então, se vocês tocassem num festival pop punk aqui no Brasil, com quem gostariam de tocar?
Charlie Simpson: Nós amamos Blink-182.
Matt Willis: Blink-182 são os nossos favoritos, mas eu também amo New Found Glory.
Charlie Simpson: New Found Glory… eu também gosto de The Starting Line, você conhece eles?

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Hm, esses acho que não.
Charlie Simpson: Eles não estão mais juntos. Eles ficaram juntos por tipo, 20 anos, e eram ótimos! Nós estávamos ouvindo um pouco de Offspring mais cedo hoje.
Matt Willis: Eu os vi tocar no Download Festival esse ano, onde tinham várias bandas, mas o Offspring foi a melhor. Eles são tão bons, e você até esquece quantas músicas eles têm. É bomba atrás de bomba!
Charlie Simpson: E eles são bem antigos também (risos).
Matt Willis: Eles são muito bons e tipo, são muito velhos (risos), mas continuam muito incríveis!
James Bourne: Eles têm os melhores clipes também. Sempre que eu assisto um clipe do Offspring eu penso “uau, quem pensou nisso é um gênio”.
Matt Willis: Sim, as bandas tinham dinheiro naquela época.
James Bourne: Tinham algum dinheiro pra fazer clipes.

Além da música, a moda também é algo muito marcante no pop punk. Então, gostaria de saber se tem alguma coisa do estilo pop punk que vocês gostem mais, como um item da moda, por exemplo.
Charlie Simpson: Sim, eu costumava usar roupas de uma marca chamada Macbeth, que era do Tom DeLonge, eu acho.
Matt Willis: Não, não, ele era sócio.
Charlie Simpson: Isso! Eu tinha muitas roupas da Atticus também. Era isso: Atticus e Macbeth! Era meio que uma moda skate que estava bem no começo do pop punk.
Matt Willis: E isso era bem divertido no Reino Unido, mas quando fomos pra Los Angeles tinha uma loja aleatória de skate no Grove, onde tinham vários estoques de Atticus, então compramos tudo que eles tinham e usávamos todos os dias (risos). Têm fotos nossas nos Estados Unidos usando muita coisa da Atticus, com shorts Dickies, meias compridas até os nossos joelhos… e a gente amava! Eu usava todas essas coisas, tipo moletom até os pulsos… lembram disso? Era demais! Eu até estou usando um cinto de rebites hoje, bem pop punk.

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Adorei! Agora uma pergunta importante: vocês eram “sk8er bois”?
Matt Willis: Nós queríamos ser sk8er bois, mas nós éramos terríveis no skate (risos). Na verdade, eu comprei um skate há dois anos atrás e fiz uma aula de skate.
Charlie Simpson: Jura?
Matt Willis: Eu pensei “eu vou aprender isso: antes do meu aniversário de 40 anos, eu vou ser bom no skate”. Aí eu tive uma aula e fiquei tipo “não vai rolar, estou velho demais pra isso” (risos).
Charlie Simpson: Eu gosto de snowboarding. É disso que a gente gosta.
James Bourne: Snowboarding é divertido!
Matt Willis: É demais! É muito bom quando fazemos algo todos os dias, mesmo que seja por tipo, uma semana. É bom demais.
James Bourne: Eu moro a apenas algumas horas de onde dá pra fazer snowboarding, é só dirigir um pouco.
Charlie Simpson: Ele mora em Los Angeles, que é perto de Tahoe.
Matt Willis: Tahoe é um dos melhores lugares da Terra!
James Bourne: O lago é um mais longe, mas dá pra eu dirigir até lá. Fui até lá ano passado e fazer snowboarding é uma das minhas coisas favoritas.

Parece bem legal mesmo! Eu nunca fiz porque não neva aqui no Brasil, mas em algumas praias que temos por aqui dá pra fazer sandboard, que é bem legal!
James Bourne: Eu já vi isso!
Charlie Simpson: Você já fez wakeboarding?

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Não, nunca fiz!
Matt Willis: Sandboarding parece ser bem divertido.
James Bourne: E também deve machucar se você cair.

É, pode machucar sim. Mas voltando pra onde de nostalgia que estávamos falando, no ano passado, vocês se reuniram e lançaram o álbum “Greatest Hits 2.0”. Como surgiu essa ideia?
Matt Willis: Nós falamos disso há anos porque era algo que queríamos fazer. A ideia de juntar os maiores hits não é tão empolgante porque tipo, você já fez a música, então parece que você está só embalando a mesma coisa que você fez antes, e nós queríamos fazer algo diferente. Quando gravamos essas músicas, o jeito que as tocamos, tínhamos 16 ou 18 anos, sabe? Nós éramos muito jovens, então quisemos corrigir alguns erros e regravá-las com colaborações de diferentes artistas que amamos. Então tem um álbum que é só a gente, e outro que é com bandas que amamos, ou que são nossos fãs, como o James Arthur, que é um grande fã do Busted, os Jonas Brothers, que gravaram “Year 3000” com a gente, e várias outras pessoas que estiveram nas nossas vidas. Foi incrível e nós amamos!

Como foi o processo de escolher os hits que fariam parte desse álbum?
Charlie Simpson: Nós basicamente pegamos as músicas mais populares para os fãs. Nós meio que olhamos pras músicas mais populares no Spotify e pegamos elas (risos).
Matt Willis: Foi tipo “pronto, essas são as músicas mais populares, temos um álbum fácil” (risos), mas nós não pretendíamos que cada música fosse uma colaboração. Pensamos em fazer talvez umas três, mas fomos chamando as pessoas e acabou dando certo assim.
Charlie Simpson: Todos continuaram topando!
James Bourne: Eu fiquei tipo “não acredito que conseguimos tantas pessoas fácil assim”, porque geralmente não é tão fácil assim!
Matt Willis: Eu queria a Avril, mas ela foi a única que disse não.
Charlie Simpson: O Ed Sheeran disse não também por causa da agenda. Mas ele acabou subindo no palco com a gente.
James Bourne: Foi muito legal!
Charlie Simpson: Foi num show em Londres em que ele apareceu pra cantar a música favorita dele do Busted chamada “Who’s Dead?”, que é ótima.
James Bourne: Foi muito legal porque ter o Ed com a gente ali em Londres tinha tudo a ver com o álbum.
Matt Willis: E ele é nosso fã mesmo. Ele foi tocar com a gente no The O2, mas não tinha feito a passagem de som, e ficamos tipo “porra, não ensaiamos a música com ele”, mas aí ele apareceu uma hora antes de tocarmos, apareceu no camarim com o seu violão e tocou perfeitamente. Aí ele falou “tudo certo?”, e nós ficamos tipo “claro, tudo certo!”. Ele é uma lenda!

Qual é o maior hit do Busted para cada um de vocês?
Matt Willis: Eu gosto de “Loser Kid” e agora de “Thunderbirds”; eu nunca gostei muito dessa música, mas agora virou uma das minhas favoritas. “What I Go To School For” também é ótima, especialmente agora quando tocamos. Essa me deixa muito feliz.
Charlie Simpson: Eu gosto de uma chamada “Everything I Knew”. Você já ouviu a banda Dashboard Confessional?

Hm, talvez.
James Bourne: Você já deve ter ouvido.
Matt Willis: Você provavelmente gosta deles, ainda mais se curte esse estilo.
Charlie Simpson: Eles têm um ótimo álbum chamado “Places You Have Come to Fear the Most”, que foi um grande álbum em 2004, nos Estados Unidos. Eles vieram tocar com a gente e essa é uma das minhas músicas favoritas. Acho que eles fizeram um ótimo trabalho e eu adorei a forma como gravamos essa música. Na verdade, acho que eu prefiro as versões novas do que as antigas.
James Bourne: Nós ouvimos “Loser Kid”, com o Simple Plan, na rádio, e achei que ficou muito boa, até melhor do que eu me lembrava. Acho que tivemos ótimos resultados com essa música e com a do Dashboard Confessional. 

Legal! Acho que eu li uma declaração do James dizendo que comemorar o aniversário de 20 anos da banda e ver tanta gente compartilhando lembranças sobre vocês, ajudou a entender o verdadeiro significado da banda. Pensando nisso, qual vocês diriam que é o real significado do Busted?
Matt Willis: Essa é uma pergunta bastante intensa!
James Bourne: Acho que uma das principais coisas que o Busted representa é a individualidade, porque sinto que, como membros de uma banda, somos todos bem diferentes, e nós meio que fizemos essa “aposta” de juntar diferentes personalidades para formar uma banda. Então acho que a nossa jornada como banda que começou há anos atrás é um bom exemplo de como as amizades podem evoluir e durar por muito tempo.

Já que vocês se reuniram, estão pensando em lançar músicas inéditas?
Charlie Simpson: Nós vamos para Los Angeles daqui a dois dias para escrever músicas novas. Vamos ficar lá por uma semana, aí vamos pro México pra tocar no Corona Capital. Então vamos ter muito com o que nos ocupar.
Matt Willis: Vai ser legal! Queremos lançar um novo álbum no ano que vem, então estamos escrevendo algumas músicas novas por agora.

Imagino que dá pra ter muita inspiração compondo em diferentes países, né?
Charlie Simpson: Sim, com certeza! Sinto que dá pra focar mais quando você está em outro lugar, porque não têm tantas distrações como podem ter em casa e dá pra se concentrar melhor na tarefa.
Matt Willis: Eu gosto de ir pra outro lugar pra escrever e pra gravar porque quando estamos em casa temos nossos filhos, contas, boletos, lixo pra tirar (risos)… então estando longe não temos que nos preocupar com essas coisas e podemos focar totalmente em ser o Busted. Acho que é aí que as coisas boas acontecem e ficamos mais animados. Quando você tem distrações, pode acabar indo pra outras direções e se distanciar do projeto; acho que o Busted funciona quando nós todos estamos funcionando.

Terminando a nossa conversa, o que podemos esperar do show aqui no Brasil e novidades para 2025.
Charlie Simpson: O show vai ser muito animado amanhã! São os nossos maiores hits, então se você nunca viu o Busted antes, vai ter um grande presente, porque estamos fazendo esse show há quase dois anos, então estamos tocando bem as músicas, mas, eventualmente, podemos chegar a um ponto em que vamos piorar (risos).
Matt Willis: Isso, agora é uma boa hora pra ver a gente tocar (risos)! Mas sem ser egóico, nós normalmente não tocamos numa casa de shows desse tamanho, então esse vai ser tipo um show mais intimista do Busted. E eu amo o fato de que vamos fazer um show menor porque vai ser um evento pra todo mundo do público assim como vai ser pra nós. Adoro o fato de que vão ter pessoas abarrotadas num espaço pequeno, vamos poder olhar no branco do olho delas e nos alimentar dessa energia para o show. É sempre sobre o público, porque um bom público é o que faz um bom show, e eu ouvi que os brasileiros são muito selvagens. Então estou animado pra que eles fiquem selvagens!
Charlie Simpson: E no ano que vem vamos fazer um grande show com o McFly. 

McBusted vai estar de volta?
Charlie Simpson: É, na verdade vai ser diferente: será o Busted contra o McFly.
Matt Willis: Tipo uma batalha de bandas.
Charlie Simpson: Vamos fazer isso em 35 arenas, então vai ser bem insano!
James Bourne: Você deveria ir pra Inglaterra nos assistir!

Eu adoraria! Isso é um convite então?
Charlie Simpson: Com certeza!
Matt Willis: Você está super convidada!

Ok então, vou tentar ao máximo!
Matt Willis: Ah, e sobre o novo álbum: o Busted é movido por novidades. Temos tocado essa turnê dos maiores hits por quase dois anos, e não me leve a mal, estamos adorando e continuamos muito animados de fazer esse show em outros lugares, mas a ideia de lançar músicas inéditas que as pessoas ainda não ouviram é muito empolgante! 

Que demais, já estou animada! Meninos, muito obrigada pela nossa conversa! Amei conhecer vocês e compartilhar o amor pelo pop punk! Seja aqui no Brasil, seja na Inglaterra, espero ver vocês de novo!
Matt Willis: Muito obrigado, Natália! Você foi ótima!
Charlie Simpson: Nossa entrevista foi ótima, Natália!
James Bourne: Queremos ver você nos nossos shows!

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Natália Barão
Natália Barão
Jornalista, apaixonada por música, escorpiana, meio bossa nova e rock'n'roll com aquele je ne sais quoi