A banda Tuyo foi a segunda atração a se apresentar no Palco Chevrolet no último dia do Lollapalooza Brasil. Além de prepararem um show bastante especial para este domingo (26), o trio ainda trouxe como convidados especiais os cantores Luccas Carlos e Vitão.
A Nação da Música conversou com a Tuyo sobre a pluralidade e representatividade na escolha do line-up do Lolla deste ano, e o que está por vir em 2023 após os respectivos singles “Fofoca” e “Zero Coragem”.
Entrevista por Natália Barão
————————————– Leia a entrevista na íntegra:
Vocês acabaram de se apresentar pela primeira vez aqui no Lollapalooza Brasil! Como vocês estão se sentindo depois dessa experiência de tocar no festival?
Lio: Nas nuvens!!!
Lay Santos: Tamo aqui do lado da Aurora, inclusive, que tá dando entrevista ali, eu como fã tô nervosa! Ela é muito fofa! Estamos no céu, foi muito gostoso, foi muito rápido! Mas ai, foi uma delícia!
Machado: A gente saiu do palco e eu fiquei olhando pro palco tipo, já acabou? Meu deus, foi muito rápido!
Lay Santos: O público aceitando a gente de braços abertos, tinha a galera que conhecia a gente, mas tinha muita gente que não tinha ideia de quem a gente era, e eu vi o pessoal ali prestando atenção, sabe? Foi bem bonito.
Lio: O massa do Lolla é que já é uma plataforma já briefada pra você, entendeu? Então a gente tava ali entre rosaliers, entre aurorers, tinha até os paralamers, entendeu miga? Todo mundo conectado com a gente, prestando atenção. O Number Teddie fez a gentileza de dar uma esquentada no público pra gente. Eu senti muito que o público tava pronto pra descobrir, entender quem é, chegar cedo pra ver. A gente sabia que ia encontrar fãs da Tuyo? Óbvio, eles tão por tudo, eles vêm, eles são parceiros da gente, um monte de dívida com agiota (risos), o povo parcelando, dando um jeito, dormindo na casa de amigo, gente que veio de outros estados e outros lugares pra ver a gente… mas acho que a parte mais foda é ver esse povo fazendo amizade com o povo da grade de outros shows. Esse palco é maravilhoso! Assistir o pessoal chegando, é muito bonita a imagem do povo descendo assim…
Lay Santos: Uma delícia, uma delícia!
Lio: Nossa, eu podia ficar dois anos aqui falando! Muito, muito especial! Uma sensação assim, não tem outra experiência parecida. A gente toca faz miliano, amiga, já fomos pra tudo quanto é buraco (risos), mas o Lolla tem um bagulho especial também acho que porque a gente é meio cliente do festival, eu sinto que a curadoria atende muito o nosso coração. Então eu sinto que quando as coisas acontecem, você pensa “poxa, eu tô tocando pros meus iguais”, o pessoal que curte música boa e tá afim de entender o que tá acontecendo de novo no mundo, não tá atrelado a uma categoria, como há anos atrás tipo “ai meu, sou fã de rock, vou ver o Black Pantera e depois eu vou embora!”. O pessoal vai trocando de palcos tranquilamente, o clima também ajudando, o pessoal trabalhou aí nas petições e nos pedidos de clima, parabéns, esse ano fizeram um excelente serviço! (risos). Sol à pino, uma delícia!
Vocês ainda tocaram num dos palcos mais amplos em termos de espaço, né!
Lay Santos: Eu tô impressionada porque assim, a gente tocou antes do Paralamas, né. Paralamas vai tocar lá…
Lio: Você viu o Herbert dando entrevista aqui?
Lay Santos: E logo em seguida vem a Aurora, vem a Rosalía… assim, eu estou em choque que botaram nós lá, mas que bom que botaram! Tô muito feliz de poder fazer parte de um negócio desses, encontrar várias pessoas também das equipes. O lance das equipes que trampam pra isso funcionar, a gente sabe dos B.O. que é, inclusive tem muita gente trampando pra fazer isso funcionar de alguma forma pra que seja acesso à cultura de alguma forma; com muitos problemas estruturais no Brasil, a gente ainda dá um jeito de ter acesso à cultura. Então isso acho que é o mais importante, é o que faz a gente não desistir do que a gente tá fazendo, a real é essa.
Falando em acesso à cultura, acho que não tem como não falar sobre representatividade também. Vocês, o estilo de vocês, todas as questões raciais e sociais, as pautas levantadas nas músicas de vocês, como vocês enxergam essa questão no Lollapalooza não só com a Tuyo, mas também com outros artistas? Eu conversei com a Tássia Reis também, que comentou sobre esse assunto.
Lio: E ela completou 10 anos de carreira! Tava tão linda, eu comemorei junto!
Lay Santos: Eu acho que é o lance da identificação. A gente se identifica com o público e eles se identificam com a gente, são corpos parecidos ali se visitando, entendendo o que é possível, os nossos corpos visitando lugares que a gente não entendia como possíveis, acho que essa é uma das paradas mais importantes, olhar no olho um do outro e se identificar, se reconhecer no trampo do outro, sabe? Vai abrindo os caminhos assim.
Lio: Eu sinto que mais do que representatividade, a sociedade tem pressionado as instituições em geral de conseguir pensar proporcionalidade. Porque mais do que ter uma de mim no palco, eu quero ver o equivalente! Tá cheio de gente como eu no Brasil e tá cheio de gente como eu aqui; isso é o real, isso é o que faz sentido. Eu entendo que é uma política que não pode parar, ela tem que perpetuar, e eu sinto que é uma multiplicidade de corpos, mas também de gêneros, cosmo, visão, como você pensa o mundo, de discursos no palco… eu sinto que o nosso passa por um lugar, o da Mulamba por outro, e eles se completam. Então elas terem estado no palco, Black Pantera falando coisas que conversam com a gente, eu entendi que muito do que tá sendo dito nos palcos conversa entre si, a maior parte das coisas que a gente conseguiu acompanhar (porque é muita coisa acontecendo!). Então essa multiplicidade de corpos, não só os nossos, mas todos os corpos com marcadores sociais e que antes não tinham acesso nem à possibilidade de passar na frente de um lugar desses, que você só encontrava trabalhando, nós tá por tudo, fiarada! Eu sinto que isso é irreversível, e isso me traz muita paz.
Vocês acham então que agora, em termos de festival e de dar espaço pra essa multiplicidade de corpos, o pessoal tá deixando de ter “zero coragem de se envolver”?
Lio: (risos) Hahaha linda! Muito bom, eu amo esses trocadilhos! (risos). Eu sinto que agora eles tão com toda a coragem de meter as caras, e eu sinto também que os festivais tão aprendendo a escutar mais a audiência, porque tem muitas coisas que as massas se movimentam e não dá tão legal, mas boa parte dos feedbacks de festival, é legal ouvir o pessoal da equipe que monta, não ficar dodói, levar pra casa e falar “é isso que vocês querem? a gente vai providenciar, vamos ajeitar”. Acho que a gente que é artista também é público, a gente gosta de cobrar e gosta de entender que as coisas tão acontecendo de acordo com o andar da sociedade; aí eu sinto que as coisas ficam coerentes, o festival fala com o tempo dele de agora, com as pessoas de agora e abandona velhos hábitos. Eu sei que é difícil, mas eu sinto devagar velhos hábitos sendo abandonados. E pra além da gente cobrar, eu sinto que também é importante a gente separar um tempo pra comemorar a vitória. Sei que ainda tem um longo caminho pela frente, mas eu sinto muito que passo a passo a gente vai chegando longe, e é gostoso você dar muitos passinhos, olhar pra trás e falar “caraca, veio uma distância aí! vamo pra frente que o foguete não tem ré!”.
No show vocês chamaram o Luccas Carlos e o Vitão, inclusive, pra cantar o single “Zero Coragem”. Como foi trazê-los pra essa experiência de vocês estarem tocando nesse palco do Lolla?
Lay Santos: Um grande churrascão, né (risos).
Lio: Foi a primeira vez deles também no Lolla.
Machado: Ah, a gente tem uma relação com o Luccas de um tempo, e a primeira vez que ele aceitou trampar com a gente, parecia que a gente era amigo há muito tempo, e eu sinto que aconteceu o mesmo com o Vitão também. Parecia que a gente tava comemorando nossa carreira também, comemorando o direito de estar ali com toda a galera também, então ele e o Luccas Carlos vieram nesse mesmo espírito. E não sei, no final a gente só se abraçou e falou “cara, é isso que tinha que acontecer mesmo”. Tá tudo bem, era pra ser assim e eu tô muito feliz!
Lay Santos: Foi muito gostoso poder sorrir olhando um pro outro e falar “nossa, que loucura! que legal demais, olha só que coisa, foi tão rápido!”.
Lio: É muito emocionante, e os processos também de trocar ideia com os meninos, saber os sacrifícios e as concessões que eles fizeram nas agendas pra fazer parte desse momento com a gente, a gente sabe como eles estão corridos, como eles tão lutando pra caralho construindo as coisas deles, e sei lá, eles separarem tempo pra dar atenção pra isso e viver esse momento com a gente é muito especial. Quando você olha ao redor e você só vê amigo teu, um monte, não tem nada parecido, é foda!
Para encerrar a nossa conversa, “Zero Coragem” foi o segundo single, se eu não me engano, que vocês lançaram esse ano, sucedendo “Fofoca”, em parceria com o FBC. O que a gente pode esperar de novos projetos de vocês pra esse ano?
Lio: Logo menos, gente, logo menos. A gente tá numa fase bastante produtiva, muitas coisas pra dizer. Nós temos nos alimentado do amor um pelo outro, pelo que a gente faz, e eu sinto que isso tem gerado muitas boas conversas entre nós, e quem acompanha a Tuyo sabe que boas conversas tão resultando em música. Então esse ano tá sendo bem frutífero, muitos nenezinhos na nossa cabeça, muitas novas canções… quem tá de vacilação e não tá acompanhando, vai perder! Porque nós estamos assim, vassourando, vrau atrás de vrau! Música já gravada…
Lay Santos: Vem aí!
Bom, gente, muito obrigada pelo nosso papo
Lay Santos: Obrigada você!
Lio: Obrigada!
Machado: Valeu!
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