Entrevistamos TamY sobre “Baile da TamY”, último disco

dj tamy
Foto: Maria Paula Freire/ Divulgação

No mês de novembro, a DJ, comunicadora e influenciadora TamY apresentou seu primeiro EP, “Baile da TamY”. O projeto, lançado na Semana da Consciência Negra, é uma homenagem à música preta e uma celebração de mais de 15 anos de carreira musical, experimentando gêneros musicais nascidos da cultura negra, como o house, pop, R&B, dance e rap.

Entre os destaques do EP estão as músicas “Capetão do Mato”, com participação de WJ, e “Baile da TamY”, com Izrra e Shury, que revisitam a essência da House Music. O Nação da Música conversou com a musicista pouco após o lançamento sobre os temas das canções, o legado de mais de 15 anos da sua carreira e planos futuros.

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Entrevista por Isabel Bahé

————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Eu queria saber qual é o tema ou conceito principal que você explora no seu novo EP, Baile da TamY.
TamY: Então, Isa, “Baile da TamY” é o meu primeiro projeto que reúne músicas que falam muito sobre quem eu sou e do que eu gosto. Minha trajetória como DJ sempre teve uma forte base no Hip Hop, mas com o tempo isso foi se expandindo também para o Pop, que tem essa característica de ser mais acessível para o público em geral.

Mas eu sempre digo: como uma mulher preta, minha sonoridade vai além do Rap. No “Baile da TamY”, eu trouxe um pouco de tudo que me representa. Você vai encontrar R&B, com certeza, mas também gêneros como Disco e House. Esses estilos não só são consumidos pela comunidade preta, mas também nasceram dessa galera, então fazem parte da nossa essência. Eu quis celebrar essa diversidade no EP, porque ela reflete muito quem eu sou.

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O EP foi lançado na semana da Consciência Negra, certo? E você aborda gêneros como Rap e Hip Hop, que têm raízes na cultura negra. Como você trabalhou essas temáticas no projeto?
TamY: Sim, exatamente. É música com um viés político e direto. Por exemplo, a faixa “Capetão do Mato” é muito voltada para a nossa comunidade, para dialogar sobre valorizarmos nossa história e defendermos o que é nosso. É uma conversa que parte de dentro, de nós para nós mesmos.

A escolha de lançar essa música em 22 de novembro foi proposital. Como é algo muito interno, achei que faria mais sentido lançar depois do dia 20, que é mais voltado para um público amplo. Claro, a música é para todo mundo ouvir, mas o papo principal é para nós.

Já as outras faixas do EP exploram temas como cotidiano, romance e diversão, trazendo leveza e um contraste com a abordagem mais política de “Capetão do Mato”.

Achei interessante você incluir House Music no EP. Como foi sua conexão com esse gênero e o processo de incorporá-lo ao “Baile da TamY”?
TamY: A House Music nunca foi um gênero central na minha formação, mas eu sei o quanto ela faz parte da nossa comunidade. Minhas primeiras referências vieram de DJs e produtores pretos, como Kaytranada, que mistura o gênero de uma forma incrível.

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Passei dois anos como DJ residente na The Week, onde, apesar de não tocar House diretamente, convivi muito com a sonoridade. Durante a pandemia, algumas séries também me ajudaram a redescobrir o gênero. Agora, quero me aprofundar ainda mais. Tenho o sonho de estudar House em Nova York, porque sei que ele dialoga muito com quem somos e com o que gostamos musicalmente.

Quais foram suas principais referências musicais, tanto para o EP quanto para sua carreira?
TamY: Minhas referências são muitas! Eu amo artistas como Erykah Badu, Lauryn Hill e Queen Latifah, que moldaram o R&B e o Rap nos anos 90 e 2000. Na música brasileira, me inspiro em Sandra de Sá, Gilberto Gil e Djavan.

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No cenário atual, admiro artistas internacionais como Megan Thee Stallion e Doja Cat, e nacionais como Afrodite BXD, que é meu feat na música Flash. A Afrodite tem um grande potencial e está brilhando na cena do Rap carioca.

Conta um pouco sobre o projeto “TamY na Laje”.
TamY: “TamY na Laje” começou em 2018 como uma oficina de discotecagem focada em mulheres. A primeira edição foi na Favela da Maré, no Rio de Janeiro, com apoio de amigas. Desde então, já formamos muitas DJs que estão na ativa até hoje.

Em 2019, levamos o projeto para o centro do Rio, e no ano passado, realizamos uma edição em Madureira. O objetivo é trazer mais mulheres para o universo da discotecagem, que ainda é dominado por homens. Quero continuar fomentando esse projeto, porque acredito na importância de diversificar o mercado e abrir portas para novas artistas.

Como você vê o cenário musical de DJs, especialmente para mulheres pretas?
TamY: Em 15 anos de carreira, vi o cenário evoluir, mas ainda há muito a ser feito. Hoje temos mais mulheres DJs, mas o número ainda é pequeno, especialmente para mulheres pretas e fora do padrão. Já conquistei espaços que antes pareciam impossíveis, mas é um processo lento e desafiador.

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Uma experiência marcante foi em 2019, quando participei de um evento que tinha diversidade no line-up, com homens e mulheres de diferentes raças. Isso foi único para mim, porque, na maioria das vezes, ainda vemos line-ups dominados por homens.

Como a moda se conecta com sua música e sua identidade?
TamY: Para mim, moda é comunicação, assim como a música. Eu visto o que eu sinto, e isso reflete quem eu sou. Minha relação com a moda é muito orgânica. Adoro usar peças coloridas e referências de artistas que admiro, como Erykah Badu e Lauryn Hill. Quem sabe no futuro eu me aprofunde mais nesse universo.

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Quais são seus planos futuros?
TamY: Quero continuar rodando com o “Baile da TamY” e lançar pelo menos três singles no próximo ano. Meu objetivo é equilibrar estúdio e palco, participando de festivais e abrindo shows, como fiz recentemente para o Bruno Mars. Adoro estar na pista e conectar minha música ao público.

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Isabel Bahé
Isabel Bahéhttps://linktr.ee/isabelfbahe
Estudante de jornalismo e bibliófila que respira músicas.