Entrevista Exclusiva: A Banda Mais Bonita da Cidade fala sobre DVD, novo disco e mais

a banda mais bonita da cidadeNo ano de 2011, A Banda Mais Bonita da Cidade fez um enorme sucesso ao publicar um vídeo no YouTube para a canção “Oração”. Quatro anos depois, a banda viaja por todo o Brasil e já passou até pelo exterior para apresentar suas músicas lançadas em dois álbuns. Com um DVD gravado e muito aprendizado, a banda se orgulha de ter construído um nome na cena independente da música no Brasil. Entre os shows da agenda lotada, a vocalista do grupo Uyara Torrente conversou exclusivamente com a Nação da Música, contando detalhes de como a banda se mantém, e -para a felicidade dos fãs- revelou que a banda pretende gravar o terceiro disco ainda em 2015, mas antes disso o DVD será lançado com um financiamento coletivo.

A Banda Mais Bonita da Cidade se apresenta em São Paulo no próximo Sábado (13) e a agenda completa pode ser conferida aqui.

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Entrevista por: Bárbara Araujo

Já tem pouco mais de um ano desde o lançamento do segundo disco, o “O Mais Feliz da Vida”…teremos um sucessor em breve? Eu lembro de recentemente ter lido em uma entrevista que já havia um repertório selecionado. Existe uma previsão para entrar em estúdio ou até um possível lançamento?

No começo do ano a gente tinha pensado que ia conseguir lança-lo esse ano ainda, mas a gente acabou sendo surpreendido por uma agenda maravilhosa e muito movimentada de shows, o que nos fez ficar muito pouco em Curitiba e no fez ter muito pouco tempo para conseguir organizar as coisas. Então, a gente grava esse ano ainda, mas ele provavelmente vai ser lançado só no ano que vem. Acho pouco provável que a gente consiga lança-lo esse ano, mas esse ano ainda a gente entra para as gravações.

Vocês já lançaram dois álbuns. Dizem que o primeiro e o segundo disco são de extrema importância para a banda, já que o primeiro faz toda a introdução da banda e o segundo é o responsável por fixa-los no meio. É verdade? Isso, de fato, influencia no processo de produção do álbum como um todo?

Na verdade, a gente nunca tem essas intenções quando a gente está gravando. Quando a gente está gravando, a gente está muito com o pensamento em cima da coerência do nosso trabalho, dele ser um trabalho que condiz com o momento que a gente está vivendo para que ele tenha honestidade, o que a gente acredita que um trabalho tem que ter, então é muito mais isso.

Acho que o primeiro disco, foi um disco gravado em um momento muito maluco, onde a gente não sabia direito quem éramos, assim, a banda existia, de fato, há pouco tempo, tinha feito poucos shows; Foi um disco que a gente simplesmente pegou um repertório e gravou. E o segundo disco foi em um momento mais calmo, que a gente conseguiu fazer como a gente queria fazer mesmo. Então talvez isso tenha trazido esse outro lugar.

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Acho que cada disco é muito honesto com seu momento. No primeiro momento o disco reflete muito naquele momento; O segundo disco reflete muito naquele momento que a gente estava passando que era um momento de mais tempo, de mais tranquilidade, de mais compreensão do que a gente queria como banda, de mais maturidade. Não acho que a gente faça com objetivos de, tipo, ah, esse é para lançar, esse é para fixar, esse é para causar, esse é para impressionar. Acho que a gente não faz por isso não, acho que a gente gasta muito mais energia para compreender qual é o momento que a gente está vivendo, e como é que a gente faz um disco coerente com esse momento, do que com objetivos de mercado mesmo, tipo, ah, esse tem que causar tal coisa, sabe?

Já vai fazer um ano desde a gravação do DVD e há uns meses a Uyara disse em um vídeo que estavam acertando uns detalhes para a prensagem através de um financiamento coletivo. Em que ponto o projeto está? Já tem alguma previsão de lançamento?

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Como eu disse, a gente teve vários atropelos por conta desses shows que foram aparecendo e a gente não quis obviamente recusa-los, então todo esse primeiro semestre foi muito dedicado a fazer shows. Mas sim, essa semana inclusive a gente está terminando de resolver umas coisas burocráticas, por que tem muita parte não só de pós-produção, mas de burocracia, que, às vezes, leva um pouco mais de tempo do que a gente imagina. A gente vai lançar esse DVD por uma plataforma carioca chamada ‘Embolacha’, no qual um dos sócios dessa plataforma é o Vitor Paiva, que é um cara que a gente já gravou músicas dele no primeiro e no segundo disco, que são “Nunca”, “Uma Atriz” e “Um Cão Sem Asas”. Já existe essa plataforma, já fez várias coisas legais e nós vamos entrar com essa plataforma chamada ‘Embolacha’ para que a gente consiga financiar a prensagem do DVD. Sim, vai fazer um ano, inclusive, no dia 13, mas é isso, as coisas vão acontecendo e a gente vai tendo que adaptar ao cronograma, mas vai sair sim (risos).

Já fazem quatro anos desde que o vídeo de “Oração” fez um enorme sucesso na internet. Depois de todo esse tempo, como vocês analisam esse processo de introduzir de vez a identidade da banda no meio musical?

Acho que a banda sempre rolou tudo muito por acaso, né. O vídeo de “Oração” foi uma coisa que a gente não esperava e que foi um puta susto enorme. À partir dele a gente se olhou e falou “Tá, a gente tem duas opções: ou a gente simplesmente deixa isso durar uma semana, ou a gente agarra a isso e começa a fazer da banda, de fato, uma prioridade e entende o que a gente quer, quais são os caminhos estéticos e, enfim. Acho que a gente escolheu por seguir e, à partir daí… É muito doido essa coisa de “introduzir de vez” a banda, por que a gente está tão focado no nosso trabalho que eu não sei direito. A banda, de fato, tem uma agente bastante movimentada, consegue sobreviver, a gente sobrevive da banda, os nossos salários, as nossas coisas são todas vindo da banda. Então, acho que isso, para a gente, é uma prova de que nós estamos sim introduzidos no meio musical, por que a gente faz isso, a gente consegue viver disso. A gente foi aos poucos conquistando as coisas. A gente teve uma carreira ao contrário, primeiro a gente teve o ápice e depois a gente teve a baixada de bola e aí a coisa de manter os fãs que ficaram depois dessa baixada de bola do vídeo de “Oração”.    

Quais os benefícios e as dificuldades em ser uma banda independente na cena atual brasileira? O fato de não ter uma gravadora envolvida no processo de produção de um disco, por exemplo, torna o som da banda mais próprio?

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De fato, tem lados muito bons e lados muito difíceis de ser uma banda independente. Acho que não existe prazer maior na vida do que você ter autonomia total, totalíssima, sobre o seu trabalho. Acho que é muito gostoso você poder fazer as coisas que você realmente acredita. Acho super importante a visão de pessoas de fora, de produtores, mas acho muito legal que a banda tenha autonomia de escolher quem será esse produtor, se a linha desse produtor tem, de fato, a ver com o trabalho da banda e se o que a gente está fazendo condiz, de fato, com o que a gente quer fazer, com o que a gente acredita sem ter uma preocupação de ‘Ah, essa música tem que estar na novela e por isso ela tem que ser assim’. Tipo, seria maravilhoso se uma música entrasse na novela, mas com certeza é muito mais gostoso se uma conquista assim é feita à partir de um trabalho que é totalmente seu e totalmente honesto, do que uma coisa que você não acredita, por que ai não é coerente.

Tem muitas dificuldades, especialmente de estrutura. Nem sempre a gente consegue ter uma puta estrutura, de equipe, de equipamento e financeiro mesmo. A gente tem, para a nossa sorte, algumas opções hoje em dia, como financiamentos coletivos, algumas opções que nos fazem conseguir manter o nosso trabalho de uma maneira independente, mas ainda assim é bastante difícil essa parte financeira mesmo.

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O fato de a gente ser uma banda independente também fez com que a gente apreendesse muito sobre autogestão, sobre como é a gente mesmo gerenciar a banda como banda, como empresa, então tem advogado, tem contador. Você tem que aprender sobre direitos autorais, você tem que aprender a fazer contrato, você tem que aprender a emitir nota, você tem que aprender uma série de coisas que, às vezes, é um saco, às vezes, é muito chato, mas também te dá uma noção de produção -que é uma coisa que eu, por exemplo, não tinha – muito maior, é uma bagagem muito legal de ter, e também uma sensação de estar no controle mesmo, às vezes é muito chato, ter que estar no controle. O DVD, por exemplo, a gente fez tudo sozinho, eu nunca tinha feito nada daquilo…’Meu Deus, eu preciso do mapa de luz, do mapa de palco, o orçamento disso, o figurino’. Eu estava exausta e, quando eu cheguei lá que olhei tudo arrumado, eu falei ‘Cara, a gente fez isso tudo’. É um tipo de prazer muito específico, que só quem pôs a mão na massa sabe do que se trata. É claro que a gente não nega que em algum momento exista uma gravadora, exista uma coisa desse molde mais tradicional da música, só que, provavelmente, acho muito difícil que a gente tope fazer uma coisa que não esteja de acordo com as coisas que a gente acredita. Talvez a gente tenha sim uma gravadora em algum momento, mas desde que ela nos dê a liberdade de fazer coisas que a gente quer fazer. Então acho que os acordos são muito possíveis, mas, até então, a gente tem sido uma banda independente com bastante orgulho, tem conseguido se manter com bastante orgulho. A gente sabe o quanto é difícil viver de arte de uma maneira geral.

E acho que sim, o fato de a gente não ter uma gravadora provavelmente influencie bastante nessa coisa de ter um som próprio. Eu nunca estive em uma gravadora, por isso não posso falar com tanta propriedade assim, mas as coisas que nós ouvimos são coisas que eles te direcionam muito e, muitas vezes, as coisas viram produtos muito parecidos, por que precisa vender, por que é o que está na moda, enfim, mil questões. Isso não são todos os casos, é claro, mas é na maioria das vezes. Então, acho que talvez ser uma banda independente dê sim a liberdade de fazer o que quiser e com isso tenha um som mais próprio.

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O que vocês esperam para o futuro da carreira? Algum desejo especial que gostariam de compartilhar? O que podemos esperar de vocês nos meses restantes de 2015 – videoclipes, turnês e afins?

A gente até fala sobre isso, por exemplo, o quanto a gente tem deixado de fazer vídeos e o quanto isso era uma coisa muito legal. É uma marcar da banda as coisas dos vídeos e a gente tem feito muito pouco. Mas é por que, realmente, acho que a coisa mais importante de uma banda é fazer shows e depois vem todas as outras coisas. A gente tem tido uma demanda de shows muito grande, então cada vez que a gente começa a planejar uma coisa vem uma agenda de shows e a gente está realmente dando prioridade para isso, por que a gente que trabalha de maneira independente sabe que, às vezes, é muito difícil vender show. Então, se a gente está nesse momento que a gente está conseguindo vender muitos shows, é nisso que a gente vai focar.

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Porém, 2015 é um ano que a gente se programou para lançar o DVD, isso vai acontecer e, em outubro, nós fomos convidados para fazer uma coisa que é um desejo bem antigo da banda e finalmente a gente vai conseguir fazer que é um show infantil. A gente já fez algumas músicas, como “Moleque”, “Anti-Herói”, do China que já traziam esse clima, mas oficialmente nós faremos aqui em Curitiba, em outubro, dentro de uma programação, um show para crianças, e no final do ano a gente grava o disco novo.

E no meio disso, com certeza, turnê que é o que a gente mais está fazendo mesmo são os shows. A gente está tentando fazer também alguns shows fora do Brasil no segundo semestre, mas ainda não sei se vão rolar de fato.

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Estamos só na metade do ano e a gente já trabalhou muito, muito mesmo. E isso é a melhor coisa que a gente pode querer na nossa vida, por que a nossa profissão é a nossa vida e a gente sabe o quanto é difícil viver disso. Então, acho que o maior desejo é que a gente continue conseguindo viajar com o nosso trabalho cada vez mais, com umas estruturas cada vez melhores. Eu tenho um desejo muito grande agora de entrar logo no terceiro disco, estou ansiosa para criar, preciso muito de um processo criativo nesse momento. Precisamos, né? Acho que todo artista precisa desse momento de um processo criativo e acho que a gente está nesse momento. Então acho que o meu desejo especial é entrar logo para as gravações do terceiro disco e que a gente consiga conciliar isso com viagens e shows.

Já finalizando, deixem uma mensagem para os fãs da banda e para quem ainda não conhece a música de vocês.

Para quem já conhece, gostaria de agradecer muito por acompanhar o nosso trabalho. O nosso trabalho só tem a proporção que tem, a gente só tem a agenda que a gente tem, a gente só consegue viver disso por que vocês estão aí acompanhando, compartilhando, curtindo, indo aos shows. Então, muito obrigada. Tudo o que a gente faz é muito importante para a gente e é de uma via completamente emocional, é coração na linha de frente total e é muito bom saber que isso, de alguma maneira, chega nas pessoas.

E para você que não conhece o nosso trabalho fica o convite para conhecer um pouco do universo e da bagunçinha d’A Banda Mais Bonita da Cidade.

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Bárbara Araujo
Bárbara Araujo
Bárbara Araujo: Carioca que tem São Paulo como casa desde 2009, estuda Jornalismo e escreve para a Nação da Música desde 2014. Passa mais tempo ouvindo música e assistindo a vídeos de shows do que qualquer outra coisa. Ainda compra CD, ama pop-punk, cachorros e é facilmente encontrada em shows.