O cantor e multi-instrumentista Rodrigo Suricato liberou nesta sexta-feira (31) seu mais novo trabalho de estúdio. O EP “Suricato” conta com três faixas: “Admirável Estranho”, “Na Mão As Flores” e “Horizonte”.
O lançamento é um gostinho do que vem por aí na carreira do carioca, que também é vocalista da banda Barão Vermelho, pois logo ele lançará um novo álbum, chamado “Na Mão As Flores”.
A Nação da Música teve oportunidade de conversar com Suricato sobre a criação e produção do lançamento, o que os fãs podem esperar do próximo disco e também sobre a relação dele com a Barão Vermelho.
Entrevista por Marina Moia
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Obrigada por falar com a gente hoje! Vamos falar sobre “Suricato”, que é praticamente um lançamento surpresa. Como estão as expectativas para este lançamento?
Suricato: Caramba, Mari, eu estou há dois anos compondo o repertório durante muito tempo. Eu compus 30 canções, talvez até mais do que isso. Selecionei 10 canções pra entrar no disco e algumas dessas canções têm seis versões, pra você ter ideia. Culminou de ser um momento muito maravilhoso pra mim, no qual eu digo que o Rodrigo multi-instrumentista, o compositor, o produtor estão alinhados no mesmo relógio.
Acho que hoje eu consigo fazer canções que sejam boas para o Rodrigo multi-instrumentista cantar e ser um produtor que consiga realizar o meu trabalho, ter certa auto suficiência. Lógico que sempre tendo pessoas ao meu lado que vão me ajudando e me conduzindo nesse processo.
Foi maravilhoso poder chegar nesse momento depois desses dois anos, dessa ansiedade. Poder direcionar o meu trabalho pro lugar que eu estou sentindo agora. Esse processo de autoconhecimento muito grande com a união do que eu posso fazer.
Como você disse, teremos um álbum em breve também e esse EP é praticamente um gostinho para os fãs ficarem empolgados. Por que essa ideia de lançar só três músicas antes do disco completo?
Suricato: Eu acho que fica melhor nesses tempos digitais você ter uma prévia antes de vir o resto do disco. Eu ainda continuo fazendo álbuns com conceito. Eu não sou muito de single ou lançar três canções que não tem nada a ver uma com a outra. Eu ainda penso numa história e ainda acredito – pelo menos pra mim funciona dessa forma – que o disco reflete o que o artista está vivendo naquele determinado momento. Como eu tenho a facilidade da escrita e do canto e das minhas próprias canções, isso sempre vem com um enredo muito forte do externo, do momento que eu esteja passando.
Mas essas três canções, de certa forma, em termos de sonoridade, elas dão um gostinho bem bacana do que está vindo por aí.
“Suricato” foi produzido por você mesmo e pelo Marco Vasconcellos. Como funcionou a dinâmica entre vocês dois ao co-produzir esse projeto?
Suricato: O Marco Vasconcellos é um dos meus melhores amigos. E eu acredito que ninguém faz nada sozinho nessa vida, mas ao mesmo tempo é muito necessário você ter com quem contar pra você continuar fortalecendo a sua própria individualidade. Acredito que o Marquinho foi muito generoso e muito elegante em me ajudar nesse mergulho e a me ajudar a traduzir o que eu estava querendo pro momento. Ser esse contraponto e ser esse cara em quem eu posso confiar, poder ouvir dele se esse mergulho está trazendo frutos ou não e se estou me fazendo entender.
Eu tive ajuda de muita gente durante o processo. A própria gravadora me deu completa liberdade pra ser o artista que eu sou e realizar o álbum que eu queria fazer. Eu tenho uma mulher maravilhosa que escuta todas as minhas primeiras músicas e tem um senso às vezes cruel de apuração [risos]. O trabalho foi muito familiar e muito verdadeiro. Partiu das minhas melhores pessoas, realmente.
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O clipe de “Admirável Estranho” foi lançado no mesmo dia do EP. Pode nos falar um pouco dele e das gravações?
Suricato: A gente resolveu fazer, pra exemplificar esse trabalho, dez webclipes.São clipes sem ter uma determinada dramaturgia, não tem uma mocinha ou um bandido, nem nada do tipo. Tem uma linguagem estética mais moderna, digamos assim, pro formato folk que eu comecei a fazer há alguns anos.
Esse disco traz alguns elementos eletrônicos também, que dão esse panorama. O folk normalmente é muitos associado à terra, sempre tem alguém com uma calça rasgada… Eu já uso chapéu e barba, então eu não queria fazer essa poeira toda [risos]. Eu estava me vendo mais colorido mesmo. O próprio disco traz isso. Ele chama “Na mão as flores” e a canção que dá o título tem uma frase que eu gosto muito que diz “O pior de mim está na mesma mão que trago flores pra você”.
É uma coisa de autoaceitação, de você poder se reconhecer como pessoa nesse mundo e continuar desenvolvendo pra você mesmo e pras pessoas.
Você sente muita diferença quando cria e compõe músicas e melodias para a carreira solo do que quando é para uma banda?
Suricato: “Suricato” é o nome do projeto que eu fundei há oito anos e ele tem várias fases. Pode ser banda, pode ser uma orquestra, pode ser qualquer coisa. Eu penso que a liberdade artística que esse nome “Suricato” me dá seja o principal pra mim. Sempre foi um trabalho solo, mas nunca foi um trabalho sozinho. Assim como nesse momento também não é um trabalho sozinho.
Eu decidi ser minha própria banda nesse disco. Ao invés de direcionar os músicos a chegarem nos lugares onde eu tava interessado esteticamente e poder ter essa troca, eu resolvi fazer isso sozinho. E é muito mais difícil você liderar a você mesmo, é uma das tarefas mais ingratas que eu talvez tenha vivido na minha vida. Às vezes a sua autocrítica realmente não deixa, mas acabou que com ferimentos leves cheguei até o final do disco e estou esperançoso de mostrar isso pras pessoas [risos].
Acreditando muito na individualidade, na construção individual, sabe? O indivíduo está inteiro, ele poder colocar a máscara de oxigênio nele primeiro, como num avião, pra ele conseguir salvar quem está do lado. Eu acredito nisso.
Falando em banda, como andam os projetos com a Barão Vermelho? O que os fãs podem esperar?
Suricato: Tenho muita sorte de ter dois lugares agora pra poder me expressar. O Barão Vermelho é o processo coletivo que eu vivi na minha vida que eu mais gosto. São pessoas realmente maravilhosas e muito mais maduras, então fica muito mais fácil o convívio, a troca de experiências. É maravilhoso compor com eles, estar com eles. Ao mesmo tempo, continuar tendo o mesmo espaço, onde eu possa ser o ditador do meu próprio trabalho, digamos assim. Eu tenho muita sorte de poder ter esses dois lugares pra me expressar.
Quando eu entrei no Barão Vermelho, eu já tinha um Grammy, já tinha participado do Rock in Rio, do Lollapalooza, feito shows no Brasil inteiro. Eu obtive uma certa janela com o meu trabalho, então eu já entrei “Suricato” no Barão Vermelho. Não teve muita pressão pra ser Cazuza, pra ser Frejat. Eu pude chegar ali e curtir aquele momento com pessoas que gosto muito.
Agora vai ser a delícia de administrar as duas agendas e estar na estrada com os dois trabalhos. Pra mim é um problema maravilhoso de se administrar.
O que você mais tem ouvido nos últimos tempos? Quais as suas principais influências?
Suricato: Eu estou numa fase que eu tenho escutado muita música eletrônica, por incrível que pareça. Eu escuto muito James Blake, é um dos artistas que eu mais gosto, Bon Iver eu escuto muito. Eu escuto realmente pra me distrair porque chega um momento em que acabo escutando música com outros ouvidos. Fico atento aos timbres, à maneira como foi produzida.
Durante o processo de imersão do meu próprio trabalho, isso é muito perigoso. Porque a perspectiva alheia, “olha como o fulano está fazendo”, é inibidora. Música pra mim é uma droga a ser administrada. Tem momentos e momentos de realmente escutar as canções alheias.
Mas eu escuto de tudo. Sou completamente aberto a qualquer tipo de música.
Gostaria de mandar um recado aos leitores da Nação da Música?
Suricato: Queridos leitores, espero que vocês curtam o disco. É um disco muito sincero, muito honesto, como eu tenho feito todos os meus outros trabalhos. É um processo de autoconhecimento enorme e que tratam de questões que não dizem respeito somente ao Rodrigo Suricato. São canções que talvez todas as pessoas se identifiquem.
Eu acho que o disco trata muito mais do lado humano, do que nós somos feitos, do que está dentro de cada um de nós, nossa individualidade, o que a gente tem de potência pra dar pro mundo do que propriamente questões que eu vivi. É um disco sobre humanidade.
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