Quase 14 anos depois do lançamento de seu álbum de estreia o Linkin Park lançou esta semana o seu sexto disco de inéditas, “The Hunting Party”. Potente o novo registro é uma mistura de punk, thrash, e hard rock.
Diferente de tudo o que a banda já fez, o novo álbum inclusive, é o primeiro registro de inéditas que a banda incluiu colaborações de outros artistas. Além disso, é também o primeiro em que é completamente auto-produzido, considerando que o produtor Rick Rubin supervisionou a realização de seus três últimos álbuns.
Na tarde desta quinta-feira (19) o Nação da Música bateu um papo exclusivo com o baterista da banda, Rob Bourdon. Muito atencioso, o músico contou alguns detalhes sobre o novo disco, falou sobre os fãs brasileiros, sobre possíveis shows aqui e muito mais! Confira abaixo tudo o que rolou.
Entrevista por: Ana Belucci/ Arthur Zambone e Bruna Mendes.
Nação da Música: O Linkin Park é um dos grandes fenômenos de vendas do rock. “The Hunting Party” poderia ser encarado como o resultado de muita experiência e história para ser contada?
Rob: Com certeza. “The Hunting Party” é uma combinação de tudo o que já produzimos no passado, e acredito que tudo que produzimos e ‘aprendemos’, nós colocamos em prática nesse álbum. Para nós, é uma superação, pois foi um grande desafio tocar ao vivo, foi um grande desafio produzir, foi um grande desafio escrever. Ao mesmo tempo, nós mantivemos alguns elementos que caracterizam o Linkin Park, então, toda a nossa experiência desses anos foi fundamental para realizar o nosso novo CD.
Nação da Música: O novo álbum vem se mostrando “ousado” desde o seu processo de criação – já que a ideia inicial era se arriscar em um som mais eletrônico – todavia vocês trouxeram de volta a raiz do Linkin Park. Rob, para você como baterista e parte do grupo, como foi a preparação dessa nova fase? Dado informações que você teve que se preparar até fisicamente para executar as novas faixas.
Rob: Tocar as músicas nesse álbum é, definitivamente, diferente. Foi bastante intenso e necessitou várias horas por dia para tocar as músicas de “The Hunting Party”. É uma pegada diferente e mais pesada, no estúdio precisou várias horas do dia para gravá-lo. A nossa intenção não era chegar ao estúdio e “pronto, vamos tentar algumas partes”. Nós queríamos gravar inteiro, desde o começo ao fim de cada faixa. Então, foi preciso sim eu me preparar de uma forma diferente, inclusive física e isso para cada faixa.”Guilty All The Same” foi uma das mais difíceis de tocar, e precisei de umas duas semanas para treiná-la todos os dias.
Nação da Música: “Keys to the Kingdom” abre o disco de maneira surpreendente – uma vez que o verso “No control! No surprise!” é cantado e o seu instrumento, a bateria, surge de forma intensa. O conceito do disco é a exaltação da liberdade?
Rob: Nesse trabalho nós fizemos uma distinção entre ser mais agressivos e ser mais passivo, que é esperar acontecer, ver o que ‘rola’. Nós sentamos, observamos. Analisamos o que poderia ser produtivo, e ‘diferente’. Tomamos uma decisão e fomos além disso. O álbum representa isso. Era o que queríamos, fomos além e colocamos isso nas músicas.
Nação da Música: Vocês já trabalharam com o rapper Jay-Z – parceria que começou no grandioso hit “Numb” – e agora, nesse novo projeto, é possível conferir a participação da lenda do hip-hop Rakim. Qual é a relação de vocês com outros gêneros musicais e como isso torna o som de vocês melhor?
Rob: Essa é uma boa pergunta. Faz parte do DNA do Linkin Park olhar para outros gêneros de música, não apenas para o que é parecido ao nosso tipo de música. O ritmo é um pouco diferente, mas a energia e a criatividade que estão por trás de nossos gêneros podem ser bem similar. Sempre temos a intenção de incluir outros artistas de outros gêneros. É muito bacana uma noite poder tocar com o Jay-Z e na seguinte, com o Metallica. E nos sentimos confortáveis nos dois ambientes, pois incorporamos esses sons diferentes e sempre tiramos um aprendizado dessas experiências. “The Hunting Party” foi uma oportunidade incrível de trabalhar com Rakim. Mike deu a idéia, disse “seria muito bacana”, e estávamos no estúdio neste momento, então logo entramos em contato. Algumas semanas depois, ele estava lá conosco e deu certo! É uma das melhores músicas, em minha opinião.
Nação da Música: “The Hunting Party” foi gravado em registro analógico. Para você, como baterista, qual é a sensação de executar o seu trabalho nesse formato? A diferença é perceptível no sentido criativo?
Rob: O processo de gravar “The Hunting Party” foi definitivamente bem diferente das outras gravações que fizemos. Tiveram várias vezes que quando estávamos trabalhando na bateria em outras vezes, a gente ia, gravava e apenas cortávamos uma parte da gravação, porque captamos algo especial. E nessa gravação, não que nós não fizéssemos isso as vezes, mas nós nos preocupamos mais com a performance ao vivo, todas as faixas do disco, porque queríamos que tivesse um som mais vivo quando tocamos juntos, então, aconteceu que na gravação nós tivemos que nos unir para nos preparamos para gravar no estúdio, para captar esse sentimento.
Qual é a sua faixa preferida no disco? Recentemente, o vocalista Chester declarou que “o rock está sendo destruído por esta imagem suave e publicitária.” E você acha que, sua faixa predileta, derruba essa realidade?
Rob: A minha faixa favorita é “Wastelands”. Eu amo essa faixa, porque ela realmente se destaca, mas eu acho, mas quando se trata da bateria, a preferida é “Line in The Sand”, e “Rebelion” com o Daron do System of a Down que também foi desafiadora, e “Guilty All The Same” é uma que temos tocado ao vivo. É uma música que foi um desafio pra nós, quando começamos a trabalhar nela, e é definitivamente mais complexa e com grande energia, que comparada as outras que a gente geralmente toca, então, é um grande desafio tocá-la ao vivo, e é preciso muito foco e energia para tocar o melhor que eu posso.
Eu acho que nós sentimos que há um enorme vazio no rock, e não havia muitas bandas indo atrás do rock puro, mas os músicos tocavam seus instrumentos, e tudo que fazia o rock ser o que é, havia um grande vazio lá fora, onde as pessoas, e até bandas mais pesadas, estavam indo para o lado pop, e essa era a direção que nós como bandas não poderíamos pensar em ir, com as músicas adicionais que estávamos escrevendo em nosso novo projeto. Nós não conseguiríamos facilmente fazer isso, mas não parecia como algo autentico e certo para nós, e nós queríamos voltar para as raízes como uma banda de rock, e realmente focar no rock que nos inspirou, e bandas como Led Zeppelin, que eram ótimas bandas de rock, e a lista de bandas que faz todo mundo se inspirar. Acho que nós fizemos uma decisão consciente de fazer rock e continuar assim, da maneira mais crua e real.
Nação da Música: Sabemos que a maioria dos grupos da “era Hybrid Theory” desapareceram ou se dissolveram com o tempo. Diferentemente o Linkin Park é uma das bandas que permanecem na ativa e sobrevive ao tempo, qual o segredo disso?
Rob: Eu acho que, quando começamos com “Hybrid Theory” nós víamos bandas fazendo a mesma coisa, e nós sempre pensamos em fazer coisas diferentes que as outras bandas faziam. Acho que algo essencial é que nós sempre focamos que as músicas, primeiro tinham que ser ótimas músicas, e não só pelo jeito como soam ou como são produzidas, mas quando tocamos a melodia apenas no piano, ou violão, tem que ser uma música que alguém iria gostar de ouvir em qualquer forma. E também acho, que a nossa banda é sobre envolver e mudar o que fazemos, tanto que todos os álbuns que fizemos nós não nos repetimos, nós tentamos coisas novas, que desafiam nós mesmos e a banda. Nós não fazemos o que fizemos no passado, sempre tentamos coisas novas, e enfrentamos muitos riscos, e as pessoas amam essa jornada.
Nação da Música: O Brasil é um país de convergência cultural. Quando você pensa em nosso país, principalmente em um momento de celebração do futebol, qual é o som que vem à sua cabeça? Isso é inspirador pra você?
Rob: Estou muito animado com o Brasil sediando a Copa do Mundo, nós estamos em uma turnê em Nova York, e futebol não é muito da cultura daqui, está se tornando mais, mas o que eu amo desse esporte, é vermos os jogos todo ano, é que onde nós vamos, as pessoas estão assistindo o jogo, e vemos o mundo, e é um esporte conhecido no mundo todo, e ver todos esses países juntos, é um ato muito bonito. E a música inspira. Nós já passamos um tempo no Brasil, tocamos aí, amamos os nossos fãs, e amaríamos ir aí logo, não temos nada na agenda ainda, mas acho que logo estaremos livres para irmos ao Brasil.
Nação da Música: Porque você sabe que os fãs brasileiros tem grandes expectativas?
Rob: É. Eles tem. Tem uma energia muito especial que nós sentimos dos fãs do Brasil. E nós amamos fazer shows aí. E nós esperamos tocar no Brasil logo.
Nação da Música: E sobre a música daqui, tem algo que você gosta ou conhece?
Rob: Eu já ouvi músicas do Brasil, mas nada vem na minha cabeça agora. Se tiver algo que você particularmente recomenda, que acha que eu deva conferir, pode falar! (disse empolgado)
E mandou recado para os fãs:
Rob: Nós amamos nossos fãs do Brasil. E nós tivemos aí acho que há um ano e meio, e foram excelentes shows, e recebemos muito amor dos nossos fãs, esperamos que vocês gostem do nosso novo álbum. Parabéns por sediarem a Copa do Mundo, e esperamos vê-los o mais rápido possível.
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