O Rappa é considerada uma das maiores bandas do Brasil e soma mais de 5 milhões de cópias vendidas de seus nove álbuns e quatro DVDs. Com quase vinte anos na estrada e após cinco anos sem lançar nenhum material inédito, eles estão de volta ao cenário musical com o novo disco “Nunca Tem Fim…”.
O Nação da Música entrevistou com exclusividade o guitarrista d’O Rappa Alexandre Menezes, o Xandão. Confira!
Entrevista por: Bruna Mendes
Nação da Música: O Rappa acaba de lançar “Nunca Tem Fim…”, sucessor de “7 Vezes”, após cinco anos sem compor um disco de inéditas. Como foi para os membros da banda retornar ao estúdio depois de tanto tempo sem gravar um material novo e qual foi o motivo desse jejum?
Xandão: Na verdade, o jejum não é tão longo e não se refere a todo nosso trabalho. Nós percebemos que nunca tínhamos tirado férias ao longo desses 20 anos de banda. É importante ter tempo para a família e para cuidarmos dos nossos projetos pessoais. Esse tempo durou dois anos, logo após o lançamento do CD/DVD Ao Vivo gravado na Rocinha. Mas foram dois anos com cada um trabalhando em outros projetos e criando em seus estúdios. Muito do que surgiu lá está nesse disco. Ao mesmo tempo, depois que voltamos, em 2011, tivemos uma turnê muito boa, com dois Lollapaloozas (São Paulo e Chicago) e shows por todo o Brasil. A partir daí, a volta ao estúdio foi natural. E O Rappa sempre teve um tempo próprio para conceber um novo trabalho. A gente fez tudo do nosso jeito, com calma.
Nação da Música: O grupo normalmente vive um momento diferente em cada álbum e isso reflete nas melodias e letras. Comentem a fase atual da carreira do Rappa que definiu a cara do novo CD “Nunca Tem Fim”?
Xandão: É uma fase de união, que celebra nossa força e nosso desejo de fazer música o nome do disco simboliza isso de maneira bem forte. E após tanto tempo de estrada, é uma fase madura. A gente sabe agora que o legal não é fazer um show atrás do outro, praticamente sem descanso, mas trabalhar para ter apresentações mais elaboradas, com arranjos diferentes. Ao mesmo tempo, o disco tem mensagens fortes sobre o que acreditamos, problemas que vemos nos nosso país, e como ter força de cada para lidar com impermanência da vida.
Nação da Música: O novo CD também chega em vinil, da onde surgiu essa ideia?
Xandão: Já lançamos alguns álbuns nesse formato. Tem uma galera que coleciona vinil e ainda prefere ouvir música nesse formato, que é um grupo que tem crescido muito nos últimos anos. Tem um ao mesmo tempo que tem quem prefira o MP3. O Stephen Marcussen fez uma masterização do álbum para cada tipo de formato que vamos lançar, para não perdermos a qualidade e as nuances do disco.
Nação da Música: A faixa “Anjos (Pra quem tem fé)” passa uma mensagem de incentivo, fala sobre a fé para conquistar objetivos dentre outras questões motivacionais. Qual a real intenção da canção, ela tem alguma ligação com religião?
Xandão: Não falamos de religião. Falamos de fé, de acreditar que amanhã será melhor, que o problema pode ser superado, que é uma força que exercitamos todo dia. A ideia da música veio do Falcão. A tia dele estava doente e ele escreveu parte da música nessa época.
Nação da Música: A sonoridade original e única é uma característica marcante que sempre destacou a banda no cenário musical brasileiro. Como vocês mantém essa originalidade no som do grupo depois de tantos anos?
Xandão: A nossa matriz sonora é bem ampla. Acho que a originalidade do nosso som vem da mistura de estilos que nos influenciam e que ouvimos no dia-a-dia. Rock, rap, dub, reggae e por aí vai… Esse denominador comum de sonoridades é que compõe as músicas do Rappa. Buscamos não limitar o nosso som. Tem também a relação construída entre a gente com base nessa diversidade. Como criamos juntos, é normal que cada um contribua com sua característica mais marcante.
Nação da Música: Através das letras de suas músicas a banda sempre passou mensagens de cunho social, aliás, é um dos poucos grupos com discurso engajado que tem espaço na grande mídia. Como vocês consideram o papel do Rappa como formadores de opinião?
Xandão: Acho que é anterior ao ser formador de opinião, é nossa postura como cidadãos. Não produzimos com o objetivo de ser um discurso engajado mas, principalmente, nos esforçamos para não nos acostumarmos com a impunidade, com a apatia. A gente costuma dizer que, enquanto o nosso país fornecer matéria prima para letras desse tipo, vamos falar desses problemas.
Nação da Música: O que os fãs podem esperar da turnê de divulgação de “Nunca Tem Fim”? As pessoas podem aguardar por novidades, vai rolar alguma coisa diferente das últimas apresentações?
Xandão: A turnê vai se esforçar para ir até cidades mais afastadas, que são mais difíceis de fazer por estarem fora de circuitos de shows. Além das músicas do novo disco e de algumas participações especiais de artistas que gravaram com a gente, como o Dexter e o Edi Rock, estamos preparando um palco todo novo com projeções mapeada e outras surpresas. A turnê será lançada em dois shows em São Paulo nos dias 20 e 21 de setembro. Outras datas já estão no nosso site.
Nação da Música: Obrigado Xandão pela entrevista. Boa sorte com o novo projeto d’O Rappa!
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