Reconhecido por seu compromisso com a diversidade e inclusão, La Cruz usa sua plataforma para promover uma representação ampla das normas tradicionais de gênero. Ao longo de sua carreira, ele tem trabalhado com produtores e compositores de renome, e este EP contou com talentos como Gio Producer, CAME on the Beat, e outros grandes nomes da música latina.
Juntamente ao lançamento de “El Nene”, La Cruz veio ao Brasil para uma participação no show da cantora Luísa Sonza para performar a colaboração “Rough”. Durante sua vinda, o cantor conversou com o Nação da Música sobre sua formação como artista e o recente lançamento.
————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Como você começou a trabalhar com música?
La Cruz: Bem, meu interesse pela música começou desde cedo, ainda criança. Sempre senti essa faísca pela arte, então na escola eu estava sempre participando dos corais, das apresentações e eventos. Na adolescência, continuava a me envolver, participando de festivais e dando o meu melhor. Minha família reconheceu esse interesse e tentou me orientar no caminho da música. Comecei a fazer aulas de canto e a trabalhar em músicas desde pequeno, e isso só alimentava mais meu sonho de fazer parte do mundo da música.
Quando fiz 15 anos, tive a oportunidade de abrir o show de alguns artistas muito conhecidos na época, e lembro da experiência de sentir a euforia do público bem de perto. Pensei: ‘Uau, quero fazer isso pelo resto da minha vida. Como posso conseguir?’ A partir daí, decidi seguir firme com meus sonhos.
Mesmo quando precisei deixar a Venezuela e me mudar para a Espanha, onde morei por sete anos, continuei com a música no meu caminho, apesar de precisar fazer outros trabalhos para me sustentar. Mas a música nunca deixou de estar presente; sempre participei de testes, sempre buscava uma chance, e graças a Deus, as oportunidades foram surgindo.
Como você se descreveria como artista?
La Cruz: Eu me descreveria como um artista sem limites para minha criatividade. Sinto que fluo livremente com o que quero expressar no momento. Também me vejo como alguém em constante mudança, então não sou a mesma pessoa que era dois anos atrás e também não serei a mesma pessoa daqui a dois anos. Gosto de evoluir conforme as fases da vida, buscando fazer coisas que estejam alinhadas comigo e que permitam que o público se identifique. Então, para mim, é um processo de fluir com o tempo e expressar quem sou e o que sinto a cada etapa.
Agora, encontrei um espaço interessante na música urbana. Já faz alguns anos que venho trabalhando com produtores do gênero, porque é algo que ressoa com a minha geração. Geralmente, no estúdio, trabalhamos em equipe, e eu acabei me apaixonando pelo estilo. Tenho uma forte influência do reggaeton também, então, nesta fase, é esse ritmo que predomina nos meus projetos musicais.
Falando sobre os produtores de música urbana, realmente nos últimos anos tenho trabalhado bastante com eles. Apesar de estar mais imerso na música urbana agora, não me prendo a um único estilo. A qualquer momento, posso explorar algo mais acústico, o que também amo, especialmente estilos mais lentos.
E por que você escolheu o gênero do reggaeton para trabalhar? Há uma razão especial?
La Cruz: Bom, sim, tenho uma grande influência do reggaetón. Gosto muito da música de artistas como Arcángel e David Queen, que sempre trazem algo diferente, e eu admiro bastante isso.
Ao me envolver com produtores de reggaetón, percebi que essa é uma faceta minha também. Eu adoro sair com meus amigos e fazer as pessoas dançarem. Então, nessa fase da minha vida, quero focar em criar músicas que animem a galera e façam todos se mexerem.
Você descreveu seu novo EP, “El Nene” (2024), como uma dedicação ao seu “eu” interior. Como chegou a essa epifania e decidiu que esse seria o propósito do seu novo trabalho?
La Cruz: Bom, para esse projeto, decidi trabalhar da forma mais livre possível. Sou apaixonado pela liberdade e gosto de me expressar do jeito que quero. Sempre estive rodeado de pessoas que aceitavam essa minha forma de ser, então o projeto carrega essa característica bonita: cada pessoa que o escuta percebe algo único nele, e isso tem a ver com poder contar minhas histórias.
Conto minhas histórias de amor, histórias do cotidiano e de tudo que vivencio, mas com uma perspectiva diferente, porque canto sobre o amor de um jeito próprio. Canto sobre experiências pessoais com outros rapazes, o que torna o projeto autêntico e livre. Ao criá-lo, queria dar essa liberdade ao meu “eu” mais jovem. Basicamente, trouxe para ele tudo o que me faz feliz, porque sei que levá-lo para uma turnê ou a uma entrevista e poder falar com o mesmo entusiasmo com que criei as músicas no estúdio é incrível, sabe? De certa forma, esse projeto é dedicado a todos que, assim como eu, às vezes esquecem do seu “eu” mais jovem, que ainda está lá, esperando ser lembrado.
O que você realmente espera que seus fãs, ou quem escuta seu EP, entendam? Qual é a mensagem que você quer que essas pessoas levem do álbum?
La Cruz: Uau, acho que a primeira mensagem é se divertir ao ouvir, poder dançar e aproveitar com os amigos e a família. E, em segundo lugar, mostrar que os sonhos podem se tornar realidade e que devemos viver livres, sendo exatamente quem somos. A autenticidade te leva longe, e esse é um ingrediente essencial no “El Nene” (2024).