Entrevistamos Trilho Elétrico sobre o single “Plot Twist” e próximas novidades

Trilho Eletrico Foto 1 Credito Rafael Motta
Créditos: Rafael Motta

O que nos leva a um recomeço? A necessidade de sentir ou viver algo diferente? A vontade de deixar tudo pra trás e dar início a uma nova história? E ainda, quando este se faz necessário? Talvez essas fossem perguntas que se passaram pelas cabeças de Lelo Zaneti (ex-baixista do Skank), Rodrigo Borges (herdeiro e atual representante do Clube da Esquina), Manno Góes (compositor e fundador do Jammil e Uma Noites) e Lutte (ex-vocalista da banda Mosiah) durante a pandemia.

Quando formaram o Trilho Elétrico em meados de 2022, talvez mais do que um recomeço, os músicos estivessem buscando uma reviravolta em suas vidas. Levando em conta o fato de que cada um tem uma longa estrada no meio musical, o termo parece mais apropriado, também por remeter à ideia de novidades. Foi a partir daí também que surgiu “Plot Twist”, primeira música inédita da banda desde o álbum de estreia, “Trilho Elétrico” (2023).

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Com uma sonoridade mais pop, em contrapartida às referências mais carnavalescas do frevo e da axé music presentes no primeiro disco, “Plot Twist” marca um novo rumo para o Trilho Elétrico e para os projetos de 2025, sem deixar de lado a mistura de essências baiana e mineira dos integrantes da banda e as referências musicais que fazem parte da identidade do grupo – como, por exemplo, na consagrada obra do “Clube da Esquina”.

A Nação da Música conversou com Lelo Zaneti, Lutte e Rodrigo Borges sobre o lançamento de “Plot Twist” e a nova fase que a banda vai trazer em 2025, com as respectivas semelhanças e diferenças em relação ao álbum “Trilho Elétrico”.

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Entrevista por Natália Barão
————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Oi, pessoal! Como vocês estão? Estão aproveitando São Paulo?
Lutte: Oi, Natália! Tudo certo!
Rodrigo Borges: Estamos aproveitando bastante. A gente (eu e Lelo) chegou domingo à noite e o Lutte chegou na segunda-feira. Ontem vimos um show maravilhoso tributo a Moacir Santos na Casa Natura.

Lá é muito gostoso, né?
Rodrigo Borges: Muito gostoso!
Lelo Zaneti: A gente tá afim de fazer um show lá, o que você acha?

Eu acho que combina super! Eu gosto de lá porque tem uma vibe mais intimista e muita proximidade do palco com o público.
Lutte: Isso! É mais gostoso.
Lelo Zaneti: E a gente está começando. A gente viu várias atrações, um pouco mais indie e tal, e achamos que pode combinar com a nossa proposta, que é de uma banda que está começando, né?

Sim, eu acho que tem tudo a ver! E falando nisso, vocês já começaram os trabalhos desse ano com o novo single, “Plot Twist”, que foi lançado em fevereiro e é a primeira música de trabalho inédita desde o último álbum de vocês. Como surgiu essa música?
Lutte: Pra quem não está habituado com esse termo, plot twist é uma quebra de narrativa, de cena, de filme, de roteiro, e a música brinca com isso, de vir essa quebra de narrativa da própria vida e você assumir o protagonismo. É uma canção que nasceu de uma parceria minha com um poeta e compositor baiano chamado Zeccalu, lá da Terra dos Vagalumes, da cidade de Awá. Eu comecei a bater uma viola por conta do tema, que achei muito interessante, aí depois, já com a ideia mais pronta, mandei pros meninos e eles super abraçaram a ideia da gente de fazer uma canção com uma linguagem um pouco mais pop. Aí demos sequência, gravamos e estamos trabalhando ela agora.

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O termo plot twist significa reviravolta, e eu achei bem legal que, em termos audiovisuais, isso está até presente no clipe com a alternância das cenas em preto e branco e depois coloridas…
Lelo Zaneti: Exato! A gente gosta muito da imagem, sabe, Natália, é importante a gente cuidar disso. O Lutte tem um parceirão lá em Salvador, que é o Mateusin, e a gente tem um outro parceirão em BH, que é o Wally, e nessa montagem e adaptação, tivemos esse recurso de ter pessoas que poderiam fazer um registro legal a partir de uma ideia, pra poder construir o clipe rapidamente, né, Rodrigo?
Rodrigo Borges: Isso, e as músicas hoje são imagéticas, né? Primeiro tem a imagem da letra, que você constrói e pega para si, se colocando num lugar de fala ali. E tem também essa interpretação audiovisual mesmo, que é muito importante. Essa letra do Lutte e do Zeccalu já é um roteirinho de cinema, então ficou bem interessante pra gente trabalhar as imagens e fazer de uma maneira bem descontraída no estúdio, foi muito legal.

Eu vi que essa música traz uma linguagem mais pop, que já estava presente nas faixas “Vagabundo Milionário” e “Mar Azul”, do último álbum de vocês, mas eu queria saber o que essa faixa de agora tem de mais pop.
Lelo Zaneti: Acho que é a nossa opção por um modelo de som mais direto e mais simples. A gente arranjou um batera de heavy metal amigo nosso, João Guimarães, pra gravar essa música, e ele é um cara que viveu muitas histórias na vida. A gente fez um sonzinho num galpão lá em Belo Horizonte, o Rodrigo, ele e eu, e formatamos a música rapidamente. O Lutte já tinha dado a dica de alguns riffs, algumas histórias que a gente poderia fazer em cima da criação da harmonia e tal, então fomos pro estúdio e deixamos a música mais simples para explorar os sons e os vocais.

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Uma frase que eu achei muito legal na música é: “a minha vida é um plot twist, eu sou um superstar”. Cada um de vocês já teve uma trajetória diferente no meio musical, mas pensando nessa frase, que tipo de plot twist o Trilho Elétrico trouxe na vida de vocês?
Lutte: No meu caso, como eu sou um cara mais do reggae e do rock, trouxe a oportunidade de gravar com uns caras que são de estilos diferentes do meu e de pessoas lá de Salvador, como Luiz Caldas, por exemplo, com quem eu tive a honra de gravar os vocais de uma canção chamada “Repaginou” e que é um axé pop, digamos assim; uma coisa que eu nunca imaginei que fosse fazer no meu trabalho. Isso nunca tinha acontecido e eu não me fecho pra nada, estou sempre aberto a fazer o que sou convidado – se for algo que eu goste e acho que tem a ver. E o Trilho Elétrico me proporcionou isso de gravar um outro estilo musical, uma coisa que nunca tinha acontecido, e com um grande mestre da música brasileira, que é Luiz Caldas.
Rodrigo Borges: No meu caso, de trabalhar a música pop. Uma vez eu estava conversando com o meu tio Lô e ele falou “cara, tem que fazer música simples”. Ele me mostrou um tema que ele fez pros refugiados e que depois o Murilo Antunes botou uma letra, que lembrava as canções de paz do John Lennon, tipo “Imagine”, e era um grande desafio buscar essa simplicidade nas composições. Porque complicar uma música, é fácil, você encher de acordes, colocar um arranjo monumental, orquestra… a criatividade não tem limite, mas às vezes fica over. Então é isso que o Lelo falou, de buscar a síntese da canção perfeita, com poucos elementos e espaços pra respirar. Às vezes, acordes simples chegam mais no coração das pessoas do que uma coisa muito rebuscada, que tem seu lugar, mas talvez não essa comunicação direta com um público maior. O Tavito, que também é um grande mestre do Clube da Esquina, me falou isso: “faz música pra tocar música”. Então, acho que esse plot twist do Trilho na minha vida é nesse sentido de eu buscar a simplicidade, formatos mais perfeitos e mais enxutos de música, mas que atinjam diretamente o coração das pessoas.
Lelo Zaneti: Então, pra mim, o Trilho proporciona um encontro magnífico, porque o Skank já havia sido regravado por inúmeras bandas na Bahia e que reproduziram esse repertório d forma vigorosa. E a gente acha que esse intercâmbio flui mesmo e que a gente pode, a partir de agora, fazer novas músicas e coisas que tenham pegadas legais assim. Eu costumo trocar muita ideia, principalmente com o Lutte, de Jorge Amado, “Capitães da Areia”, coisas e livros que são muito importantes e muito cotidianos. E essa troca de ideias é muito eficaz porque em qualquer encontro pode sair uma música, ou ainda um arranjo pra outra música do Clube da Esquina, que o Lutte esboçou ali agora e a gente já registrou… então acho que essa vivência é intencional, e é ainda uma mudança de atitude. Hoje em dia, as pessoas demandam muito produções, e o que a gente mais quer é uma boa produção.
Lutte: Verdade.

Achei muito legal vocês falarem isso porque, quando eu estava escutando o trabalho de vocês ontem, eu pensei “nossa, é o tipo de música que os meus pais ouviriam”, e isso no melhor dos sentidos, porque eu conheci muita coisa de música com os meus pais.
Lelo Zaneti: Exatamente! Eu enxergo você, uma garotinha que eu baixei pra poder seguir e que tem uma discografia gigante em vinil. Aí ela puxa um vinil, mostra a capa, pergunta se as pessoas já ouviram e começa a resenha dela, que é ótima. Ela sabe demais sobre música, e no meio do clipezinho ela coloca sempre uma coisa divertida que tem a ver com a simbologia da música, pra fazer uma brincadeira, que pode ser uma atitude, a camiseta, uma fantasia, e depois ela volta e encerra o lance, mostrando o disco de novo e mandando um beijinho pra galera. Imagina o tanto de gente dessa geração que não está vivendo essas histórias antigas com um certo orgulho de ter sido aplicado. 

Nossa, eu adorei! Depois vou querer saber quem é essa menina.
Lelo Zaneti: Vou te passar agora, é @soundwavesoffwax. 

Vou seguir aqui depois porque eu adoro essas coisas. E uma das coisas que eu mais gosto na música é que ela é atemporal, né? Acho difícil uma música envelhecer mal…
Lelo Zaneti: Acho que música é o momento. Por mais que às vezes seja muito exagerado, sempre tem aquele momento.
Rodrigo Borges: A música tem conexão com a nossa história e coisas emocionais que a gente viveu. Você lembra onde você ouviu uma música pela última vez, e pode ter sido num réveillon, num momento legal com minhas amigas, com o namorado, e você associa a música àquele momento. Têm dois filmes interessantes que trazem isso e que se passam em lojas de disco: um é o “Alta Fidelidade”, com o John Cuzack, que ele faz a organização de vinis pelos relacionamentos que ele teve; e o outro é o “Durval Discos’, que tem o lado A e o lado B.
Lelo Zaneti: Esse fala do Skank hein! E tem a Rita Lee.

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Eu sabia que você ia falar do “Alta Fidelidade”! Eu amo esse filme, o livro…
Lutte: O Alta Fidelidade eu devo ter assistido umas 20 vezes (risos).
Rodrigo Borges: É muito bom!

Eu amo! Vocês viram a série?
Lutte: É com a filha do Lenny Kravitz, né?
Lelo Zaneti: Ah, eu não vi.

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É muito bom, porque tem uma perspectiva feminina.
Lelo Zaneti: Vou assistir!
Lutte: É maravilhoso. Tem a trilha sonora no Spotify, você baixa todas.

Sim, essa playlist tem até um gostinho pandêmico pra mim (risos). E falando de música e conexões, uma coisa que eu notei no Trilho Elétrico, voltando pro álbum de vocês, é que tem dez faixas, sendo todas autorais menos “Para Lennon e McCartney”, que é uma regravação de um dos clássicos do Clube da Esquina. Agora, pensando nessa nova fase que está por vir, tem alguma outra música do Clube da Esquina que vocês sentem que tem a ver com o momento atual do Trilho?
Rodrigo Borges: Sim! O Lutte deu uma ideia muito legal da gente fazer uma versão mais voltada pro reggae de “Clube da Esquina II”, que é uma música emblemática do movimento dos meus tios Lô, Márcio e Milton e é uma música política, mas num ritmo mais balada. A beleza da melodia e da harmonia até amenizam um pouco o discurso político dela. A gente pretende agora experimentar viajar para o “Clube da Esquina II” numa leitura nossa. Então tem bem mais coisa do Clube por aí sim!

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Estamos atentos! Você comentou isso da mensagem política e eu tinha visto uma entrevista mais antiga de vocês falando que no primeiro álbum a proposta era falar sobre coisas que importavam para vocês, mas com uma leveza. Essa proposta de leveza é um pilar dessa nova fase também?
Rodrigo Borges: Sim. A gente pretende sempre fazer as coisas com alegria, que acho que é uma forma de encarar a vida, a profissão, essa missão que a gente tem de fazer música. E fica melhor falando sobre temas que são sensíveis, mas trazendo essa leveza, seja nos arranjos, seja na forma de encarar a relação no grupo aqui, que é leve e de amizade, sem conflitos, embora existam discordâncias. Pra mim, até agora, tem sido uma experiência muito legal trabalhar numa banda, administrando as vontades até chegar num consenso, de forma democrática e livre pra gente parar, pensar e aprender a escutar o outro.
Lutte: E entender o tempo do outro também. Porque a gente tem dois integrantes morando em Salvador e dois morando em Belo Horizonte, então além da questão de tempo, têm as carreiras individuais também; Rodrigo tem o trampo dele, eu tenho o meu, Manno, Lelo… cada um tem o seu. Então, realmente tem que ter uma sinergia, paciência, respeito, e acho que tempo também, porque ninguém mais aqui é adolescente, né? Então também é sobre as bagagens que dão pra gente essa maturidade de entender esses processos, mas, lógico, também sendo assertivo, resolutivo e fazendo as coisas acontecerem em pouco tempo de banda. Acho que a gente produziu um material muito, muito legal com o disco e os videoclipes, agora com o single novo, uma outra música que já está sendo trabalhada pra ser lançada em breve, que é uma composição do Lelo com o Márcio Borges, primeiro parceiro de Milton Nascimento e tio de Rodrigo. Então, ainda que com essa questão geográfica, a gente conseguiu produzir bastante coisa até agora e vamos continuar produzindo.
Rodrigo Borges: A arte, no geral, tem essa função de te transportar para outro lugar. Então, acho que a música também tira a gente um pouco da correria do dia a dia, do trabalho, das questões, dificuldades, luta, e nos transporta para um lugar onde conseguimos viajar, pensar em outras coisas. A música é imagética, e nos permite construir essas imagens na cabeça, então acho que essa proposta de leveza do Trilho vem com isso também de, em meio à correria do mundo pós-moderno de hoje, tirar as pessoas de um lugar e levar pra outro mais descontraído e mais leve.
Lutte: Porque você liga televisão no jornal, abre a internet pra ver notícia, e é tudo muito pesado. Então os artistas, não só da música, têm que fazer esse papel, de não deixarem de ser comprometidos e não deixarem de fazer o que precisamos da militância, falando o que precisa ser dito, mas também de uma forma leve, bonita, poética, como o Rodrigo falou com a música do “Clube da Esquina II”. A música é tão bonita que às vezes a mensagem passa despercebida.
Rodrigo Borges: E é uma letra política.
Lelo Zaneti: É o truque que a galera usava para enganar a ditadura, a censura.
Rodrigo Borges: “Em meio a tantos gases lacrimogênios, ficam calmos, calmos, calmos”.
Lelo Zaneti: E a pessoa tem que ficar calma mesmo.
Rodrigo Borges: O Marcinho falou pra mim: a calma era o objetivo a ser conquistado no meio de gás lacrimogêneo; e era um objetivo difícil de ser conquistado.
Lelo Zaneti: E também é importante manter o humor e otimismo, porque vale a pena a gente estar sempre conectado. É como o Lutte falou, você tá sempre informado. Eu busco a informação, assino a Folha de S. Paulo, abro o jornal, leio uma matéria completa, passo aqui e ali. Não tem jeito, você tem que viver entendendo como é o mundo, mas trazendo o otimismo e a alegria. E nós somos intérpretes disso. O Rodrigo cantando, o Lutte cantando, acho que é importante manter esse contato com o público. Eu sou menos intérprete e mais engajado em vibe, energia e tal; acho que o Manno Góes também é assim. Então tem um ponto de equilíbrio: dois são mais centrados em vibes e os outros dois são mais diplomatas com o público.

Com certeza! E uma coisa que vocês comentaram e que eu tinha visto também era justamente isso da banda ser formada por dois mineiros e dois baianos. Eu tinha visto uma declaração acho que do Rodrigo dizendo que “a união Bahia e Minas se consagrava no trabalho do Trilho Elétrico por meio dos tambores”. Eu queria saber de que forma esta união se consagra agora nessa nova fase.
Lelo Zaneti: Já vem do Vanderlei Silva, que é filho do Robertinho e o grande baterista do Clube da Esquina. A gente convidou ele para participar da faixa “Para Lennon e McCartney”, uma celebração – ou, pelo menos, a nossa homenagem – aos 50 anos do Clube da Esquina. A gente foi pro Rio de Janeiro gravar a percussão com ele no estúdio do Frejat, que é o Du Brou. O Frejat é um cara muito amigo, sempre de portas abertas, bom de papo, um puta guitarrista, compositor e com um vozeirão. Então a gente levou o Vanderlei pro estúdio e o Renato Munhoz, que trabalha com o Skank, fez aquela captação incrível de recursos percussivos do Vanderlei. Então, acho que nós vamos seguir um pouco esses padrões. De vez em quando a gente conversa sobre quem poderia ser uma referência pra gente, porque eu cresci ali com o Skank e escutando o Olodum também, vendo um show do ao vivo, os caras tinham um monte de coisa da Timbalada, que a gente gosta muito. Eu particularmente acho Carlinhos Brown uma das coisas mais inventivas que já aconteceram. O nível dele é internacional, de show, de percussão, de quem sabe a gente conseguiria. Ou mesmo trazer alguma alguma coisa de tambores de Minas, né?
Rodrigo Borges: E eu acho que isso vem naturalmente pelas próprias influências e vivências dos quatro. Então você vê no primeiro disco que a gente já teve esses elementos de percussão e guitarra baiana, por exemplo. Isso se mistura com as levadas do Lelo, às vezes com as minhas harmonias ou o meu jeito de tocar, a minha interpretação da música baiana, que é diferente da vivência que o Lutte tem lá e que ele sabe como se toca determinados ritmos, que são muito usados no Carnaval. É um aprendizado constante mas, de toda forma, tem a nossa leitura daquelas estéticas, daquela cultura, que cada um devolve de um jeito e essa mistura, acaba acontecendo naturalmente.
Lutte: Acho que o tambor, a percussão, os elementos percussivos e os ritmos – orixás, axés e frevos – que a gente gravou no primeiro disco, são coisas que permeiam muito a música de Salvador. O axé nasce do frevo pernambucano, então, naquele primeiro momento que a gente estava se apresentando para o mundo, trouxemos todas essas influências, musicais e rítmicas, e por meio das participações também: Luiz Caldas, Armandinho Macedo, Mart’nália, Toni Garrido, Vitor Kley, Julia Zumba, Daniela Mercury, Robson Moraes, que é o vocalista da Banda Mel, e é um cara super do bem. Acho que, como o Lelo falou, o tambor é a síntese desses elementos percussivos, e não é necessariamente o instrumento tambor. E encerrado esse ciclo do primeiro disco – mas não que a gente não vá fazer mais, porque está tudo gravado, registrado e no mundo – agora vamos partir pra uma outra coisa que, como o Rodrigo falou mais cedo, traz novos elementos novos também, coisas eletrônicas que a gente gosta também, mais guitarras, espaço na música pra poder pintar as vozes e tal. 

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E o que vai vir aí? Porque “Plot Twist” é o primeiro capítulo, o abre alas, desse novo momento.
Lelo Zaneti: Então, eu fiz uma música e a gente teve a ousadia de convidar o Marcinho Borges, que é um cara muito atual e muito ligado, que fez esse documentário do Milton e praticamente dirigiu essa história do Clube da Esquina. Ele mandou uma letra pra gente que casou muito bem com a música, aí a gente já convidou o Zé Ibarra, que eu gosto muito da voz dele, a história dele com o Bala Desejo, vamos ver se ele vai topar. A gente conhece as pessoas e logo convida, porque é um lance legal, tem uma parte da música que eu ouço a voz dele e falei “essa região alta aqui é do Zé”. Então vamos continuar nessa toada, convidando os amigos, as pessoas que a gente tem confiança, que fazem um som legal, e tentar fazer uma produção massa. Acho que todo mundo aqui se preocupa com isso.
Rodrigo Borges: A gente pretende chegar em um novo EP esse ano. Estamos até pensando na ideia de que parte dele pode ser gravado também ao vivo, e estamos estudando fazer aqui em São Paulo e em Salvador. E, claro, a gente quer circular com o show o máximo que a gente puder. Ter esse contato com o público, estar junto ali, pra gente é muito importante, porque as pessoas que nos motivam a fazer esse som. E sempre abrindo o palco também para convidados e amigos nossos. A gente quer fazer desse show uma celebração mesmo.
Lutte: É isso aí.

E essa próxima música já tem alguma data em vista pra ser lançada?
Lelo Zaneti: A gente ainda tem que trabalhar “Plot Twist” um pouco, porque pô, é uma música legal de trabalhar. Aí na sequência, vamos botar uma parecida com “Plot Twist”, que tem um texto que me lembrou o Renato Russo, Bob Dylan, aquelas coisas mais compridas. A música tem uma história que pode passar um pouco pelo folk com um riff muito bom. Eu estava falando muito com o Rodrigo de produção do Bob Marley Quando você abre os tracks dele, têm dobras de violão de 12 junto com a guitarra, ninguém saca isso, mas quando você escuta, fala “ah, tá explicado”. O Lutte estava falando de um tecladista também que tem umas coisas parecidas com clavinet, com um timbre bonito, e isso interessa muito. Acho que a toada da música pop do “Plot Twist” vai continuar.
Rodrigo Borges: E a gente vai trabalhar nessa faixa nos próximos dois meses aí talvez, pra já lançar em breve.

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E a possibilidade de gravar esse EP ao vivo dá a entender que vão vir shows por aí. Já tem uma ideia de quando vai começar essa agenda?
Rodrigo Borges: A gente está trabalhando nisso. Acho que talvez a partir do próximo lançamento, a gente deve dar mais uns dois meses pra já construir uma agenda um pouco maior e aí já sair apresentando um pouco desse material novo, sobretudo essas duas canções, “Plot Twist” e essa próxima.

Tem nome essa próxima?
Rodrigo Borges: Tem. “Alguém Precisa Mudar Esse Refrão”.

Bom demais, já estou ansiosa pra ouvir! Gente, muito obrigada pelo nosso papo! Adorei conversar com vocês e espero que a gente continue a se falar pros próximos lançamentos do Trilho!
Lelo Zanetti: Obrigado você, Natália! Prazerzaço falar com você!
Rodrigo Borges: Obrigado, Natália! Nos falaremos em breve!
Lutte: Obrigado, querida! Até a próxima!

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Natália Barão
Natália Barão
Jornalista, apaixonada por música, escorpiana, meio bossa nova e rock'n'roll com aquele je ne sais quoi