
Desde o lançamento do aclamado álbum “Coisas Estranhas”, em 2024, a banda catarinense Exclusive os Cabides não parou. Com mais de trinta shows realizados e passagens por festivais consagrados como Popload e Arvo, o grupo agora anuncia uma nova turnê com nove apresentações para coroar 2025. A motivação é especial: a tão sonhada versão em vinil do disco.
A turnê, que percorrerá cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina, começou no dia 25 de outubro, em Sorocaba (SP), mesma data do lançamento oficial do vinil. Donos do hit “Lagartixa Tropical”, que viralizou em 2023 e agora ganha uma nova versão com um coro de crianças, a banda cria uma sonoridade única batizada de “rock humor”. Suas músicas bebem da fonte de influências como Pixies, Pavement e Flaming Lips, mesclando com uma sonoridade autenticamente brasileira.
O disco foi recebido com entusiasmo pela crítica especializada, aparecendo em listas de melhores do ano de veículos como Popload, Noize e Música Sem Capa (Portugal), e foi selecionado entre os 50 melhores do ano pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte).
Em entrevista ao Nação da Música, Exclusive Os Cabides falou sobre o sucesso de “Coisas Estranhas” e as expectativas para a turnê nacional.
Entrevista por Isabel Bahé.
————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Como foi o processo de produção de “Coisas Estranhas”, e qual foi a inspiração para compor o projeto?
Exclusive Os Cabides: O lance da produção: a gente foi no estúdio, gravou tudo ao vivo as bases (o baixo, bateria e guitarra base) e depois gravamos as outras coisas, tipo a guitarra solo, os vocais, os sopros e várias outras coisas que têm. João escreveu muitas dessas músicas há um bom tempo, então a gente já tocava elas em várias outras formações da banda também.
Foi meio que um registro de canções pós-primeiro álbum, e as composições surgem sempre em voz e violão; depois mostro para a banda, o pessoal curte, daí a gente inventa moda, eu dou uns pitacos, o pessoal muda as coisas, e assim, de forma bem orgânica.
Vocês lançaram “Coisas Estranhas” cerca de 4 anos depois do disco “Roubaram Tudo”. Por que esperaram tanto para lançar? E como avaliam a evolução do som de vocês neste intervalo?
Exclusive Os Cabides: Esse intervalo de 4 anos do primeiro álbum, na verdade, se deu muito por conta da pandemia. O nosso primeiro álbum, “Roubaram Tudo”, tinha saído em agosto de 2020, o primeiro ano da pandemia. Então, saímos da pandemia como se a gente tivesse acabado de lançar o álbum, tipo, teoricamente, ao vivo. Nossos shows eram sempre voltados a esse compilado de hits que a gente tinha.
Foi o tempo necessário, assim… 2022, querendo ou não, foram dois anos fazendo shows do “Roubaram Tudo”. E a gente já tocava algumas músicas do “Coisas Estranhas”. Em 2022, a gente começou tocando só o “Roubaram Tudo” e, em 2023, a gente já foi adicionando uma música ou outra que futuramente iria entrar no “Coisas Estranhas”. Então, em questão de tempo, não foi uma escolha; foi algo bem natural.
Esse tempo fez parte do nosso processo, porque agora está acontecendo meio que a mesma coisa, assim: no caso, a gente pode testar algumas canções ao vivo. O show é uma coisa muito importante para nós, é bem legal ter esse tempo, que aí você vai testando as canções. E a banda é uma coisa que, quanto mais tempo você passa tocando junto com alguém, mais fácil os caminhos se tornam, sabe, para montar uma música e ela ficar bem legal de ouvir. Então a gente tem feito isso desde então, tomando o tempo que as músicas precisam para existir do jeito que a gente acha legal.
E vocês definiram influências de bandas que trazem um rock meio ácido, como Pixies, Pavement, Flaming Lips, e também tentam buscar a sonoridade brasileira. Como fazem para unir as diferentes influências que cada integrante tem para formar a sonoridade d’Os Cabides?
Exclusive Os Cabides: É, a gente tem muita referência dos anos 70 no Brasil também, no geral. E eu gosto bastante de umas bandas… Essa galera escuta muita música, na real. Todos gostam de jazz, um gosta mais de coisas do Brasil, a Carol gosta de anime [risos]. Tudo bem misturado. Mas é uma mistura que a gente não pensa na mistura, ela só acontece.
Vocês também foram selecionados pela APCA ano passado, entre os 50 melhores discos do ano. Como foi que receberam essa honraria da crítica especializada?
Exclusive Os Cabides: Sabe, vimos a lista deste ano e pensei: “Será que a gente entrou na do ano passado?” Daí vi que a gente entrou e fiquei: “Ah, que top”. A gente viu e achou legal, e depois seguimos a nossa vida. Mas é, com certeza, uma lista bem legal de estar, ao lado de vários artistas legais. É sempre bom, ganhar elogios. Acho que todo mundo gosta. Ainda mais depois de um álbum que a gente se esforçou tanto para fazer, através de um financiamento coletivo, deu um trabalhão. A gente ficou bem feliz. E agora a gente fica mal acostumado, né? No próximo álbum, queremos nota 10 na Pitchfork [risos].
Como vocês lidam com os desafios de continuar uma banda independente na indústria musical?
Exclusive Os Cabides: A gente lida bem, né? Tem que tocar um monte, é isso que a gente tem que fazer. Tipo, não tem como enfrentar os desafios sem se enfrentar, e a gente lida com eles tentando tocar o máximo possível, agarrando a renda disso e acreditando no som.
Para fazer o financiamento coletivo, a gente fez um projeto muito louco lá que tinha 1 milhão de recompensas: a pessoa comprava uma coisa, ganhava outra, enfim… Vendemos um monte de coisa nesse financiamento coletivo, lançamos o nosso álbum, e depois de lançar ele… os desafios da estrada: é um pneu furado na BR, é um feijão frio no almoço, uma noite mal dormida aqui e ali…
E por aí vai. São desafios do dia a dia, plus os desafios do rock. E acho que aí fazem com que os calos sejam mais calosos com o tempo. Esperamos que, daqui a uns anos, a gente passe por cima desses desafios de maneira mais sutil.
Desafios, no geral, toda banda brasileira independente tem. Mas o que nos move é ver que o público está respondendo bem ao som e ao show: a galera está indo, os shows são ótimos, estamos conhecendo pessoas legais. Isso nos dá empolgação para continuar. E a nossa equipe está bem consolidada também, isso é bom.
Vocês vão entrar em turnê por várias cidades. Como vocês se preparam, tanto logisticamente quanto emocionalmente, para entrar numa série de shows como essa?
Exclusive Os Cabides: Eu acho que, emocionalmente, a gente não pensa muito sobre a gente, só vai bem insanamente mesmo. Em resumo: são cinco cabeças loucas que entram num carro, e seguimos o planejamento da Thais [Pimenta], nossa assessora. E, felizmente, ainda está dando tudo certo.
Como está a experiência de preparar o repertório desses shows?
Exclusive Os Cabides: A gente vai fazendo shows e vai mudando ao longo do tempo, criando uns interlúdios. Mas a gente ensaia bastante, estamos sempre numa grande mutação, criando coisas novas. Inclusive, agora estamos tocando três músicas novas no repertório. E toda vez que a gente volta para Floripa para ensaiar, acaba sendo uma coisa nova.
O que vocês esperam que o público sinta ou leve consigo depois de assistir a um show de vocês?
Exclusive Os Cabides: Espero que as pessoas fiquem bem felizes. É muito bom ir num show e ver, às vezes, até pessoa menor de idade, assim, olhar no olho dela e ver que aquele momento da noite é um momento que ela não vai esquecer por algum tempo, sabe? Q
Você vê o entusiasmo das pessoas, vê as pessoas cantando, dançando, ou vindo falar com a gente com um certo tremor… É legalzão, bem louco. E o mais massa é saber que, quando a gente voltar para a cidade delas, elas vão voltar no nosso show e vão levar mais amigos. E aí é a engrenagem, né? A gente precisa cada vez mais de pessoas que curtam o nosso trabalho.
Vocês estão planejando algum projeto para 2026? Como está o calendário de vocês?
Exclusive Os Cabides: A gente está nos balbúcios aqui, criando desejos. Mas acho que a ideia é sempre subir o nível de várias formas: tanto em qualidade de som, como tentar chegar em cidades que a gente ainda não tocou, explorar mais no Brasil, fora do Brasil, se for o caso. Tentar manter a mente saudável e o pé no chão.
E a gente tem muita música para gravar, não sabemos se vai ser EP, se vai ser álbum… Mas o que é certo é que a gente quer fazer show o ano todo.
Muito obrigado pela sua visita e por ler essa matéria! Compartilhe com seus amigos e pessoas que conheça que também curtam , e acompanhe a Nação da Música através do Google Notícias, Instagram, Twitter, YouTube, e Spotify. Você também pode receber nossas atualizações diárias através do email - cadastre-se. Caso encontre algum erro de digitação ou informação, por favor nos avise clicando aqui.
Caso este player não carregue, por favor, tente acessa-lo diretamente no player do Spotify. Siga a NM no Instagram e Twitter

