Entrevistamos Titãs sobre o lançamento de “Titãs Trio Acústico EP 01”

Titãs
Foto: Silmara Ciuffa / Divulgação

No começo de abril, a banda Titãs liberou o primeiro EP de uma série de três lançamentos, chamado “Titãs Trio Acústico”. Com Tony Belotto, Branco Mello e Sergio Britto na formação, eles revezam os vocais em novas versões de hits como “Sonífera Ilha” e “Miséria”.

A Nação da Música teve a oportunidade de conversar com Tony Belotto sobre o lançamento durante a quarentena, a ideia do projeto e também o clipe de Sonífera Ilha, que está recheado de participações especiais.

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Entrevista por Marina Moia.

————————————– Leia a íntegra:
Olá! Obrigada por falarem com a Nação da Música! Acredito que esse lançamento do “Titãs Trio Acústico EP 01” vai ser um pouco diferente pra vocês, por conta do isolamento social e da situação mundial que estamos vivendo. Como está sendo realmente lançar este trabalho neste momento? E como tem sido o isolamento social para vocês?
Tony: Esse momento está sendo louco pra todo mundo. Inédito, surpreendente, intrigante, angustiante, esquisito. E nós estamos vivendo o isolamento aqui cada um à sua maneira, estamos em contato. Mas acho que o sentimento é comum em todos os habitantes do planeta. Um mistura de apreensão, medo, uma certa esperança de que isso ajude a transformar a gente como sociedade, até como indivíduos, numa coisa melhor. Quem sabe?!

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Lançar o trabalho agora neste momento está sendo bom porque é uma forma da gente se manter motivado, se manter ocupado, então a gente tem feito muitas entrevistas com a imprensa. E estamos vendo que o trabalho, apesar de estar todo mundo isolado, está se conectando com as pessoas. Elas têm comentado e acho que a música está se propagando de uma maneira positiva, como o vírus, mas pra uma causa muito melhor [risos]. A música se mantém.

Como o trabalho já estava todo pronto e com as datas de lançamento já todas determinadas, está legal. Porque no momento que ninguém consegue fazer nada, este trabalho já estava pronto e agora sendo lançado. Eu acho que é um jeito legal pra gente se ocupar e também levar um alento pras pessoas. Acho que o momento que todo mundo está fechado em casa é a hora de ouvir boa música, ler bons livros, assistir bons filmes. 

Este projeto acústico era pra ter rolado há alguns anos, mas acabou acontecendo agora. Como ressurgiu a ideia de botar a mão na massa deste projeto? E existe algum motivo especial para ele ter sido dividido em três partes?
Tony: Na verdade, esse projeto começou a nascer de uma cobrança, no bom sentido, dos fãs, a partir de 2017, que pediam uma comemoração dos 20 anos do disco “Titãs MTV Acústico”. Naquela época, a gente estava muito focado construindo a nossa ópera rock “Doze Flores Amarelas” e não havia tempo pra esse projeto. Depois que a gente lançou a ópera e percebeu que a gente não ia conseguir sair pra estrada levando a ópera pelo Brasil inteiro justamente pelos custos de produção que ela exigia, a gente se lembrou desse projeto, dessa ideia que estava no ar, de fazer uma celebração daquele trabalho do Acústico MTV. Começamos a pensar numa forma diferente, nova, de fazer uma releitura acústica das nossas coisas. Um projeto que conseguisse remeter ao “Titãs MTV Acústico”, de 22, 23 anos atrás, mas que pudesse conter novidades, que são o que nos motivam.

Ao contrário daquele projeto da MTV, esse Trio Acústico é um projeto muito essencial e minimalista. Coisas que soavam como orquestra naquele trabalho, agora precisam soar como um trio tocando um piano, um baixo e uma guitarra acústica. Então este trabalho de começar a adaptar as músicas daquele projeto pra esse novo formato foi a gênese de tudo.

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A gente começou a pegar outras músicas que a gente fez depois deste MTV Acústico, mas que se adequavam muito bem a esse formato, como é o caso de “Epitáfio”, “Isso”, “Porque Eu Sei Que É Amor” e tantas outras. 

O projeto foi animando a gente, ficamos felizes de bolar um projeto que conseguisse celebrar o MTV Acústico, mas que fosse também original e novo, em si. E a gente teve a sacada que, além das músicas, a gente teve a ideia de contar a história, contar como algumas músicas foram compostas, e isso foi o que formatou o show.

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Mas o início do projeto foi muito despretensioso, a gente tinha algumas datas em alguns teatros, no interior de São Paulo, e fomos despretensiosamente ver como que isso funcionava. É uma coisa nova pra gente, tudo bem que a gente tem feito esse show desde o ano passado, mas continua sendo uma coisa muito inédita na nossa carreira. Diferente do cara que vai numa casa de shows ver um show elétrico às 3 da manhã, bebendo várias cervejas, neste tipo de show a pessoa chega às 21 horas da noite, senta no teatro, onde bebida alcoólica não é permitida, e assiste ao espetáculo. E a repercussão foi muito boa, muito grande. A gente continua fazendo os shows e decidimos agora no final do ano registra-lo em disco, e é isso que estamos lançando agora. 

Tivemos a ideia junto com a gravadora, a BMG. Como é um show muito grande, são 25 músicas, pensamos em dividir em três partes. Cada um desses EPs é como se fosse uma miniatura do próprio show. Cada um deles segue as partes do show. Primeiro os três tocando juntos, depois cada um tocando músicas sozinhos e depois a entrada Mário Fabre e do Beto Lee, termina a banda inteira tocando junto. Cada um dos EPs repete esse formato, como se fossem amostras do que é o show, e no final do ano a gente lança um CD completo com todas as músicas.

Como foi o processo de revisitar e recriar essas músicas, que foram escritas há tanto tempo e são tão conhecidas do público?
Tony: Recriar essas músicas, reinventar esses arranjos, é sempre uma experiência muito interessante pra gente. É uma maneira de você olhar pro seu trabalho em profundidade. A gente ficava ouvindo e lembrando como alguns daqueles arranjos foram elaborados, e tudo isso gera emoções muito intensas pra gente. 

Depois teve também as músicas que a gente fez arranjo pela primeira vez nesse formato. Então a gente pega uma música como “Isso”, como “Porque Eu Sei Que É Amor”, o próprio “Epitáfio”, que é uma música que a gente toca há tanto tempo, mas nunca tinha feito um arranjo acústico pra ela. É um trabalho muito emocionante, de certa forma você se depara com a essência do que você faz, do que são os Titãs, o que significa os Titãs.

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Quando a gente pega uma música que é notoriamente um clássico pesado elétrico do Titãs, como “Polícia”, por exemplo, que eu toco sozinho, só eu cantando com uma guitarra, a gente está revendo de certa forma a alma da música, fazendo um raio-x dela. Pra nós que somos autores, é uma experiência muito interessante, tão estimulante quanto fazer um trabalho novo e inédito. Eu acho que isso está registrado nas gravações.

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O clipe da nova versão de “Sonífera Ilha” ficou incrível, principalmente por conta de tantas participações queridas e especiais. Como foi convidar essas pessoas e, pra vocês, assisti-los ‘cantando’ a música do Titãs?
Tony: Esse clipe foi realmente uma coisa muito afortunada porque houve essa incrível coincidência, que eu chamo de coincidência significativa, dele ter sido lançado no início desse processo de isolamento social, da quarentena, e de toda essa angústia causada pela epidemia. A data de lançamento do vídeo já estava determinada há muito tempo, há meses, desde o final do ano passado. 

A ideia do clipe foi do Otavio Juliano, diretor, de pegar essas pessoas que são importantes pra cultura e pro imaginário brasileiro, e que são pessoas que tem a ver com a nossa história, dublando a música. No momento que saiu, a gente viu essa nova dimensão que ela tomou ao ser lançada no início do isolamento, porque de certa forma ela comenta o isolamento. “Sonífera Ilha”, que é uma música de quase 40 anos, ela tem os primeiros versos que são proféticos dessa situação… “Não posso mais viver assim ao seu ladinho…”. No clipe, as pessoas estão sempre registradas sozinhas, em suas próprias casas, então teve um significado imenso e aumentou a força do lançamento do trabalho. Foi muito oportuno e muito legal.

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O mais legal de tudo é que os comentários, a repercussão, atestam que a música conseguiu ser um alento, em tempos de tanta angústia e apreensão.

O Titãs é uma banda muita ativa, elétrica, nos palcos. É uma característica forte do show e dos integrantes. Como são os shows do acústico? Como fazer algo do tipo sem perder a essência da banda?
Tony: Os shows do Titãs Trio Acústico tem sido muito intensos. Acho que a força da música independe até do grau de eletricidade e energia. Acho que a força dela está nas canções mesmo e esses shows acústicos tem sido muito emocionantes. As pessoas ficam verdadeiramente e profundamente muito emocionadas. Acredito que muitas músicas dizem respeito ao passado das pessoas, ela lembra de época que viveu e que foi importante de alguma forma, ou por algo bom ou ruim que aconteceu. Um namoro, um casamento, o nascimento de um filho. A gente ouve muitos relatos dos fãs, verdadeiramente emocionados. 

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Apesar de ter esse formato acústico, quando o Mário Fabre e o Beto Lee entram e a gente fica ali com bateria, dois violões, baixo, o piano… A vibração é como se fosse um show elétrico da mais alta carga e potência elétrica. Acho que a força da nossa música não depende de eletricidade. Ela está nos versos e na melodia e na maneira como aquelas músicas são cantadas.

Sei que é um período ainda incerto por conta do isolamento social, que trouxe muitas incertezas sobre quando realmente vamos poder voltar às nossas vidas normais. Mas quais são os planos dos Titãs para este ano?
Tony: Realmente, esse isolamento, essa situação, cria um certo hiato e a vida de todo mundo está suspensa esperando isso passar ou melhorar. Mas o nosso projeto é imediatamente, assim que for possível, ir pra estrada e continuar fazendo esses shows. Dezenas deles foram adiados, shows que estavam marcados pra março, abril, maio, junho… 

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Espero que no segundo semestre a gente consiga voltar, continuar fazendo nossos shows. Existe o projeto de fazer uma gravação, uma filmagem, deste show também. É algo que está nos planos. Estamos aqui esperando, obedecendo as determinações da Organização Mundial de Saúde porque é na ciência que a gente confia, e aguardando poder voltar. 

Acho que a gente vai viver um período de renascimento quando isso passar, no mundo inteiro, a sociedade vai estar transformada e eu espero que os Titãs possam participar dessa transformação e desse renascimento de uma forma muito ativa. E com certeza participaremos!

Gostariam de mandar um recado aos leitores da Nação da Música?
Tony: Meu recado aos queridos leitores que estão agora me lendo é que permaneçam em casa, cuidem-se, obedeçam a razão, obedeçam a Ciência, duvidem dos doutrinadores, dos mistificadores e dos ignorantes e imbecis que tantas vezes tentam nos dizer o que fazer, esses que nos governam. Aproveitem o tempo para, dentro do possível, buscar alguma paz dentro desta angústia. Ouvir música, ler livros, ver filmes, refletir, eu acho que a gente há de sair melhor deste processo todo!

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Marina Moia
Marina Moia
Jornalista e apaixonada por música desde que se conhece por gente.