Entrevistamos Counting Crows sobre “Butter Miracle, Suite One” e amor pelo brasil

COUNTING CROWS
Foto: Mark Seliger

No final do mês de maio, a banda norte-americana Counting Crows retornou após sete anos sem material inédito com o EP “Butter Miracle, Suite One”. Composta como se fosse uma sinfonia com as faixas mesclando uma nas outras, o trabalho é um lançamento da BMG e marca uma nova fase na carreira de um dos principais nomes do pop rock alternativo dos últimos 30 anos.

Com hits globais como “Mr. Jones”, “A Long December”, “Big Yellow Taxi” e a faixa indicada ao Oscar “Accidentally in Love”, a banda californiana agora busca novos caminhos com o lançamento.

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A Nação da Música teve a oportunidade de conversar com o vocalista Adam Duritz sobre o processo de criação de “Butter Miracle, Suite One”, numa fazenda no Reino Unido, o amor dele pela cultura brasileira e também sobre o curta-metragem inspirado no EP.

Entrevista por Marina Moia.
————————————– Assista à entrevista:

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————————————–Leia a íntegra:
Oi, Adam. Como você está?
Adam: Estou bem, Marina. Como você está?

Estou bem. Devo dizer que é um prazer falar com você! Eu cresci ouvindo as suas músicas, então… É um prazer falar com você, de verdade.
Adam: Muito obrigado! Eu estou muito feliz que hoje eu fiz mais entrevistas com o Brasil do que na minha carreira inteira! Eu estou muito empolgado porque recebo DMs no Instagram toda hora que dizem “por favor venham ao Brasil”, mas você nunca sabe se é só uma pessoa. E eu nunca falei muito com a imprensa do Brasil. É assim que você sabe que você pode ir a um país e hoje eu já tive seis entrevistas com jornalistas brasileiros. Eu nunca fiz tantas! E eu estou animado porque queremos fazer shows no Brasil!

Tenho certeza que todos eles te disseram que as suas músicas tocam bastante aqui, principalmente “Accidentally In Love”, “Mr Jones”… Eles são hits aqui! Você sabia disso?
Adam: Não, eu não tinha ideia.

Especialmente por causa do filme “Shrek”, que “Accidentally in Love” está na trilha sonora, e eu me lembro de quando o filme saiu então tocava toda hora. Sempre que você ligava o rádio, estava tocando. Eu não imaginei que você não sabia disso, mas tocava muito!
Adam: Isso é ótimo!

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Vamos falar sobre o novo material, o novo EP! Como foi o processo criativo deste trabalho?
Adam: Foi interessante porque foi muito diferente. Porque eu estava na fazendo do meu amigo na Inglaterra na maior parte do tempo. Realmente sem ninguém por perto, só eu e mais dois cachorros. E eu não queria escrever, já fazia um bom tempo. Eu não queria fazer um álbum, essa é a verdade. Depois eu senti vontade de tocar piano… E em seguida comecei a sentir vontade de escrever e compus “The Tall Grass” um dia… “Elevator Boots” no dia seguinte… Foi estranho… Eu pensei que só estava estendendo o final de “Tall Grass”. No dia seguinte, eu estava tocando, e pensei que o que eu estava fazendo era uma nova sessão, fazendo uma versão mais longa da música. Mas daí eu cantei um dos versos e percebi que era outra música! “E se eu fizesse uma série de músicas em que o final de uma é o começo da próxima?” Eu poderia fazer uma suite, onde todas fluem, apesar de serem músicas diferentes. Isso me deixou muito, muito empolgado e fez com que eu quisesse compor. Eu escrevi “Elevator Boots” e funcionou super bem. Aquela transição de “Tall Grass” para “Elevator Boots” ficou tão legal que eu queria fazer algo inteiro assim.

Porque elas soam como duas músicas diferentes, mas você não sente a transição, tipo “ok, agora é outra música, quando que mudou? O que aconteceu?” É muito legal! Eu estava ouvindo o EP de novo agora cedo e é muito bom. Ele flui muito bem.
Adam: Obrigado!

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E ele é muito rápido! São apenas quatro músicas! Você tem planos de lançar mais EPs ou um álbum?
Adam: Eu não tinha planos de lançar nada a não ser isso. Eu só queria escrever a suite e ver se iria funcionar porque eu nem sabia se iria mesmo dar certo. Quando terminamos e eu escutei, eu fiquei muito animado. Talvez tenha sido um dos momentos mais satisfatórios da minha carreira. Porque funcionou. E estava apenas na minha imaginação por muito tempo. Depois algum amigo perguntou se teria a “suite dois”, já que essa é a “suite um” e eu disse que sim! Porque eu pensei… quero fazer mais uma! Então eu já comecei a escrever algumas coisas, mas ainda não terminei nenhuma das músicas. Mas quando eu finalizar com todos os compromissos deste disco, eu vou voltar para a fazenda do meu amigo na Inglaterra e eu vou tentar terminar de escrever a segunda suite. Vamos tentar gravá-la também. Nós vamos entrar em turnê no outono, então não vamos poder gravar nesta época. Mas talvez no final do ano, novembro ou dezembro, não sei. Eu adoraria poder fazer uma turnê pelo mundo no ano que vem. Quero voltar para a Europa. América do Sul, nós nunca fomos para lá… Eu sei que não é uma boa ideia no momento e que covid está matando muito no Brasil atualmente… E também alguns lugares estão tendo problemas com as vacinas, como a Europa, vai levar algum tempo. Mas eu espero que no ano que vem esteja tudo bem diferente!

Sim, nós esperamos! Foi diferente gravar numa fazenda no Reino Unido ao invés de gravar na cidade, em casa?
Adam: Foi estranho. Eu não estava esperando. Mas eu sempre escrevi, essencialmente, sozinho numa sala, onde quer que essa sala fosse. Às vezes, eu escrevia com a banda, como “Angels Of The Silences” e “Catapult”. Mas muitas vezes eu componho sozinho. Então não foi tão diferente, mas foi surpreendente porque eu sempre fui um garoto da cidade. Os lugares que eu vivi, as cidades que eu morei, o clima da vida na cidade é algo muito presente nas minhas músicas. Você pode ouvir Los Angeles, Hollywood, São Francisco ou Nova Iorque pelos últimos 15, 18 anos. As cidades sempre foram grande parte da minha escrita. Mas eu sempre escrevi sozinho. Então, em certo ponto foi familiar e em outro foi muito estranho. Sabe?

Como é trabalhar com o produtor Brian Deck?
Adam: Durante a maior parte da minha carreira, eu pensei que nunca iria querer trabalhar duas vezes com a mesma pessoa. Porque você aprende tanto com um produtor que você sente que precisa aprender mais com outra pessoa também. E foi só em “Saturday Nights”, quando trabalhamos com Gil Norton de novo, que colaboramos com alguém pela segunda vez. Nós trabalhamos com Brian em “Sunday Mornings” e foi tão bom que nós repetimos a dose em “Somewhere Under Wonderland” e agora sentimos que simplesmente é uma parceria colaborativa muito bacana. Sinto que temos algo muito bacana, ele é ótimo com a banda. Ele os incentiva, como eu também faço, e os ajuda a desenvolver novas coisas. Ele é muito bom comigo também. Nós todos somos muito criativos juntos. Eu amo essa relação. Eu fico muito confortável trabalhando com o Brian. Às vezes você se preocupa que as coisas podem se estagnar, mas isso não aconteceu. Tem sido muito, muito criativo. Ele é fantástico.

O que você pode nos contar sobre o curta metragem que vai ser lançado em breve, estrelando Clifton Collins Jr.?
Adam: Clifton é família para mim. Somos amigos há muito tempo. Eu o conheci há mais de 25, 27 anos… Ele é uma pessoa incrível. Ele foi criado pelo avô Pedro, que era um grande astro de cinema hispânico. Ele era membro da John Wayne Stock Company. Ele era um grande personagem. Treinou Clifton para atuar, cantar, dançar… Clifton é um grande dançarino! Ele sabe dançar “soft-shoe”! Os avós deles tinham essa tradição. Eles eram artistas, comediantes e cantores em West Texas.

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O filme é bem diferente. É a visão do Bill Fishman [diretor]… Não é a história das músicas em si. É uma história que ele mesmo criou. Mas é muito legal. Eu ainda não vi tudo pronto. Eu meio que dei passe livre para ele fazer tudo. Ele queria fazer um projeto em filme e a gente deixou que ele fizesse. A minha única exigência era que ele usasse o Clifton. Eu realmente queria o Clifton. É uma amizade tão longa… Clifton estava em casa enquanto eu escrevia “Somewhere Under Wonderland”. Ele literalmente segurou o microfone para gravar algumas demos. A música “Cover Up the Sun” naquele álbum é uma homenagem para Clifton e o avô dele. É sobre isso que eu falo naquela música.

Eu não sei muito sobre o filme ainda. Tem uma história que o Bill criou sobre um cara que era um rockstar anos atrás, um affair romântico que ele teve, e a filha que ele teve e não sabe, mas que está procurando por ele. É essa a história do filme. O que não é a história das nossas músicas, não tem enredo assim em “Butter Miracle”. Mas ele criou um enredo para que ele pudesse transformar num filme, o que é bem legal. Eu ajudei um pouco na edição, mas com certeza é um projeto do Bill. Eu acho que é muito legal que ele tenha feito.

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Clifton é um grande ator! Eu adoro ele.
Adam: Ele é um dos meus melhores amigos e um dos meus melhores amigos. E finalmente está recebendo o reconhecimento que merece. Tem um filme que ele fez há um ano ou dois, chamado “Jockey”. É sobre um jockey que está envelhecendo. Ele está chegando ao final da carreira dele. Clifton é o protagonista e sei que ganhou alguns prêmios, acredito que ganhou “Melhor Ator” no Festival Sundance. É brilhante. Finalmente ele está recebendo a aclamação e a atenção que ele merece. É um papel principal em “Jockey”. E ele é tão bom como protagonista. Você assiste e ele te derruba! Ele é brilhante.

Eu ainda não assisti. Vou procurar porque agora estou interessada!
Adam: Eu não sei se foi lançado ainda! Ele enviou para mim ano passado, antes de ir para o Sundance. Ele queria que eu visse e daí ele ganhou um monte de prêmios com ele. Acredito que vá ser lançado em breve, mas acho que ainda não foi. Mas se chama “Jockey”. Dê uma chance. Porque meu amigo Clifton é um ator incrível. E ele tem sido incrível como ator coadjuvante em grandes filmes! “Capote”, “Traffic” como Frankie Flowers. E ele é ótimo. Em “Westworld”! Mas essa é a chance para vermos como é quando ele carrega um filme todo. E é incrível. É um grande filme.

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Como você disse, você ainda não veio ao Brasil. Mas vocês recebem muitas mensagens dos fãs brasileiros?
Adam: Podemos esperar shows aqui quando for seguro? Ainda não estamos prontos, mas… Eu recebo muitas mensagens perguntando quando iremos ao Brasil, mas nunca se sabe porque pode ser só uma pessoa. E o Brasil é um país enorme! E eu nunca dei muitas entrevistas para o Brasil e isso quer dizer mais do que Instagram porque quer dizer que as pessoas querem ler sobre você. Mas esse disco… só hoje eu já dei seis entrevistas para o Brasil. Estou com muitas esperanças porque eu quero ir! Quero ir ao Brasil! Eu tenho passado um tempo esse ano aprendendo a cozinhar um pouco de cada coisa. Porque eu não sabia fazer nada, então aprendi a fazer um monte de coisa! Uma das coisas que aprendi foi a fazer um prato brasileiro, chamado Moqueca! E Xinxim de galinha! Que é com galinha e camarão. Eu fiz isso e fiz moqueca, com frutos do mar. Então, eu tenho aprendido a fazer alguns pratos brasileiros porque eu amo a culinária brasileira. Mas é melhor eu ir logo até aí e comer de alguém que saiba fazer melhor do que eu!

Vocês fazem sucesso aqui e é uma pena que você pensava que eram poucas pessoas! Suas músicas tocam bastante aqui!
Adam: Diga isso aos promotores de eventos que o Counting Crows quer ir ao Brasil! Porque toda banda quer ir para todos países, mas só podemos ir caso um promotor faça uma oferta para isso. Falem com os promotores e estaremos aí. Já falei isso para todos os jornalistas hoje.

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Você gostaria de mandar uma mensagem aos fãs brasileiros?
Adam: Digam a todos para nos levarem ao Brasil!

Muito obrigada, Adam! Foi um prazer falar com você hoje, como eu disse. Eu cresci ouvindo suas músicas, meus pais amam suas músicas. Sempre que eu vou para a casa dos meus pais, eles estão ouvindo “Mr Jones”, “Accidentally In Love”, “Big Yellow Taxi”… Foi um prazer!
Adam: Sabe, eu joguei futebol quando eu era criança. O primeiro jogo profissional que eu fui, o New York Cosmos veio jogar contra o Earthquakes e eu vi o Pelé jogar. Eu fiquei tão apaixonado pelo Brasil a partir dali… Os EUA não estavam na Copa do Mundo de qualquer maneira, então eu cresci obcecado com o time do Brasil, as camisetas, Pelé, depois Romário, Bebeto. Isso me trouxe confusão porque naquele ano a Copa foi nos EUA e eu estava torcendo para o Brasil! Isso me fez entrar em muita confusão. Mas foi um amor a minha vida toda, sempre foi meu time favorito. E isso não foi popular nos EUA quando viramos um time de Copa do Mundo. Eu adoraria ir para o Brasil. Eu adoraria!

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Marina Moia
Marina Moia
Jornalista e apaixonada por música desde que se conhece por gente.