Poucos meses após o lançamento do EP “Beleza do Caos”, a cantora DAY LIMNS comemora nova fase na carreira com projeto “SAUR”. Um anagrama da palavra “ruas”, o single conta com duas faixas, incluindo uma colaboração com o rapper Kawe.
Com traços de pop urbano, R&B, rap e trap, as faixas representam uma reconexão da cantora com a cidade que percorre. Essa relação está bem posta na música “As Ruas Que Andei”, em que Day explora a influência mútua entre o urbano e o indivíduo.
“Sou feita de todas as ruas que eu andei, dos corpos que eu toquei, verdades que eu falei e mentiras que eu contei”, canta a a artista. Nesse movimento de reconhecer os próprios passos, Day passa a abraçar o próprio caos, temática retratada na música “Frenesi”.
Juntamente ao novo projeto, DAY LIMNS celebra os 7 anos de carreira solo. Esse período é definido pela própria cantora como o encerramento de um ciclo, enquanto sente que cada ano representou uma vida diferente.
O lançamento, que reflete essencialmente a nova fase pessoal de Day, junto à comemoração do aniversário da carreira, foi um dos assuntos de conversa da artista com o Nação da Música. Na conversa, DAY LIMNS compartilhou algumas lições de vida (e profissional) para seus seguidores e artistas que começaram a traçar o caminho que leva à indústria musical.
Entrevista por Isabel Bahé.
————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Como surgiu esse novo projeto, “SAUR”?
DAY LIMNS: Cara, eu tenho vivido muito esse ano de uma forma muito reflexiva. Eu completo sete anos de carreira no dia 16 de novembro, e sinto que vivi sete vidas, na verdade. Então sinto que estou completando um ciclo mesmo.
Até tem uma questão no misticismo com o número sete, de que sete anos representam o completar de um ciclo. Eu me sinto dessa forma. Então, estou muito reflexiva, e acho que ele começou a nascer da minha necessidade de colocar para fora, ou fazer meio que um balanço de como me construí até aqui.
Desde “A Beleza do Caos”, no começo do ano, comecei a trabalhar essa coisa de estar mais humana, de estar mais presente, de sair um pouco do meu próprio umbigo e ver o meu próprio reflexo no povo. Em abril desse ano, comecei a escrever “Ruas Que Eu Andei”.
Lembro que tinha saído de uma sessão de terapia… eu estava contando para ela uma paradinha que estava fechando, algum negócio assim, e ela falou: “É, é bom que você está confiante, mas eu acho que você tinha que ficar um pouco mais desconfiada”. E aí eu já fiquei estirada… Nossa, ‘confiante e desconfiada’? Gostei disso.
Comecei a fazer esse balanço. Quem anda do meu lado não são os mesmos de antes, olhando para todo mundo que passou pela minha vida, meu ciclo está completamente diferente. As pessoas não são mais as mesmas. Eu chego à conclusão de que, na real, meu aliado é meu espelho na estante.
Quando estou falando desse conceito, de refletir o outro também e vice-versa, acabo dizendo que meu aliado não é só meu espelho na estante, mas é também quem consegue refletir a minha vivência. Quem consegue sentir o que sinto e quem consegue perceber o que percebo.
Outra coisa que escuto muito é que sou um potencial desperdiçado. Também penso muito isso, e aí, na própria música, eu falo: “Olha para quem me entreguei”.
Isso foi dito pra você?
DAY LIMNS: Não é nem sobre falar: “você é um potencial desperdiçado”. É quase um olhar. Um distanciamento que vai acontecer naturalmente, até por várias formas, e eu também me responsabilizo. Então, não é que eu culpabilize o outro. Eu dei energia e aquela situação não me retroalimentou. E quando falo disso, são diversas camadas de relação: com amigo, com uma pessoa que você ama romanticamente, com o arquétipo da indústria da música.
Acho que em cada pessoa vai ressoar de uma forma, mas todo mundo tem essa sensação de se entregar me entreguei demais e acabar se desperdiçando um pouco. Agora eu sei onde não me cabe, onde não posso entrar, onde doeu para estar.
Eu entendi que só sou mais uma pessoa que está tentando se dar bem igual todo mundo e que às vezes se dá mal igual todo mundo, e que tudo que me aconteceu faz parte de quem eu sou. Então, essas duas músicas vieram desse lugar de ter feito as pazes com quem me tornei. De ter feito as pazes com os meus fracassos, e me apropriar das minhas conquistas, que não foram poucas [risos].
Como você percebe essa evolução? Quem era a Day do ano passado, e quem é essa de hoje que está falando?
DAY LIMNS: Eu acho que a Day do passado vivia no passado ou no futuro. Ela não vivia no presente. Então, a Day de agora tenta estar no agora, aqui com a Isabel, trocando a ideia que ela está trocando. É o que eu tenho que fazer agora, é o que eu estou fazendo agora.
O próximo minuto só a Deus pertence. O que eu tiver que fazer no próximo minuto, eu vou fazer no próximo minuto. A gente está vivendo num mundo caótico, num sistema opressor, não está nada legal. Mas se eu não estiver legal, como é que eu vou encarar esse caos? Como é que eu vou projetar esse caos para dentro da minha própria vida?
Quem vê de longe deve achar que eu sou maluca [risos]. Mas eu acho que a grande diferença é a minha presença mesmo. Enquanto tá todo mundo se moldando para caber, eu acabo destruindo a caixa. A Day do ano passado queria estar onde a Day está agora.
Sonoramente, como você definiria esse novo projeto, junto à nova fase que você está vivendo na tua carreira?
DAY LIMNS: Eu diria pop urbano. É uma música que se comunica muito bem com a cultura urbana. A gente tem o rap, sim, a gente tem o R&B, que são dois gêneros que flerto desde o início da minha carreira, tentando trazer para uma parada mais pop.
Tem alguma lição de vida, ou profissional, que você gostaria de compartilhar para artistas que estão começando agora?
DAY LIMNS: Vai parecer estranho o que eu vou dizer, mas a minha ingenuidade e um certo nível de ignorância protegeu a minha autenticidade artística. Por muitas vezes, por eu não saber o que ia acontecer, eu só arriscava e fazia.
Acho que a Day de agora está muito mais estratégica e cautelosa do que a Day de antes. Mas só estou estratégica e cautelosa porque a Day de antes se arriscou muito. E nessa ingenuidade de não saber o que vai acontecer, acabei protegendo um pouco a minha autenticidade.
Tu tem que proteger tua ingenuidade, mas seja um pouco desconfiado. A indústria vai te ver como um produto. É importante aceitar que você vai ter que se apresentar da forma que é mais você possível, sem ferir quem você é.
O maior ritual que o artista pode fazer é estar presente, saber o que tem nas mãos agora e usar, não ficar parado. Quando você parar para comparar com um ano atrás, você vai ver que já está com outro set entendeu? E sempre na sua própria régua de comparação, nunca o outro.
Você já tem previsão de lançamento do próximo disco? Quando pretende retornar aos palcos?
DAY LIMNS: Pode ter certeza que sim, estamos planejando a volta aos palcos. Esse ano foi de muita reestruturação. Ano passado eu fiz turnê, mas justo por isso eu não consegui reestruturar tudo internamente como gostaria. Sobre os lançamentos, acho que ainda está cedo para falar, mas, quero ainda lançar músicas ainda esse ano, e quero poder falar uma novidade muito boa esse ano também.
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