É fato que o mundo em que vivemos apresenta inúmeras diferenças entre seus quase 200 países, que vão desde questões políticas até os âmbitos sociais e culturais. Mas, independentemente dos costumes e das barreiras linguísticas, a música é algo capaz de promover a união entre os mais diferentes povos, inclusive a nível universal.
No caso da cantora Gabriella Lima, a música age ainda como uma ponte aérea entre o Brasil e a França, unificando suas vivências em ambos os países para expressá-las em forma de arte. Este é justamente o passaporte para “SABOR SOLAIRE”, segundo disco da artista que foi lançado no início de abril. Se no anterior “Bálsamo” (2021) Gabriella abriu um pouco de suas batalhas pessoais vividas em terras estrangeiras e o estranhamento de sua sensação de não pertencer a lugar nenhum, agora, a cantora mostra, de forma solar, a leveza de permear livremente por estes dois universos, inclusive musicalmente.
A Nação da Música conversou com Gabriella Lima sobre a composição de “SABOR SOLAIRE”, que foi realizada durante um período em que ela esteve nas Ilhas Maldivas, as respectivas influências brasileiras e francesas presentes nas faixas, e o que mais podem trazer os ventos dessa nova era – como, por exemplo, umas possível turnê no Brasil.
Entrevista por Natália Barão
————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Oi, Gabi, tudo bem? Prazer, meu nome é Natália.
Gabriella Lima: Oi, Natália, tudo ótimo e você? Tô super feliz nesse momento de promoção do disco! É um momento de muita felicidade, cansaço e euforia, mas eu tô bem feliz.
Eu imagino! E falando sobre “SABOR SOLAIRE”, o disco foi lançado na íntegra no dia 4 de abril, e antes de mais nada, queria saber qual é a história desse disco.
Gabriella Lima: Esse disco surgiu da minha necessidade de falar dessa minha história entre a França e o Brasil, que já dura há mais de dez anos. Quando eu vim visitar Paris numa viagem exploratória de três meses em 2014, que se estendeu por um ano – depois mais dois, três, quatro, e estamos aí há quase dez anos e meio (risos) – e durante muito tempo eu vivi com esse sentimento de não pertencimento de ambos os lados. Sempre que eu visito o Brasil eu não vejo mais lá 100% como o meu lugar; e sempre que eu estou em Paris tem algo que me lembra a dez anos que eu sou brasileira demais para esse lugar. Então por um tempo eu vivi com esse conflito na minha cabeça, até que eu fiz as pazes com isso e entendi a riqueza de viver entre esses dois países com essa dupla cultura. E quando eu entendi isso dentro de mim, eu fui fazer música porque já estava com vontade de fazer um disco novo. O meu primeiro foi lançado em 2021, durante a pandemia, num momento em que eu não tinha muita oportunidade de fazer promoção e turnê. Eu ainda sou uma artista independente hoje, mas era muito mais independente nessa época. Hoje eu criei meu próprio selo, estou com uma equipe tanto na França, quanto no Brasil, e escrevi há dois anos atrás a maioria dessas músicas quando fui pras Maldivas passar três meses com esse objetivo de escrever as músicas para esse novo projeto. Eu tinha muita coisa pra contar.
Essa era a minha próxima pergunta, inclusive, sobre as músicas terem sido compostas durante esses três meses que você ficou nas Maldivas – o que eu achei muito chique. Como veio essa decisão de ir pra lá e as inspirações pra compor essas faixas?
Gabriella Lima: A ideia de fazer essa residência artística nas Maldivas partiu, na verdade, de um convite que eu recebi pra cantar durante três meses numa ilha de lá. Eu tinha a responsabilidade de cantar durante todas as noites, por duas horas, e tinha o dia inteiro livre. Eu já estava nesse momento de compor as músicas do novo projeto e decidi unir o útil ao agradável, aproveitando meu tempo lá pra compor as minhas músicas além de cantar. Então levei toda a minha estrutura, meu computador, meus livros, cadernos, microfone, violão, todos os equipamentos de gravação pra gravar umas demos e transformei a minha experiência lá numa rotina de trabalho pra compor as músicas, e o mais legal é que muitas delas eu testava à noite no palco. Eu testava mais pra mim mesmo, porque eu cantava num hotel com vários hóspedes, e o pessoal não ouve muito as músicas, mas, pra mim, foi uma experiência absurda. E lá era um lugar paradisíaco, com praia, mar, sal, sol, areia, alto astral, tudo muito lindo, então não tinha como isso não ser refletido nas músicas do disco. O disco está bem solar e não tenho dúvida nenhuma que isso vem do ambiente que eu estava. Além disso, o meu momento atual de vida está muito bom, graças a Deus, e acho que isso também se reflete nas músicas.
Com certeza! E como tem sido esse seu momento pessoal?
Gabriella Lima: É um momento de muita completude, estou me sentindo muito completa. Sabe quando tudo está se encaminhando bem? Acho que alinhamento é a palavra, com tudo que eu me propus a fazer, com as pessoas que estão ao meu redor no âmbito profissional e pessoal, feliz fazendo o que eu amo, e sem nenhuma dúvida de que o caminho é esse. Nada me preocupa, sabe, eu tô bem demais!
Que delícia!
Gabriella Lima: É muito bom! Não é sempre que a gente está assim, então sou muito grata por estar vivendo esse momento porque é tudo muito efêmero na vida com muitos altos e baixos. E eu tô nesse momento alto, que é bom demais aproveitar até pra quando vier o momento baixo, também saber ficar ali e aprender a tirar coisas boas dali. Esse é o barato da vida.
E eu notei solar significa solar, certo?
Gabriella Lima: Exatamente.
E eu senti que a maior parte das faixas do disco é realmente muito solar, até pela própria construção da melodia. Eu achei que “Se Me Chamar Eu Vou”, em parceria com a Vanille, além de ser muito alto astral, também tem algumas referências à música brasileira, como da cuíca e do cavaquinho. Queria saber como você conseguiu unir as referências brasileiras e francesas para a composição de “SABOR SOLAIRE”.
Gabriella Lima: Essa música, “Se Me Chamar Eu Vou” é pra mim como um hino ao Brasil, a minha declaração de amor pelo meu país. É uma música onde eu falo que estou aqui em Paris vivendo um momento de muita nostalgia do meu país, principalmente durante o inverno. Todos os anos, entre novembro e fevereiro, é um período muito complexo pra mim, e que eu sempre fico pensando no Brasil. Então, nessa música, eu digo que eu sei que fui embora, mas se me chamar eu vou, estou sempre a um passo de voltar, e realmente sempre fico nessas de vou, não vou; se me chamar um pouquinho mais eu volto pro Brasil. Mas também estou muito em paz comigo mesma dentro dessa situação de morar na França e viver longe do meu país; fazer essa música já foi o suficiente pra matar essa saudade. Sobre a junção da França com o Brasil, a própria música já traz isso por ser um feat com uma artista francesa, que é a Vanille, numa música que, originalmente, é em francês e um hitasso por aqui. Então toda a parte francesa já vem daí, da melodia que é dela, na parte que nós cantamos juntas em francês, e o meu papel foi de trazer o lado brasileiro tanto na letra. Na versão francesa, a Vanille fala diretamente com essa pessoa que está sentindo falta de calor no país, ela conversa e dá conselhos, e eu me coloquei no papel dessa pessoa, dando uma resposta sobre isso enquanto brasileira. Eu realmente incorporei tudo que eu sinto como imigrante brasileira, morando num país frio, e trouxe isso na letra e também nos arranjos, abrasileirando o que já existia nas cadências e harmonias francesas. E tá tudo aí: França e Brasil juntos! Não tem música que represente melhor essa junção no disco inteiro do que “Se Me Chamar Eu Vou”.
E no finzinho da música a Vanille também canta em português, né?
Gabriella Lima: Canta! Ela fala português e tem uma proximidade muito grande com o Brasil por já ter tido vivências aqui. Um dos motivos de nós termos feito esse feat é por essa admiração e esse “pézinho” que ela tem no Brasil: ela gravou dois discos e num deles ela fala português perfeitamente. Então ela ouviu a letra em português, adorou e topou fazer esse feat comigo. Ela até perguntou se eu queria que ela cantasse tudo em português, porque eu tinha feito uma versão inteira em português, pra caso ela não topasse, mas como ela aceitou, eu achei que seria mais legal ela trazer um pedaço da versão original mesmo. No fim, ela ficou super feliz de fazer o refrão em português e eu de fazer o refrão em francês!
Sim! Acho que foi uma das faixas que eu mais gostei e achei mais vibrantes.
Gabriella Lima: E foi o primeiro single do álbum, lançado em novembro do ano passado.
Eu vi! Aí depois veio “Meu Lugar” e o restante do disco agora, certo?
Gabriella Lima: Exatamente!
E têm outras faixas do disco que você também canta em francês, né?
Gabriella Lima: Temos! Os três feats que eu faço, na verdade, têm o francês e o português, e, fora isso, têm mais duas que eu canto sozinha integralmente em francês, que é composição minha. E tem uma décima música no disco que ainda não saiu mas vai entrar lá pro meio de maio como uma bônus track, que finaliza a história do disco e é também 100% em francês.
Eu tinha visto que eram nove faixas do disco, mas que uma bônus track ainda seria lançada. O que você pode me falar sobre essa faixa, além do fato dela ser toda em francês? Por que ela vai ser lançada depois?
Gabriella Lima: Por vários motivos. Bom, o primeiro spoiler já é o lançamento da música, né? Essa música já existe no disco em franco-brasileiro, só que eu fiz também uma versão inteira em francês nos meus processos de escrita. Aí, durante o processo de gravação do disco, eu pensei: e se eu lançar uma versão bossa nova, já trazendo um novo spoiler, mas voltada pro mercado francês? Como eu trouxe o disco todo do meu jeito, sem pensar muito no que o mercado e as pessoas queriam, com uma história e arranjo pra cada música, eu pensei em agradar eles um pouco também, trazendo algo que já estava na minha essência brasileira. Porque durante muitos e muitos anos, eu cantei e ainda canto bossa nova aqui, e trouxe algo assim no meu disco também. Então pensei em fazer uma versão muito simplificada, voz e violão, no máximo uma percussão de fundo, e colocar como última música do disco. Era pra essa música vir junto no disco como uma versão francesa de uma das músicas do álbum, só que quando eu fui gravar essa música com o Jules Jaconelli (que é também um dos feats do meu álbum), a gente gravou três versões porque ele se empolgou tanto que uma das coisas que ele fez me agradou tanto e ficou tão bem produzida, que eu achei que essa música merecia um espaço maior. Ela faz parte da história do disco, mas eu fiquei com dó dela ficar ali escondidinha; ela merecia um lançamento especial um pouquinho depois.
E essa música também é com Jules?
Gabriella Lima: Não, ele produziu, mas eu canto sozinha. Mas eu mexi muito num lugar que ele adora, musicalmente falando. Eu dei carta branca e ele começou a se empolgar, foi trazendo várias influências dele, e ele ouve muita música brasileira, então mesmo com a linguagem francesa dele e as coisas eletrônicas, tem também uma coisa meio anos 70, meio “Tutti Frutti”, da Rita Lee, porque ele bebeu muito nessa fonte também. Mas a visão de um francês sobre isso ficou muito legal, eu gostei muito, aí decidi fazer esse lançamento especial.
E você falou que vai sair em maio, certo?
Gabriella Lima: Isso, só em maio, estamos definindo a data ainda. Provavelmente vai ser no meio do mês, lá pro dia 15 ou 23 de maio.
Entendi. E já que a gente falou do Jules, ele é um dos feats do álbum, assim como a Vanille e o Leo Middea. Como surgiu a ideia de chamar cada uma dessas pessoas pra fazer as parcerias do álbum?
Gabriella Lima: Eu queria que esse fosse um álbum colaborativo desde o início, até pelo tema que eu falei de contar a minha história entre a França e o Brasil. E eu queria que isso estivesse presente na temática do disco, nas composições e também nas colaborações. O primeiro disco já era eu sozinha, então esse eu queria que fosse mais colaborativo, e nada melhor do que chamar artistas franceses e um brasileiro também pra colaborar comigo. Esse foi o ponto de partida, mas não pra que eu fosse atrás dos artistas pra compor as músicas, porque as colaborações começaram antes do contexto do disco. O feat com o Leo, por exemplo, foi em 2019, quando eu não tinha nem lançado meu primeiro disco. Eu estava num centro comercial aí no Brasil, a melodia veio na minha cabeça e eu gravei correndo no meu celular. Na hora me veio o Leo na cabeça e mandei pra ele, pedindo pra ele colocar uma letra e disse que gostaria muito que ele cantasse comigo, ainda sem saber pra que era. Acho que ele levou um ano pra me responder, já achei que ele tinha odiado e ficou sem graça de me dizer (risos), aí ele me respondeu dizendo que tinha gostado, mas levou mais um ano pra escrever, então eu só recebi essa música em 2023, no meio do processo do “SABOR SOLAIRE” e tudo se alinhou. A mesma coisa com o Jules; antes de pensar em gravar o disco, a gente se conheceu ano passado num show dele aqui em Paris, nós conversamos e ele falou pra gente ir pro estúdio. Ele também é apaixonado por música brasileira, tem até uma casa em Santa Teresa (no Rio de Janeiro), e essa é uma coisa que todos os artistas têm em comum, por isso eu fui atrás deles. Aí quando eu sentei no estúdio com o Jules, foi a primeira vez que eu compus diretamente com alguém em real time. Isso nunca tinha acontecido comigo, porque eu sempre achei que precisava estar sozinha no ambiente pra me preparar e compor. Mas ele tá acostumado a compor sob demanda, tipo Mc Donald’s, sabe? (risos). O nosso processo de composição aconteceu quase como num filme mesmo, ele foi colocando os acordes, me trazendo melodias e tudo aconteceu muito rápido porque ele me guiou muito nessa música. Foi tudo acontecendo como tinha que ser.
Nesse processo de composição e produção, como a gente estava falando, têm músicas que você canta tanto em português, quanto em francês. Você sente diferença nesse processo de composição de uma língua para outra?
Gabriella Lima: Muito, muito. É muito trabalhoso pra mim compor e até cantar em francês, porque essa é uma língua extremamente literal, mesmo na fala, diferentemente do português. A gente tem várias licenças poéticas e várias nuances, e numa música tudo se entende, é muito bonito. Na França, se você falar “eu quero sentir o céu da sua boca”, por exemplo, eles não entendem porque nem existe essa expressão; aqui se fala o “palato”, é tudo muito formal. Já na parte de escrever, dá muito trabalho conseguir falar a linguagem deles enquanto eu trago a minha identidade, a minha maneira de escrever. E tem a questão da melodia também, porque eu sou 100% inspirada pela música brasileira, e faço melodias que naturalmente são pensadas pra serem cantadas em português. E quando eu decido trazer uma letra em francês nessas melodias é muito difícil porque parece que uma coisa não casa com a outra de forma natural. Existe um trabalho muito grande de lapidação do texto e da melodia pra tudo se encaixar. É como se eu estivesse tentando enquadrar algo redondo, sabe? Acaba sendo um trabalho de ceder aqui e ali e negociar comigo mesma pra conseguir encaixar tudo; diferentemente de quando eu componho em português, que a melodia já vem e tudo vai se encaixando naturalmente. Mas acho que eu consegui fazer isso nesse disco.
Conseguiu sim! O nome do disco é “Sabor Solar” e têm essas músicas que são muito solares, realmente, mas outras são um pouco mais intimistas e introspectivas, na minha visão, como “Atlântico” e “Metamorfose”. Eu queria saber como veio a inspiração pra essas faixas e o que você enxerga de solar nelas.
Gabriella Lima: Deixa eu pensar… “Atlântico” é uma música de amor, mas um amor maternal, porque eu fiz pra minha mãe. Ela fala sobre saudade, mas é algo que eu estou em paz, de viver à distância. Porque quando você muda de país, você aceita deixar muita coisa pra trás, e às vezes não é fácil, mas é uma escolha, e toda escolha envolve uma renúncia. Então de fato, essa música não é muito solar, mas eu trago o mar, falo do Atlântico, que eu já viajei pra lá… tem toda essa questão na temática, mas não tanto nos arranjos. Quando eu falo “solar”, às vezes é no sentido de ser uma maneira positiva de ver a vida também, e acho que “Metamorfose” traz isso. Não é uma música que fala de sol, mar, piscina, férias, praia, nada disso; mas que traz uma mensagem extremamente positiva, de coragem, sobre eu ter me encontrado e estar pronta pra romper as amarras e deixar pra trás o que eu tenho que deixar pra ir em frente. Hoje eu sinto que sou merecedora, então essa é uma declaração de amor próprio, então acho que o solar entra nessa questão de ter uma visão mais alegre das coisas. É a minha música favorita do disco, aliás. Mas têm duas músicas mais intimistas, que realmente não têm nada solar, que “Atlântico”, que é pra minha mãe, e também tem uma música paterna, que é “Mon Inconnu”.
É a última faixa, né? Eu achei que traz essa vibe também.
Gabriella Lima: Demorou muito pra eu conseguir fazer essa música. Meu pai já é falecido há mais de 20 anos e eu nunca tinha conseguido, nem tentado, fazer uma música pra ele. Não saía, mas eu sabia que eu tinha coisa pra dizer e que um dia ia vir. E saiu muito rápido e em francês ainda. Acho que quando não é na sua língua, o peso das palavras é menor. Então, coisas que eu não conseguiria dizer em português, acabaram saindo em francês. Essa música, de fato, não é solar; é bem mais melancólica, mas também é uma uma declaração de amor de uma menina pequena, de 4 anos, cantando pro seu pai sobre a falta que ele faz, mas com uma visão positiva de, quem sabe, em outro futuro, as coisas poderiam ser diferentes pra gente. Então tem sempre algo mais positivo no pensamento. Eu não tinha falado pra ninguém sobre isso até agora. Fiz várias entrevistas e não tinha tocado nessa última música do meu pai.
Obrigada por compartilhar isso, Gabi! Achei muito interessante como você trouxe o solar não só nos arranjos, mas na maneira de enxergar as coisas.
Gabriella Lima: Sim, e eu concordo, não são arranjos solares. Têm quatro músicas desse tipo, até pra contrabalancear e às vezes, num show, é bom dar uma respirada também.
Não, total. “Metamorfose” também foi uma das músicas que eu mais gostei e me chamou muito a atenção o verso “metamorfose de mim mesma, sigo em mim”. Como você descreveria a metamorfose que “SABOR SOLAR” gerou em você?
Gabriella Lima: Ai, foi muita coisa! Acho que me afirmar, ganhar confiança em mim e saber que eu estava certa em quase todas as decisões que eu tomei e as que eu não tomei, mas deveria ter tomado e que se comprovaram mais tarde. Esse disco me trouxe a resposta de que eu estou mais pronta do que eu imaginava pra tudo, e não só o lançamento de um disco, porque envolve uma tomada de decisão lançar uma carreira independente, não assinar com nenhuma gravadora, montar meu próprio selo, que, por sua vez, envolve muita coisa além da música, e sou eu que faço tudo, sabe? Então, lidar com tudo isso ao mesmo tempo de criação da empresa, burocracia na França, criação das músicas, chefe de projeto pra produção executiva e fazer tudo acontecer, demandou muito de mim, e eu achava que eu não seria capaz. Mas tá tudo dando certo, e eu vi que sou muito capaz disso. Eu tinha certeza dessa minha potência como chefe de empresa e como artista, e durante o processo eu fui percebendo que eu realmente sabia fazer as coisas e que foi bom eu ter insistido em algumas coisas, porque, nossa, foram dois anos de provações pra mim mesma. A gente sabe internamente que é capaz de fazer, mas muita gente no mercado duvidou, principalmente por ser uma mulher sozinha fazendo todo o trabalho, sabe? As pessoas não acreditam muito, ficam te colocando em testezinhos pra ver se você tem certeza das coisas, aí você passa por chata e tal, mas enfim, valeu muito a pena.
Que ótimo! Fico muito feliz com isso. E você está com esse selo há muito tempo?
Gabriella Lima: Não, foi tudo junto: mix, master, produção, captação de clipe e abertura de empresa. Loucura, doida (risos). O selo foi inaugurado no final de outubro, um mês antes de eu lançar o primeiro single. Então, já abri empresa tendo que fazer contrato com os artistas, os músicos da gravação… enfim, esses meses de outubro e novembro foram uma loucura! Ainda mais o lançamento do primeiro single com a Vanille, porque ela é não uma artista independente, diferente de mim, ela é assinada com uma major universal, editor e tal. Então foi um trabalho enorme lançar essa colaboração que eu não tinha noção, eu só queria fazer música com a minha amiga, sabe (risos). Envolve contrato, advogado, validar, negociar os royalties pelos direitos autorais… e não deu certo gravar o segundo clipe; foi muito dinheiro gasto dando errado. Aí foi gravar o segundo clipe, preparar a comunicação do lançamento e continuar gravando as outras músicas porque tinha o disco inteiro pra lançar. Tudo ao mesmo tempo e o inverno chegando, foi uma loucura, eu entrei em colapso. Mas foi bom, porque esse primeiro lançamento foi o mais difícil, então cada desafio que eu passo eu penso “nada vai ser mais complicado que o primeiro lançamento”. E ninguém nem imagina, porque eu tô sempre com um sorriso daqui até aqui, mas por dentro, eu estava uma pilha.
E qual é o nome do selo mesmo?
Gabriella Lima: Biela, que é como a minha avó me chamava. Biela de Gabriella.
Eu até tentei colocar Biela como meu nome artístico, mas eu não me identificava assim. Aí virou o nome do meu selo.
Fica uma coisa mais afetiva, né.
Gabriella Lima: Exatamente.
Eu sei que o selo é super recente, mas tem algum outro artista já que faça parte ou esteja em vias de?
Gabriella Lima: Por enquanto não. É um objetivo sim, no futuro, porque cada vez mais eu estou aprendendo que o coletivo é muito mais forte que o individual. É algo muito mais poderoso e com mais propósito, mas eu ainda tenho muito pra aprender. Deixa eu errar bastante comigo mesma, porque eu tenho horror de errar com os outros (risos). E isso é um prazer pra mim, antes de tudo, mas por enquanto eu não estou pronta pra lidar com as expectativas e frustrações de outros artistas. A vida é longa, o projeto é longo e é um objetivo futuro sim trabalhar com outros artistas.
Não, você está certíssima! Muitos aprendizados com certeza vão vir ainda. E Gabi, pra finalizar a nossa conversa, o que mais a gente pode esperar de “SABOR SOLAIRE” pra 2025? Talvez mais clipes, shows, uma turnê, quem sabe uma vinda aqui para o Brasil…
Gabriella Lima: Exatamente tudo isso! (risos). Têm dois clipes ainda pra serem lançados e talvez um terceiro…
Um deles vai ser dar bônus track talvez?
Gabriella Lima: Esse é o talvez! Não foi gravado ainda, mas agora vamos ter em breve o lançamento da nossa música de trabalho, que já teve o clipe gravado, estamos finalizando as edições. Dois clipes já foram lançados até agora, e talvez tenha um terceiro e um quarto clipe, que eu não vou falar ainda, mas que foi gravada numa praia do Brasil, com uma câmera analógica que teve o filme mandado pra Nova York pra revelar… uma coisa linda! Talvez o terceiro clipe seja da bônus track, mas ainda não sei. Agora eu vou fazer alguns shows aqui pela França, mas em junho eu pretendo ir pro Brasil fazer uma mini turnê, com umas quatro datas nas minhas cidades favoritas: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e ainda estou negociando ainda uma data em Belo Horizonte.
Ai, que delícia! Faz muito tempo que você não vem pra cá?
Gabriella Lima: Não, eu fui em janeiro desse ano. Terminei de gravar o disco no Rio de Janeiro e tô sempre por aí, sempre arrumando uma desculpinha pra voltar (risos).
Tá certo, pô! Quando você vier aqui pra São Paulo, estarei presente no show, com certeza. Gabi, muito obrigada pela nossa conversa! Tomara que a gente se fale mais vezes e se encontre quando você vier pro Brasil!
Gabriella Lima: Brigadão, Nat! Amei fazer essa entrevista com você e vou adorar te encontrar!
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