————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Vou começar perguntando como tem sido o processo de composição de vocês como banda, já que todos vocês já tinham carreiras bem estabelecidas individualmente. Como está sendo essa dinâmica criativa e artística agora, em grupo?
Bruno: Nós estamos nos descobrindo como banda. Apesar de nos conhecermos há muitos anos, é a primeira vez que estamos tocando juntos como um quarteto. Então, estamos experimentando, descobrindo o que gostamos de fazer e qual direção seguir. É uma fase muito nova para nós. Já lançamos três músicas com estilos um pouco diferentes, o que é ótimo, pois reflete a diversidade de cada integrante e as influências de projetos anteriores. Esse processo tem sido muito divertido para nós.
Americano: Quanto ao processo criativo, ele ainda varia bastante. Não temos um padrão fixo, sabe? Eu já tive outras bandas, e o Bruno também. Chega um momento em que o processo se torna mais padronizado. Por exemplo, ouvi dizer que no Blink-182, o Travis Barker, baterista, já chega com os grooves prontos e o resto da banda compõe em cima disso. Mas, no nosso caso, ainda não temos uma fórmula definida.
Das três músicas que lançamos, duas começaram com o Bruno tocando violão e enviando um áudio pelo WhatsApp. Uma outra veio da bateria com sintetizador, e a última também surgiu do violão do Bruno, mas com uma abordagem completamente diferente, que o nosso produtor acabou transformando. Enfim, nosso processo ainda é bem livre e arbitrário.
Por que vocês decidiram fazer música juntos?
Bruno: A história é longa, mas interessante. Eu e o Gui [Americano] já tínhamos tentado fazer algo juntos várias vezes, até tivemos banda juntos em outros momentos. Só que, naquela época, as coisas não fluíram como deveriam e acabamos seguindo caminhos diferentes. Eu continuei com a minha antiga banda, a Dona Cislene, enquanto o Gui foi para outros projetos. Apesar disso, a vontade de trabalharmos juntos sempre esteve lá. Eu sempre admirei muito o Gui como baterista, e ele curtia as músicas que eu compunha, sempre comentando “Essa ficou muito boa”. Ele até se ofereceu para gravar bateria em algumas dessas faixas.
Quando a Dona Cislene acabou, no início da pandemia, eu decidi começar meu projeto solo e lancei um EP com quatro ou cinco músicas. Foi nesse momento que o Gui me mandou uma mensagem dizendo que gostaria de gravar a bateria de algumas dessas músicas. Mas aí eu pensei: por que ele gravaria bateria só nessas músicas, se a gente poderia criar novas músicas juntos?
Foi a partir daí que tudo começou a tomar forma. Nós dois estávamos, de certa forma, “órfãos” de banda. Eu já tinha lançado meu projeto solo, que foi algo muito pessoal e importante para mim naquele momento, como uma forma de desabafar tudo o que eu estava sentindo. Mas depois de realizar isso, percebi que sentia falta de estar em uma banda, de tocar com outras pessoas, de ter aquela vibe de amizade, ensaios e diversão em grupo.
As coisas começaram a acontecer naturalmente. Quando voltamos a ensaiar, pensamos em quem poderia completar o grupo. O Vitinho, que havia saído da banda Lupa, se juntou a nós na guitarra. Depois veio o Malms, um baixista que eu já admirava bastante e que, inclusive, tinha substituído o Piauí na Dona Cislene algumas vezes. Tudo foi fluindo de maneira muito natural, e a banda simplesmente se formou dessa forma, como se fosse algo que já estava destinado a acontecer.
Americano: Tem uma curiosidade interessante nessa história. Eu também era músico na mesma época que o Bruno, mas ele decidiu seguir a carreira musical, e eu optei por me dedicar aos negócios da família, sempre mantendo nossa amizade. Nessa divisão de caminhos eu me lembro de ter assistido a uma entrevista do Bruno na CBN, acredito que foi lá mesmo, com a Dona Cislene. Durante a conversa, ele mencionou algo que me marcou profundamente: disse que o mais incrível de ser músico e gravar músicas é o fato de eternizar um trabalho, deixando um legado, uma parte da sua arte, que continua aqui mesmo após sua partida.
Essa reflexão ficou na minha cabeça, pois eu estava envolvido em outros caminhos na vida. Mesmo assim, continuei tocando bateria. Quando o Bruno lançou seu projeto solo, essa ideia voltou com força. Pensei: “Agora chegou a minha vez de eternizar as minhas próprias contribuições musicais.” Foi nesse momento que tive uma ideia e sugeri algo para ele, o que acabou culminando na formação da nossa banda. No final das contas, tudo estava conectado o tempo todo. Acho que essa é uma curiosidade interessante sobre como as coisas aconteceram.
Caramba, que interessante! Mas por que vocês escolheram o nome Darby?
Americano: Então, a ideia era ter algo bem pensado por trás do nome, e não foi algo simples. Na verdade, a gente ainda não sabia qual nome daria para a banda. Lembro que eu estava num voo, não sei nem para onde, e do nada comecei a pensar em furacões. Sem motivo aparente, me veio essa curiosidade: como será que um furacão se forma? Achei aquilo fascinante. Um furacão é algo complexo, que precisa de uma série de condições específicas para acontecer, mas quando acontece, é algo gigantesco, uma força da natureza.
Foi aí que me veio a ideia: “Nossa, a gente precisa de um nome para a banda… e se fosse o nome de um furacão?” Porque, assim como o furacão, nossa banda levou tempo para se formar, passando por várias situações complexas até acontecer.
Aí, durante o voo, pensei: “Quando foi que conheci o Bruno?” Comecei a mexer nas mensagens e descobri que tinha sido em 2010 ou 2011. Decidi procurar uma lista de furacões desses anos para ver se algum nome me chamava a atenção. Quando aterrissamos, fui direto no Wikipédia e comecei a olhar os nomes. Foi aí que encontrei “Darby”. Pensei: “Caramba, que nome legal!”. Cheguei na galera e contei sobre a minha ideia. Todo mundo achou interessante, mas aí o Bruno levantou uma questão: “Cara, furacão não é algo legal, né? Destrói, mata pessoas…”.
Isso me deixou pensativo, mas aí o Bruno pesquisou mais sobre o furacão Darby e descobriu que, apesar de ser previsto como um dos mais devastadores, acabou mudando de rota. Em vez de destruição, ele gerou ondas incríveis na Califórnia, criando uma vibe super positiva. E foi aí que tudo fez sentido. A nossa história tem muito a ver com isso. Eu e o Bruno quase seguimos caminhos diferentes várias vezes, mas, assim como o Darby, a gente acabou se encontrando e criando algo positivo, com uma boa energia.
No fim, o nome acabou ficando perfeito para a banda. É curto, carismático, cheio de personalidade, e ainda carrega a nossa história.
Vocês mencionaram que cada lançamento mostra uma faceta diferente do grupo, certo? Mas como vocês se definiriam como banda?
Bruno: Eu diria que somos rock, sabe? Porque dentro do rock você pode ser muita coisa. Quanto menos a gente se limitar e dizer “somos uma banda de Pop Punk Rock voltada para tal estilo”, melhor. Prefiro manter algo mais amplo, que nos dê liberdade criativa, em vez de ficarmos presos a uma vertente específica. Nós quatro viemos do rock, apesar de gostarmos de vários estilos. O rock sempre foi muito presente para todos nós. Acho que, entre os nossos projetos de rock, este talvez seja o que mais incorpora elementos do pop, não é?
Americano: Com certeza, até porque gostamos de nos desafiar. O Bruno, por exemplo, está experimentando várias coisas novas nos vocais, testando coisas que nunca tinha feito antes. Eu também acabo misturando elementos de jazz e pop ao rock. E o Vitinho, nosso guitarrista, é fã de pop e hip hop, então ele sempre quer trazer uma vibe mais moderna. O Malms, nosso “eclético maluco”, é quem mexe com sintetizadores e adiciona essa camada psicodélica. No fim, temos essa essência do rock com uma pegada mais pop, refletindo nossa trajetória, mas sem nos prender a rótulos.
Falando sobre as temáticas que vocês abordam nas músicas, como vocês definiriam as letras que escrevem?
Bruno: Bom, acho que nunca nos sentamos com a intenção deliberada de escrever sobre um tema específico, como positividade ou qualquer outro. O processo sempre foi muito natural, algo que simplesmente surge. Quando a banda Darby começou, eu já tinha algumas músicas guardadas que sempre gostei. É comum para quem compõe criar uma música, continuar ouvindo por meses e ver se ela ainda faz sentido. Muitas vezes, você cria algo e no dia acha incrível, mas no seguinte pensa: ‘Meu Deus, isso é horrível, não quero que ninguém ouça!’
Algumas dessas músicas, como ‘Tão Solto’ e ‘Lugar Maneiro’, já existiam em versões acústicas. Eu sempre gostei de trabalhar nas letras, então quando decidimos focar em um trabalho autoral e criar nossas próprias músicas, a primeira coisa que pensei foi em desenvolver essas canções que já estavam guardadas.
Com “Sou Fã”, por exemplo, o processo foi um pouco diferente. Os meninos trouxeram uma melodia marcante, e eu lembrei de uma letra que já existia e que achei que combinaria, mas precisei trabalhar bastante em cima dela. Acabei achando o processo muito mais divertido.
Vocês têm planos de lançar mais músicas ainda este ano, certo? Sei que já soltaram três recentemente, mas ainda têm mais material, não é? Podem dar uma prévia do que estão planejando lançar até o fim do ano?
Bruno: Bom, estamos trabalhando em uma quarta música que, assim como as três anteriores, tem uma vibe completamente diferente. Todas elas se conectam de alguma forma, claro, mas acredito que essa quarta seja a mais distinta de todas. Ela tem uma fluidez maior, é mais “solo”, e traz uma atmosfera muito mais leve e relaxante.
Americano: Não chega a ser uma balada, mas está nessa linha de algo mais suave e flutuante, quase como aquela vibe etérea que o Pink Floyd costuma criar, com notas prolongadas e uma sensação de que a música está “flutuando”. Nosso plano é lançar essa faixa antes do nosso próximo show.
Gui [Americano], você tinha mencionado que, no início, não estava muito envolvido com a música, pois trabalhava com os negócios da sua família. Mas já chegou a tocar ao vivo?
Americano: Já toquei bastante, sim. Inclusive, já toquei com o Bruno, e lembro que ficamos preocupados em garantir que tudo desse certo no dia da apresentação. Na época, também tinha uma banda de rock chamada Scar, que existia no mesmo período da Dona Cislene. Com o tempo, cada integrante seguiu seu caminho, e um deles até está em São Paulo agora, com uma carreira pop bem consolidada. Eu continuei envolvido com a música desde então.
Como vocês estão se preparando para o show do dia 02?
Bruno: Já faz um bom tempo que não subo no palco para tocar minhas músicas autorais, então confesso que estou sentindo aquele nervosismo misturado com ansiedade, sabe? Esse será o nosso primeiro show. Teremos três músicas e quatro músicos, o que me faz sentir uma grande responsabilidade.
Na minha cabeça, penso que quando uma banda já tem vários discos e faz um show com 12 ou 13 músicas, a carga em cada música acaba sendo um pouco diluída. Mas, no nosso caso, com poucas músicas, parece que a pressão em cada uma delas é maior. Mesmo assim, estamos muito empolgados, porque esse momento era algo que sempre sonhamos. Finalmente vamos ter um show juntos, algo que desejamos desde moleques, e poder apresentar essas músicas autorais que criamos para o público pela primeira vez vai ser uma experiência incrível!
Americano: Estou super empolgado com esse show, sabe? Nos últimos tempos, tenho feito bastante apresentações, como você perguntou sobre os palcos, né? Antigamente eu já tocava bastante, e atualmente também tenho subido ao palco com frequência, só que agora tocando mais Jazz e Pop. Essas têm sido as duas coisas que têm me levado a tocar nos finais de semana. Mas é um lance bem diferente, né? É outro estilo, exige muito trabalho com a dinâmica, segurar a intensidade o tempo todo.
Só que minha origem é o rock, né? E, cara, eu estou me sentindo como uma fera enjaulada, doido para subir no palco e destruir na bateria com rock, sabe? Soltar a mão sem ter que segurar o tempo todo. É essa a vibe que eu tô agora.
Vocês têm a intenção de trazer músicas de projetos antigos para novos arranjos ou novas versões?
Bruno: Sim, estamos amadurecendo essa ideia. Há, por exemplo, uma música do meu projeto solo que foi sugerida pelos meninos da banda. Inicialmente, nem tinha pensado nisso, mas eles falaram: “Vamos fazer uma versão de uma música com o estilo da Darby, para tocarmos nos shows. A música é boa e tem potencial.” No começo, fiquei em dúvida, mas eles insistiram, e acabamos decidindo seguir em frente com a ideia. Ainda não começamos os ensaios para essa música, mas estamos avaliando o que vai funcionar.
Americano: Conceitualmente, essa escolha faz muito sentido, especialmente porque a letra também reflete um pouco sobre o momento que estamos vivendo. Vamos ver como vai ficar.
Eu sei que vocês estão começando com esse primeiro show, mas já estão pensando em fazer mais apresentações ou até uma turnê por algumas cidades? Ou quem sabe gravar um álbum?
Bruno: Cara, eu acho que depois desse primeiro show, a gente vai ficar tão empolgado que vai querer tocar mais, sabe? É como se já ficássemos ansiosos pelo próximo. Acho que é algo bem viciante, especialmente no início, quando você vê o público interagindo, comentando e começa a conquistar sua audiência. Eu tenho certeza que todos nós gostaríamos de fazer uma turnê, levar a banda para outros lugares. Tocar em São Paulo, por exemplo, que é uma cidade enorme, com muita gente. Acho que tem muito potencial lá. E no Rio também, onde mora minha família. Seria um sonho pra mim, ter minha mãe, minha irmã e todo mundo lá assistindo. Ia ser lindo.
Americano: Acho que é super possível, mas antes precisamos de mais músicas e um setlist um pouco maior para conseguir fazer essa turnê acontecer. Quanto ao disco, já é algo que discutimos, até porque amamos conceitos, ideias criativas, com um tema bem amarrado, algo conceitual. Eu ainda sou do tipo que gosta de ouvir o disco na ordem, sabe? Como uma experiência completa. E a gente quer seguir por essa linha também. Na verdade, já estamos pensando em nomes e ideias para o disco. Cada dia surge uma inspiração diferente, como uma vibe de praia californiana, e cada faixa com uma personalidade própria, sabe? A ideia é lançar o disco no ano que vem. Isso já é uma realidade.
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