No dia 03 de novembro, sexta-feira, o cantor e compositor Megic Eric lança o seu primeiro álbum solo. Intitulado “Vida Comum (Realismo Fantástico), o material estará regado de MPB, entre outros gêneros musicais.
Para falar sobre o projeto, composições, conceito do disco e expectativas para o lançamento, o músico bateu um papo com a Nação da Música e você confere logo abaixo.
Entrevista por Katielly Valadão.
——————————— Leia a íntegra:
Olá, Eric. Como vai? Seu primeiro álbum solo está prestes a chegar ao mundo! Pra alguém que começou a se interessar por música ainda na infância, como você se sente nessa fase final de espera e expectativa antes do disco finalmente sair?
Eric: No geral, muito feliz! Na prática, um misto de empolgação com uma dose de ansiedade. Estou muito orgulhoso do trabalho, de todo tempo e carinho que foram colocados em cada uma das músicas que estão ali, e muito feliz de jogar o álbum pro mundo.
Fazer o disco, com todas as histórias, pessoas e caminhos do processo, foi uma experiência gigante. Para o público, espero que ouvir o álbum seja também uma experiência significativa.
Você adiantou um pequeno resumo de cada uma das faixas e todas elas parecem contar histórias e trazer reflexões distintas. Qual caminho de composição você usou durante a produção dessas músicas e quais elementos têm sido fonte de inspiração nesse período da sua vida?
Eric: De fato, tem uma diversidade temática nas músicas, mas sinto que o fio condutor da narrativa geral é a busca pelo extraordinário que existe no cotidiano. Me inspirei pelas coisas comuns da vida que, quando vistas de perto, podem ser totalmente fantásticas. Seja uma experiência amorosa, a morte de um familiar ou uma simples volta de metrô pela cidade.
Qualquer uma dessas situações pode despertar os olhos para observar a magia que acontece no dia a dia. Comecei a gravar no fim de 2019 mas a maior parte do álbum foi produzida com a pandemia como um denso plano de fundo, então realidade e fantasia se misturaram muito na criação das canções, assim como parecia acontecer com o mundo ao redor.
Cada composição nasceu separada e de uma forma diferente. Algumas são músicas antigas que tinha guardado, como a faixa final Um Dia Qualquer, já outras foram compostas com a produção do álbum já rolando, como a própria faixa título Vida Comum, escrita em 2020.
Tento não forçar nenhum padrão de composição em especial, pois sinto que as melhores canções vem do fundo da alma quando tem que vir, e não porque foram encomendadas pela força da vontade. Mas, depois que a composição aparece e consigo me agarrar nela, seja num esboço de letra ou ideia de harmonia, aí vira mais transpiração do que inspiração, e é um longo trabalho até chegar na música pronta e gravada.
Nesse processo de produção muitas coisas podem acontecer e levar aquela composição original para lugares novos e inesperados. Isso aconteceu com várias faixas do álbum, mas diria que, especialmente, com as faixas 2, 5, 7 e 9, nomeadas entre parênteses, que funcionam como interlúdios. São músicas que nasceram de muita experimentação com a produção, a partir de composições que existiam por baixo.
Eric, o que você diria que te puxa e te atrai em direção a MPB?
Eric: Me sinto atraído por muitos gêneros diferentes, com certeza com a MPB sendo um deles. De certa forma, esse gênero me leva de volta para um lugar de formação, de matriz. Ela estava lá desde o começo da minha relação com música, ainda criança. Foi só mais pro fim da adolescência quando realmente me abri e me encantei com ela mas, desde então, sou apaixonado e eternamente inspirado. Vivi infinitas aventuras nas histórias, melodias e acordes do Gil, nos violões, guitarras e grandes canções de muitos artistas dos anos 60 e 70.
Diria que hoje, mais do que revisitar as estruturas da MPB de tempos atrás, gosto de imaginar como pode ser a MPB no mundo hiperconectado e hiperrealista de 2023. Um violão calmo cantado entre toques de celulares, wifis e buzinas de carro não soa igual. Mas como soa? Me interesso por pintar a partir das minhas referências musicais brasileiras, mas com cores que a contemporaneidade enxergue.
Pensando nas pessoas que vão ouvir “Vida Comum (Realismo Fantástico)” e conhecer o seu trabalho, qual você diria que é a principal mensagem que gostaria de passar com toda a arte que está criando?
Eric: A mensagem de que a magia de se estar vivo se dá um dia após o outro, nos momentos comuns. E, cada vez mais, enxergo que comum não é apenas aquilo que é normal ou simples, mas mais do que isso, é aquilo que se tem em comum com outras pessoas. Comum é o que se faz em comunidade, comungando. Vida comum é a vida de tudo.
Então no “Vida Comum (Realismo Fantástico)” tento falar não apenas sobre a minha vida e fantasias, mas sobre histórias e emoções que são, de alguma forma, comuns a todos.
Quais faixas do disco são mais próximas do seu coração e qual você está mais ansioso para que as pessoas ouçam?
Eric: Tenho naturalmente um carinho especial por cada música do álbum, mas, tendo que apontar para uma, a que mais aquece meu coração seria a faixa título Vida Comum. Pra mim foi talvez a música mais forte que já escrevi, tenho muito carinho por ela. Ela abre o disco e, sem querer, sintetiza tudo que tento falar nas outras músicas.
É uma música sobre vida, morte, amor, cotidiano e fantasia. Se eu tivesse tentado sentar pra escrever algo que falasse de tudo isso eu não conseguiria, mas a música veio muito rapidamente num lampejo de inspiração e antes que eu pudesse atrapalhar, já estava pronta.
Sinceramente, estou ansioso para que as pessoas ouçam todas, pois cada uma tem um universo próprio. Amo “Um Dia Qualquer”, sou viciado em 100%, apaixonado por “Teu Calor” (composição de Pedro Mib, única do álbum que não é totalmente autoral). Mas também fico bem curioso pra ver como as pessoas vão reagir à faixas como “ahahahha…” ou “vish / de areia”.
Após esse lançamento, o que mais podemos esperar de você em um futuro breve? Pode nos adiantar quais são seus próximos planos e desejos em relação à música?
Eric: Cheguei a fazer um show solo com esse repertório ainda antes do álbum sair, mas meu principal objetivo após o lançamento é seguir para um formato de show com banda, com o qual possa levar as músicas mais longe. Sem abrir mão, também, do formato solo com violão, voz e computador, que gostei de experimentar.
E estou sempre com outras composições esboçadas na cabeça e algumas produções cozinhando no HD. O que mais pode vir por aí? Quem sabe!
Pensando em todo mundo que vai estar te conhecendo um pouquinho mais através desse nosso papo, como você se apresentaria e como gostaria que as pessoas lembrassem de você quanto artista?
Eric: Tenho brincado de falar que faço neo-mpb baixo-astral-tropical. Neo porque a nova já está velha, e baixo-astral-tropical porque costumo fazer músicas com atmosferas azuis, calmas e até melancólicas, mas faço num cenário de sol e calor, com cores exuberantes e traços tropicais. Como um dia chuvoso na praia.
Gostaria de deixar uma mensagem especial para os leitores da Nação da Música que vão estar conhecendo o seu trabalho?
Eric: Acho fascinante o poder da música de conectar pessoas e gerar emoções universais a partir de contar histórias individuais. A música que estou colocando no mundo veio do fundo de mim e me trouxe muita emoção. Espero que quem ouvir se conecte, à sua maneira, com essa emoção e leve essa música, de alguma forma, para fazer parte da sua própria vida.
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