A coluna NM Apresenta desta semana traz como destaque a banda paulistana Hatchets. Com uma mistura de diferentes influências, o grupo vem conquistando bastante espaço no cenário nacional. No último mês foram responsáveis por abrir um dos palcos no festival Planeta Terra. Formada por Gabriel Militão (guitarra e vocais), Paikan Gonzales (guitarra), Otávio Valezi (baixo), Vinícius Militão (bateria), André Matt (sintetizador) a banda apresenta um som que transita muito bem entre o rock e a música eletrônica, mas sem que estes estilos sirvam de limite para a sonoridade do Hatchets.
O Nação da Música bateu um papo com o baterista Vinícius Militão, que apresentou um pouco do trabalho do grupo além de contar como foi a experiência de se apresentar no Planeta Terra e ver o nome do Hatchets ao lado de artistas como Travis e Blur. Confira!
Nação da Música: Apresente um pouco do Hatchets pra gente! Como que vocês se conheceram? Quando que surgiu aquele click de “opa, a gente deveria formar uma banda juntos”?
Vinícius Militão: A gente sempre saia de balada, uns estudavam juntos, o Gabriel é meu primo, e sempre tivemos bandas. Depois de um período sem tocar, o Paikan encheu o saco do Gabriel, para que me chamasse, e montássemos uma banda. No começo foi tudo meio arrastado, ensaio domingo de manhã, de ressaca, tocando milhares de covers. Aí o Gabriel nos trouxe umas composições dele, criamos os arranjos (“Last Saturday” é uma delas), aí foi isso, foi o “opa, temos uma banda, e com música própria. Vamos fazer um show?”. Colocamos o André no teclado, dando a real identidade da banda. E foi isso haha. Claro que se eu te contar tudo o que rolou até aqui, mal chegaremos na segunda pergunta.
Nação da Música: No som de vocês fica evidente que o Hatchets é influenciado por diferentes tipos de músicas. Quais são as principais influências de vocês? Quais os grandes desafios, na opinião de vocês, em unir essas diferentes sonoridades pra criar a identidade da banda?
Vinícius Militão: Realmente, somos influenciados por muita coisa, sejam bandas, sejam DJs/Produtores de música eletrônica. Não existe uma fórmula, mas também não existe proibição. Às vezes a influência vem de algo completamente diferente, sei lá, uma batida pode ter influência de Hip Hop, ou uma guitarra que saiu de uma trilha de um filme que os caras assistiram.
Sobre soar ou não como a banda, a gente não encana se parece ou não Hatchets. Talvez a única regra é a de quem for assistir nosso show, tem que ter vontade de se mexer. Nem precisa dançar (se sim, melhor), mas bater o pé no chão, acompanhando a batida, já é um termômetro de que a gente fez a lição de casa.
Nação da Música: Existe algum tipo de experimentações musical que vocês gostariam de testar um dia? Alguma parceria com outro artista ou de beber em alguma influência musical ainda não tentada pela banda?
Vinícius Militão: Como a gente mexe com música eletrônica, as opções são infinitas. Dá pra fazer som de tudo quanto é jeito. Em contrapartida, gostamos de incluir sons mais orgânicos, que sirvam de suporte para nossas músicas. Por exemplo, para “Hey, Benji”, queríamos um background de batucada, quase macumba, então para isso, chamamos o mestre de bateria de uma escola de samba, e foi genial colocarmos isso em prática, porque ele acrescentou algo até então novo pra nós.
Se fosse pra escolher alguém para uma parceria, os caras do Groove Armada seriam muito bem vindos Ou o Simply Red. Cara, a gente pira em Simply Red.
Nação da Música: Vocês recentemente participaram do Planeta Terra. E não só isso, vocês foram os responsáveis por abrir as atividades no Palco Terra. Como que vocês reagiram ao receber a notícia? Teve algum tipo de preparação especial para este show?
Vinícius Militão: Colocamos na cabeça que o nosso show teria sim coisas novas, mas sem perder nossa essência, até porque muita gente não fazia ideia sobre o nosso som, então precisavam conhecer o que sempre fizemos e o quanto nos divertíamos em cima do palco. Para o show, tivemos a oportunidade de contar com uma banda maior, onde duas backing vocals e um saxofonista completaram a formação, isso para nós já foi algo completamente novo, e naturalmente as músicas soaram diferentes.
Nação da Música: Claro, não podemos deixar de perguntar, como que foi esse momento pra vocês? O que acharam do show? Deu pra conhecer algum artista nos bastidores e dar uma “tietada”?
Vinícius Militão: Cara, foi um momento único pra todos nós. Os meses de trabalho, desde o anúncio até o dia do show foram muito especiais. Quando chegou a hora, rolou uma carga emocional muito grande, por que batalhamos muito para chegar ali. Sobre o show em si, aproveitamos cada minuto dele. Claro que rolou um frio na barriga, mas a gente se divertiu muito ali em cima, olhando um pra cara do outro, e sabendo o que cada um estava sentindo aquela hora.
O lance dos bastidores foi algo incrível. Tietamos muita gente, o guitarrista do Travis me deu abraço segundos antes deles subirem no palco, porque nos conhecemos aquela hora. O Damon Albarn trocou uma ideia com o Gabriel e André. Melhor do que a tietagem, foi o interesse das bandas em nos conhecer, e nos parabenizar por estarmos lá.
Nação da Música: Percebi que vocês se dedicam bastante aos videoclipes da banda. Qual a importância que os clipes tem para um novo artista? O vídeo em “point of view” de “Plain & Simple” é bem legal, quem que surge com as ideias pros clipes de vocês?
Vinícius Militão: Hoje em dia você possui muitas ferramentas para fazer um clipe da sua banda. Não precisa ser algo dirigido pelo Scorsese, com uma verba milionária. Nós sempre depositamos muito trabalho criativo em cima dos nossos vídeos, fizemos clipes caros, baratos, com produtora ou com amigos nossos. O que mais nos orgulha do material que temos é a dedicação de cada uma dessas pessoas, e nossa também, de entender que um som nosso, materializado em vídeo é algo muito rico, que fica pra sempre.
As ideias chegam por vários meios, as vezes somos nós, as vezes a equipe que trabalha com a gente. Isso é fantástico. Eu mesmo já fico ansioso com o que pode sair de um próximo vídeo que faremos.
Nação da Música: Pra finalizar, quais são os planos para o futuro do Hatchets? O que 2014 reserva para banda?
Vinícius Militão: Ainda temos nossos últimos compromissos de 2013, mas o planejamento para 2014 está encaminhado. A gente não quer parar, quer tocar pra caralho, quer fazer mais clipe, quer mais gente no nosso show, então, para que tudo isso aconteça, vamos trabalhar muito, até mais do que a gente trabalhou este ano, porque além do trabalho criativo, existe o trabalho braçal mesmo, de divulgar, fazer festa pra juntar grana, de vender nosso merch. A gente não para um minuto e 2014 vai ser foda.
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