Entrevistamos Danny O’Donoghue, do The Script, sobre o novo álbum “Satellites”

the script jordan rossi
Créditos: Jordan Rossi

Quando o The Script lançou “Superheroes”, em 2014, talvez não imaginasse que um de seus maiores sucessos pudesse ser aplicado à própria carreira anos mais tarde. Ainda vivendo o luto pela morte do guitarrista Mark Sheehan, que se deu em 2023 por causas não divulgadas, a banda irlandesa deu sentido literal aos versos “Todo dia, toda hora / Transforme a dor em poder” e trouxe uma nova fase para 2024.

Atiçando os fãs desde maio com o dançante single “Both Ways”, o grupo anunciou o lançamento de seu sétimo álbum de estúdio, “Satellites”, para o dia 16 de agosto, junto de uma turnê mundial. Agora, faltando menos de um mês para o sucessor de “Sunsets & Full Moons”, enquanto entram na reta final dos shows de abertura que têm feito para P!nk, o The Script lança nesta sexta-feira (19) a faixa “At Your Feet”, também presente no disco.

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A Nação da Música conversou com Danny O’Donoghue, vocalista do The Script, sobre o que está por vir na era “Satellites”, desde o lançamento de “Both Ways” e “At Your Feet”, até a forma que o álbum homenageia o amigo Mark Sheehan, incluindo um spoiler exclusivo sobre uma das faixas.

Entrevista por Natália Barão
————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Oi, Danny! Como você está?
Danny O’Donoghue: Estou bem! Acabei de aterrissar em Bruxelas (que é uma linda cidade), acabei de pedir uma comida, estou dando algumas entrevistas e depois vou dar uma volta pela cidade.

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Ah, que ótimo! Ainda não conheço Bruxelas, mas espero conhecer algum dia. E quais são os planos para o final de semana?
Danny O’Donoghue: Para o final de semana… eu tenho o dia livre amanhã, então vou fazer boxe pela manhã e depois promover o novo single no TikTok, talvez numa montanha ou em algum outro lugar que dê pra fazer isso (risos). E no domingo temos um show no estádio aqui de Bruxelas junto com a P!nk, pela turnê dela na Europa que estamos participando. Estamos nos divertindo muito!

Sim, eu vi que vocês estão em turnê com a P!nk! Como tem sido essa experiência? Eu adoro ela!
Danny O’Donoghue: Ela é incrível! O show dela é algo que ninguém mais consegue fazer, é tipo o Coldplay com suas pulseiras: se você ver alguém fazendo isso, vai saber que o Coldplay já fez antes. Ela se parece nesse sentido com o modo como ela transformou a performance das músicas numa espécie de show do Cirque du Soleil. É muito inspirador ver como ela foi de uma artista comum para uma superestrela quando começou a misturar as duas coisas. Ainda estou aqui quebrando a cabeça pra pensar no que eu posso fazer (risos). Mas tem sido tudo incrível, ela é ótima e os fãs também; eles nos acolheram muito bem além das redes sociais, que também aumentaram bastante. Então tem sido também um grande público para nós.

Que legal! Eu me lembro do show dela aqui no Rock in Rio, acho que de 2019, que ela literalmente sobrevoou a plateia. Foi insano! Desde então meu sonho é poder ir num show da P!nk, e, se a abertura fosse do The Script, seria ainda melhor!
Danny O’Donoghue: Pois é, nós percebemos que temos muitos fãs em comum! Nós nunca conseguimos tocar em muitos desses lugares, ainda mais em estádios. Essa é a primeira vez que as pessoas da Bélgica vão poder nos ver num estádio, e podem pensar “hm, talvez eles possam ocupar esse espaço também”. Então estamos bem animados de pegar esse impulso como banda, porque é loucura parar pra pensar que, mesmo depois de 16 anos, ainda têm lugares e pessoas para conhecermos. 

Eu posso imaginar! Falando da nova música do The Script, eu vi que no dia 16 de agosto, vocês vão lançar o álbum “Satellites”, que chega 5 anos depois do último “Sunsets & Full Moons”. Antes de mais nada, qual você diria que é a história desse álbum?
Danny O’Donoghue: Bem, a história do álbum provavelmente é sobre as letras. Eu só comecei a entrar nesse processo acho que um pouco antes do Natal. Tinham algumas músicas que eu já tinha escrito antes e estavam presentes no repertório do The Script, mas nunca tivemos a oportunidade de tocá-las antes do Mark falecer. Acho que o álbum reflete o que nós sentimos: a dor, o luto, mas também o otimismo e o lado bom de quando alguém passa por algo horrível e encontra a oportunidade de sentir o amor das pessoas que ama; assim como, se você estiver indo na direção errada, há uma oportunidade das pessoas te salvarem; e assim como, para cada situação ruim na vida, sempre tem uma oportunidade de Deus nos iluminar para algo incrível acontecer. É sobre isso que eu sinto que esse álbum é.

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Poderia ter sido o nosso fim como banda e como amigos depois de passar por algo tão louco assim. Algumas pessoas acabam seguindo por caminhos separados porque pensam “bem, não consigo mais fazer isso”. Mas acho que fazer disso um marco foi muito importante pra nós porque nos deu algo para poder seguir em frente e nos incentivar a continuar, porque é algo que temos que superar. Não superar de fato, mas sim seguir adiante, ou pelo menos tentar, porque é melhor se jogar pra cima do que pra baixo. E colocar isso num álbum nos deu algo para poder focar, não só nós, a banda, mas também toda a equipe, os fãs e nossas famílias, e acho que a coisa mais importante é termos algo positivo para nos concentrar. Se for um sucesso, não importa. O sucesso disso é poder passar pelo que aconteceu com a gente como nós temos feito.

Eu vi o que aconteceu e sinto muito, mas acho que, como você disse, esse é um álbum em homenagem ao Mark e que foi feito de coração, então tenho certeza que os fãs vão adorar e apoiar isso, sentindo tudo que há para ser sentido. Pensando nisso que você acabou de dizer, tem alguma faixa do álbum que talvez traduza melhor esse sentimento?
Danny O’Donoghue: Obrigado pelas suas palavras. E sim, tem uma música chamada “Gone”, que é sobre o Mark e diz “por que essas estrelas que brilham duas vezes mais forte apenas queimam depois de um tempo?”. Essa música é sobre celebrar a vida de alguém ao invés do luto que se dá pela perda; é assim que eu gostaria que fosse comigo: que as pessoas celebrassem a vida que eu tive ao invés de ficarem presas na tristeza por eu não estar mais aqui. Ela diz basicamente tudo isso do porquê os bons sempre vão cedo, tanto na música, quanto no mundo, sem deixar dúvidas se foi mesmo nossa intenção falar sobre isso. “É um pesado? / Me diga que é um sonho / Me diga que de manhã você vai estar aqui comigo / Eu até vou rezar para saber onde me ajoelhar e tentar adormecer essa dor que estou sentindo”; cada verso da letra é sobre o que aconteceu. Essa música é muito pessoal e quase que um pequeno aviso sobre o que é esse álbum, porque ele é bem honesto.

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Lidar e passar pelo estágio do luto é algo bastante pessoal, outras coisas acabam surgindo na vida, e acho que essa é a oportunidade perfeita para escrever. Pra mim, escrever é compartilhar a dor e a condição humana para que outras pessoas talvez encontrem sentido nisso; eu sei que, pelo menos pra mim, tem feito sentido, e, se ajudar outra pessoa, ótimo, estou a bordo. Mas quem sabe como esse álbum será visto quando olharmos pra trás? Talvez seja tipo, “uau, parece que essas pessoas passaram por uma barra”, e não tem nada que eu possa fazer porque eu estou passando por uma barra (risos). Tipo, o que mais eu posso fazer, porra? Eu estou passando por uma barra, então vai soar exatamente assim (risos). Acho que o único jeito de levar a vida é sendo honesto.

Sim, eu concordo. E, pelo que você disse, essa música “Gone”, parece ser bem literal mesmo!
Danny O’Donoghue: Sim, ela é bem literal! Ninguém vai ficar pensando “hm, será que é sobre isso?” porque cada palavra fala exatamente sobre tudo.

A era “Satellites” começou com o single “Both Ways”, que foi lançado em maio, certo? Por que essa faixa foi escolhida para lançar essa nova era?
Danny O’Donoghue: Bem, não foi necessariamente tipo “vem aí uma nova era e essa é a música que diz como ela vai ser”. Era uma música bem dançante e vívida. Nós poderíamos ter feito um comeback pra ser como o cara que está triste e sozinho, de coração partido, sentindo falta do amigo e da namorada, mas quisemos mudar essa vibe e essa foi a primeira música que soou assim. Tem o ritmo contagiante que as rádios procuram, mas ainda soa como uma banda, tem tudo que é preciso. Tem uma parte um pouco triste na letra, tipo “se você sente minha falta como eu sinto a sua / esse sentimento é recíproco”, mas entregamos isso de um jeito mais animado e otimista. E essa música fez um ótimo trabalho alcançando pessoas que não necessariamente são fãs do The Script. Nós tivemos um ano horrível pra cacete, até pensando na Covid, que nos trouxe alguns anos de dor e sofrimento (risos), então lançar essa música é tipo “é isso aí, vamos sorrir um pouco, porra!”. Até porque nós sabemos o que vai vir no álbum, então é tipo ter um pequeno intervalo e alívio antes de entrar no maior peso do álbum. Por isso, essa música pareceu uma ótima introdução.

Concordo totalmente! E, apesar da letra ter uma parte um pouco mais triste, como você disse, ela é justamente mais otimista, e até um pouco diferente do som característico do The Script, misturando um pouco os gêneros do funk e do hip hop. Pessoalmente, essa música me fez até lembrar de “I Feel Like Dancing”, do Jason Mraz; não sei se você já ouviu, mas tem essa mesma energia mais dançante. Então, gostaria de te perguntar, quais foram as referências musicais para “Both Ways”?
Danny O’Donoghue: Tem “Locked Out Of Heaven”, do Bruno Mars, no sentido de ser uma música rápida; The Police, que é uma grande influência pra nós, mas eles, Bruno Mars e Mark Ronson já fizeram coisas desse tipo. Tem também o Andre 3000, que foi uma grande influência. Outkast, que nos influenciou quando estávamos mixando o ritmo dançante com as letras de hip hop que são mais divertidas. Anderson .Paak, que é outro artista muito bom. Essas foram as músicas que eu ouvi ao longo do dia e que, quando se juntaram, “puf”, saiu o The Script (risos). Foi uma música muito, muito divertida de fazer.

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Dá pra perceber só de ouvir! Eu vi que na semana que vem vocês vão lançar o novo single “At Your Feet”, que eu já escutei, gostei muito e me lembrou do som mais antigo do The Script, como o de quando eu conheci a banda por volta de 2010. Olhando pra trás nesses quase 15 anos de carreira, o que continua inspirando vocês?
Danny O’Donoghue: A inspiração vem de muitos lugares diferentes e é isso que o The Script tenta fazer: achar inspiração nas coisas comuns que acontecem na vida. Têm pessoas que dizem “ah, eu não sou uma estrela, eu sou comum”, mas você vai ver e essa pessoa passou por um câncer, ou passou pelas piores coisas do mundo, mas se classifica como “apenas comum”. Então tentamos celebrar essas pessoas porque, no fim do dia, qualquer um que você pensa ser uma estrela acaba sendo falho igual. Mas são as pessoas que estão quietas trabalhando nos fundos que estão lá por você. É exatamente sobre isso que é essa música, e, sobretudo, acho que é sobre isso que é o The Script.

Nós nos sentimos como pessoas comuns, não temos síndrome do impostor ou algo do tipo, mas agora temos essa grande plataforma e sentimos que músicas como “Hall of Fame” e “Superheroes” falam sobre realmente destacar as pessoas dessa comunidade, ao contrário de dizer tipo “uau, somos ricos e famosos, temos carrões e joias legais”, porque tipo, quem liga pra isso? Mas alguém que teve depressão, não pode mais andar e consegue encarar o mundo, esse sim é um herói de verdade e que merece de fato estar num hall da fama. “At Your Feet” é sobre isso: você tirar o mundo dos ombros de alguém que tem segurado, para colocá-lo aos pés dessa pessoa. Eu amo o significado dessa música, amo essa letra, e sinto que muitas pessoas especiais da minha vida se encaixam nesse lugar.

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Achei incrível e mal posso esperar pelo lançamento oficial! Danny, obrigada pelo nosso papo, amei falar com você!
Danny O’Donoghue: Obrigado, Natália! Também adorei falar com você!

Podemos esperar uma parada do The Script no Brasil durante essa turnê mundial?
Danny O’Donoghue: Claro! Se tiverem fãs o suficiente, nos levem para o Rock in Rio de novo. Adoraríamos fazer isso de novo!

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Natália Barão
Natália Barão
Jornalista, apaixonada por música, escorpiana, meio bossa nova e rock'n'roll com aquele je ne sais quoi