Na próxima sexta-feira (27), a banda Super Condutores lança o videoclipe de “O Sertão Vai Virar Marte”, faixa-título do álbum de estreia.
O grupo é formado por Vítor Patalano, Pedro Garcia, Rodrigo Tavares, Regis Damasceno e Kassin e une música e IA para alertar sobre aquecimento global e emergência climática.
A Nação da Música conversou com Vitor Patalano sobre a criação por trás do videoclipe e também sobre o álbum de estreia da Super Condutores.
Entrevista por Marina Moia.
————————————— Leia a íntegra:
O clipe “O Sertão Vai Virar Marte” é uma crítica direta à crise climática. Como surgiu essa ideia dos ursos polares como mão-de-obra em países poluentes?
Vitor Patalano: A ideia surgiu quando eu vi a imagem icônica daquele urso polar magro e faminto no meio das geleiras derretendo. Como a letra fala do consumismo irracional e este é decorrente da lógica capitalista responsável pelas mudanças climáticas, eu imaginei os ursos emigrando para os países poluentes. No fim eles acabam incorporados pelo mesmo sistema de consumo insustentável, que explora os recursos do planeta, aumentando o desequilíbrio que gera a própria onda de imigração. Isso é uma alegoria para o ciclo vicioso de recursos materiais e humanos provocado por nós, seres humanos, e que só pode ser rompido com uma mudança de paradigma radical.
A IA tem papel central na estética do clipe. O que te motivou a usar inteligência artificial como ferramenta criativa, não só temática? E como foi o processo de produção do clipe?
Vitor Patalano: O único jeito de animar ursos polares antropomorfizados é usar a IA generativa. Outra alternativa seria fazer uma produção hollywoodiana milionária, o que é inviável. A IA generativa permite que artistas realizem suas ideias mais extravagantes, a um custo marginal. Não é uma opção estética, mas pragmática. A IA é a única opção que um artista alternativo tem para contar esta história como ela foi concebida.
O processo inicia com a elaboração de um argumento. A partir daí eu preciso pesquisar imagens reais, que servem de base para gerar as imagens de IA usando as técnicas de T2I (Text to Image) ou I2I (Image to Image) e, uma vez que as imagens são geradas, usar a técnica I2V (Image to Video) para gerar as animações. Com dezenas de animações, eu começo a roteirizar/editar o clipe. Todo este processo é intermediado por um modelo de linguagem, que fica responsável por reformatar as ideias coloquiais do ‘roteirista’ em prompts contendo uma nomenclatura cinematográfica, mais técnica, com detalhes de fotografia e movimentos de câmera.
O álbum “O Sertão Vai Virar Marte” é quase um manifesto em forma de álbum. Qual foi o ponto de partida para essa distopia sonora?
Vitor Patalano: Eu vejo o artista como um rádio-transmissor, onde seus principais instrumentos são uma antena e um alto-falante. Se a antena estiver bem calibrada, ela vai captar as ideias, sentimentos, atmosferas e climas do seu tempo, e o artista vai usar seu coração e sua razão para amplificar aquilo que sua antena captou. Eu acho que o dial do meu rádio-transmissor estava ajustado para captar frequências distópicas.
Os temas vão de ansiedade a colapso ambiental. Como foi costurar assuntos tão densos em composições que ainda assim soam acessíveis?
Vitor Patalano: A harmonia costura tudo. A harmonia é o grande alfaiate universal, capaz de transformar um caos de tramas complexas em ordem, beleza e elegância. Para que temas assim soem acessíveis, basta usar materiais e melodias simples e duráveis, equilibrando tendência e atemporalidade.
O trabalho foi gravado no estúdio Nas Nuvens, que tem uma história emblemática no rock nacional. Como foi essa experiência?
Vitor Patalano: É uma honra fazer parte da história deste estúdio. A experiência foi mágica. Liminha é muito gentil e deixa o artista totalmente à vontade. Durante as gravações, convivi com grandes músicos, inspirados, e compartilhamos um espaço cheio de belos instrumentos, equipamentos e engenharia de ponta. E tudo isso com um enorme painel de vidro horizontal, de lado a lado, separando o estúdio da floresta. Foi como viajar numa nave espacial por 4 dias, olhar para o planeta lá de cima e depois voltar para contarmos o que vimos. E, assim como acontece com os astronautas, depois de uma experiência dessas, demora um tempo até você se readaptar à vida normal na Terra.
O que os fãs podem esperar da Super Condutores neste segundo semestre de 2025?
Vitor Patalano: Shows ao vivo!
Gostaria de deixar um recado aos leitores da Nação da Música?
Vitor Patalano: Preparem suas antenas. Escutem o coração. E aumentem o volume!
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