Ele é diretor, produtor, cinegrafista, baterista, editor e jornalista. Como se não bastasse fazer tudo isso, ele ainda é premiado por seus trabalhos. Essas são as principais características de Daniel Ferro, conhecido por ser ex-baterista da banda Emoponto e por ter produzido videoclipes famosos.
Em entrevista à Nação da Música, Daniel nos conta como foi a sua trajetória profissional, como foi trabalhar com a Fresno e seus projetos para 2012. Confira a entrevista do multiprofissional Daniel Ferro.
Entrevista por: Bruna Schneider
NM: Ao olhar o seu “currículo” podemos perceber a imensidão de coisas que você já fez e faz. Vai desde ser músico a produtor de videoclipes. Como você começou a fazer essas coisas? Havia planejado fazer tantas coisas ou foi somente acontecendo?
Daniel: Foi acontecendo naturalmente. Sou formado em Jornalismo pela PUC-RJ, cheguei a trabalhar como jornalista esportivo, depois de um estágio em uma revista de música. Em 2003, veio o contrato com a EMI da minha banda e pude (sobre)viver de música até 2006. Durante o período da banda me especializei em produção de áudio e Pro-Tools e também comprei uma câmera de vídeo para registrar a tour da minha banda pelo Brasil. Uma coisa levou a outra, editei o material e me interessei nesse lance de vídeo também.
No final de 2006, um amigo de infância tava montando a produtora de vídeo dele e eu me candidatei a trabalhar com ele. A partir de lá a carreira da banda desacelerou e, consequentemente, tive mais tempo pra me dedicar ao vídeo. E foi assim. Hoje mal tenho tempo de pegar nas baquetas.
NM: O clipe que você produziu, “Porto Alegre”, da Fresno, foi muito elogiado pela crítica e foi, inclusive, indicado aos 100 melhores clipes de 2011 da MTV Brasil. Como foi trabalhar neste projeto? Como surgiu a idéia de fazer um clipe assim?
Daniel: Conheço o Fresno desde o início de 2003. Quando tinha banda, viajamos juntos na mesma van, um recebia o outro pra hospedagem, tocamos juntos dezenas de vezes e nos tornamos amigos próximos. Ao longo dos anos já tinha feito outros clipes, web docs e o DVD deles. Quando o Lucas me falou que eles estavam cogitando fazer um clipe de “Porto Alegre”, em 2011, eu fiquei com aquilo na cabeça.
Às 4h da manhã do mesmo dia, eu tive um brainstorm de fazer um clipe que seria um tipo de “documentário” em formato de vídeoclipe, contando a relação do Fresno com a cidade natal deles e um pouco da história da banda. Lembro que liguei pro Lucas, do Fresno, na mesma hora e ele adorou a ideia. Até me perguntou se eu estava sóbrio, por ter ligado pra ele aquela hora. (risos).
A gravação do clipe foi muito tranquila e num clima festivo, já que contou apenas com amigos próximos lá em Porto Alegre mesmo.
NM: Você participou do projeto “90 Dias com Catra”. Há algum plano para fazer algo do gênero com outro artista?
Aquele foi um piloto que editei e ajudei na produção. Era pra ser um programa de TV. Mas o lance ficou tão brutal e honesto, (pra não falar pesado) que passou do ponto de ser exibido na TV. Pra não “jogar no lixo”, decidimos subir no Youtube. Acabou que o lance viralizou, muito mais do que esperávamos, chegando a 1 milhão de acessos no primeiro mês. Foi uma grata surpresa.
NM: Você fez parte de uma das primeiras bandas de emocore do país, a Emoponto. Você esperava alcançar o sucesso que a banda atingiu?
Não considero que atingimos esse sucesso todo. Acredito que tivemos uma importância, talvez por sermos uma das primeiras bandas do Rio de Janeiro a cantar esse tipo de som em português, a assinar com uma gravadora grande, fazer um clipe com orçamento e etc. Porém, exatamente porque fomos um dos primeiros, sofremos muito com a falta de experiência e sem ter ninguém pra nos guiar ou espelhar. Mas me orgulho muito de tudo e sem essa “escola” de ter uma banda, sem dúvidas eu não estaria onde estou hoje.
NM: Como baterista da Emoponto, qual foi o momento mais marcante que você presenciou?
Daniel: Vários shows incriveis, conquistas, viagens e roubadas que são inesquecíveis. Mas um show que a gente fez em dezembro de 2010, no Rio de Janeiro, quando já estávamos separados e nos reunimos como trio (o guitarrista Marcelão faleceu em 2009) foi muito especial. Não esperávamos reencontrar tantos amigos num show que realmente mexeu com todo mundo.
NM: Você já trabalhou em diversos videoclipes. Qual o que você mais sente orgulho de ter feito?
Daniel: Acho que o “Porto Alegre” da Fresno, pois realmente foi um videoclipe simples, mas que funcionou perfeitamente. É sincero, super honesto e tem muito coração. Até quem não simpatiza com a banda elogiou esse trabalho.
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NM: Qual música você gostaria de ter feito um clipe?
Daniel: Boa pergunta. Mas acho que o “These Days” do Foo Fighters. É um clipe que existe, mostra a banda na estrada. Eu assisti e não gostei tanto. Fiquei com aquele sentimento de “se eu tivesse feito esse, acho que faria melhor”. É arrogante falar isso? Talvez. Mas você perguntou, não vou ser político. Mas só esse também, já que a videografia toda do Foo Fighters esculacha qualquer um.
NM: Você já produziu vídeos como “3 Days in Rio”, “3 Days in NYC” e “3 Days in London”. Qual será o próximo “3 Days”?
Daniel: O próximo será 3 Weeks in North América. Viajarei de férias com minha namorada pro Canadá e EUA. Filmarei tudo e depois edito. Camera na mochila, quando pintar algo legal, saco ela e filmo. Sem aquela neurose de trabalhar nas férias. São todos despretensiosos. Acho que a graça toda é essa.
NM: Com qual cantor/banda você gostaria de trabalhar e ainda não teve a oportunidade?
Daniel: Foo Fighters. (risos). Você perguntou e não colocou restrições, ta aí a resposta. Sonhar não custa nada.
NM: Atualmente, você está com algum projeto em andamento? O que podemos esperar de Daniel Ferro para este ano?
Daniel: Nas próximas semanas chegam às lojas o DVD “Jota Quest – Folia & Caos – Multishow Ao Vivo” que co-dirigi, filmei e editei. Além disso, ainda nesse semestre sai o DVD Dead Fish 20 anos – Ao vivo no Circo Voador, um trabalho do qual me orgulho muito pois foi todo feito na garra e no braço, estilo faça-você-mesmo, mas que ficou bom pra cara***.
Voltando de viagem também vou gravar e co-dirigir com o Lucas Silveira, o clipe novo da Fresno, da música “Infinito”. Existem conversas para um DVD ao vivo do Fresno também no final do ano. E estou pensando num programa de TV voltado pro rock, no Multishow, já que minha série “Rock Estrada” entrou num hiato, depois de 3 temporadas seguidas. Vai ser um ano corrido. Está sendo. Que bom.
NM: Muito obrigado pela entrevista, quem quiser conhecer mais do trabalho do Daniel Ferro, basta segui-lo no Twitter @danielferro e também acompanha-lo em seu site www.danielferro.com.br.
Entrevista por: Bruna Schneider
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