
A jovem cantora Tontom lançou na última terça-feira (11) seu mais novo single, “Olha”, nas plataformas digitais de áudio. Este é o primeiro lançamento da artista desde o primeiro EP “Mania 2000”, divulgado em 2024.
Após a viralização de “Tontom Perigosa”, a cantora se prepara para novos lançamentos com uma nova etapa na carreira e na vida pessoal com um intercâmbio em Berlim, capital da Alemanha. Seu primeiro EP contou com referências em músicas das décadas de 1960, 1970 e 1980, sendo descrito por Tontom como um mosaico de fragmentos que, juntos compõem sua personalidade.
Em entrevista ao Nação da Música, Tontom detalhou seu processo de composição e processo de produção de seu EP, sua relação com a música e o início de sua carreira solo.
Entrevista por Isabel Bahé.
————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Queria começar perguntando sobre o início da sua carreira artística, que é bem recente. Vi que você está investindo em composições autorais, então queria saber como está sendo esse processo de composição.
Tontom: Caramba, isso é uma coisa muito complexa para mim, porque, ao mesmo tempo que tenho esse lado de ser compositora, eu crio muito para mim, pensando em expor meus sentimentos e me organizar, e não pensando em lançar ou nisso como uma carreira em si.
É complexo, porque as duas coisas andam muito igualadas. Enfim, levar isso a sério, porque é o que quero fazer, é o que estou fazendo: lançar, compor, me expor. Mas, ao mesmo tempo, é um processo muito pessoal, que anda muito do lado de quem eu sou e do que preciso fazer para viver, sabe? Então as coisas se misturam um pouco. Eu componho quando tenho inspiração, basicamente. É difícil surgir uma coisa do zero e gostar quando não tem muito o que botar para fora, apesar de eu achar que sempre tem — é só a gente observar direitinho. Mas, enfim, acho que é isso.
Como você decide, quando está compondo, o que vai ser lançado? Como equilibra esse seu lado compositora com o lado da profissão?
Tontom: Acho que eu decido depois. Tipo, eu compondo, ponho tudo, e aí vou fazendo, fazendo, fazendo, e depois faço uma seleção do que quero colocar para fora e do que não quero. É um pouco essa sensação para mim: tipo, vou me expor, vai dar aquele frio na barriga, vou ter que lançar uma coisa que é muito sobre mim, mas que é um pouco a graça também.
O que você geralmente gosta de compor? O que percebe de padrão nas suas composições?
Tontom: Gosto de brincar com harmonia um pouco, fazer algo que não seja esquisito, mas que soe como normal, assim. Acho que é um pouco minha brincadeira comigo mesma: fazer coisas estranhas soarem como se fossem normais. Mas, enfim, também gosto, às vezes, de só colocar para fora de forma simples, do jeito que vier.
E quais são os seus modelos, suas referências dentro da música?
Tontom: Isso é muito difícil para mim, porque acabo misturando tudo que escuto, e eu escuto muita coisa, de muitos tipos. Então, pensar em referências principais assim, ou no que mais tem me atravessado, é um pouco difícil.
Por exemplo, em “Tontom Perigosa” eu estava compondo e pensei em Rita Lee e Cassia Eller. Mas acho que, durante minhas outras músicas, isso nunca aconteceu. Acho que vem de uma coisa que é mais minha, comigo mesma, e dessas referências que já estão tão internalizadas que nem penso.
Como você definiria a sua sonoridade?
Tontom: Acho que é “amigável”.
É interessante você ter definido assim. Como foi o processo de composição do primeiro EP?
Tontom: Ele foi um EP para eu começar a existir na indústria, sabe? Foi uma vontade de colocar para fora minhas músicas que eu gostava e queria mostrar para as pessoas. Foi um EP importante para eu entrar nesse meio e me entender como uma artista que está ali.
Cada faixa é muito diferente uma da outra, e eu gosto disso. Tipo, quando fui lançar, muita gente falava: “Ah, mas é bom você ter um gênero só, porque te ajuda a entrar em playlist, te ajuda a ter um público-alvo”. Mas eu nunca quis muito ir atrás disso. O que amo nesse EP é que cada faixa é um retrato meu de formas diferentes.
Aproveitando o que você falou sobre essa relação das recomendações da indústria, como você tem sentido a recepção do público nesse seu início, você se lançando como artista?
Tontom: Acho que o público foi muito carinhoso comigo. Ainda tenho dificuldade de como me comportar em relação à internet, em relação a trabalho. Não sei até que ponto gosto de me expor, até que ponto a vida pessoal e o trabalho se separam e se encontram, e ainda estou me descobrindo muito musicalmente também.
Procuro fazer tudo com calma, no meu tempo, porque acho que isso é muito importante para mim, onde encontro muita força: quando as coisas têm o seu tempo e quando consigo ir com calma. E, mesmo assim, tem muita gente que continua me escutando, me acompanhando, mesmo com uma certa irregularidade.
E você agora está em intercâmbio na Alemanha. Como está sendo esse processo de mudança?
Tontom: Eu sempre quis morar fora, sempre quis estar um pouco longe assim. Esse é um desejo que está dentro de mim desde que era criança. Estou apaixonada por aqui, pelas pessoas, como as pessoas se vestem na rua… todo mundo é diferente, todo mundo tem um lugar diferente. Então, isso é muito interessante, muito acolhedor, de certa forma. Enfim, acho que é um pouco a cidade das pessoas perdidas, sabe?
Como está o seu planejamento de projetos futuros?
Tontom: Tenho muita vontade de lançar um álbum. Acho que aguardo um pouco esse momento para quando estiver me entendendo melhor, para quando estiver mais confiante do que quero. Ainda sou muito nova, e gosto de aproveitar esse tempo.
Quando era ainda mais nova, eu tinha essa pressa de querer correr com as coisas, ser super para frente, querer já estar trabalhando super nova, sabe? Com o tempo, fui percebendo cada vez mais a importância de levar as coisas com calma. Acho que em Berlim vejo muito isso: as pessoas têm uma relação diferente com o trabalho, que acho muito interessante. Não é o centro da vida delas. E acho que é até um pouco perigoso quando isso se torna o centro de tudo.
Ao mesmo tempo, é o que mais amo fazer: música. E escolhi que isso se tornasse meu trabalho. Mas é importante não correr com as coisas e se permitir ir com calma, sentir o seu próprio tempo.
Além da música, voce se aventurou pelo teatro e também pelo cinema. Pretende voltar a trabalhar com essas outras grandes áreas das artes, ou vai focar só na música nesse meio-tempo?
Tontom: Fiz uma série agora, chama-se “Juntas e Separadas”. Eu atuei nela. A atuação sempre acaba me chamando de volta. Mesmo quando vou focar só na música, que é com o que me sinto mais confiante, não gosto de me fechar para as oportunidades e falar, tipo: “Não vou mais trabalhar”. Se algo me interessa muito e acredito que tem a ver comigo e com o que quero, acho que ótimo, vamos lá, sabe? Mas o meu projeto pessoal é a música.
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