No início da década de noventa, quando o heavy metal era estereotipado por integrantes de cabelos compridos, jaquetas de couro e calças apertadas, o Helmet surgiu para mostrar que era possível fazer um som pesado vestindo camisetas, bermudas, bonés e usando cabelos curtos, como um mero adolescente norte-americano. Trinta e seis anos depois, nove álbuns lançados e idolatrados por fãs de metal, rock alternativo e indie rock, o grupo retorna ao Brasil para um show especial que celebra “Betty”, um dos álbuns mais aclamados da carreira e que está “trintando”.
“Vamos tocar o disco do começo ao fim sem interrupção e alguns clássicos do Strap It On, Meantime, Aftertaste, Size Matters e mais”, adianta o vocalista e guitarrista Page Hamilton em entrevista ao Nação da Música sobre a apresentação que acontece nesta quarta-feira (30) no Carioca Club, em São Paulo. “Tudo depende de como estaremos nos sentindo no dia. Vamos sentir a ‘vibe’ do show”, completa.
Lançado em junho de 1994, Betty, o terceiro álbum do Helmet, mostrou uma veia mais pop e manteve a qualidade e agressividade do disco anterior, o estrondoso Meantime (1992), no qual possui o hit “Unsung”. “Meantime e Strap It On foram gravados no mesmo estúdio e mixados por Andy Wallace, então estávamos confortáveis. Quando gravamos Betty, a banda já estava mais conhecida e tínhamos um valor maior de dinheiro para investir. Porém, não tínhamos familiaridade com o estúdio e nem com as pessoas que trabalharam conosco. Foi bem mais difícil fazê-lo”, relembra o músico.
“Agora, para esses shows comemorativos, estou reaprendendo a tocar algumas partes das músicas de Betty que não tocávamos mais. É um desafio para mim, mas também é ótimo relembrá-las e sentir o quanto soam bem trinta anos depois”, complementa Page, que não descarta uma reunião futura com a formação original da banda: “Eu amo eles (os ex-integrantes) e são ótimos músicos, porém, não mantemos mais contato. Sabe, eu nunca digo nunca e se eles tiverem interesse, estarei aberto a ouvi-los. Por outro lado, a atual formação da banda é muito consistente e faz um ótimo trabalho.”
Capa inusitada
Uma curiosidade sobre Betty é que a arte do álbum traz uma imagem vintage de uma mulher carregando um cesto de rosas e sentada em um gramado. A fotografia foi tirada em 1965 por Dennis Hallinan e intitulada “Young Woman with Basket of Flowers”, apresentando um conceito totalmente diferente das capas de discos de bandas de som pesado dos anos 1990.
“Pensamos em tentar algo diferente para a capa do disco, pois sempre fomos uma banda underground tentando fazer um som único e totalmente diferente dos outros grupos de Nova York. Não tocamos hardcore, nem punk e nem indie, mas agradamos a todos os fãs desses gêneros. Por isso, optamos por essa capa divertida. É para confundir mesmo”, conta ele sorrindo.
Ligações com o Brasil
O Helmet já esteve em nosso país diversas vezes e a música brasileira faz parte da formação de Page Hamilton. Fã de Tom Jobim, Chico Buarque, Dorival Caymmi e Elis Regina, o guitarrista afirma que no mundo não há música como a brasileira. “Para mim, que sou um fã de jazz, a MPB é uma grande inspiração e aprendo demais ouvindo-a. A música brasileira é como uma joia feita por gênios; sua harmonia é melódica e triste ao mesmo tempo. Eu amo”.
E por falar em Brasil, Page guarda alguma das melhores lembranças de sua vida – e outras nem tanto – das vezes em que esteve por aqui. “Quando tocamos em um festival na praia de Florianópolis foi incrível, pois nunca tínhamos nos apresentado para tanta gente. Tinha umas cinquenta mil pessoas [o show ocorreu no M2000 Summer Concerts, em janeiro de 1994]. Já na última vez em que estivemos no Brasil o show foi um desastre. O som do palco estava muito ruim. Não foi culpa nossa e tivemos uma das piores experiências como músicos naquele dia. Por isso estou ansioso para voltar e fazer um ótimo show. Sinto que preciso recompensar os fãs brasileiros”, diz.
Retomando ao ponto inicial do texto, em que cita o visual dos integrantes do Helmet que destoava das bandas de metal da época por ser “normal demais”, Page dá risada ao ouvir tal comparação, concorda e explica: “Nunca pensamos em se parecer ou se vestir como os nossos ídolos musicais. Queríamos ser nós mesmos e que as pessoas se identificassem conosco. Pois, o que importa é a música que você faz e não o visual que você ostenta. E acabamos sendo reconhecidos por isso. A vida é curta e precisa ser divertida. É o que tentamos fazer”.
———————- SÃO PAULO (SP)
Helmet – Turnê 30 anos de Betty em São Paulo
Data: 30 de abril de 2025 (quarta-feira)
Horário: 19h (abertura da casa)
Local: Carioca Club – São Paulo/SP
Abertura: Debrix
Ingressos: online
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