Entrevistamos Kieran Shudall, do Circa Waves, sobre o álbum “Death & Love Pt. 1”

Circa Waves Polocho
Créditos: Polocho

No dia 31 de janeiro, o Circa Waves lançou seu novo álbum “Death & Love Pt. 1”, com 9 faixas inéditas (incluindo as já conhecidas “We Made It”, “American Dream” e “Like You Did Before”). Apesar da banda ter suprido a avidez dos fãs por novidades em 2023 com o álbum “Never Going Under”, o novo trabalho tem um significado mais profundo.

Isso porque, no início de 2023, o vocalista Kieran Shudall, descobriu um problema cardiovascular decorrente da obstrução de sua artéria principal. Diante de um cenário fatídico com a possibilidade de deixar toda uma vida, carreira e família para trás, Kieran transformou este momento em composições que resgatassem uma parte muito importante de sua vida: o motivo que o fez querer pegar numa guitarra e fazer música.

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Na época do lançamento de “We Made It”, a Nação da Música entrevistou o vocalista do Circa Waves, Kieran Shudall, sobre as inspirações para as composições da primeira parte de “Death & Love”, spoilers sobre a próxima parte e o se podemos esperar uma vinda da banda para o Brasil.

Entrevista por Natália Barão
————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Oi, Kieran! Como você está?
Kieran Shudall: Oi, Natália! Estou ótimo, e você?

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Tudo certo também! Onde você está?
Kieran Shudall: Estou na minha casa em Liverpool.

Ah, que ótimo! E como está o tempo por aí?
Kieran Shudall: Está bom, não muito quente, mas ensolarado. Está bem agradável. 

Esses são os melhores dias! Mas falando de música, no final de setembro, o Circa Waves lançou o novo single, “We Made It”. Agora, basicamente um mês após o lançamento, como você se sente em relação à recepção do público?
Kieran Shudall: Achei muito boa. Nós não fizemos muitos shows desde que lançamos, então não sei, visualmente ou em um ambiente de show, como as pessoas vão reagir. Mas, online, parece estar muito bom. Eu não sei, não presto muita atenção no que acontece online, se posso evitar (risos) mas parece positivo. Eu gosto da música, então estou feliz com isso.

E isso é o que importa, certo?
Kieran Shudall: Exatamente (risos).

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Eu, pessoalmente, adorei a música e a sonoridade. Assistindo o clipe, achei muito interessante (pelo menos na minha percepção) como a flor tem um tipo de simbolismo e até faz uma analogia com o título do novo álbum: com a morte na primeira cena, quando você pega a flor do chão, e com o amor, quando você a coloca em um arranjo na mesa com aquele homem. Você acha que talvez amor e morte possam ser conceitos relacionados?
Kieran Shudall: Talvez. A morte e o amor realmente parecem conectados de muitas maneiras. Acho que pelo fato da morte ser sempre cercada por perder alguém que você ama, nesse sentido, sempre estará conectada com o amor. Muito do álbum foi escrito sobre mim, sobre alguns problemas de saúde que eu tive, então, também foi sobre lidar com a possibilidade da morte, sair do outro lado e perceber o quanto eu sentia amor pelo mundo, pelas outras pessoas, pela família, pelos amigos, pelo meu filho, minha esposa e minha banda.

Sim, eu vi que este álbum tem um significado especial pra você por causa da cardiopatia que você teve no ano passado. E imagino que tenha sido um momento muito difícil. Agora que está tudo bem, qual é a sua visão sobre essa experiência? Talvez uma reflexão, algum aprendizado?
Kieran Shudall: Eu só tenho uma maior apreciação pela vida e pela música. Acho que você pode meio que vagar pela vida e se acostumar com ela, e agora me sinto muito feliz por poder fazer discos, tocar em shows e estar com minha família.

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E essa faixa “We Made It” estará no novo álbum do Circa Waves, “Death & Love Pt. 1”, que será lançado em 31 de janeiro de 2025. Me parece implícito que haverá mais partes… como surgiu a ideia de dividir o álbum assim?
Kieran Shudall: Acho que havia muitas músicas para colocar em um único álbum. Tinha umas 20 músicas e estávamos tentando encaixar todas. E também fizemos isso para poder alongar a turnê, fazer outra no próximo ano e tal. As pessoas consomem música tão rápido agora, sabe, assim que o álbum sai, elas já estão tipo, “pronto, acabou”. Então queríamos ter outro álbum pronto para lançar e falar tipo, “aqui está o próximo”. Então, foi meio que para tentar algo novo, espero que funcione.

Com certeza vai! E dentre as nove faixas que estarão na parte um, alguma tem um significado especial para você?
Kieran Shudall: Muitas delas… têm algumas sobre minha esposa e meu filho. Tem uma faixa chamada “Blue Damselfly”, que é sobre minha esposa e que, quando eu descobri que tinha essa condição cardíaca e pensei que poderia deixá-la pra trás com o meu filho, basicamente, a ideia foi dizer que eu sabia que ela era forte o suficiente pra seguir em frente sem mim, porque ela é uma pessoa forte e eu não sou tanto quanto ela. Essa é uma faixa bem triste, mas com uma mensagem bonita. Mas sim, há muitas músicas que significam bastante para mim neste álbum.

Eu também fiquei muito intrigada com o tipo de campanha que vocês estão fazendo, promovendo a interação dos fãs para enviar uma foto com o adesivo exclusivo “I voted Circa Waves American Dream” e vocês revelarem algo sobre o próximo single, que presumo que será “American Dream”. Então, talvez você possa me contar algo sobre isso?
Kieran Shudall: Bem, sim, “American Dream” é o próximo single (risos), e é muito sobre quando fomos pela primeira vez para os EUA, com a ideia de perseguir o sonho americano e o que eu pensava que era o sonho americano, tipo que a banda seria imediatamente um sucesso nos EUA… e isso simplesmente não aconteceu (risos). Então, é sobre essa decepção e perceber como seria difícil ter sucesso, mas também sobre a ideia de que o sonho americano é transferível para muitas coisas na vida; essa ideia de conseguir e pensar que você será feliz quando conseguir. Mas sempre há algo mais que queremos alcançar, sabe?

Pensando nesse conceito do sonho americano, que é algo mundial, o que você diria que é o seu “sonho americano” que se tornou realidade?
Kieran Shudall: Acho que o fato de eu ter uma casa, uma esposa, um filho e estar prestes a ter outro (filho) em duas semanas é muito bom para mim, é uma grande conquista. É algo que eu não sabia se teria algum dia: uma casa, uma esposa e filhos; é algo muito adulto. E ainda estar em uma banda e fazer tudo isso, conseguir conciliar a vida e ainda ter amigos e tudo mais… sinto que mantive tudo e mantive tudo bem unido, e isso pode parecer um sonho muito “chato”, mas eu amo, sabe? Amo ter uma casa, poder escrever músicas todos os dias, ver meu filho todos os dias. Isso é felicidade pra mim agora, além de todo o resto, como tocar em shows, que é um bônus. É muito legal, sou muito grato por poder fazer isso.

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Eu não acho isso nada chato. Eu sonho com esse sonho, na verdade (risos).
Kieran Shudall: Que ótimo (risos)! Estou feliz por ter chegado a esse ponto.

Mas agora, falando da sonoridade de “We Made It”, podemos perceber guitarras muito marcantes, num estilo bem indie rock inglês. Eu li que as melodias trazem de volta uma nostalgia que foi o que te inspirou a tocar guitarra. Que tipo de nostalgia é essa, pensando em artistas ou bandas?
Kieran Shudall: É o que eu sempre amei ouvir quando estava crescendo, aquela cena de Nova York dos anos 2000, como The Walkmen, The National, Yeah Yeah Yeahs, The Strokes. Guitarras cruas, baterias caóticas e shows suados. Isso é tudo que eu amava (e ainda amo), e era a vibe que eu queria criar.

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Estava curiosa se você mencionaria talvez o Robbie Williams, porque vi que no ano passado o Circa Waves tocou um cover (que eu gostei muito, inclusive) de “Angels” no Triple J.
Kieran Shudall: Sim, nós tocamos. Eu sempre gosto de tentar transformar uma música pop em algo mais indie, já fizemos isso algumas vezes. E, sim, o Robbie Williams é ótimo, não dá para criticar.

Ele é ótimo mesmo! E eu vi que no ano passado vocês completaram dez anos de carreira e lançaram o álbum “Never Going Under”. Então, na sua opinião, qual álbum do Circa Waves representa melhor essa jornada? Poder até ser o “Death & Love”.
Kieran Shudall: Hm, acho que “Death & Love” é o ápice de tudo que estamos trabalhando. É aquele som indie cru, mas tem emoção, foi feito para ser tocado ao vivo. Acho que é semelhante ao início, à primeira ideia do que era o Circa Waves, mas é mais refinado, mais maduro e mais interessante. Então eu diria que “Death & Love” é o álbum.

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E, pra encerrar nossa conversa, o que mais podemos esperar da era “Death & Love” como um todo? Talvez um spoiler sobre quando a parte dois será lançada, ou talvez uma passagem pelo Brasil após a turnê na Europa?
Kieran Shudall: Nós adoraríamos ir ao Brasil. É algo que conversamos desde o início da banda.

Vocês já vieram ao Brasil?
Kieran Shudall: Nunca fomos! Sempre perguntamos aos nossos managers, mas eles nunca conseguem um show para nós aí, então não sei. Acho que “Death & Love Pt. 2” será lançado provavelmente em 2025, talvez em junho, não me lembro. Mas acho que esse segundo álbum é um pouco mais pop, mais direto, com baterias mais marcantes e coisas assim. Espero que as pessoas gostem.

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Tenho certeza que vão! Kieran, muito obrigada pela nossa entrevista! Adorei conversar com você e espero que vocês realmente venham ao Brasil!
Kieran Shudall: Obrigado você, Natália!

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Natália Barão
Natália Barão
Jornalista, apaixonada por música, escorpiana, meio bossa nova e rock'n'roll com aquele je ne sais quoi