Entrevistamos Lagum sobre novo single “Curva da Ladeira”

Lagum
Foto: Breno Galtier/ Divulgação
A banda Lagum lançou na última quinta-feira (07) seu mais novo single, “Curva da Ladeira”, nas plataformas digitais de áudio. A música é o primeiro projeto da banda desde a divulgação do disco “DEPOIS DO FIM”, e marca o retorno da parceria com o produtor Paul Rufus.
Juntamente ao lançamento do single, Lagum divulgou em seu canal oficial do YouTube o videoclipe da música, que segue a rotina de um cachorrinho caramelo no Rio de Janeiro. O Nação da Música conversou com os integrantes Pedro Calais, Francisco Jardim, Jorge Borges e Otávio Cardoso sobre o processo criativo de “Curva da Ladeira”, mudanças que aconteceram neste ano e planos futuros.

Entrevista por Isabel Bahé

————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Qual é o conceito por trás do clipe novo?
Pedro: O clipe do “Curva da Ladeira” retrata o dia de um cachorro vira-lata caramelo perdido pelas ruas do Rio de Janeiro, que ganha liberdade através da nossa banda. A narrativa do vídeo se desenrola sob o ponto de vista do cachorro, misturando seu instinto animal com características humanas. Durante o clipe, a gente colocou o cachorro jogando baralho, apostando no jogo do bicho e até comprando milho na praia. Fizemos uma fusão criativa entre o que um humano faria e o que um cachorro faria. A música reflete esse instinto de vira-lata, aquela vontade de sair e curtir a vida, meio que o “sextou”, simbolizado por um cachorro caramelo pelo Rio de Janeiro.

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Eu adorei a escolha de vocês pelo cachorro caramelo! Acho que ele tem um grande simbolismo, pois representa muito sobre a nossa identidade, principalmente nas redes sociais de hoje, o cachorro caramelo é uma figura que se conecta com muitos brasileiros. Mas por que vocês optaram por ele para esse videoclipe?
Pedro: Olha, eu vou ser bem sincero com você. A gente entrou em contato com uma agência especializada em cães adestrados para o clipe, mas só nos mandaram a foto de um cachorro caramelo [risos]. Poderia ser o Estopinha também, que é um cachorro bem bacana, mas queríamos um vira-lata, sabe? Porque o vira-lata tem aquele jeitinho esperto e malandro. Aí acabou sendo o caramelo, que é o queridinho do Brasil. Usamos um focinho falso e uma patinha falsa, que tivemos que criar para conseguir fazer a cena como a gente tinha imaginado. No final, ficou ótimo.

Como aconteceu o processo criativo para o “Curva da Ladeira”? Eu me lembro que, no ano passado, vocês lançaram os projetos “DEPOIS DO FIM” e “FIM”, cujos títulos indicam bem o conceito. Agora, com o “Curva da Ladeira”, o som mudou bastante. Como se deu essa transformação sonora? Qual foi o caminho para chegar a essa nova proposta?
Jorge: Eu acredito que esse processo aconteceu de maneira natural. Como você mencionou, começamos com o EP “FIM”, depois lançamos o disco após esse período, e em seguida tivemos o nosso show gravado em São Paulo, que, por sinal, está indicado ao Grammy. Esse foi um momento importante para marcar a fase em que passamos a ter um espaço fixo, um estúdio onde nos reunimos quase todos os dias. Nesse local, tocamos, ensaiamos, criamos músicas e fazemos reuniões.

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De forma orgânica, tudo se encaixou para que criássemos uma música mais energética, com uma forte presença da parte rítmica, da bateria e da base, que são fundamentais nas nossas composições. Queríamos trazer uma sonoridade de banda, algo que, hoje em dia, vemos cada vez mais raro, já que muitas bandas e artistas estão se tornando uma espécie de extinção. Acho que todo esse movimento culminou na criação da nossa trajetória musical, com um caminho claro.

Você mencionou o estúdio que vocês inauguraram recentemente, certo? Podem contar um pouco mais sobre como esse novo ambiente tem influenciado o trabalho da banda e impactado o desenvolvimento deste projeto?
Jorge: Olha, a gente resolvia nossa vida em uma salinha de 8 metros quadrados, que hoje em dia é o espaço destinado ao merchan. Imaginem só, quatro pessoas — e às vezes até mais, com a presença da nossa equipe — nesse ambiente, tendo que lidar com questões criativas e musicais.

Chegou um ponto em que isso se tornou completamente insustentável. Afinal, não somos uma empresa de marketing, nem uma loja. O nosso produto é música, e a forma de resolver nossos desafios é através de instrumentos, ensaios, tocando e aproveitando as ideias à medida que surgem.

No começo deste ano, começamos a buscar um novo espaço. Visitamos vários lugares, e era engraçado porque alguns agradavam a uns, mas não a outros. Às vezes algo funcionava por um motivo, outras vezes não. Finalmente, encontramos o lugar ideal: o Ilhota Studios. Inclusive, postamos um vídeo no nosso canal do YouTube para que as pessoas pudessem conhecer o espaço e se sentir em casa.

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Agora, com o novo estúdio, temos a possibilidade de ensaiar, pré-produzir, gravar e captar ideias de forma muito mais eficiente. O impacto disso é imensurável — e acho que nem mesmo nós tínhamos noção de como isso seria positivo para nós, tanto como pessoas quanto como grupo.

Vocês recomeçaram a parceria com o Paul Rufus, né? Já faz uns seis anos desde a última colaboração de vocês. Como tem sido esse retorno? Além da música “Curva da Ladeira”, estão trabalhando em outras faixas com ele?
Pedro: Estamos trabalhando todo o álbum com ele, e sempre que encontramos o pessoal, é muito bom, porque o Paul é um cara cheio de referências. Ele já produziu muitas coisas, tanto no Brasil quanto fora, então às vezes a gente acha que está trazendo algo novo, uma tendência que está surgindo, e quando mostramos para ele, ele nos diz: “isso é uma referência dos anos 80”. Ele sempre tem a fonte certa para tudo.

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A primeira vez que colaboramos com o Paul foi um momento muito especial, logo depois do lançamento de “Deixa” e do single “Bem Melhor”. Foi quando gravamos o álbum “Coisas de Geração”, que tem músicas muito marcantes, como “Oi”, “Detesto Despedidas”, “Andar Sozinho” e “Chegou de Manso”. […] Agora, nessa nova fase, sinto que o Paul evoluiu ainda mais. Ele mantém esse papel psicológico importante para nós como banda, ajudando a resolver conflitos de ideias e interesses – inerente a qualquer banda – que surgem ao longo do trabalho.

O “Curva da Ladeira” chega nesta sexta-feira, e queria saber sobre os planos para o futuro. Vocês já estão preparando um novo disco? O que está por vir?
Pedro: Estamos totalmente focados em concluir a turnê, que tem sido um marco importante para nós. Durante essa jornada, conseguimos alcançar lugares onde nunca havíamos estado antes, superando nossos próprios recordes. Vamos encerrar essa turnê com shows na Europa em março do ano que vem, e até lá, teremos o lançamento de “Curva da Ladeira”, que fará parte do nosso repertório durante esse período.

Como bons brasileiros, a gente sabe que o ano de verdade só começa depois do Carnaval, não é? [risos] Então, temos um grande projeto para o Carnaval, “Lagum na Avenida”, que acontecerá em março. Após levarmos esse projeto para as ruas, começaremos oficialmente nosso novo ciclo com o lançamento de músicas e uma turnê inédita. Por enquanto, estamos aqui, celebrando o que já conquistamos.

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Isabel Bahé
Isabel Bahéhttps://linktr.ee/isabelfbahe
Estudante de jornalismo e bibliófila que respira músicas.