Em meados de outubro, a cantora e compositora mineira Luiza Carmo, divulgou nas plataformas digitais o EP visual “Sublime Live Sessions” que foi gravado no Teatro Municipal Casa da Ópera, em Ouro Preto (MG). O trabalho conta com 5 faixas no total e o audiovisual foi gravado todo em plano sequência.
A Nação da Música entrevistou Luiza Carmo sobre o conceito do EP, as gravações no Teatro e também sobre as referências musicais que ela carrega.
Entrevista por Marina Moia.
————————-Leia a íntegra:
Olá, Luiza! Obrigada por falar com a Nação da Música! O projeto “Sublime Live Session” traz uma mistura do profano e do sagrado. Como você traduz esses conceitos nas suas músicas e na sua performance ao vivo?
Luiza Carmo: Eu acho que as músicas do “Sublime” já acabaram trazendo muito isso. Muitas delas, talvez até especialmente “Devota Beata”, falavam muito sobre essa questão do desejo e a forma como a gente assume isso pro mundo e pra gente mesmo, principalmente do ponto de vista feminino. Acho que as músicas do “Sublime” já abordavam muito isso. Tanto no figurino como no cenário, a escolha de ambientação, com o teatro, com a arquitetura barroca e escolha um pouco mais dramática que a gente fez no cenário e no figurino, achei que acabou traduzindo bastante isso também e é o que a gente busca ao vivo também.
Ao reinterpretar canções de Rita Lee e Gal Costa, como você busca manter a essência original enquanto imprime sua própria identidade nelas? Que elementos você considera essenciais para isso?
Luiza Carmo: Boa pergunta! Eu acho que eu me atenho muito à letra das interpretações, sabe? E como interpretação é uma coisa muito livre, a gente acaba imprimindo muito da gente, da forma como a gente interpreta, com certeza. Acabo puxando um pouquinho o gancho, por exemplo, na Rita como a minha interpretação dela, muitas vezes, no tom que interpretei, mais debochado, mais lúdico até, em momentos, e na visão que eu tenho dela. E com certeza me ative muito às letras pra fazer isso.
Já a Gal, acho que é um esquema muito parecido, na minha cabeça. Tenho uma interpretação dela de uma voz muito forte, poderosa, e eu acho que eu trouxe um pouquinho disso pra interpretação. Até porque a “Sublime”, que eu cantei, que foi uma música que ficou popularizada na voz dela, tem uma letra muito enfática, muito forte, então acho que foi o critério que eu atribuí, nessa hora.
A gravação em plano sequência traz uma narrativa única ao seu projeto. Como você decidiu como cada música se conectaria visualmente, e que mensagens você quis passar com essa abordagem?
Luiza Carmo: A gente pensou em trazer uma leveza com o plano sequência e uma ideia de continuidade, fluidez. A gente pensou muito na narrativa de uma música terminando na outra e abordando mesmo o tema geral. “Se isso é amor” abrindo, que tem aquela guitarra no começo, mais enfática, e depois pra “Xuxuzinho”. A gente foi quebrando a narrativa também com o cenário, com o espaço. A primeira cena com a abertura das cortinas e a banda em cima do palco e na segunda já começando a transitar mais dentro do teatro, começando do ponto de vista da plateia. E a última música, “Devota Beata”, fazendo essa volta no cenário e voltando ao palco. “Devota Beata” é uma música que é quase um grito, né? É muito forte e aborda muito essa questão da liberdade feminina, então ela teve mais deslocamento, mais movimento, e como ela é a música que encerra, a gente acaba ela no palco, retornando, e a cortina fecha. Foi bem essa ideia de uma construção, uma narrativa acontecendo por trás.
Em “Devota Beata”, você toca em temas de devoção e liberdade. Como você lida com a dualidade entre se entregar ao amor e manter a autonomia pessoal nas suas letras?
Luiza Carmo: Essa pergunta também é muito legal porque quando a gente fala dessa autonomia pessoal, eu nunca senti a falta disso em mim num relacionamento e acho que ninguém deveria, por mais entregue que a gente seja ao outro. O interessante dessa abordagem em relação à “Devota Beata” é justamente isso, que sinto essa devoção. Essa música acaba falando muito sobre devoção sim, em parte, a um par romântico, mas muito mais sobre nossa devoção a nós mesmos, ao nosso próprio desejo, à nossa própria vontade, à nossa própria liberdade de sentir e à nossa própria liberdade de assumir isso, assumir a nós mesmos. É muito legal que ela caminha muito mais para esse sentido pessoal e de autoanálise do que necessariamente pelo outro.
Como você acredita que a presença de mulheres na música impacta a sua composição e a cena musical como um todo, especialmente no Brasil?
Luiza Carmo: Eu percebo assim, falando por mim, que eu consumo quase só artistas mulheres. Eu vejo depois no Spotify, na retrospectiva [risos]. Quando vou me referir a artistas, eu tendo muito a falar de artistas mulheres, especialmente compositoras. Não sei se é algo da sensibilidade feminina que eu me identifico mais ou que me chama mais a atenção, que me pega mais, mas é uma tendência minha que eu já reparei. Então definitivamente tem uma influência grande na minha composição porque a gente acaba sendo muito fruto daquilo que a gente consome também. Em relação à cena musical do Brasil, eu acho que as artistas femininas são fundamentais, são pilares, como todos os artistas, são essenciais. E eu acho que artistas mulheres têm uma forma de se comunicar com outras mulheres que é muito forte e poderosa, então acho que isso é vital na cena musical.
Gostaria de deixar um recado aos leitores da Nação da Música?
Luiza Carmo: Ei leitores da Nação da Música! Meu nome é Luiza Carmo. Eu sou cantora e compositora de Belo Horizonte e estou muito feliz em compartilhar com vocês esse projeto, o meu EP “Sublime Live Sessions”. Esse projeto foi parte de um sonho muito grande e eu fico muito feliz em poder lançar ele agora. Convido vocês a conferirem no Youtube e no Spotify. Um grande beijos pra vocês!
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