Quando a Melim anunciou a pausa nas atividades em 2023, a fanbase do trio formado por Gabi, Diogo e Rodrigo pode até ter sido pega de surpresa, mas pôde respirar aliviada ao saber que poderia continuar acompanhando novos projetos musicais dos três irmãos, agora, com o diferencial de cada um seguir com sua respectiva carreira solo.
Em outubro do ano passado, Rod Melim deu o primeiro passo de sua nova fase musical com a cativante “Mina Sereia”, que, apesar das influências no reggae, seguiu a linha pop de diversos hits da Melim – incluindo um refrão chiclete. Agora, o artista se prepara para o lançamento de “Inimaginável”, seu primeiro álbum solo que chega às plataformas digitais nesta quinta-feira (30).
Para esta primeira metade do projeto, composta por 7 faixas inéditas e totalmente autorais, o cantor resolveu presentear o público, acima de tudo: além de ter realizado uma audição antecipada para alguns fãs e para a imprensa na Roda Rico, localizada em São Paulo, nesta sexta-feira (31), também será divulgado no YouTube o clipe oficial de “Cupido”, próximo single do disco, que contou com a participação de Vitão na composição.
A Nação da Música conversou com Rod Melim sobre bastidores e curiosidades sobre os processos de composição e produção de “Inimaginável”, spoilers dos próximos lançamentos (para além do clipe de “Cupido”) e as expectativas para sua volta aos palcos com o show de lançamento oficial da nova turnê, que acontecerá no CineClube Cortina, em São Paulo, no dia 9 de fevereiro.
Entrevista por Natália Barão
————————————– Leia a entrevista na íntegra:
E aí, Rod, tudo bem?
Rod Melim: E aí, Nat? Tudo tranquilo, tudo maravilhoso!
Como você está pré lançamento?
Rod Melim: Tô animado, tô empolgado! Ainda mais que são dois lançamentos juntos: um é o do disco, dia 30, e o outro é o show de lançamento. São duas energias, apesar de serem as mesmas canções e eu não sei dizer pra qual que eu tô mais animado porque é muito bom você poder fazer algo e lançar pro mundo. Quero muito ouvir o feedback das pessoas, quero poder também eu mesmo dar play e ouvir no Spotify, porque a gente fica com aqueles arquivos ali em outros aplicativos, às vezes pessoas mais próximas pedem, enfim… e quero ter esse feedback com o show de lançamento, que é uma semana depois, e já vai estar toda a galera ali celebrando comigo.
Com certeza! Pensando que “Mina Sereia” já tinha sido lançado antes, quais são as suas expectativas pro lançamento do disco na íntegra? Ainda mais depois da audição antecipada do último domingo na Roda Rico?
Rod Melim: Pô, são as melhores possíveis! Tomei bastante cuidado de trazer um som que tivesse originalidade e alguma coisa um pouquinho diferente do que o pessoal tá acostumado, mas sem perder também o fio condutor da forma como a gente costumava entregar as músicas (na Melim). Acho que a base de fãs ajuda muito a carreira do artista e por me realizar muito no som que a Melim fazia, eu às vezes era até um dos grandes responsáveis pela produção musical e pela composição de várias faixas; gosto muito daquilo ali, é algo que faz parte de mim também. Não me senti obrigado a mudar também porque aquilo de fato me representa e acho que a gente conseguiu achar um equilíbrio.
Trouxemos em “Mina Sereia” um primeiro single com o fonograma pop, looping, beatbox, ao mesmo tempo que com uma vibe praiana e um refrão comercial que já tinha na Melim. Pensando nos nomes das faixas, temos “Inimaginável”, que tem um tom de pop rock e é uma música espacial abrangente que acabou se tornando o nome do álbum e, consequentemente, da turnê, justamente por ter um nome diferente e criativo, que pudesse causar um impacto ou uma mudança no estado emocional das pessoas. Sinto que conseguimos contextualizar todas as músicas no “Inimaginável”, trazendo imagens e coisas pra cada tema de uma forma inimaginável (risos), e que fez sentido na minha cabeça.
Justamente sobre a faixa “Inimaginável”, eu percebi que a letra fala sobre “o barco que aterriza na areia e o foguete que fica parado ali parado no céu”, e os dois aparecem nos teasers, com uma faixa escrito “inimaginável”. Achei muito interessante todo o conceito visual do álbum também pelas artes mais diferentes do Fabrício Oliveira que você postou no seu Instagram pra dar dicas sobre os nomes das faixas. Pensando na capa que você está ali sentado no que eu entendi ser a Lua, olhando pra Terra, como você descreveria o mundo de “Inimaginável”?
Rod Melim: A nossa ideia pra capa do álbum foi tentar retratar a terceira frase da música: “Imagina ir a pé até outro planeta”, só que de uma forma inimaginável. Se você olhar, eu tô sem roupa de astronauta, sentado numa cadeira de praia – no início tinha até uma prancha – e a nossa ideia era realmente mostrar como se eu estivesse na praia, mas olhando a Terra ao invés do Sol ou da Lua, que é até onde o ser humano conhece. E, ao mesmo tempo, eu trouxe uma coisa que é bonita e poética, porque se você parar pra pensar, eu tô ali, sozinho, olhando de fora pro meu mundo. Enfim, podem ter vários significados, mas o principal é trazer algo que realmente desse uma bugada nas pessoas, tipo “Que lindo isso! Mas o que será que será que ele tá na Lua ou em outro planeta?”. E acho que a gente foi muito feliz em ter chamado o Fabrício pra fazer essas artes da capa.
Fizemos o teaser e os clipes com o Gorin, que é um dos meus amigos pessoas da vida, com o Lucas Motta e o Bruno Rubim, conseguindo fazer algo com custo reduzido e entregando conceito, uma mastershot pop e uma coisa bonita e diferente pras pessoas, tanto no clipe de “Mina Sereia” quanto no de “Cupido” e nos teasers. Fiquei bem satisfeito! O Thales também, que fez os 3D, foi um querido, que se empenhou 100% para entregar exatamente o que eu queria. Por ser só uma foto, tem gente que pode imaginar que foi só juntar os elementos, fazer a arte e pronto, mas ver isso sendo feito num vídeo traz a sensação de você realmente ter estado lá. Então já contando até um spoiler, o próximo teaser vai ser da arte da capa, com a gente olhando a Terra de fora. Acho que, por ser um vídeo, ficou até mais impactante que a própria capa.
Esse vídeo é referente à faixa “Inimaginável”?
Rod Melim: Ele representa a capa do álbum, que é inimaginável por causa do nome do disco e da música. Mas como a gente conseguiu trazer todas as canções pra esse universo, a capa e o vídeo vão acabar retratando todas as músicas e vai ser mais uma pílula de divulgação pra termos conteúdos inéditos que continuem deixando as pessoas motivadas a ver e comentar os posts. Provavelmente vamos lançar mais pertinho do dia 30, falta pouco!
Falando em dia 30, spoilers, vídeos, eu vi que junto com o lançamento do álbum na íntegra vai sair também o clipe de “Cupido”, que você até comentou antes. Eu queria saber por que essa faixa foi escolhida para ganhar o clipe e se você pode dar algum spoiler!
Rod Melim: A gente vai lançar o clipe um dia depois, na parte da manhã. O álbum sai dia 30, se não me engano às 20h ou 21h, e o clipe deve sair no YouTube às 11h do dia seguinte. “Cupido” é uma música super pop, geralmente a gente tende a escolher as músicas de trabalho com uma frequência que encaixem mais nas rádios, e que tenham uma levada mais pra cima. Mas tudo pode acontecer, ainda não decidimos que vai ser essa; tudo indica que sim, mas pode ser que a gente tenha uma surpresa. Já recebi muitos feedbacks de pessoas dizendo que gostaram muito de “Inimaginável”, ou de “Vida Simples”; outros gostaram de “Aloha”.
Mas sobre o clipe de “Cupido”, a gente teve uma sacada de fazer como se a pessoa tivesse tanto tempo esperando a resposta do cupido, que foram passando as épocas. Então ele começa com uma estética completamente do passado, de 1960, e, conforme o clipe vai rolando, a gente vai mudando as épocas até chegar em 2025, onde supostamente eu encontro o cupido – mesmo não ficando totalmente claro que seja o cupido – no elevador. Essa foi uma graça que a gente quis fazer no final do clipe, e ficou bem bonito. Foi um desafio gravar esse clipe numa diária só, porque foi muita coisa de arte, figurino e tal, mas conseguimos, e passa rápido porque são tantos ambientes, que vai mudando à medida que você vai tentando acompanhar o que acontece. Gostei tanto desse clipe quanto o de “Mina Sereia”, foi muito bem entregue.
Esse clipe de “Cupido”, que você falou até que foi numa diária só e tem toda essa grande passagem de tempo, foi gravado onde?
Rod Melim: A gente gravou no Rio, em algumas locações. Uma delas foi no Bar do Zeca, mas a base foi no foi no Unilevel, onde gravamos também em alguns prédios por perto, como num mais antigo, pra fazer a época dos anos 60. Depois a gente foi ao Edifício Manchete pra fazer o elevador mais moderno, também fomos numa pracinha ali na frente e no Bar do Flamengo. Foi tudo perto de onde a gente pudesse ir andando, até pra poder ajudar nessa velocidade. Tiveram vários figurantes também, enfim, tá bem nostálgico pra quem viveu épocas como, por exemplo, 1980, que pegou talvez a época da máquina de escrever, e os anos 2000 também, que tiveram bastante características do estilo de roupa dos artistas pop. Tem um clima bem legal!
Pelo que eu vi no release, essa faixa você compôs junto com o Vitão, e quem está presente na composição de “Se o Amor Tivesse Espelho” é o Diogo, seu irmão. Como foi trabalhar com o Diogo, especificamente, nessa faixa, ainda mais depois da pausa da Melim em 2023?
Rod Melim: Eu comentei em algum outro lugar que, ao mesmo tempo que a gente quer o feedback da pessoa, o Diogo é um puta autor e me ajuda muito. Ele é muito criterioso, traz uma opinião verdadeira e isso é muito bom. Nós temos muitos resultados de músicas juntos que eu acho incrível, então eu sabia que ele poderia somar com esse perfeccionismo nessa música, e isso é importante quando escrevemos juntos para um outro artista ou, agora, eu escrevendo pra carreira dele e ele pra minha. O poder de decisão geralmente fica pro artista que vai gravar a música, então fica um pouco mais fácil porque basta um dos dois (o que vai gravar) acreditar muito na ideia que o outro acaba cedendo. A gente obviamente tem um nível de cobrança bem alto pra que a música fique bem escrita; se tivéssemos feito a mesma música pra Melim, talvez a gente tivesse que agradar os dois de uma forma um pouco mais contundente e acabasse demorando um pouco mais. Mas foi tudo bem tranquilo nesse processo.
Você comentou sobre a sonoridade da Melim e foi uma coisa que eu senti muito presente escutando as faixas desse álbum, mesmo tendo algumas mais diferentes sonoramente, como “Aloha”, que acho que foi a que, pessoalmente, eu mais gostei e que achei bem perceptível a semelhança das guitarras com o som do Red Hot Chilli Peppers e até do Charlie Brown Jr. Eu vi que uma aspa que você comentou no release que achei muito interessante, sobre esse projeto trazer “um novo Rod” além do “Rod de sempre”. Como esses dois Rods coexistiram em “Inimaginável”?
Rod Melim: São pequenos detalhes que trazem esse frescor novo, como, por exemplo, o beatbox de “Mina Sereia”, o looping que me dá a possibilidade de, de repente, fazer um número com um pedal de loop station pra eu ir criando as camadas no violão. Essa é uma coisa que eu gosto muito e que é minha principal referência de pessoas da música pop que eu já vi fazerem ao vivo, principalmente o Ed Sheeran. Eu já tentei trazer isso por muito tempo na Merlin, quando a gente compôs “Mapa”, por exemplo, que foi uma música que fizemos em looping; pode ver que os acordes dela não variam, ficam sempre rodando da mesma forma, mas na hora de arranjar, acabamos trazendo uma coisa mais orgânica, mais banda, e acabou não dando esse sentimento pop mais definido que eu consegui trazer no fonograma de “Mina Sereia”. “Inimaginável”, por exemplo, tem uma referência – pra mim, pelo menos – bem forte do Coldplay, que é uma banda que eu gosto muito, mas não necessariamente influencia o Diogo e a Gabi da mesma forma. Acho que as referências que a gente tem acabam ficando um pouco mais afloradas quando o som é só nosso, porque a gente que escolhe fazer aquele tipo de música, né? Têm músicas da Melim que talvez não me não me representem tanto pessoalmente, mas representam o todo e, nesse sentido, eu consegui explorar outras referências. O Red Hot, por exemplo, foi uma banda que eu escutei muito numa viagem que fiz pra Califórnia. Lá, eu reparei quantas músicas boas eles têm, quantas músicas comerciais e que, ao mesmo tempo, têm uma coisa orgânica e que tem tudo a ver com a energia do surf; e reparei também no lance dos riffs de guitarra, que às vezes são até mais marcantes que um refrão da música, e, se você for ver, toda música começa com um riff de guitarra. O show que eu fui deles também foi muito incrível, quando começava um riff a galera já começava a gritar, e eu queria uma coisa assim numa música minha.
Aí quando a gente compôs “Aloha”, que inicialmente era uma música pop, eu pensei “pô, a gente podia dar uma roupagem dessa de botar a batera, baixo, guitarra, sem muita coisa de teclado, sem muita coisa de efeito”. Ficou uma coisa mais orgânica, que achei que ia pulsar bastante no show, e tem um vocal que lembra um pouco mais o Maroon 5, fazendo uma coisa mais pop, mais durinha e tal. Aí eu passei isso pras pessoas que estavam tocando, tipo o Felipe Meloni, que tá sempre com a gente, mesmo morando fora do Brasil, e que eu continuo mandando as coisas pra ele gravar à distância. Ele pegou essa referência do Red Hot e fez algo que ficou até bem em cima, propositalmente, e que me trouxe a sensação que eu queria dessa guitarra do Red Hot. Fiquei muito satisfeito com o resultado de “Aloha”, “Inimaginável” também curti muito o lance das cordas no começo, “Desinteressante” gostei que manteve aquele lado do reggae e o lado brazuca também, com as percussões e vocais que esse tipo de música tem, pra não esquecer dessa vertente que a Melim tinha e pra eu poder mostrar pros artistas desse segmento que eu também estou aqui e quero ter esse espaço até pra poder fazer feats. Enfim, tem bastante coisa, apesar de serem poucas músicas. A gente ainda tem mais sete músicas para poder explorar novos elementos e fazer mais pop, que segue sendo o principal fio condutor.
Justamente sobre essa segunda parte, você vai lançar agora essa primeira com sete faixas, mas eu vi que são 14 no total, mesmo sendo originalmente 40 composições, que você deu uma afunilada até ficar esse álbum ideal, que é o “Inimaginável”, em duas partes. O que você pode me falar sobre essa segunda parte?
Rod Melim: Eu sou muito, muito criterioso na composição da música. Acho que quando a música nasce bem escrita e com uma boa melodia, é só você dar uma roupagem; é mais fácil pra mim pensar dessa forma acho que talvez por ter começado escrevendo muito pra outros artistas do Brasil e pra diversos segmentos, como o sertanejo, pagode, pop, funk. A gente conseguiu ter uma bagagem, uma aprendizagem muito boa dos feedbacks dos próprios artistas. Pra esse projeto, escrevemos muitas músicas. Algumas já estavam prontas desde 2023 e, a partir dessas músicas, escolhemos as que eu preferia para esse momento. Confesso que tentei escolher as músicas que eu acho mais forte mesmo, que a galera vai gostar mais. Depois que a gente tinha definido, começou a gravar, produzir e tal, continuei fazendo outras músicas e tem já pelo menos 3 ou 4 músicas (das 7) da segunda parte que já estão certas no disco, mas eu ainda quero fazer mais coisas.
Se eu fosse lançar a segunda parte hoje, já estaria satisfeito com as músicas que eu tenho. Mas como a gente ainda tem mais um tempo e ainda vai produzir, quero fazer mais coisas pra ter certeza de que essa parte vai ficar com o mesmo nível de músicas da primeira, pelo menos pra mim. Ainda não posso dizer muito mais que isso porque a produção acaba mudando um pouco a roupagem, a cara da música, mas essa segunda parte vai ter o fio condutor pop, que é o principal dessa minha proposta, e também vou tentar trazer coisas que ainda não trouxe: se na primeira parte eu trouxe um pop rock, talvez eu traga na segunda uma coisa um pouco mais MPB, com uma harmonia um pouco mais rebuscada e que eu não senti muito nessa primeira parte. Pode ser que eu explore de novo mais alguma música, o reggae ou ragga também, que é um ritmo mais pulsante que acho maneiro pra show e que também não fiz nessa primeira parte. Enfim, vamos ver as músicas que vão sair. Vou tentar compor já pensando em algo diferente, mas acho que vai atender às expectativas sim.
Uma das coisas que pode vir pra essa segunda parte são feats?
Rod Melim: Sim! A gente ficou em dúvida se convidava outros artistas pra participar dessa primeira parte, mas eu não tava me sentindo muito confortável, porque queria que essa parte fosse uma coisa mais solitária mesmo, sabe? E outros artistas, por mais que sejam muito bons de trazer um movimento mercadológico, midiático, relevância streaming e tudo, poderiam me trazer talvez a sensação de dividir coisas que eu ainda não estava querendo dividir. Mas acho que pra segunda parte já faz todo o sentido, porque o trabalho já vai ter começado, as músicas já estão na rua, já vou ter conseguido me apresentar e dizer “oi, eu sou o Rod” e têm muitos artistas que eu tenho vontade de gravar. Alguns a gente já gravou e tenho vontade de gravar de novo, mas outros tipos de música. Enfim, estou animado pra começar a finalizar as canções e fazer os convites também para ver quem serão meus novos parceiros, seja da nova geração, seja da geração mais antiga; tem muita gente mesmo que acho que daria um bom match e um bom feat. E eu aceito sugestões dos fãs também, pode ser que quando chegar a época eu abra uma caixinha de perguntas pedindo pras pessoas me mandarem nomes.
Tenho certeza que vai dar muito certo se você fizer isso, até pensando no evento da audição, que estava cheio de fãs.
Rod Melim: Sim! Às vezes eles trazem coisas ou que eu não imaginava, ou que eu não conhecia, ou ainda dão aquela certeza de pessoas que eu já tinha vontade de convidar. Sempre é muito legal porque, no final das contas, são eles que escutam o álbum, eles que permitem o artista viver as coisas. Acaba que o meu gosto musical é muito popular, eu gosto de todos os segmentos transformados em pop: samba pop, pagode pop, sertanejo pop… os fãs também têm que dar um feedback de vez em quando pra eu poder saber que estou no caminho certo (ou não).
Com certeza, e também até atrair novos públicos, dependendo da parceria, né?
Rod Melim: Exatamente. Quem sabe mais pra frente a gente não comece a tentar arriscar novos estilos que tenham sentido musical ou emocionalmente, e fazer algumas coisas fora da caixa. Acho que é bem importante, até porque, o segmento do pop, hoje em dia, não está tão em alta, então é legal às vezes também conseguir se relacionar com pessoas de outros segmentos que podem trazer uma visibilidade e uma diversidade pro trabalho. É sempre importante a gente amar a música acima de tudo e conseguir se relacionar com todos os públicos.
Concordo 100%. E pensando nessa primeira parte especificamente, que já está com a produção finalizada e já está com o pé no mundo, teve uma faixa que teve algum significado mais especial para você? Porque todas falam de amor e, na minha interpretação pelo menos, é um amor muito romântico, acho que muito também pelo seu próprio relacionamento, certo?
Rod Melim: Eu gosto muito da “Se o Amor Tivesse Espelho”. Uma coisa que eu procuro muito como autor é conseguir originalidade nas palavras, nos termos, nos temas, e têm músicas que permitem a criação desse tipo de sacadas. O que eu mais gostei nessa música foi a ambiguidade do amor porque acho que é uma coisa muito real. Eu, que já vivo um relacionamento de 10 anos e vou casar esse ano ainda – pretendo viver muitos mais anos junto com ela, talvez até pra sempre – gostei muito da forma como isso foi colocado ali. Eu tive referências de algumas músicas que eu gosto e que falam sobre isso, como “Amor pra Recomeçar”, do Frejat.
Eu adoro essa música!
Rod Melim: Pô, eu amo essa música também! Tem uma também do Jorge e Mateus chamada “Duas Metades”, que tem essa ambiguidade: suave e fatal, anjo e animal. Eu queria que essa música tivesse essa ambiguidade e gostei muito da letra. Toda vez que eu ouço, acho a letra muito boa, e até hoje me traz esse frescor, porque a gente conseguiu trazer muitas palavras e ocasiões diferentes, todas relacionados com o tema principal. Fiquei satisfeito como compositor dessa música, e o fonograma também é pop, com os vocalizes bem atuais no tom de uma coisa que eu gosto na Sabrina Carpenter, por exemplo, ainda mais com essas músicas novas dela que estão bem em alta. É um pop que beat, sintetizador, não é tão orgânico mas é um tipo de frequência de som que eu gosto. Essa mistura toda faz essa música ser muito especial pra mim.
Você falou disso, da raiz das palavras, e eu sou muito dessas que procuro significados (risos): o nome do álbum é “Inimaginável”, teve uma audição antecipada bem inimaginável lá na Roda Rico (acho que ninguém nunca fez isso antes!)… tem alguma conquista ou feito que você já viveu, tanto na época da Melim, quanto agora nesse seu projeto solo, que você considerava inimaginável?
Rod Melim: Várias, nossa! Muitas mesmo! Mas acho que têm duas que são muito inimagináveis. Uma foi o mais inimaginável possível, que foi quando fomos convidados pelo Paul McCartney pra gravar uma música inédita do álbum novo que ele tava lançando. Foi escolhido um artista de cada país pra gravar uma música do álbum, e a gente, por ser talvez um trio vocal pop num bom momento, fomos escolhidos do Brasil pra gravar essa faixa e fazer a nossa versão, que soltamos um vídeo no dia do lançamento. Não foi algo que teve uma grande projeção midiática pra gente, mas musicalmente falando, eu até chorei de alegria no dia! Os Beatles causaram uma grande revolução musical no mundo, e eu realmente nunca imaginaria um dia me relacionar com um artista desse tamanho do Paul McCartney e saber que ele, de alguma forma, teve que ouvir e aprovar a nossa banda, porque ele se mete em tudo que ele faz, obviamente muito preocupado e perfeccionista. Ele repostou o nosso vídeo no perfil dele – não sei se foi ele, se foi a equipe, mas tenho certeza que ele viu também – e isso foi realmente a coisa assim que, se alguém me falasse que ia acontecer, eu acharia inimaginável. Outra coisa também igualmente impossível foi quando gravamos com o Djavan. Pra mim, o Djavan não é uma referência só brasileira, mas sim mundial. Eu valorizo muito a arte dele, a diversidade, acho ele um cara que escreve, canta e toca num nível surreal, e ele me parece ser uma pessoa de um caráter, de uma integridade, de uma educação surreal. Ele é uma referência pra mim como artista de tentar sempre me manter humilde e saber que não importa o caminho que eu já trilhei, ainda vai ter muito a trilhar.
Com tão pouco tempo de carreira, a gente falou em entrevista e, de alguma forma, emanou pro mundo esse gostar da música dele e, de alguma forma, através do Max, que é filho dele e já conhecia o nosso trabalho, rolou da gente fazer o álbum em homenagem. Não foi proposital pra rolar o convite porque a gente não ousaria fazer esse tipo de coisa, mas o próprio Max se sentiu à vontade pra mostrar pro pai dele. Aí o Djavan ouviu as músicas, gostou da ideia e se convidou pra participar do disco – obviamente sabendo que ia ser uma coisa incrível pra gente – e falou: “Será que os meninos gostariam que eu participasse?”. Nós estivemos com ele na época da pandemia, entrando só a gente no estúdio, de máscara, à distância, sem dar um abraço nem nada… mas foi um check na minha vida musical. Eu sou muito satisfeito com tudo que a gente viveu na Melim, e talvez isso tenha me trazido uma maturidade muito grande pra poder começar (e recomeçar) agora sem nenhum tipo de medo, de fracasso, de nada. Eu me realizei com tudo que a gente fez ali; agora só quero realmente entregar o meu melhor e tentar viver um bastidor com a equipe, com todo mundo que me rodeia de uma forma positiva e que essas pessoas curtam também, pra que a gente possa se manter motivado e feliz, ganhando bem e fazendo um ótimo trabalho.
Pensando nessa maturidade toda conquistada, novos momentos, novos frutos que vão vir aí com essa nova era, pra encerrar, o que podemos esperar de Rod Melim em 2025 e da era “Inimaginável”, ainda mais com o show que vai ter aqui em São Paulo dia 9 de fevereiro?
Rod Melim: A gente tem o lançamento do álbum dia 30, tem o clipe dia 31, tem o show em São Paulo, no Cineclube Cortina, dia 9, tem um show no Arena de Verão Mix dia 16, que vai ser um pocket show, e, muito provavelmente, vamos fazer também o lançamento do nosso álbum aqui no Rio, talvez em abril. Depois a gente começa a sentir como vai ser o lance das vendas, como vai ser o feedback do público, começa a fazer alguns shows, talvez de prefeitura e em teatros… enfim, vamos ver como as coisas vão rolar porque eu quero sim levar a turnê Inimaginável pra outros lugares. A gente pretende lançar a parte dois no meio do ano, mais ou menos, e talvez, quem sabe, final do ano, se tudo correr bem, fazer um álbum acústico com todas as faixas da primeira e da segunda parte, voz e violão, que é uma coisa que eu acho muito legal e que acho que pode ter um resultado maravilhoso, porque sei que as pessoas também gostam muito dessa sonoridade do acústico. Eu, particularmente, amo ouvir álbuns acústicos, acho que servem pro dia, pra tarde, pra noite, pra qualquer ocasião. Então pretendo fazer esse acústico “Inimaginável” pra galera. Esses são os próximos passos!
Super cheia a agenda! Você falou de acústicos, e eu queria até acrescentar que achei “Vida Simples” muito interessante por ser a faixa mais acústica do álbum.
Rod Melim: É, e essa música, provavelmente o que vai mudar basicamente é a voz. Vou ter que tentar cantar de uma forma diferente, desconstruir a melodia. E talvez, quem sabe, nesse acústico eu também chame algumas participações de artistas que possam trazer um novo colorido pra esse álbum…
Com certeza! E até falando nisso (muito rápido), uma curiosidade que eu fiquei quando eu escutei “Desinteressante” foi que, no refrão, tem a sua voz, mas tem uma segunda voz. De quem é essa segunda voz?
Rod Melim: É da Jenni Rocha, que é uma cantora incrível, referência pra mim também. Ela tem a carreira solo dela também, canta com várias pessoas, ficou bastante tempo fazendo backing vocal pro Dilsinho, se eu não me engano, e agora tá fazendo a turnê do Caetano com a Maria Bethânia. É uma artista que eu gosto muito e convidei pra poder fazer esses backups, porque acho que o reggae tem muito essa coisa do backing vocal feminino. Eu até poderia gravar, mas queria ouvir esse timbre feminino, e aí recebi essa sugestão da Jenni e fiquei muito satisfeito com o resultado, que até se assemelha bastante ao timbre da Gabi se você parar para ouvir.
É, eu até pensei: será que é a Gabi?
Rod Melim: Muitas pessoas podem achar que é a Gabi, mas isso nem foi numa tentativa de imitar, nada disso, é que, realmente, a gente geralmente colocava ela pra fazer as terças do disco. Eu gravei nesse disco, mas nessa música senti falta de um timbre feminino. E fiquei muito satisfeito com o resultado, a Jenni é uma cantora incrível.
Vou procurar mais sobre ela depois. Rod, muito obrigada pelo nosso papo! Adorei conversar com você e saber mais da era “Inimaginável”. Tenho certeza que você vai ter muito sucesso com a primeira metade, a segunda e com todas as coisas planejadas!
Rod Melim: Obrigado você, Nat! Se você quiser ir no show do dia 9 ou do dia 16, tá convidadíssima!
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