Íntimo e introspectivo, “Rojo” é o nome do mais recente álbum da banda argentina Onda Vaga. Ele faz uma homenagem a Mercedes Rojo, amiga do grupo que partiu quando o disco estava sendo finalizado.
Em meio à turnê mundial desse projeto, que já é o sétimo da carreira, o quinteto desembarca no Brasil este mês para shows, com destaque para a apresentação que ocorre em São Paulo, no Cine Joia, dia 19.
Antes das apresentações em solo brasileiro, os integrantes Ignacio Rodríguez e Tomas Gaggero bateram um papo com a Nação da Música sobre o último álbum, inspirações, turnê e muito mais.
Entrevista por Katielly Valadão.
——————————— Leia a íntegra:
Olá, pessoal! Muito prazer. Como vocês estão? Onda Vaga vem ao Brasil em breve e os artistas costumam dizer que se apresentar para o público brasileiro é sempre uma aventura. E vocês, como pensam? Quais são as expectativas para essa turnê?
Onda Vaga: Nós estamos com muita vontade de fazer esses shows. Nossa última turnê no Brasil, em maio do ano passado, foi incrível e muito amorosa. Deixou em nós uma lembrança muito alegre. Agora nós voltamos com vontade de continuar criando essa boa energia com o público.
Olha, eu tenho que confessar que é bem difícil explicar o nome do grupo em português, então posso pedir para que vocês contem como surgiu a ideia para Onda Vaga?
Onda Vaga: A ideia do nome surgiu de repente. Nós estávamos prestes a fazer um show na praia, nosso primeiro show, e nos perguntaram: “Qual o nome da banda? O que colocamos no cartaz?” e um de nós, o Txema, do nada falou “Onda Vaga” e foi assim, ficou.
Onda Vaga pode ter várias traduções, uma delas poderia ser “uma vibe indefinida”, outra poderia ser relacionada com a preguiça e outra com uma onda que viaja, como uma vagabunda. Eu acho que a variedade de significados no nome da banda tem uma estrita relação com a dificuldade de definir nosso estilo de música.
Onda Vaga surge de um encontro de cinco músicos compositores que já se conheciam da cena musical de Buenos Aires. Ao compor os cinco (juntos), nossa música tem as cores de todos, e os gostos e gêneros se mesclam nas canções. Mesclamos os ritmos, então acaba sendo algo que não é de um gênero específico. Do nosso encontro nasce uma coisa nova. Uma música difícil de definir, uma “onda vaga”.
Há uns meses vocês lançaram o disco “Rojo”, que eu amei e me pareceu cheio de nostalgia. Como o álbum nasceu e qual vocês acreditam ser o conceito desse projeto?
Onda Vaga: O disco nasceu das nossas cabeças, foi a união de músicas nas quais vinhamos trabalhando cada um na sua, e decidimos uni-las nesse disco. Diferente de outros álbuns, nesse cada um escolheu a produção das músicas que eram de sua autoria.
A gente pensava que talvez o disco ficasse um pouco heterogêneo se não estivesse trabalhando com um mesmo produtor, e tem algo disso mesmo, mas ao mesmo tempo a gente acabou gostando da heterogeneidade.
O álbum está dedicado a Mercedes Rojo, uma amiga maravilhosa que partiu desse plano quando estávamos terminando o disco. Sempre em nossos corações.
As composições são muito bonitas e reais, muito maduras. Poderiam compartilhar conosco como acontece o processo de composição entre vocês e quais elementos usam?
Onda Vaga: Muito obrigado. O processo de é muito variado. Para esse disco, cada um apresentou ao grupo três músicas e nós escolhemos entre todos quais seriam parte do álbum.
“Rojo” é um disco muito íntimo, cada um trabalhou nas suas músicas e nos arranjos para depois chamar os outros e uni-las. É um disco introspectivo, usamos todos os elementos que quisemos. Não teve nenhum tipo de limite no aspecto sonoro e na instrumentalização. Fizemos o que quisemos. Nos demos total liberdade.
A música latina é muito autêntica e vocês são um bom exemplo disso, com a mistura de sons, gêneros e instrumentos que usam. Se tivessem que definir a arte que criam, como vocês o fariam?
Onda Vaga: Bom, acho que respondi um pouco antes. É verdade que misturamos gêneros e ritmos e terminamos fazendo nossa própria fórmula. Acredito que a definição da nossa música é o nome da banda. Onda Vaga soa a Onda Vaga.
Para todas as pessoas do Brasil que ainda não conhecem o grupo, como vocês gostariam de apresentar a Onda Vaga?
Onda Vaga: É um grupo com cinco vozes, um trombone, cuatro venezuelano (um tipo de instrumento), guitarra criolla e um cajón (instrumento de percussão peruano). Não tem um líder, é uma reunião que começa no palco e abraça todo o público. É uma música alegre, tribal, que vai ao encontro. Soa a folk e poderia ser um pouco punk. Acústica, tem rumba, samba, mambo. Música para cantar em voz alta com o coração aberto, feliz de estar aqui e agora.
O grupo já fez diversos shows, grandes festivais e muito mais. Ainda ficaram muitos sonhos e desejos a serem realizados na música?
Onda Vaga: Hmmm… acredito que não tenha um desejo específico, o bonito é continuar criando e compartilhando. O novo é sempre o do agora, o próximo show, o disco seguinte, poder estar em cada coisa e em cada encontro de maneira presente. Poder compartihar nossa música e chegar ao coração das pessoas que nos escutam é um sonho.
Podem nos adiantar algo sobre os shows no Brasil? O que estão preparando?
Onda Vaga: Vamos tocar músicas de toda a nossa discografia. Claro, não todas porque são sete discos. Mas um bom amontoado que vai nos levando por diferentes momentos e emoções. Festejamos o milagre de estar vivos e de nos encontrarmos através da música e da poesia em uma cerimônia sem igual.
Vocês gostam da música brasileira? Tem alguém do Brasil com quem vocês gostariam de fazer uma colaboração?
Onda Vaga: Amamos a música brasileira. Nascemos e crescemos com ela. Suas melodias, harmonias e a saudade misturada com alegria nos preenche profundamente. Fizemos colaboração com Moreno Veloso e com Francisco, el hombre. A lista de artistas com quem queríamos fazer música é muito extensa. Caetano, Daniela Mercury, Chico Buarque, Clara Nunes, Tom Zé…
Para finalizar, gostariam de deixar uma mensagem especial para todo mundo que vai estar lendo essa entrevista?
Onda Vaga: Desejamos que vocês possam encontrar a paz que habita no interior de vocês e transmiti-la ao mundo. Que vivam menos através dos seus celulares. Que cuidem e amem as pessoas que lhes rodeiam e que possam olhar nos olhos uns dos outros como se fossem vocês próprios.
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