A banda formada pelos vocalistas Danilo Cutrim e Rodrigo Costa, que também é baixista, pelo baterista Nicolas Christ e pelo guitarrista e sintetizador Vicor Isensee já tem 12 anos de estrada, três discos gravados e no último mês de julho lançaram o primeiro DVD intitulado “Forfun ao vivo no Circo Voador”, gravado na cidade do Rio de Janeiro.
Para a realização desse projeto eles contaram com a participação intensa dos fãs no crowdfunding, que é um financiamento feito pela multidão, uma vaquinha de muitas pessoas para ajudar um projeto a acontecer de forma independente e que fizeram a banda bater o recorde brasileiro de maior arrecadação já atingida em um projeto de música.
O Nação da Música bateu um papo com o simpático tecladista do Forfun Vitor Isensee sobre a produção do DVD, parcerias e a nova turnê da banda. Confira!
Entrevista por: Eduarda Bahouth / Vicente Pardo
Nação da Música: Como que surgiu a ideia da gravação do DVD? É notável que o Forfun sempre foi uma banda que teve a internet como aliada, mas vocês imaginavam que o crowdfounding fosse dar tão certo?
Vitor Isensee: Bom…a gente tinha uma expectativa, nunca tínhamos usado essa ferramenta e foi a nossa primeira experiência. A ideia do DVD vem de um cobrança nossa, lançar um registro em vídeo, além da cobrança do público da banda, a gente já tem 3 discos lançados, 12 anos de carreira que não é tanto coisa mas já tem uma história. Então…a gente achou que era o momento e para realizar isso, o Forfun durante muito tempo, e até hoje de certa forma viabiliza muita coisa de forma independente, a gente bancou a gravação de vários discos, clipes, muita coisa nossa foi bancada por nós mesmo e quando chegou a hora de gravar o DVD, vimos que o “buraco era mais embaixo”, os custos eram muito altos e tudo mais, e como o crowdfounding é um esquema que vem sido muito utilizado, nós decidimos juntar os interesses em comum da banda com o interesse dos fãs e viabilizar o projeto que talvez não aconteceria se não fosse pela união das pessoas. A banda ter um contato direto com o público ajudou muito, cativou a galera pela comoção de estar laçando o primeiro DVD, de ser um registro de um show, uma coisa que nós nunca tínhamos feitos. E deu super certo, deu até friozinho na barriga porque chegando na reta final a gente ainda não tinha batido a meta, mas conseguimos bater a meta, ficou faltando um só um pouco na última semana e até hoje foi o maior crowdfounding realizado no Brasil.
Nação da Música: O Forfun é uma banda que se manteve no cenário independente e conseguiu consolidar o seu nome no cenário nacional de uma maneira muito forte. Como que vocês julgam o cenário independente no Brasil hoje?
Vitor Isensee: Eu acho que essa coisa do cenário independente e tudo mais, está se misturando muito hoje em dia. Não são dois polos, ou você é independente ou você está na gravadora. Por exemplo o Djavan, que tem a gravadora dele, a Luanda Records, e ao mesmo tempo tem a distribuição de outras gravadoras maiores. E vários outros artistas, que são totalmente independentes ou estão vinculados a gravadoras. A gente por exemplo, o nosso DVD está saindo com distribuição da Deckdisc, pela Deckdisc, que é uma gravadora brasileira e é uma coisa que a gente não fazia desde o primeiro disco que foi o “Teoria Dinâmica Gastativa” pela Universal, o “Polisenso” e o “Alegria Compartilhada” que foram os dois discos seguintes, foram lançados por nós mesmo, pela nossa entres aspas “gravadora” Moleque Solto Records. E agora a gente tá lançando o DVD pela Deck, então enfim, isso tudo depende das circunstâncias, para você lançar um álbum eu acho que é muito mais fácil você fazer de forma totalmente independente, porque hoje em dia o formato físico do CD é muito pouco consumido. O DVD embora muita gente assista no computador, no YouTube, por exemplo, a gente lançou o DVD e ele está inteiro para streaming no YouTube a pessoa consegue ver. Mas se ela quiser o objeto físico, ela vai encontrar na loja, e para isso é preciso uma distribuidora para chegar ao público. Vai muito das circunstâncias, a gente vê um cenário em que todos estão se adaptando as novas realidades, que nem são tão novas assim, há dez anos a internet já fornecia músicas para download, as vendas caiam, e tudo mais. Hoje em dia a gente ainda está se adaptando, embora isso tudo não seja tão novidade. Vejo um cenário que estamos pisando em ovos, mas as coisas estão se ajeitando. Artista tem que trabalhar, tem que batalhar.
Nação da Música: Esse é o primeiro DVD do Forfun, um registro de enorme importância pra “coroar” esses 12 anos de carreira. Como que a banda idealizou a apresentação para que ela eternizasse o momento? Nesse ponto, qual a importância que o Circo Voador tem na carreira do Forfun para ter sido escolhido como templo pra gravação do material?
Vitor Isensee: Eu acho que como você disse, é um registro que tenta fazer um apanhado da história do Forfun até agora, como eu disse são 3 discos lançados, 12 anos de história, e a gente tentou sintetizar um pouco de tudo nesse show. A gente resolveu escolher o circo voador por duas motivos, primeiro porque a banda é do Rio de Janeiro, embora a gente não tenha uma questão bairrista, e nem fica frisando isso. A gente se considera uma banda brasileira e mundial, o Rio é a nossa casa, e o Circo Voador é a nossa casa dentro da nossa casa, um lugar que a gente costuma tocar sempre aqui do Rio, além disso, é um palco histórico, quantos shows já passaram por ali…como Chico Science, Cazuza, Arctic Monkeys… talvez seja um dos palcos mais emblemáticos do Brasil. É uma casa de shows, na minha opinião, uma das mais legais, o espaço é agradável. E está na Lapa, que é o centro da efervescência cultural do Rio de Janeiro. Então quando a gente resolveu fazer o DVD, levamos tudo isso em conta, e chegamos à conclusão que não tinha um lugar mais legal que o Circo Voador, além de ter uma marca forte. Quando surgiu a pergunta “qual vai ser o nome do DVD?! Vai ser ‘Forfun ao vivo no Circo Voador’!”, não desmerecendo as outras casas de shows pelo país, que tem outras legais pelo Brasil, mas é uma casa que tem o nome forte, e isso também causa uma boa impressão.
Nação da Música: Recentemente, como um bônus do DVD, o Forfun lançou o EP “Solto”, que contou com a produção do Rafael Lemos, como que foi trabalhar com ele?
Vitor Isensee: Foi bem legal o Rafael é o terceiro produtor musical que a gente trabalha na vida, o primeiro disco “Teoria Dinâmica Gastativa” foi produzido com o Liminha que é um monstro, um dos caras mais conhecidos da produção musical do Brasil, depois a gente mesmo produziu o “Polisenso”, e o “Alegria Compartilhada” a gente produziu com Daniel Ganjaman, que é outro monstro, de outra geração, um cara mais novo mas muito respeitado. E depois de trabalhar com o Liminha e com o Ganjaman, a gente teve a oportunidade de gravar o DVD com o Rafa, que é um cara muito legal, com uma personalidade muito original, que se entrega para as coisas que ele faz, eu já o conhecia de outros carnavais, ele tem um estúdio aqui no Rio, perto da Tijuca, foi tranquilo porque eram três músicas e tira um pouco da carga de cansaço do trabalho, porque quando você tem um disco inteiro para gravar é muito mais cansativo, claro, que seria muito melhor também, como eram três músicas, nós fizemos em uma semana, e foi uma semana de festa no estúdio, o Rafa contribuiu muito com o Know How dele, com o conhecimento dele, foi maior curtição, fiquei bem contente com esse trabalho.
Nação da Música: Além do Rafael a banda contou com o talento do Hélio Bentes, do Ponto de Equilíbrio, na canção “Malícia”. Como que rolou o contato com ele? Dá pra dizer que a canção ganhou um toque especial com o vocal de Hélio?
Vitor Isensee: O Hélio (vocalista do Ponto de Equilíbrio) agregou muito com o vocal, sem contar que ele também compôs a parte dele na música, a música é uma parceria entre o Forfun e ele. O cara tem uma presença de palco absurda, ele tem uma força de interpretação muito cativante, além de ser um grande cantor, e o contato a gente se conhece de outros carnavais, O ponto de Equilíbrio é lá de Villa Isabel perto da Tijuca onde a gente começou, por exemplo, o Lucas Kastrup o baterista do Ponto de Equilíbrio, teve uma banda com o Rodrigo (baixista do Forfun) quando eles tinham 15 anos, então todo mundo já se conhecia, é todo mundo camarada e se encontra muito na praia. Ai quando a gente estava com essa música engatilhada, a gente decidiu chamar o Helinho, que tem tudo a ver, porque é um reggae, tem uma letra muito forte, eu acho que ele chegou abalando mesmo.
Nação da Música: E por fim, vocês vão lançar o show do DVD na turnê pelo Nordeste, o que os fãs vão poder esperar de vocês?! E algum recado para passar para todas as pessoas que curtem o som de vocês?!
Vitor Isensee: Poxa a gente tá muito amarradão, muito feliz mesmo, semana passada rolou o lançamento oficial no Circo Voador na sexta, no sábado a gente tocou em Lorena, interior de São Paulo, e no domingo em São Paulo capital, e na semana seguinte vamos para o Nordeste, Recife, Fortaleza, Aracaju, Maceió e Salvador, é o momento de comemorar mesmo o lançamento desse produto novo. E assim, sabe toda vez que a gente vai ao Nordeste é incrível, não posso falar pela banda inteira, mas por mim, é um dos lugares que mais gosto de tocar, é muito legal, a galera pode esperar da gente o máximo da gente no palco, o máximo de dedicação e doação. O importante é se entregar ao momento, o ambiente é um local sagrado. E um abração na galera que curte ir aos shows e o som da Forfun, valeu mesmo!
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