Entrevistamos Twilight Aura sobre “Believe”, 2° disco do grupo

Twilight Aura
Foto: Divulgação

A banda de metal Twilight Aura lançou em junho deste ano o seu segundo álbum de estúdio, “Believe”, nas plataformas digitais de música. O disco marca a continuidade de “For a Better World” (2022), trabalho que marcou o retorno do grupo após um hiato de 25 anos.

Twilight Aura se formou em 1993 e seguiu até 1997, retornando em 2021. A volta foi marcada pela entrada da vocalista Daísa Munhoz, conhecida por seu trabalho com com as bandas Soulspell e Vandroya, que se juntou a Andre Bastos (guitarrista), Rodolfo Elsas (guitarra), Filipe Guerra (baixo), Leo Loebenberg (teclados) e Claudio Reis (bateria).

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Com os integrantes divididos em quatro continentes, “Believe” traz uma leitura otimista e uma mensagem esperançosa para o futuro em “tempo de tantas divisões”, como definiu o ex-Angra Andre Bastos. Para somar à voz de Munhoz, a banda convidou para participações especiais os artistas Jeff Scott Soto, Felipe Andreoli (Angra), BJ (Spektra, SOTO), Daniel Matos (VIPER) e Andre Matos.

O Nação da Música conversou com o guitarrista e fundador da banda Andre Bastos sobre o retorno de Twilight Aura, as influências da banda e as expectativas do novo disco.

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Entrevista por Isabel Bahé.

————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Vocês vêm desde os anos 90, início dos anos 2000. Eu queria entender como vocês diferenciam esses dois trabalhos. Não quero dizer necessariamente “evolução”, mas como veem a mudança na sonoridade, na temática e em outros aspectos desses dois álbuns, que marcam o retorno de vocês?
Andre Bastos: Nossa banda é antiga, formada em 1993, mas precisamos parar em 1997 por questões profissionais. Na retomada em 2021, pegamos aquelas músicas escritas naquela época e as regravamos. A única mudança foi nas letras, pois as originais eram muito simples, com um inglês limitado. Hoje, temos um vocabulário melhor, então as reescrevemos. Também trocamos de vocalista: convidamos Daísa Munhoz, que topou na hora e deu uma nova cara às músicas.

Já no segundo álbum, “Believe”, ainda tínhamos material antigo, mas alguns nem lembravam dessas músicas. Eu mostrava para o pessoal, e eles diziam: “Nossa, a gente tocava isso?”, e eu tinha até vídeos para provar! Então, selecionamos algumas dessas e compusemos outras novas. A grande diferença é que, no primeiro álbum, todas as faixas tinham mais de 30 anos, enquanto neste há desde músicas antigas até outras com apenas um ano. Mas conseguimos unir tudo de forma homogênea, sem que a disparidade temporal fique evidente.

Foi um hiato longo. Como você relaciona a cena musical no nascimento da banda, nos anos 90, e agora nos anos 20?
Andre Bastos: Voltamos durante a pandemia, seguindo um movimento que muitas bandas fizeram, como as colaborações remotas do Wiki Metal, onde cada um gravava em casa e depois juntávamos tudo. Quando comecei a postar alguns vídeos, quem lembrava da Twilight Aura nos incentivou: “Já que sabem gravar, por que não retomar aquelas músicas?” Foi assim que decidimos voltar.

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Hoje, estamos espalhados em quatro continentes: eu nos Estados Unidos, o baterista na Austrália, o tecladista na Inglaterra e os outros três no Brasil, em cidades diferentes. Cada um tem um home studio; gravamos separadamente, enviamos ao produtor, Tito Falaschi, e ele mixou tudo. Isso seria impensável nos anos 90. Na época, tínhamos que estar todos no mesmo estúdio, com custos altíssimos. Hoje, a tecnologia democratizou a produção.

Antes, dependíamos de revistas, MTV e rádio para ser conhecidos; hoje, há outras formas de promoção, como parcerias com plataformas (ex.: Wiki Metal), que nos ajudam a alcançar o público global. A concorrência aumentou, mas também as possibilidades.

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E como foi que a entrada da Daísa Munhoz impactou a identidade do Twilight Aura?
Andre Bastos: Quando decidimos regravar, eu já preferia metal com vozes femininas, sou fã de Within Temptation, Amanda Somerville, etc. Conheci a Daísa através de um cover dela de “We Got the Right” (Halloween) com a banda Spell. Pesquisei sobre ela, vi que tinha uma carreira sólida e, como o Tito Falaschi a conhecia, a convidamos. Ela topou na hora.

Deixamos claro que ela tinha liberdade para modificar melodias, letras e backing vocals. Ela trouxe sua personalidade, transformando as músicas de um jeito incrível. Não é exagero dizer que foi um sonho realizado. Só se compararia, se fosse uma voz masculina, ao Michael Kisse do Helloween. Essa é a comparação que faço [risos].

Falando sobre a mensagem desse disco, você mencionou que as letras trazem um certo otimismo, uma positividade que é especial no contexto atual, em tempos de tantas divisões. Para você, qual a importância desse posicionamento, especialmente no metal, que nem sempre traz essa bagagem de otimismo e positividade?
Andre Bastos: O metal é sempre associado, desde sua origem – pegue o Black Sabbath, por exemplo – àquela coisa mais obscura, mais intensa. Eu gosto muito disso, sou fã do Iron Maiden, com aquelas caveiras, capas cheias de monstros, mas a parte melódica deles é maravilhosa.

Quando criamos a Twilight Aura, éramos um grupo que se divertia muito, estávamos sempre rindo. Na hora das fotos, fazíamos cara séria, mas no fundo éramos uns moleques. Não somos do tipo que fica reclamando. Se há algo que não está bom, queremos propor soluções. Se há divisão, queremos aproximar os lados opostos para encontrar uma forma de conviver. Um lado não vai convencer o outro, mas há espaço no mundo para todos. Então vamos buscar o respeito mútuo.

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Neste álbum “Believe”, a mensagem mais forte é: acredite que é possível ser bom, ficar bem, fazer as coisas melhorarem. Mesmo quando não está bem, acredite que trabalhando podemos superar os problemas. Desde que aquilo em que você acredita não tire o espaço de outra pessoa. É uma mensagem mais etérea, espiritual, de amor, diferente do metal antigo associado a caras feias e posturas agressivas.

“O papel da música é tornar as pessoas e os lugares melhores”, como disse Fabio Caldeira . Mas falando um pouco das influências: quais são as principais referências que se juntam nas composições de vocês?
Andre Bastos: Normalmente eu componho as músicas, então elas carregam muita influência do que estou ouvindo. Há uma banda holandesa chamada Ayreon, que sempre ouvi muito, em muito do Helloween também, no começo da banda uma das maiores influências era o Viper.

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Mas o resultado final vai além, porque cada um na banda tem suas preferências: o outro guitarrista, Rodolfo Welser, é mais da área Hard Rock, então ele traz esse toque. O baterista ouve muito jazz e progressivo, então acrescenta essa influência. O baixista ouve tanta coisa que toca até stand-up bass acústico, trazendo todas essas influências.

Considerando que vocês são uma banda dos anos 90 que retornou a uma cena musical bem diferente, tanto para músicos quanto para o público, como equilibram a nostalgia do repertório antigo com o apelo a fãs novos?
Andre Bastos: Sabemos que as pessoas não ouvem mais álbuns completos. Dificilmente alguém compra – ainda temos CDs, quem quiser pode adquirir o nosso, que ficou lindo, disponível na loja do Wiki Metal. O que fazemos é promover cada música como se fosse nosso único trabalho, na esperança que, se gostarem, busquem as demais. Meu filho de 18 anos, por exemplo, não ouve álbuns, só músicas avulsas [risos].

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Quais são os próximos passos? Tem planos de turnê ou já estão trabalhando em novos projetos, mesmo tendo lançado este disco recentemente?
Andre Bastos: Estamos focados em promover o novo álbum online com o Wiki Metal. Não temos shows agendados nem planos de turnê. Recebemos alguns convites para festivais que estamos considerando com carinho, mas sendo uma banda geograficamente dispersa, isso requer um cuidado especial. Nosso plano é continuar fazendo música e lançando material. É o que amamos fazer.”

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Isabel Bahé
Isabel Bahéhttps://linktr.ee/isabelfbahe
Estudante de jornalismo e bibliófila que respira músicas.