Entrevistamos Exclusive Os Cabides sobre aniversário de “Coisas Estranhas”

Exclusive Os Cabides
Foto: Eduardo Possa/ Divulgação

Desde o lançamento do aclamado álbum “Coisas Estranhas”, em 2024, a banda catarinense Exclusive os Cabides não parou. Com mais de trinta shows realizados e passagens por festivais consagrados como Popload e Arvo, o grupo agora anuncia uma nova turnê com nove apresentações para coroar 2025. A motivação é especial: a tão sonhada versão em vinil do disco.

A turnê, que percorrerá cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina, começou no dia 25 de outubro, em Sorocaba (SP), mesma data do lançamento oficial do vinil. Donos do hit “Lagartixa Tropical”, que viralizou em 2023 e agora ganha uma nova versão com um coro de crianças, a banda cria uma sonoridade única batizada de “rock humor”. Suas músicas bebem da fonte de influências como Pixies, Pavement e Flaming Lips, mesclando com uma sonoridade autenticamente brasileira.

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O disco foi recebido com entusiasmo pela crítica especializada, aparecendo em listas de melhores do ano de veículos como Popload, Noize e Música Sem Capa (Portugal), e foi selecionado entre os 50 melhores do ano pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte).

Em entrevista ao Nação da Música, Exclusive Os Cabides falou sobre o sucesso de “Coisas Estranhas” e as expectativas para a turnê nacional.

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Entrevista por Isabel Bahé.
————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Como foi o processo de produção de “Coisas Estranhas”, e qual foi a inspiração para compor o projeto?
Exclusive Os Cabides: O lance da produção: a gente foi no estúdio, gravou tudo ao vivo as bases (o baixo, bateria e guitarra base) e depois gravamos as outras coisas, tipo a guitarra solo, os vocais, os sopros e várias outras coisas que têm. João escreveu muitas dessas músicas há um bom tempo, então a gente já tocava elas em várias outras formações da banda também.

Foi meio que um registro de canções pós-primeiro álbum, e as composições surgem sempre em voz e violão; depois mostro para a banda, o pessoal curte, daí a gente inventa moda, eu dou uns pitacos, o pessoal muda as coisas, e assim, de forma bem orgânica.

Vocês lançaram “Coisas Estranhas” cerca de 4 anos depois do disco “Roubaram Tudo”. Por que esperaram tanto para lançar? E como avaliam a evolução do som de vocês neste intervalo?
Exclusive Os Cabides: Esse intervalo de 4 anos do primeiro álbum, na verdade, se deu muito por conta da pandemia. O nosso primeiro álbum, “Roubaram Tudo”, tinha saído em agosto de 2020, o primeiro ano da pandemia. Então, saímos da pandemia como se a gente tivesse acabado de lançar o álbum, tipo, teoricamente, ao vivo. Nossos shows eram sempre voltados a esse compilado de hits que a gente tinha.

Foi o tempo necessário, assim… 2022, querendo ou não, foram dois anos fazendo shows do “Roubaram Tudo”. E a gente já tocava algumas músicas do “Coisas Estranhas”. Em 2022, a gente começou tocando só o “Roubaram Tudo” e, em 2023, a gente já foi adicionando uma música ou outra que futuramente iria entrar no “Coisas Estranhas”. Então, em questão de tempo, não foi uma escolha; foi algo bem natural.

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Esse tempo fez parte do nosso processo, porque agora está acontecendo meio que a mesma coisa, assim: no caso, a gente pode testar algumas canções ao vivo. O show é uma coisa muito importante para nós, é bem legal ter esse tempo, que aí você vai testando as canções. E a banda é uma coisa que, quanto mais tempo você passa tocando junto com alguém, mais fácil os caminhos se tornam, sabe, para montar uma música e ela ficar bem legal de ouvir. Então a gente tem feito isso desde então, tomando o tempo que as músicas precisam para existir do jeito que a gente acha legal.

E vocês definiram influências de bandas que trazem um rock meio ácido, como Pixies, Pavement, Flaming Lips, e também tentam buscar a sonoridade brasileira. Como fazem para unir as diferentes influências que cada integrante tem para formar a sonoridade d’Os Cabides?
Exclusive Os Cabides: É, a gente tem muita referência dos anos 70 no Brasil também, no geral. E eu gosto bastante de umas bandas… Essa galera escuta muita música, na real. Todos gostam de jazz, um gosta mais de coisas do Brasil, a Carol gosta de anime [risos]. Tudo bem misturado. Mas é uma mistura que a gente não pensa na mistura, ela só acontece.

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Vocês também foram selecionados pela APCA ano passado, entre os 50 melhores discos do ano. Como foi que receberam essa honraria da crítica especializada?
Exclusive Os Cabides: Sabe, vimos a lista deste ano e pensei: “Será que a gente entrou na do ano passado?” Daí vi que a gente entrou e fiquei: “Ah, que top”. A gente viu e achou legal, e depois seguimos a nossa vida. Mas é, com certeza, uma lista bem legal de estar, ao lado de vários artistas legais. É sempre bom, ganhar elogios. Acho que todo mundo gosta. Ainda mais depois de um álbum que a gente se esforçou tanto para fazer, através de um financiamento coletivo, deu um trabalhão. A gente ficou bem feliz. E agora a gente fica mal acostumado, né? No próximo álbum, queremos nota 10 na Pitchfork [risos].

Como vocês lidam com os desafios de continuar uma banda independente na indústria musical?
Exclusive Os Cabides: A gente lida bem, né? Tem que tocar um monte, é isso que a gente tem que fazer. Tipo, não tem como enfrentar os desafios sem se enfrentar, e a gente lida com eles tentando tocar o máximo possível, agarrando a renda disso e acreditando no som.

Para fazer o financiamento coletivo, a gente fez um projeto muito louco lá que tinha 1 milhão de recompensas: a pessoa comprava uma coisa, ganhava outra, enfim… Vendemos um monte de coisa nesse financiamento coletivo, lançamos o nosso álbum, e depois de lançar ele… os desafios da estrada: é um pneu furado na BR, é um feijão frio no almoço, uma noite mal dormida aqui e ali…

E por aí vai. São desafios do dia a dia, plus os desafios do rock. E acho que aí fazem com que os calos sejam mais calosos com o tempo. Esperamos que, daqui a uns anos, a gente passe por cima desses desafios de maneira mais sutil.

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Desafios, no geral, toda banda brasileira independente tem. Mas o que nos move é ver que o público está respondendo bem ao som e ao show: a galera está indo, os shows são ótimos, estamos conhecendo pessoas legais. Isso nos dá empolgação para continuar. E a nossa equipe está bem consolidada também, isso é bom.

Vocês vão entrar em turnê por várias cidades. Como vocês se preparam, tanto logisticamente quanto emocionalmente, para entrar numa série de shows como essa?
Exclusive Os Cabides: Eu acho que, emocionalmente, a gente não pensa muito sobre a gente, só vai bem insanamente mesmo. Em resumo: são cinco cabeças loucas que entram num carro, e seguimos o planejamento da Thais [Pimenta], nossa assessora. E, felizmente, ainda está dando tudo certo.

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Como está a experiência de preparar o repertório desses shows?
Exclusive Os Cabides: A gente vai fazendo shows e vai mudando ao longo do tempo, criando uns interlúdios. Mas a gente ensaia bastante, estamos sempre numa grande mutação, criando coisas novas. Inclusive, agora estamos tocando três músicas novas no repertório. E toda vez que a gente volta para Floripa para ensaiar, acaba sendo uma coisa nova.

O que vocês esperam que o público sinta ou leve consigo depois de assistir a um show de vocês?
E
xclusive Os Cabides: Espero que as pessoas fiquem bem felizes. É muito bom ir num show e ver, às vezes, até pessoa menor de idade, assim, olhar no olho dela e ver que aquele momento da noite é um momento que ela não vai esquecer por algum tempo, sabe? Q

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Você vê o entusiasmo das pessoas, vê as pessoas cantando, dançando, ou vindo falar com a gente com um certo tremor… É legalzão, bem louco. E o mais massa é saber que, quando a gente voltar para a cidade delas, elas vão voltar no nosso show e vão levar mais amigos. E aí é a engrenagem, né? A gente precisa cada vez mais de pessoas que curtam o nosso trabalho.

Vocês estão planejando algum projeto para 2026? Como está o calendário de vocês?
Exclusive Os Cabides: A gente está nos balbúcios aqui, criando desejos. Mas acho que a ideia é sempre subir o nível de várias formas: tanto em qualidade de som, como tentar chegar em cidades que a gente ainda não tocou, explorar mais no Brasil, fora do Brasil, se for o caso. Tentar manter a mente saudável e o pé no chão.

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E a gente tem muita música para gravar, não sabemos se vai ser EP, se vai ser álbum… Mas o que é certo é que a gente quer fazer show o ano todo.

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Isabel Bahé
Isabel Bahéhttps://linktr.ee/isabelfbahe
Jornalista bibliófila que respira músicas.