Entrevistamos Fabricio Mascate sobre novo álbum “Flor e Ser”

Fabricio Mascate
Foto: Divulgação

Nesta sexta-feira, o cantor e compositor Fabricio Mascate divulgou o primeiro álbum da carreira, “Flor e Ser”, nas plataformas digitais. Para promover o álbum, o músico vai se apresentar dia 2 de novembro, no CEU Taipas, em São Paulo, acompanhado dos talentosos músicos Fernanda Cunha (Flauta Transversal), João Carlos (Violino), Danilo Vicente (Viola Caipira) e participação especial de Socorro Lira e Thiago Abdalla

A Nação da Música conversou com Fabricio Mascate sobre o processo criativo do novo álbum, os videoclipes do trabalho e mais.

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Entrevista por Marina Moia
————– Leia a entrevista na íntegra

Seu álbum “Flor e Ser” é uma fusão de gêneros como baião, xote e música erudita. Como foi encontrar o equilíbrio entre essas influências tão distintas e criar algo que ao mesmo tempo soa tão coeso e único?
Fabricio Mascate: Acho que os ritmos da música brasileira e da música erudita não são tão distantes quanto parece. A música erudita está mais presente na nossa cultura do que geralmente percebemos. Se olharmos para a música armorial de Ariano Suassuna, vemos um estilo erudito; a Bossa Nova com Tom Jobim, ou o Choro, de Heitor Villa Lobos, que também tem raízes europeias. Acho que a sensação de ser música erudita vem do fato de os arranjos terem sido pensados e escritos, porém, também tem improviso ali, então é um misto mesmo. E claro, o uso de instrumentos comuns na música clássica contribui para essa sensação.

E aí, o equilíbrio acho que vem, de fato, das minhas influências que realmente misturam esses ritmos também. Alguns exemplos são: Guinga, Socorro Lira, Tom Jobim e mais um monte de gente…

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Você mencionou que cada faixa do álbum reflete uma jornada pessoal entre o antes, durante e o pós-pandemia. Há alguma experiência ou reflexão específica desse período que você considera central na criação do álbum?
Fabricio Mascate: Não me recordo de uma experiência central específica, mas recebi muitos incentivos de amigos para começar a gravar as músicas. Com algumas gravações feitas, percebi uma conexão entre as sonoridades das composições, e foi então que decidi gravá-las de fato.

Acho que todas as fases foram importantes para que o trabalho tomasse essa forma. Claro que, com um investimento financeiro para cobrir os custos de uma só vez, o projeto talvez tivesse sido finalizado antes. Foram três fases no total: antes da pandemia, toda a instrumentação já estava gravada; as vozes vieram durante e após. Isso me deu tempo para amadurecer as interpretações e, conforme eu gravava, minha voz também mudou, o que considero formidável, pois descobri como realmente gostava de ouvir as canções.
A experiência central dessas três fases foi a paciência. Em muitos momentos, a ansiedade para mostrar o que tinha feito era grande, mas, sem trabalhar essa parte, as coisas podem se tornar complicadas e desestimulantes. Tudo é uma questão de equilíbrio: se der certo, ótimo; se não, é preciso ter paciência.

Em “Flor e Ser”, você explora histórias com influências do realismo fantástico, como em Bença, Dindinha Lua!, inspirada pelas memórias e contos dos seus avós. Como foi o processo de transformar essas histórias em música, e o que elas significam para você?
Fabricio Mascate: O processo de transformar essas histórias em música foi muito curioso e instigante. Havia o desejo de adaptar uma história longa, mas o grande desafio era sintetizar tudo em uma canção. E acho que é isso que me seduz quando penso em fazer música: primeiro, a ideia de contar algo; depois, o desafio de decidir como contar e explorar a proposta que se tem em mãos, seja ela um romance, uma história de avó, um drama, entre outros.

Essas canções foram compostas com o que eu tinha de mais verdadeiro até aquele momento da minha vida. Minha ideia era fazer das composições um exercício de transformar qualquer história em música, explorando as possibilidades que cada narrativa trazia. Algumas canções têm letras mais diretas e “desnudadas”, enquanto outras sugerem imagens que se formam ao longo das frases.

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Uma das minhas músicas favoritas surgiu dessa experiência, porque nela consegui sintetizar muitas coisas que minha mãe e minha avó me contaram. É especial porque, de vez em quando, minha mãe canta essa música, feita em sua homenagem, dizendo que ela reflete o que ela vivia no interior de Minas Gerais.

Todos os clipes do álbum têm um fio condutor que liga as músicas através de uma figura mítica que simboliza o ciclo da vida. O que você espera que essa narrativa transmita ao público?
Fabricio Mascate: Os próximos clipes, em sua maioria, trazem histórias do cotidiano misturadas a contos e lendas. Espero que, ao assisti-los, as pessoas possam se identificar de alguma forma e perceber que a magia das coisas também está presente no dia a dia, e não apenas em ocasiões excepcionais.

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Você começou no violão aos 12 anos e hoje é produtor, cineasta, professor, além de músico. Como essas múltiplas áreas de atuação influenciam sua visão musical e o que elas acrescentam ao seu trabalho em “Flor e Ser”?
Fabricio Mascate: Acredito que música e vida não se separam; elas caminham juntas. Tudo o que faço na vida influencia minha arte, pois, além de existir no plano metafísico, ela também pertence ao mundo material, ao chão que pisamos. E esse mundo, concreto e palpável, nos afeta profundamente. Para mim, é impossível separar uma coisa da outra. Por isso, arte é vida.

Como artista independente que vive disso, gostaria de ser menos afetado em certas ocasiões, especialmente ao assumir funções que, pela falta de recursos financeiros, não há outra pessoa para desempenhar. Isso meio que me obriga a ser artista em lugares que eu nem imaginava [risos]. Mas, no fim das contas, isso também foi positivo e acrescentou bastante para mim. No entanto, existe também esse lado menos romântico, que é o acúmulo de funções.

Gostaria de mandar um recado aos leitores da Nação da Música?
Fabricio Mascate: Meu recado é que, enquanto pudermos, escutemos músicas novas e de artistas independentes. Busquemos nos alimentar disso para conhecer o que está sendo produzido de novo no Brasil e no mundo. Viva a música!

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Marina Moia
Marina Moia
Jornalista e apaixonada por música desde que se conhece por gente.