Entrevistamos Hurricanes sobre Best of Blues and Rock

Hurricanes
Foto: Divulgação

A banda Hurricanes se prepara para mais uma grande etapa na carreira com o show no festival Best of Blues and Rock, marcado para o próximo domingo (15). O grupo se apresenta ao lado de fenômenos como o Judith Hill e Deep Purple, que também é uma das inspirações sonoras dos integrantes.

Esta não é a primeira vez que Hurricanes divide o palco com gigantes do rock. Em 2023, mesmo ano de lançamento do primeiro disco, eles abriram o show da banda estadunidense The Black Crowes, no Espaço Unimed (São Paulo). Em comemoração a esse feito, o Nação da Música conversou com Leo Mayer, integrante e um dos membros fundadores do grupo, sobre a história da banda e as expectativas para o Best of Blues and Rock.

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Entrevista por Isabel Bahé.

————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Como surgiu a banda? Eu sei que você é um dos membros fundadores, e a banda já existe há um tempo, né? Queria que você falasse um pouquinho sobre essa história.
Leo Mayer: Claro. É, então, a banda surgiu em 2016, lá em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, por mim e pelo Rodrigo, o vocalista. Na época, eu estava produzindo um trabalho dele, mais folk. Mas já tinha essas influências dos anos 60 e 70, sabe? Influências de Neil Young, Bob Dylan, Nick Drake, umas coisas mais do folk mesmo. E, num determinado momento, ele mandou um Led Zeppelin, cantou a capela, e eu falei: “Pô, legal, cara! Vamos fazer uma banda, vamos tocar essas coisas aí.” Aí, a gente começou a demonstrar essa afinidade também com o rock and roll, não só com o folk, né? E surgiu bem assim, bem despretensiosamente.

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Primeiro, a gente levou um som, depois partimos para a parte burocrática de nomes e outras questões. A banda surgiu bem nessa vibe de jam. Eu estava trabalhando muito em estúdio, produzindo, e lembro que uma das coisas que eu falei foi: “Ah, vamos fazer, mas eu não tenho como ensaiar. A gente vai ter que montar um repertório que todo mundo toque.” Eu estava bem animado, obviamente, e falei: “Vamos montar um repertório dos anos 70, a gente vai para o bar, toca, faz jam, improvisa e tudo mais.”

E deu super certo. A afinidade do grupo todo, desde lá de Santa Maria, foi muito boa, e seguimos com essa característica de ser uma banda mais espontânea, com raízes no jam, no improviso, no volume alto. Enfim, entre 2018 e 2019, a gente arriscou vir para São Paulo. Só eu e o Rodrigo viemos: o baterista e o baixista ficaram lá, porque tinham suas bandas, compromissos e outros trabalhos.

Começamos a tocar na cena aqui em São Paulo, primeiro fazendo covers dos anos 60 e 70: Led Zeppelin, Deep Purple, Rolling Stones, The Doors, toda essa vibe. A gente tentou trazer um pouco disso, porque São Paulo sempre foi uma cidade muito roqueira e setentista, né? Sempre ouvi falar que essa cena era forte aqui, mas quando chegamos, não vimos tanto. A galera estava mais no pop-rock, nas casas de rock.

Você comentou que começaram como cover dos anos 60 e 70, e quando iniciaram a compor, já com os dois integrantes novos. Como foi essa transição?
Leo Mayer: Então, como a gente gosta muito desse estilo, é o que a gente escuta todo dia, o que a gente vive, quando fomos compor, não teve como fugir disso. Muita gente falou: “Pô, por que vocês não tentam algo ‘novo’?” Mas a gente gosta dessa vibe e quer seguir nessa linha. Claro, hoje temos tecnologia a nosso favor, conseguimos gravações melhores, fazer vídeos legais, mas a sonoridade já está na nossa cabeça.

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Não foi algo muito pensado. A gente começou a compor, e os riffs que eu levava para a banda tinham essa cara, essa vibe. As melodias vocais também, porque no fim, a gente cria o que consome. Se a gente consome isso, fica natural.

Você mencionou que o álbum “Hurricanes” veio em 2023, então foram mais ou menos sete anos desde que você e o Rodrigo decidiram formar a banda. Acredito que deve ter havido muita composição, e vocês tiveram que fazer, não exatamente uma curadoria, mas uma espécie de seleção do que entraria no disco. Como foi esse processo de composição desse primeiro álbum, que, por si só, trouxe quase sete anos de jornada de vocês?
Leo Mayer: É muito doido pensar que a gente demorou sete anos para lançar o primeiro álbum, né? Foi realmente muito trabalhoso. Tem músicas que foram escritas lá em Santa Maria, em 2017, 2018, e outras que saíram uma semana antes de a gente entrar no estúdio, sabe? A gente lançou oito faixas, mas tínhamos umas dez ou onze. Nesse processo, algumas caíram, outras entraram em cima da hora. Foi bem variado, porque tinha músicas antigas, outras muito recentes, algumas feitas em grupo, outras que o Rodrigo chegou com elas prontas, e até parcerias com outras pessoas.

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Foi uma bagunça, mas acho que o fato de ter demorado tanto foi porque a gente ainda estava encontrando nossa sonoridade, principalmente em estúdio.

A gente mesmo produziu o álbum: mixagem, gravação, tudo, então fomos muito criteriosos para encontrar o som que estávamos buscando, que a gente imaginava. Quando finalmente achamos esse som, as coisas fluíram mais. Tanto que, menos de seis meses depois do lançamento do primeiro disco, a gente já foi para o estúdio gravar o segundo. Ainda tinha uma sobra de composições, e a gente já estava mais entrosado, rolou muito fácil. Em menos de um ano, conseguimos lançar o segundo. Tomou forma bem rápido, né?

E vocês também começaram a gravar o projeto Live Sessions com as músicas do segundo disco, né? Mas como está sendo esse processo de testar as músicas ao vivo? Como está sendo essa experiência?
Leo Mayer: Ah, tá sendo muito legal. Como eu falei, em 2023 lançamos o primeiro álbum, em 2024 o segundo, e agora, em 2025, entramos nessa vibe de gravar versões ao vivo. Surgiu dessa necessidade: tem gente no Sul, no Nordeste, até fora do Brasil, que não consegue nos ver ao vivo com frequência. A gente até roda alguns shows, mas ainda é muito restrito a São Paulo. Muita gente falava: “Pô, queria assistir vocês ao vivo com qualidade, um show completo.”

Aí, esse ano, a gente decidiu: “Vamos lançar uma música por mês.” Em termos de internet, até que é pouco, mas, para o nosso ritmo, já é bastante coisa. A gente vai para o estúdio, grava versões diferentes, porque a banda é muito de palco, né? Ao vivo, a gente muda os arranjos, tem aquela coisa da jam, que sempre traz algo novo. Queríamos levar essa experiência com boa qualidade para o YouTube.

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A meta era lançar uma música por mês, mas agora, com o show do Best of Blues and Rock, a gente decidiu fazer diferente: ao invés de uma por mês, vamos lançar três músicas de uma vez, numa sessão inteira, com começo, meio e fim, já com os arranjos diferentes também.

Você mencionou que a banda começou e mantém essa pegada de jam, do improviso. Mas como é o processo de composição de vocês? O jam entra nisso? Vocês se reúnem e criam juntos, ou cada um faz sua parte e depois junta tudo?
Leo Mayer: É, tem músicas que chegam mais prontas, tipo já com estrutura definida, mas o processo de levar pra banda sempre muda tudo. Mesmo que eu chegue com uma música “acabada”, quando a galera começa a tocar, a gente vai pra outros caminhos. Criamos novas ideias, porque, mesmo tendo as mesmas referências (os quatro do núcleo da banda), cada um puxa pro seu lado.

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Às vezes, tô pensando numa música leve, e o Moraes mete uma bateria pesada. Ou o Rodrigo suaviza uma ideia que eu tava afiando. Se você comparar as demos com as versões finais, são bem diferentes. A banda abre espaço pra improviso, novos grooves… É orgânico, nada robotizado. A gente ensaia no nosso porão, que inclusive deu nome ao segundo disco (“Back to the Basement”). Adoramos a energia de lá. É diferente de um estúdio profissional: a gente chega, varre o chão, monta o setup e fica o dia inteiro tocando. É nesse clima que as coisas fluem.

Falando agora dos shows, do Best of Blues and Rock… Como foi receber a notícia de que vocês vão tocar em um dos maiores festivais? E como está sendo a preparação para o show?
Leo Mayer: Bom, quando rolou o convite, foi inacreditável, maravilhoso. A gente ficou muito animado, mas aí a gente não sabia com quem ia tocar, né? Fomos convidados para o festival, e nos disseram: “Vocês vão tocar no dia 15 de junho, beleza.” Depois, nos chamaram para um pocket show de anúncio do line-up. Imagina o nervosismo! A gente tocou lá, levou um som, e na Avenida Paulista (Consolação com Paulista) projetaram o line-up. Quando a gente viu Deep Purple no mesmo dia que o nosso… foi inacreditável, cara. A gente não dormiu naquela noite. Maravilhoso, e ainda não estamos acreditando, né?

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Mas a preparação tá tranquila, assim. Não estamos fazendo nada além do normal, sabe? Ensaiando, levando o time completo, que eu acho que vai ser o diferencial desse show. Vamos tocar músicas dos dois discos (não todas, porque o tempo é curto), e tem uma surpresinha que ainda estamos estudando. Mas, no geral, tá tranquilo. Acho que o surtão vai vir dois dias antes, porque, por enquanto, ainda tá naquela vibe: “Ah, vamos tocar no mesmo festival que o Deep Purple, beleza, mesmo backstage…” Mas quando chegar um dia antes, a ficha vai cair. Vou ficar insuportável! (risos) É um sonho realizado, total.

Com certeza! Pra fechar, queria saber dos planos de vocês. Tão nos shows, mas já tão compondo? Pensando em projetos futuros? Como tá o calendário?
Leo Mayer: Sim! Como eu falei, 2025 tá focado nessas live sessions e em captar a energia dos shows ao vivo, além dos dois álbuns. Mas já começamos a compor o terceiro disco. Tô vasculhando as gravações do celular, filtrando ideias, trocando com a galera. A meta é entrar no estúdio no final do ano (novembro/dezembro) pra lançar algo inédito em 2026. E, claro, levar esse show pra mais lugares possível.

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Isabel Bahé
Isabel Bahéhttps://linktr.ee/isabelfbahe
Estudante de jornalismo e bibliófila que respira músicas.