A cantora Fernanda Porto divulga nesta sexta-feira (05) mais um single do disco “Corpo Elétrico e Alma Acústica”, que chega depois de 11 anos de hiato desde o último lançamento. A faixa “Corpo Elétrico” já está disponível nas plataformas digitais.
A Nação da Música teve a oportunidade de conversar com Fernanda sobre o sucesso de “Sambassim”, as diferenças na indústria musical desde o seu último álbum e também as parcerias que ela gostaria de realizar.
Entrevista por Marina Moia.
————————————— Leia a íntegra:
Oi, Fernanda! Obrigada por falar com a Nação da Música! Nesta sexta-feira você lança mais um single do seu novo disco! O que pode falar desta música “Corpo Elétrico” e do que ela traz para o álbum?
Fernanda: “Corpo Elétrico” é um pop escancaradamente eletrônico com uma presença bem marcante de guitarras distorcidas. O ritmo, eu chamaria de “Big Beat”, veio talvez da influência de alguns artistas que costumo ouvir. Entre eles a banda Groove Armada; o artista Beck (USA) e do Norman Cook, mais conhecido como o Dj FatBoySlim (UK). A letra passeia por um olhar lúdico sobre o próprio corpo _“Do meu corpo sai faísca, afinal/Carne e osso tudo pisca no momento especial”; trazendo também questões de ancestralidade _ “Ele é todo frenético, um pouco esquelético, robótico carnal/Uma grande mistura, fiel escultura, o meu ancestral?/Ele é todo estampado retrato falado minha tez digital/Estado de emergência natura e ciência cordão umbilical” e de pertencimento “Ele é parte, ele é todo além do normal/Ele é desconcertante é distante é real/Ele é sexo dos anjos desejo animal /Ele é meu ele é seu é de quem afinal ?”
Você está em total controle artístico deste novo trabalho de estúdio, assinando a direção artística, a produção musical, os arranjos e a gravação de todos os instrumentos e voz, é claro. Pode nos contar sobre como foi todo esse processo de gravar e cuidar de todos esses detalhes do trabalho?
Fernanda: Para mim tão importante quanto a escolha de uma canção é a forma que ela vai chegar a um formato final. Gosto muito de experimentar arranjos antes de fechar uma música. Meu primeiro disco foi assim. Gravei todos os instrumentos e produzi também. Lembrar disso me fez lembrar o quanto eu poderia dizer: “Esse é meu jeito”. É quase automático para mim experimentar e produzir. Claro que não é fácil. Algumas faixas desse projeto passaram por várias sonoridades e estilos. A mais radical foi o “Tempo me Ensina” onde depois de 3 arranjos distintos percebi que a essência da letra e o sentimento principal não estavam presentes, parti então para uma quarta experiência que foi a que valeu para o disco, buscando um clima mais “intenso” e dramático por exemplo.
Para mim caberia ao mesmo tempo dizer que o importante é reconhecer qual o momento artístico para tomar essas decisões. Por exemplo, em meu segundo disco que também produzi, tive a participação de músicos maravilhosos que tinha acabado de conhecer em Nova York: Will Calhoun (bateria) e Doug Wimbish (baixo) da banda Living Colours. Na sequência quando fui para a EMI meu principal pedido foi gravar um DVD com a participação de quarteto de cordas, quarteto de metais, uma banda base com 6 músicos, backing vocals e ainda as participações especiais. Na época, eu queria “provar” que a música eletrônica podia ser incorporada em uma banda com músicos tocando naturalmente as programações originais e que também era possível misturar tudo isso com bases pré-gravadas.
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Rolou um hiato de 11 anos desde o último disco até “Corpo Elétrico e Alma Acústica”. Por que tanto tempo entre um álbum e outro? Como foi esse período para você, criativamente falando?
Fernanda: Durante esse período mantive os shows, inclusive fora do Brasil mas só voltei a compor realmente em 2017. Acho importante eu ter deixado isso ser natural. Em compensação nesses últimos 3 anos tive uma fase super criativa (compus mais de 30 canções). Agora me sinto bem tranquila pois já tenho desenhadas várias músicas para o próximo disco. Bom não é?
Sentiu muita diferença, quando voltou, em termos de indústria musical e maneiras de fazer música no geral?
Fernanda: Sim! Fico muito feliz, pois o mercado da música brasileira atual está muito rico. Fui convidada em 2015 para dirigir um programa de TV com novos talentos e foi incrível perceber na minha pesquisa, que incluía 100 novos artistas, que praticamente todos já estavam com a carreira bem encaminhada, com discos, videoclipes e shows e transpareciam ter total autonomia e controle de suas carreiras. Acredito que os novos meios de lançamento e divulgação trouxeram por isso uma geração muito interessante e criativa.
Eu na verdade fui prejudicada com o fechamento da EMI que coincidiu com o lançamento do meu último disco. Na prática acabei indo parar na Universal que “absorveu” todo o catálogo da gravadora. A direção artística atual chegou a desenhar um lançamento do “Corpo Elétrico e Alma Acústica”. Tivemos várias audições aqui no estúdio, mas apesar de sentir ainda total liberdade artística percebi que chegava a hora de abrir meu próprio selo musical. Pedi para sair e na negociação eles resolveram me dar o “master” do último disco, “Autorretrato”(EMI 2009) . Em breve devo relançar esse disco através do meu selo Giramundo.
O que você acredita que mudou em você desde o sucesso “Sambassim”, que teve grande impacto na sua carreira? Como a Fernanda de hoje lidaria com o estopim daquela música?
Fernanda: Sempre soube que a música fala por si. “Sambassim” seguiu seu percurso de forma muito natural. Ela estourou nas pistas em 2001 sem ainda ter nenhuma gravadora por trás. Quando lancei meu primeiro disco, em outubro de 2002 eu já estava fazendo shows sem parar. Talvez o que tenha mudado em mim seja muito pouco. Sou empolgada e sigo o ritmo do que acontece. Claro que hoje eu pensaria melhor em aceitar tours onde por exemplo, fizemos 25 shows em 28 dias! Acho que hoje aprendi a dizer alguns nãos, claro. O que posso dizer é que como amo o que faço, tudo acaba ficando muito gostoso. Dormir 3 horas por dia mas em compensação ir para rádios, tocar, falar com o público…. é bom demais. Paixão mesmo para mim a música.
Além de dividir o palco com muitos nomes consagrados, você já gravou com pessoas como Chico Buarque, Marina Lima e Toni Garrido. Hoje em dia, com quem você gostaria de fazer uma parceria musical?
Fernanda: Hummmmm que pergunta maravilhosa! São muuuuitos… Caetano Veloso eu considero meu ídolo maior. Para mim ele é o artista que mais se conecta com o novo. Muito arrojado e livre. Caberia lembrar que seu disco “Estrangeiro”(1989) produzido por Arto Lindsay e Peter Sherer foi um marco para a MPB, o primeiro onde apareceu a mistura com a música eletrônica.
Seguindo a lista de “desejos”, para esse disco fiz uma canção em homenagem ao Milton Nascimento: “Alma Acústica”. Quando pensei o que seria para mim o significado de “Alma Acústica” fui arrebatada ao perceber que somente ele traria significado para o que eu estava sentindo. Aqui um trecho da letra pra vocês: “Pedra sobre pedra minha história nesse chão/Tudo o que carrego nesse voo cego de paixão /Vida absoluta, na boleia de caminhão/Tempo travessia cais poeira / Tempo de voltar atrás, vida inteira /Quando o corpo cala a minha voz que grita/Escondo essa dor, essa herança no coração”. Será o último single na série de lançamentos. Como sempre deixo que as coisas aconteçam naturalmente.
Dessa nova geração admiro muito o compositor Tim Bernardes. Tomara a vida nos apronte alguma oportunidade, não é?
Com a pandemia do coronavírus e a quarentena, a indústria da música e dos eventos foi diretamente afetada, seja pela divulgação de novos singles e popularização das lives, seja pela interrupção de turnês. Como você acredita que será daqui para a frente, depois que as coisas começarem a se normalizar? Os seus planos foram muito alterados por essa situação?
Fernanda: Sim, tivemos que nos adaptar, todos nós! Em relação aos lançamentos dos singles eu não tive problemas por ser um processo digital. Infelizmente não conseguimos gravar os vídeos que acompanhariam cada canção, seriam em formato “Short-Film”. Os vídeos então tiveram que ser adiados. Outra coisa importante, o show de lançamento do disco. Previsto para setembro, estamos ainda sem saber o que será feito. Talvez eu decida realizar um show online em um Teatro pequeno com transmissão em Streaming e com operação remota de áudio e vídeo.
Gostaria de deixar uma mensagem aos leitores da Nação da Música?
Fernanda: Sim! Olá queridos! Deixo aqui meu desejo de que possamos nos conectar através da nossa “Deusa Música”. Vou adorar ouvir a opinião de vocês, sugestões e dúvidas! Até lá beijos e obrigada pelo carinho.
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