O músico Benny Blanco é conhecido por ser responsável por emplacar diversos sucessos com diferentes artistas. Recentemente, ele lançou a música “You” em parceria com Marshmello e Vance Joy.
A Nação da Música conversou com ele a respeito desse último single, o trabalho de produção e do clipe. Além disso, o artista falou sobre sua parceria com Justin Bieber, que ele conhece há mais de dez anos e com quem lançou a canção “Lonely”, e sobre sua escolha de lançar músicas em seu próprio nome além de fazer a parte de produção e composição.
Entrevista por Henry Zatz.
——————– Assista ao vídeo da entrevista.
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——————– Leia na íntegra.
Primeiro eu gostaria de falar sobre “You” que lançou com Marshmello e Vance Joy. Gostaria de saber como essa parceria aconteceu? E o que você achou do trabalho?
Benny – Eu tenho trabalhado com Vance Joy há muitos anos. Eu tinha essa demo que eu achava que era muito boa. Eu estava com o Marshmello na minha casa e eu lembro que eu estava “quer saber, eu vou tocar essa demo e ver o que acontece”. Aí eu coloquei a música, ele foi para o piano e tocou o que virou o acompanhamento da canção e eu fiquei “o que?”. Logo a canção ficou pronta. Às vezes funciona assim, parece mágica.
O vídeo já tem mais de um milhão de visualizações, podemos dizer que é um grande sucesso. No vídeo, vocês aparecem como bonecos, que é algo diferente. Como surgiu a ideia de trabalhar o vídeo assim?
Benny – Porque com a covid é difícil. Vance está na Austrália, e estamos bem restritos, ele não poderia vir para cá. Tivemos que pensar como fazer o vídeo. Meu amigo na Inglaterra ele faz animação e decidimos que a gente tinha que fazer algo divertido. E foi legal que conseguimos colocar todo mundo no vídeo e fazer coisas com todo mundo. Então, foi divertido.
Outra parceria de sucesso que você lançou recentemente foi “Lonely” com Justin Bieber. E é uma música bem sentimental. O que você pode falar sobre essa música? Como foi para produzi-la?
Benny – Eu conheço Justin Bieber desde 2009. Então eu estive nos momentos bons e ruins, em tudo. Basicamente, o que aconteceu é que nós sempre conversamos sobre fazer uma canção assim. Quando nós finalmente fizemos, Justin estava “cara, eu posso lançar isso? As pessoas vão querer ouvir isso de mim? É isso que querem?”. Ele estava muito nervoso e requer muita coragem para lançar uma música assim. Eu lembro de dizer “vamos fazer”. Muita gente chegou nele e em mim e disse “meu Deus, eu passo pela mesma coisa. Não acredito que o Justin passa pelo que eu passo”. Especialmente agora, durante a pandemia, é um tempo estranho, e está todo mundo vivendo nesse padrão de vida que é “eu vou fazer algo? Não vou fazer? A pandemia vai acabar logo? Não vai? Isso vai durar para sempre?” Eu penso que estamos ficando solitários e tristes. Você pode ter tudo no mundo, pode ter todos os seus amigos à sua volta, mas isso não significa nada se você não estiver sentindo isso, sabe?
Sim, claro. Faz sentido. Já que você falou sobre a pandemia, eu assisti ao vídeo dos bastidores de Lonely você fala da questão da máscara e da covid. Como a covid te afetou no ano passado? Como você tem passado por tudo isso?
Benny – Meu Deus, é muito louco. Eu sou como uma senhora. Tudo que eu faço é assistir vídeos de cozinha, eu faço caminhadas, limpo a casa, eu saio, faço exercícios. Eu me sinto como minha própria mãe. Eu e ela temos a mesma agenda agora. Vou para cama cedo. Mas tem sido louco, esse ano tive muito tempo para refletir, trabalhar consigo mesmo, se olhar no espelho todo dia e pensar “eu gosto dessa pessoa? Eu quero fazer isso de diferente na minha vida? Quero fazer aquilo?”. Eu acho que tem sido uma experiência boa para autocuidado. Claro que é horrível o que tem acontecido, mas é um bom período para desacelerar o ritmo, mudar a velocidade, mudar coisas em você.
Sim sim. E Benny, você acumula sucessos há anos, mas foi de pouco tempo para cá que começou a lançar músicas no seu nome mesmo. Por que decidiu recentemente isso? O que mudou?
Benny – Eu me lembro. Eu estava numa turnê com o Ed Sheeran, nós estávamos saindo e assistimos a um documentário. Quando acabou, Ed falou “o que estamos fazendo com nossas vidas? Nós tínhamos que fazer mais!”. Aí eu “ok”. Aí ele fez um show com ingressos esgotados para um estádio de 80 mil pessoas, eu estava atrás e pensando “o que estamos fazendo com nossas vidas?”. Aí eu lembro que pensei em lançar músicas como um artista. Aí falei para uns amigos e pensei que todos diriam “não, não faça isso. Apenas continue fazendo a produção”. Mas todos disseram “Benny, você deveria fazer”. Aí eu tive que fazer. E tem algo bom nisso, porque você pode escolher os clipes, pode escolher a arte, pode escolher o marketing. É legal ter controle de tudo isso, também é a parte mais assustadora, porque toda a pressão está em você, mas eu tenho me divertido. Eu gosto.
E eu li que você não gostaria de ser muito famoso. Ainda pensa desse jeito? Mesmo lançando músicas? Como se sente com isso?
Benny – Definitivamente tem muito que acostumar ainda. Eu não amo, eu não amo a parte da fama. Por sorte, meus fãs são muito legais, bem normais, então eu sou sortudo. Poderia ser pior, sabe?
E sobre seu trabalho como produtor musical e compositor. O que poderia me falar mais? Como você gosta de trabalhar?
Benny – Para mim, eu não me apresso. Eu não digo “vamos fazer isso, vamos fazer aquilo”. Eu apenas deixo acontecer. Se acontecer, aconteceu. Se não, não. Às vezes eu faço música com gente que nós escrevemos por uma semana e não sai nada. Aí no último dia alguma coisa aparece. Eu tento não forçar a música em nada.
Então é bem natural.
Benny – Sim!
E como você escolhe os artistas normalmente com quem gosta de trabalha? Você escreve músicas e pensa em alguém?
Benny – Normalmente, eu escrevo canções com outros artistas. Mas tem músicas que escrevo sem outros artistas. Mas é diferente toda vez. E eu sou amigo da maioria desses artistas, então normalmente estamos saindo e aí digo “olha fiz essa música, olha tem essa demo”. Eu não costumo trabalhar com quem não é meu amigo, sabe?
E tem algum artista que você gostaria de trabalhar com quem não teve a oportunidade ainda?
Benny – Eu acho que talvez o Drake. Mas o Drake se sai tão bem, que ele não precisa de mim. Eu provavelmente faria pior.
E recentemente eu li uma entrevista sua dizendo que você é como um terapeuta com outros artistas e achei isso muito interessante. Pode me explicar um pouco mais sobre como trabalha assim e qual o processo de transformar essas conversas em música?
Benny – Sim, porque estou lá com um artista e é digo “como está seu dia?” “Sobre o que quer escrever?” “O que está acontecendo na sua vida?”. Aí ele diz “ah está ótimo”. Aí eu já falo “ok, para com isso. O que realmente está acontecendo?”. Aí conversamos e escrevemos sobre experiências pessoais. Às vezes estão num momento bom, às vezes não estão num momento bom. Você apenas tem que ver como o outro está se sentindo e ser capaz de abraçar a história dele. Meu objetivo quando escrevo músicas é falar sobre a experiência pessoal deles, sabe?
Sim. E sobre suas experiências pessoais? Gosta de trabalhar canções assim?
Benny – Sim, claro! Normalmente, misturamos as duas partes, as experiências juntas. Às vezes é deles, às vezes é minha. Se eu estou me sentindo bem, eu quero colocar numa música. Se estou triste, quero colocar numa música. Mas isso é como eu canalizo minhas emoções.
Ok, entendo. E conte um pouco mais sobre você. Quais são suas referências na música? Quando começou em quem se inspirava?
Benny – Então, Prince foi a minha introdução na música. Quem eu ouço? Eu não costumo ouvir música contemporânea. Eu sempre busco ouvir coisas diferentes, ritmos diferentes, novas batidas, instrumentos diferentes.
Sei que ainda estamos em tempos caóticos com a covid, mas você tem planos para esse ano?
Benny – Eu tenho um álbum que está saindo, mas o que eu realmente estou pensando é que não aguento mais para termos vida normal novamente. Eu sinto falta de abraçar meus amigos, de sair, de shows. Eu estou ansioso para voltar ao normal algum dia.
Para acabar aqui. Você poderia mandar uma mensagem para nossos leitores?
Benny – Bom, Brasil estou aqui! Muito obrigado, gente. Não tem ninguém que comente mais do que os fãs brasileiros. Eu nunca vi mais mensagens do que as que vem do Brasil em toda a minha vida. Eu sou grato não apenas pela música que vocês escutam, mas por tudo que eu ouvi e fui influenciado em todos os anos. E eu amo vocês. Vocês podem fazer o que quiserem, se alguém disser que tem algo que não podem, que não conseguem na música, esqueça! Apenas coloquem sua cabeça nisso e continuem trabalhando!
Muito obrigado, Benny! Fico feliz que leia as mensagens para vir ao Brasil e espero que venha ao Brasil algum dia!
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