Entrevistamos Jason Mraz sobre o novo álbum “Mythical Magical Rhythmical Radical Ride”

jason mraz
Foto: Divulgação

Enquanto muitos artistas viram o ano de 2023 como uma oportunidade para lançar novos conceitos artísticos, Jason Mraz decidiu dar uma nova cara à sua música. Com seus 40 e poucos anos e quase 25 anos de carreira, o cantor lançou o single na vibe disco “I Feel Like Dancing”, carro chefe de seu próximo álbum “Mythical Magical Rhythmical Radical Ride”, que será lançado no dia 23 de junho.

A Nação da Música conversou com o cantor sobre o conceito por trás do novo disco com base em suas experiências e aprendizados nos últimos anos, a importância da dança para sua vida pessoal e profissional, e se o Brasil poderá ser incluído na agenda da turnê mundial que começará a partir de julho.

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Entrevista por Natália Barão
————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Olá, Jason! Como você está?
Jason Mraz: Olá, Natália! Estou fantástico, e você?

Estou bem também! Só com um pouco de calor porque está bem quente aqui no Brasil, mas tudo certo!
Jason Mraz: Está frio e chovendo onde eu estou.

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Onde você está?
Jason Mraz: San Diego.

Ah, San Diego! E está chovendo?
Jason Mraz: Sim, está! Mas está tudo bem, eu gosto. A chuva é boa para nós.

Sim, esses dias são bons também. Bem, vamos começar nossa conversa! Eu vi que no dia 23 de junho você vai lançar seu novo álbum “Mythical Magical Rhythmical Radical Ride”, que é o oitavo da sua carreira, certo? Como você descreveria e diferencia esse disco dos seus outros já lançados?
Jason Mraz: Bem, eu tenho a missão de sempre fazer uma música otimista, que tenha um propósito, que tenha a essência da felicidade e esperança, porque é o meu jeito de neutralizar a negatividade que existe no mundo. Então a minha música, de certa forma, é também uma reflexão da negatividade que existe no mundo e como podemos nos sobressair a ela, transformando a escuridão em luz. Dizer “passeio místico mágico rítmico e radical” é basicamente dizer “vida”, porque é isso que a vida é. Mas se eu só dissesse “vida” isso só nos lembraria de que a vida é curta, e é, mas “passeio místico mágico rítmico e radical” faz a vida soar mais animada. Cada momento é precioso, emocionante e um desafio, e então cada momento é também familiar e confortável, porque tudo é cíclico, e nós sabemos disso. O calor do verão será neutralizado pela frieza do inverno, sabe, nós temos esses ciclos.

Então foi uma exploração do tempo mais do que qualquer coisa. E essa é a grande diferença deste para os meus outros álbuns. É muito do mesmo conteúdo, porque ainda estou tentando gerar aquele otimismo e aquela esperança, mas a maior diferença é apenas o tempo. Estou no meio dos meus 40 anos, não mais nos 20 anos, certo? Nos primeiros álbuns, como “Mr. A to Z.” e “We sing. We dance. We steal things.”, algumas das minhas maiores lutas eram sobre namorar, sabe? Mas agora nos meus 40 anos são lutas diferentes, motivações diferentes e perspectivas diferentes, e é isso que este álbum está fazendo, que é olhar para a preciosidade do tempo e sobre como podemos continuar plantando novas sementes, sonhos e ideias, para continuar nutrindo-os e ainda dizer que nós podemos perdoar e nos conectar; está tudo bem começar um novo sonho e ir para uma direção completamente oposta da que você tinha prometido seguir originalmente e estar cheio de possibilidades. Então é sobre isso que é esse álbum.

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Que bacana! E você mencionou estar num novo momento justamente por estar em meio aos 40 anos, e não mais aos 20. Eu estou nos meus 20 e poucos anos e nós temos essas crises que são bastante comuns quando as pessoas estão se aproximando dessas idades mais cheias, como a crise dos 30 anos e a crise dos 40 anos. Você passou por isso?
Jason Mraz: Sim, e infelizmente eu sinto que têm crises quase que com cada idade, ou a cada sete anos, que é quando você pode garantir outra transformação. Não sei qual é a média, mas eu me lembro de sentir isso nos meus 20 e poucos anos, nos meus 30 e poucos anos e agora recentemente nos meus 40 e poucos anos. Sabe, acho que o que acontece é que simplesmente você vê a passagem do tempo. O que você vê agora? Quem sou eu nessa nova vida, as tarefas e pelo que sou responsável, e isso tudo pode ser muito pesado porque é tipo “não sou quem achava que eu seria” ou então “estou aqui e não consegui fazer aquilo”, sabe? É também a responsabilidade por estar numa comunidade, que é um verdadeiro desafio, sabe? Quem sou eu como pessoa nesse mundo? Como eu estou ajudando a aliviar o sofrimento desse mundo? Como eu estou ajudando a melhorar o planeta? Esses tipos de crises estão sempre aí.

Olhar no espelho e nos ver muda, essa é a crise, tipo “ai meu deus!”, mas é bonito também nós sermos nós mesmos e flores da natureza, passando pelo nosso processo de viver, nos tornarmos bonitos e eventualmente morrermos. Essa é uma coisa muito bonita porque é por isso que nós somos inerentemente espirituais, porque viemos do nada e voltamos a ser nada. Mas nesse nada há uma coisa muito poderosa, potente e bonita. Então, por sorte, a música e a arte é nosso jeito de passar por isso. É assim que produzimos nossos jardins, flores, sonhos, beleza e aliviar o sofrimento. Sou muito grato que a música esteja nas nossas vidas, e mesmo os livros, cinema e as artes visuais; tudo isso importa porque isso são os humanos fazendo coisas inerentemente humanas, o que é uma coisa linda.

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E pensando no seu single “I Feel Like Dancing”, pra você, dançar ajuda a passar por esse processo?
Jason Mraz: Sim, porque a dança é algo que sempre me desafiou. E uma parte de quem eu sou nessa idade é continuar a fazer coisas que me desafiem, continuar a fazer coisas que me assustam. Eu poderia facilmente só ficar sentado o dia todo, mas cantar sobre dançar requer que eu me levante e dance. E eu amo dançar! Toda vez que eu danço, eu danço de um jeito diferente; não sei o que estou fazendo, só improviso e adoro fazer isso. Eu tento mexer meu corpo de um jeito que eu nunca mexi antes, e eu acho isso libertador. Mas também é com esse processo que eu pude trabalhar com muitos dançarinos incríveis que estão me ensinando como dançar, para que eu possa ter algum controle. E realmente é, de novo, sobre me desafiar a fazer coisas novas e continuar a aprender coisas novas. Eu achei que a dança seria uma boa para aprender enquanto ainda sou jovem, então é melhor entrar no meu sistema para que eu possa fazer isso quando for velho.

O clipe de “I Feel Like Dancing” tem muitas participações especiais até de alguns amigos seus, como as meninas do The Raining Jane, o homem do tempo dançarino (que eu achei incrível) e o famoso influenciador LGBTQIA+ Josh Helfgott. Especificamente sobre o Josh, foi intencional da sua parte trazer a causa LGBT para o clipe? Eu vi ainda um vídeo de vocês dois nos bastidores gravando um dos famosos “Gay News” que ele faz, onde você ainda se assume como bissexual!
Jason Mraz: Sim, eu quis ampliar a mensagem dele. Muitos dos personagens desse clipe estão por aí no mundo com o próprio canal e a própria audiência, onde também estão ampliando versões de alegria, felicidade, otimismo e esperança. E essa era uma oportunidade de continuar construindo a audiência deles e ampliar a mensagem. Nós fizemos o convite para muitos influenciadores, e o Josh foi um dos primeiros a responder que sim, e eu fiquei emocionado com isso porque aprendi muito com ele. Ele está escavando a mídia para encontrar boas “notícias gays”, o que é muito importante, especialmente agora que tem havido um movimento para basicamente silenciar novamente as pessoas da comunidade LGBT e tirar nossos direitos. Então eu admiro o Josh pelo que tem feito.

Sim, com certeza! E o clipe é também cheio de referências à sua trajetória na música, como o icônico chapéu que você usava, algumas fotos, coisas assim. E eu vi que essa música, assim como seu outro single “You Might Like”, começou a ser escrita anos atrás. Retomar essas ideias e transformá-las em novas músicas que farão parte desse novo álbum, seria uma forma de você se conectar consigo mesmo ao longo desses quase 25 anos de carreira?
Jason Mraz: Quando eu escrevo músicas, vou construindo as pastas com ideias para os projetos. Então algumas dessas músicas que eu tinha, e eu ouso dizer que tinha, começaram a ser trabalhadas há muito tempo atrás, como “I Feel Like Dancing”, e você poderia gostar dela nessa época, mas elas eram só ideias. Elas tinham muita qualidade musical, mas não estavam prontas para os fones de ouvido, nem para o mundo. Então eu tentaria de novo e de novo algumas vezes, com múltiplos álbuns, mas então eu percebi que eles não eram os álbuns certos. Essa música estava numa pasta, e dessa vez eu quis especificamente ter mais disco e música up tempo, e eu tinha essa pasta muito especial de grandes sucessos, então disse “muito bem, vai ser isso, vou colocar toda a minha energia em fazer isso funcionar”, e eu finalmente tinha os elementos certos, o time certo e a orquestração certa para trazer o som que eu sempre quis que essas músicas tivessem. Eu sempre quis fazer um álbum dance, mas não queria um álbum eletrônico. Queria fazer algo que ainda tivesse os seres humanos tocando e uma orquestração real, me dando os sons que eu queria.

Você mencionou essas referências disco, e agora falando especificamente sobre o lyric video de “You Might Like It”, que foi lançado recentemente, o vídeo é muito bonito, cheio de cores e até mesmo algumas referências à cultura hippie, certo? Eu vi inclusive quem eu tenho certeza que era uma ilustração sua dentro de um submarino verde… talvez como uma referência ao “Yellow Submarine”, dos Beatles?
Jason Mraz: Oh sim, essa foi uma ótima observação porque a animadora me colocou mesmo num submarino, e eu acho que ela nem chegou a ouvir o álbum inteiro, mas ela sabia o nome da faixa e acho que ela quis criar essa máquina mística, mágica, rítmica e radical que me carregasse pelo ambiente. Achei muito fofo da parte dela, já tínhamos usado o trabalho dela antes e agora ela está de volta fazendo outros clipes com a gente. Ela se chama Lauren Haug, e acho que ela faz um ótimo trabalho; ela tem a própria interpretação das músicas, e acho que isso é muito bonito, então nós damos essa liberdade para que ela crie o que quer que ela tenha ouvido.

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Que legal! Bem, eu fui informada de que o nosso tempo está acabando, então vamos para a nossa última pergunta: não sei se você sabe, mas as suas músicas são muito amadas aqui no Brasil, e algumas fizeram até parte da trilha sonora das nossas novelas. Eu vi que você vai sair em turnê em julho, será que podemos esperar uma parada aqui no Brasil?
Jason Mraz: Bem, estamos trabalhando nisso. Se não for esse ano, com certeza será em 2024, porque já faz muito tempo desde a última vez, e seria um reencontro incrível quando voltarmos.

Já estou ansiosa por isso!
Jason Mraz: Obrigado! É muito gentil da sua parte.

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Bem, Jason, obrigada pelo seu tempo e muito sucesso com o álbum e esse novo momento!
Jason Mraz: Muito obrigado! Tchau!

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Natália Barão
Natália Barão
Jornalista, apaixonada por música, escorpiana, meio bossa nova e rock'n'roll com aquele je ne sais quoi