No dia 18 de maio o supergrupo latino-americano De La Tierra chega ao Brasil para apresentação única em São Paulo, e o Nação da Música teve a oportunidade de entrevistar o guitarrista Andreas Kisser. O músico falou sobre o projeto, a recepção dos fãs e os planos da banda que é formada por Andrés Giménez (D-mente), Alex Gonzáles (Maná) e Sr. Flavio (Los Fabullosos Cadillacs).
Entrevista por Esperanza Rabello e Raquel Amico
Nação da Música: Primeiramente, como rolou o convite para fazer parte da banda? De quem foi a ideia de criar o supergrupo?
Andreas Kisser: O grupo começou com o Alex, baterista do Maná, e com o Andrés Giménez, que é argentino e já foi vocalista na banda de metal A.N.I.M.A.L, bem conhecida no meio underground, e agora tem uma banda chamada D-mente. A ideia à princípio era fazer uma jam. Eles se encontravam no backstage do Maná, trocavam ideias. Apesar do Maná não ser uma banda de metal, Alex gosta muito de heavy metal, ele começou escutando rock pesado. Eles queriam fazer uma jam, e isso foi há uns nove anos atrás. Mas somente ano passado eles resolveram fazer uma coisa mais séria, formar uma banda. Então chamaram o Sr. Flavio, baixista do Los Fabullosos Cadillacs, da Argentina, e me convidaram pra fazer parte do grupo. E eu aceitei na hora. Já conhecia os músicos, a história de cada um, e eu achei muito interessante a ideia de fazer um grupo de metal que canta em espanhol. É uma coisa diferente que eu nunca tinha feito, principalmente por tocar com músicos que não são apenas do ramo do metal. Então eu achei que seria interessante tocar com eles, é uma mistura nova.
NM: A banda é composta por músicos de grande talento e reconhecimento. Vocês tiveram uma química imediata ao tocarem juntos ou levaram algum tempo para se acostumarem?
Andreas: Na verdade, a gente começou se comunicando via e-mail. Quando o Alex veio ao Brasil nós conversamos, trocamos ideias, e continuamos a nos falar via internet. Até que a gente se reuniu no começo do ano passado pra ensaiar, pra tocar pela primeira vez, e a química foi ótima, não tivemos nenhum tipo de dificuldade. Em pouco tempo nós já tínhamos músicas prontas, arranjadas, e que a gente poderia colocar no disco. Nós fomos nos conhecendo como músicos, como pessoas, e foi algo que aconteceu de maneira bem natural. Nós não somos uma banda formada por um reality show ou por um empresário no intuído de fazer uma superbanda. Nós juntamos quatro músicos com vontade de fazer um som, músicos que se respeitam e que tem uma amizade.
NM: O álbum contém músicas em português e espanhol. Por que a banda optou por misturar as duas línguas? Foi uma experiência desafiante?
Andreas: Os membros falam espanhol, então acabou sendo uma coisa mais relacionada ao espanhol e eu acabei colocando algumas coisas em português. A ideia é que no próximo trabalho a gente foque mais no português. Acho que é porque a gente tinha espaço para falar as duas línguas. No Brasil a coisa é muito fechada, a gente encontra barreiras no próprio Brasil, nós não temos essa conexão com a América do Sul/Latina, e a gente não encontra essa conexão também por conta da língua. E eu acho que a banda tem essa proposta de quebrar um pouco essa bloqueio. Então a gente resolveu usar as línguas que nós falamos até mesmo pra que a gente se expressasse de uma maneira mais natural, já que é o nosso idioma. Além de que isso dá uma vitalidade diferente.
NM: Recentemente, o De La Tierra abriu os shows do Metallica em estádios lotados na América Latina. Como foi a experiência?
Andreas: Foi uma experiencia maravilhosa. Foi um começo que a gente não esperava, abrir quatro shows do Metallica. Colômbia foi o primeiro show e tinham sei lá, 40, 50 mil pessoas. Além disso, foi emocionante pra gente, que somos uma banda nova, tocar no mesmo palco que Metallica. E foi ótimo, nós fomos muito bem recebidos, muita gente já conhecia o de De La Tierra. E deu também um pouco mais de confiança pra banda, de estrada. Nós nunca tinhamos tocado juntos num palco, só tínhamos aquele trabalho de estúdio. Foi uma grande oportunidade que o Metallica deu pra gente.
NM: Os fãs do Sepultura aceitaram bem a sua participação nesse novo projeto? Como foi a receptividade deles?
Andreas: Os fãs receberam bem, apesar de ser um estilo diferente. A música do De La Tierra é pesada, mas é uma coisa um pouco mais melódica, até mesmo em relação aos solos de guitarra que eu faço no Sepultura. A gente é uma banda de metal, mas tem uma pegada diferente. Mas os fãs receberam bem, acho que a compreensão do próprio Sepultura e do Maná foi fundamental para o De La Tierra acontecer, já que as agendas acabam entrando em conflito.
NM: O que você pode dizer sobre os planos da banda para o futuro?
Andreas: Nós precisamos encaixar o projeto dentro da agenda de todo mundo pra que a gente possa fazer o máximo de shows que a gente puder. Nós fizemos os shows do Metallica, tocamos em um festival no México e agora faremos o show em São Pauto, na Argentina. Nosso intuito é tocar o máximo possível, não só em países latinos, mas também na Europa, por exemplo.
NM: O que os fãs podem esperar desse primeiro show do De La Tierra no Brasil? Quer deixar algum recado pra eles?
Andreas: O recado é que a gente tá muito feliz pela oportunidade de fazer esse show aqui no Brasil, não é comum ter uma banda cantando em espanhol e português, ainda mais no metal… E nós estamos preparando algumas surpresas, alguns covers e vamos tentar fazer também uma coisa um pouco mais pro disco. Vai ser uma oportunidade única.
O De La Tierra se apresenta em São Paulo no dia 18 de maio, no Cine Jóia.
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