Entrevistamos Daniel Weksler sobre single com a Day e novo projeto solo

Daniel Weksler
Foto: Tony Santos

Conhecido por seu trabalho no NX Zero e, mais recentemente, com a Pitty, Daniel Weksler está com projeto solo novo reunindo diversas parcerias.

Intitulado WEKS, ele conta com três músicas inéditas, por enquanto, com a colaboração de Day, Karen Jonz e Karen Dió. A Nação da Música teve a oportunidade de conversar com o músico, por vídeo, sobre esse novo projeto e a respeito do seu lado produtor.

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Durante a entrevista, ele comentou sobre o mais recente lançamento, “Absurdo”, como descobriu seu lado produtor e até algumas curiosidades sobre como teve ajuda da banda da Ariana Grande para conseguir outros trabalhos após o NX Zero.

Entrevista por Henry Zatz.
————— Assista ao vídeo da entrevista:

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————— Leia a entrevista na íntegra:
Oi, Daniel. É um prazer conversar com você. Queria começar falando sobre sua música nova, “Absurdo”, que você lançou com a Day. Como surgiu a ideia dessa parceria?

Daniel – Cara, “Absurdo”, ela começou com uma base que eu fiz aqui em casa, fiz o instrumental dela, e eu mandei ela para o Martin, que é guitarrista da Pitty também, que toca comigo lá. Aí ele gravou umas ideias de guitarra, umas coisas e me mandou de volta, a gente adorou a base e deixamos ela guardada. Aí comecei a acompanhar o trabalho da Day pelo Instagram, umas coisas que ela estava fazendo, curti muito as coisas que ela estava fazendo. Aí entrei em contato com ela, perguntei se ela estava acompanhando o projeto que eu estava fazendo, se ela estava a fim de fazer alguma parceria, aí ela ficou super feliz com o convite. Aí eu mandei uma base para ela que eu tinha aqui, aí foi legal que foi rápido, ela falou “putz, não me veio nenhuma ideia com essa base, se você quiser colar lá na Head Media, a gente faz alguma coisa junto, vamos ver”. Aí eu falei “me manda as coisas que você tem escutado, aí de repente nessa vibe que você tem escutado, eu vejo se tenho alguma base que combina com isso que você tem escutado aí” e lembrei dessa base que eu fiz com o Martin e mandei para ela. Ela respondeu rapidão , falou que super tinha batido a vibe e no dia seguinte ela já tinha mandado letra, melodia, aí eu caí para trás da cadeira, achei muito foda o que ela mandou. A gente já foi ajustando e foi tudo muito rápido, muito fácil de trabalhar, muito legal.

Junto da canção veio o clipe também, que vocês lançaram no final de outubro. Como foi para você fazer esse clipe? De onde vieram ideias e referências?

Daniel – Foi muito massa que tipo, porque foi minha primeira grande produção, que eu estava realmente à frente do projeto. A gente pensou em fazer algumas ideias, que a princípio ia ser umas coisas mais de animação, umas coisas que eu já estava fazendo nos outros clipes do projeto. Mas aí a música foi para a parte final de mix e master, eu vi que ela estava ganhando um tamanho super legal, todo mundo estava gostando do que estava ouvindo. Aí eu resolvi falar com o Kenny Kanashiro, que é um diretor de clipes que trampa lá na Midas Music, mostrei para ele a música e deixei ele super livre para ele viajar e as coisas que batiam para ele de referência, ele escreveu o roteiro e as referências, e mandou para a gente, a gente gostou praticamente de tudo, fizemos pequenos ajustes, mas ele ficou super livre para essa parte de criação, ele com a galera da produção dele. E para mim foi uma aventura muito legal, estar no set de gravação de clipe e pela primeira vez era um projeto meu né.

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Geralmente, quando eu ia fazer essas produções grandes de clipe, sempre tinha um cara de uma gravadora, mais a galera da banda, do NX, estava comigo. Então, era sempre muito dividido essas responsabilidades e ideias, né? E essa foi a primeira vez que eu estava no set e a responsabilidade estava nos meus ombros, então foi muito legal saber que existem renovações a serem feitas por mais que, sei lá, não tenha idade para a gente se renovar e aprender coisas novas, mas para mim é muito legal saber que eu com 34 anos consigo tá vivenciando essa nova experiência, de poder tá colocando a cara a tapa, de fazer um projeto meu, de fazer um puta clipe. Então eu estou cada dia mais sendo surpreendido por todas as coisas que estão acontecendo e saber que o céu é o limite agora né?

Pegando o gancho que você comentou dos outros dois clipes, como surgiu a ideia desse projeto novo, o WEKS? Como você está lidando com tudo isso?

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Daniel –Foi bem gradativa as coisas. Quando o NX parou, eu me liguei que eu tinha me colocado muito num lugar comum, de não experimentar coisas novas, porque, na minha cabeça, o NX me bastava e o NX talvez fosse durar para sempre. Então eu tinha, talvez, fechado portas para outros projetos, outras coisas, porque, para mim, eu estava “garantido”, fazendo os trabalhos com o NX. Então, quando o NX parou, eu me liguei, que era hora de eu me expandir, começar a fazer outras coisas, mandei mensagem para mó galera. Quem me deu essa dica foi o baterista da Ariana Grande. Quando eles vieram fazer a turnê aqui, a Ariana Grande, eu fui responsável por levar os caras para conhecer São Paulo, para dar uns rolês, aí eu conversei muito com os caras e o batera, que é um cara que eu sou muito fã, que é o Aaron Spears, eu falei para ele “como é que funciona para você? Quando acaba a turnê da Ariana Grande, como você embala outros trabalhos?”. Aí ele falou “cara, eu simplesmente vou lá na minha lista de e-mails e aviso para a galera que estarei disponível a partir de tal data”. E é uma coisa que eu nunca tinha feito, aí eu percebi com muitas pessoas que eu conversei que eu tinha vontade de fazer trabalhos, essas pessoas falavam “pô, você é o cara do NX, deve estar cheio de trabalho, por isso que nunca te chamei”.

Então, eu nunca tinha me mostrado disponível também para fazer outras coisas e eu ficava esperando que isso fosse acontecer naturalmente, mas não é né? Você tem que bater na porta das pessoas e dizer “estou aí, vamos trabalhar”. E o Rick Bonadio foi uma das primeiras pessoas que me chamou para conversar no Midas, ele falou “quero que você seja o batera da gravadora e vamos ver se rola de fazer produção” e me colocou aos poucos para fazer as produções musicais. Ele falou “eu gosto muito das suas referências, das ideias que você tem e toda bagagem que você adquiriu nesses tempos de NX”. Aí eu troquei o lugar, não estava mais na parte de musicista, estava no computador agora, fazendo essa parte de produção e descobri que eu tinha limitações ali, por mais que minha cabeça sabia onde queria chegar, eu não conseguia sentar e eu mesmo resolver a parada, entendeu?

Então ali, para mim, foi uma faculdade, ver os produtores trabalhando, como eles resolviam as coisas, aí a partir disso, eu também decidi que eu precisava começar a estudar música. Aí entrei no conservatório de música, porque  eu sempre fui só um baterista, no sentido da teoria e tudo, eu nunca tinha realmente estudado harmonia musical, nunca tinha estudado teoria musical, a parte de percepção e de notas. Então foi uma coisa que eu descobri que precisava para expandir as coisas, porque eu fazia um trabalho e sentia que eu estava chegando no meu limite ali de conhecimento, até onde eu podia expandir. Então esse trampo no Midas, para mim, foi muito importante para isso, abriu muito a minha cabeça, eu saí do baterista e me coloquei como produtor, como músico, você começa a ver as coisas de forma muito mais expandida do que é a música. Então, aí todo dia que eu chegava do Midas, eu sentava a bunda no meu estúdio e fazia uma base para eu estudar, todo dia fazia alguma coisa, aí vi meu bloco de notas, vi que encheu meu primeiro bloco de notas de bases, aí fiz “o que vou fazer com isso agora?”.

Aí eu comecei a pensar nas possibilidades, fiz uma com a Pitty aqui em casa, aí vi que tinha um potencial muito massa, aí fiz mais uma com ela, aí pensei “o que vou fazer com esse projeto? Vou só produzir e dar para as pessoas?”. Aí como eu já curto muito a parte artística, de estar fazendo as coisas, de estar no palco, eu queria fazer parte, que fosse um projeto meu realmente, que eu fosse o compositor, mas que eu também tivesse a parte artística de estar ali dando a cara a bater né? Cantar ainda não é meu forte, quem sabe um dia eu estude, mas não é o meu forte, aí falei “vou chamar então pessoas para cantar as minhas bases” e decidi nessa primeira parte do projeto colocar só mulheres para cantar, porque eu conheço várias e tem muitas minas fodas por aí e aí comecei nessa pesquisa, ver qual base poderia combinar com tal pessoa. Aí comecei a mandar as bases para as mulheres que eu gostava e as respostas foram muito legais, então eu só continuei, sabe? Continuei estudando, fazendo mais base, mandando para mais gente e foi tomando uma proporção muito massa, sabe?

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Eu ia até te perguntar isso. As outras duas músicas, “Feel Free” e “Escrito na Minha Testa”, você pegando para ouvir são músicas bem diferentes sonoramente. Eu queria que você contasse como funciona, você tem as bases prontas e pensa numa parceria que  combine com isso ou você já tinha a Karen Jonz, por exemplo, em vista e pensou numa base para ela?

Daniel – Geralmente, eu sento aqui no meu estúdio, hoje eu estou com uma ideia na cabeça, algum riff, alguma coisa ou eu simplesmente saio fazendo ou eu simplesmente fico vendo clipes que eu gosto e me trazem inspiração. Como é uma coisa que eu faço por puro prazer, eu não tenho essa de querer ficar milionário, se isso acontecer por causa disso, maravilhoso, mas não é a minha intenção inicial. Minha intenção inicial é fazer uma música que eu gostaria de ouvir nos álbuns dos artistas que eu gosto sabe. Então eu quero fazer o que eu gostaria de ouvir de verdade.

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Então eu sinto ali, fico viajando, chegando em timbres e coisas que me agradam e tenham a ver com as referências que eu tô escutando hoje em dia. Aí depois eu dou uma finalizada na base, tentado viajar com qual pessoa que aquilo ali combinaria ou eu simplesmente falo com um artista que eu gosto, tipo a Tássia Reis que rolou esses dias, eu falei “eu gosto muito do seu trabalho, eu acho você muito foda, me fala as referências que você tem escutado hoje em dia”. Aí de acordo com o que a pessoa manda, eu vejo se tem alguma base mais ou menos naquela vibe que a pessoa está naquele momento, sabe?

Então imagino que você ouça de tudo né? Porque são pessoas de estilos completamente diferentes.

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Daniel – É, eu tento não ficar muito preso do tipo “ah só vou fazer rock, só vou fazer indie”. Eu gosto de estudar os estilos que eu gosto de ouvir e eles, hoje em dia, são muitos mesmo. Por exemplo, da Karen Jonz, eu vi que ela lançou um EP só de lo-fi, e eu tinha tido essa experiência meses antes de entrar nessa brisa de lo-fi, de deixar aquelas playlists de lo-fi rolando para estudar. Aí entrei numa brisa de ver como era o lo-fi, abri várias tracks, entrei para ver quais eram os timbres, como é o tempo da música, aí fiz uma base lo-fi e deixei guardada. Aí vi que ela tinha lançado esse EP só de lo-fi, então mandei esse lo-fi para ela para ver se combinava, ela curtiu para caramba, também já mandou letra e melodia em cima. Então eu acho que isso vai acontecer bastante, desses ritmos serem distantes um do outro, porque cada dia, talvez, eu esteja numa vibe diferente também. Eu não sei se isso vai combinar num disco uma depois da outra, se isso vai fazer sentido também, não sei.

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E essa ideia de trabalhar só com mulheres é por querer valorizar a mulher na música ou você acha que combina mais com seu estilo?

Daniel – Eu acho que eu posso ter esgotado de homens cantando.  Acho que eu fiquei tanto tempo trampando como NX, que eu acho que estava na hora de explorar outros caminhos, outras tessituras, onde a voz da mulher pode chegar. Aí são muitas coisas, né. Primeiro que tem vários trabalhos que eu gosto que são só mulheres cantando, o trabalho do Mark Ronson, o tabalho do Kaytranada, que eu acho que combina muito as vozes das mulheres cantando. E entra também na parte política, na parte sociológica, de saber que a gente vive num mundo hoje em dia que se você for pegar tudo que acontece hoje em dia, que aconteceu politicamente falando, as coisas foram muito melhores resolvidas em países que tinham mulheres à frente da política, mulheres presidentes ou mulheres à frente de prefeituras. Então vamos assumir que as mulheres são muito mais foda que nós e vamos colocar elas para fazer um monte de coisa foda, não que elas já não tenham muito espaço para isso, mas acho que está numa época muito massa para trazer isso à tona, para falar sobre isso.

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E como você tem percebido a reação do público com esses seus lançamentos? Vem muitos fãs das parcerias ou muita gente que te conhece do NX e da Pitty?

Daniel – Eu tenho visto que muita gente se surpreendeu, acho que não sabia desse meu outro lado, que talvez nem eu sabia também. Tá sendo muito legal, porque aqui em casa, a Pitty mesmo ganhou mais confiança nisso, essa última música “Na Tela”, eu produzi junto com ela, eu toquei quase todos os instrumentos. Então é legal ver que as pessoas próximas estão abrindo o olho e falando “tem coisa boa aí”. Só nessa última semana, eu já fechei duas produções novas para fazer, por causa desse trampo com ela de “Na Tela”. Tipo, de pessoas que mandaram aqui em casa “eu vi o trampo que você fez de produção com a Pitty, achei super legal, também curto esse caminho, vamos fazer coisa”, então meu lado produtor está sendo descoberto por mim e pelas pessoas, isso está sendo aflorado. Até porque, na pandemia, isso é uma coisa muito boa de fazer, já que eu não estou fazendo show, e antes minha energia, a minha parte financeira estava focada em palco, né? E isso é uma coisa que a gente não sabe quando vai voltar, então, para mim, fazer produções que eu consigo resolver remotamente, eu consigo fazer alguma coisa aqui em casa e mandar  para a pessoa onde ela estiver e ela me manda de volta outras coisas, então eu acho que é uma coisa super válida de explorar hoje em dia. Acho que as coisas foram se configurando na hora certa para acontecer, sabe?

Aproveitando que você falou da pandemia. Como você tem vivido tudo isso? Como passou os últimos meses?

Daniel – Cara, acho que agora as coisas estão se ajeitando, né? Foi muito doido, porque foram algumas redescobertas que eu tive que fazer, né? Quando o NX parou e a gente não esperava por aquilo, ninguém da banda planejava realmente parar. Então todo mundo sentar a bunda e fazer “cara, foram 17 anos da minha vida dedicados à banda, e agora que a banda acabou, quem sou eu? O que eu vou fazer para me preencher artisticamente? Para me dar grana?”, porque a gente não pode sempre achar que a arte é só pela arte, as pessoas fazem o trabalho para ganhar dinheiro e isso está tudo bem, é assim que as coisas são. Aí eu tive que me redescobri, fiz os trampos no Midas, e voltei para o palco com a Pitty né, que eu tive essa redescoberta de poder estar no palco com outro artista, aí quando tudo na minha cabeça já estava resolvido, veio a pandemia, aí você tem que se redescobri de novo entendeu?

Então eu meio que já estou acostumando com essas redescobertas e traçando novos planos. Eu demorei, acho que como todo mundo, para se assentar e descobrir o que fazer, como fazer. Aí é isso, acho que hoje as coisas já estão um pouco mais encaminhadas, como eu estou fazendo muita coisa por Zoom, o conservatório de música eu consigo fazer por zoom, as aulas de ioga eu faço pelo Zoom. Aqui em casa, graças a Deus, tem bastante espaço, eu consigo ficar quieto no meu estúdio fazendo as coisas, a Pitty tem o escritório dela, a Madá tem o espaço dela para brincar, a gente consegue dividir as coisas e tá todo mundo conseguindo trabalhar bem em casa, sabe? A gente já estava meio pronto para voltar algumas coisas, mas aí agora com essa suposta segunda onda, a gente vai ver como tudo vai ficar também.

E voltando para a história do produtor, quais são os lados positivos e negativos de ser um produtor um músico? Quais as diferenças?

Daniel – Acho que, na verdade, as duas coisas se complementam muito. Eu descobri que quando eu consegui deixar de ser apenas um baterista e consegui olhar para os outros instrumentos e o que a música realmente pede, porque quando você é só um baterista de uma banda, você fica preso num ego do que aquela bateria tem que soar para os outros. Aí você fica muito preso naquilo. E quando você está produzindo uma música, você não é só o bateristas, você não é só o baixista, você consegue olhar para aquilo com outros ouvidos. Para mim foi muito doido quando eu fiz a minha primeira linha de base , fiz uma linha de baixo, fiz uma harmonia, e a hora que eu fui colocar a bateria em cima daquilo, se eu fosse só o baterista daquele projeto, naquela época pelo menos, eu ia fazer uma linha de batera, mas como fui eu que compus o baixo e a linha harmônica, a batera que eu fiz foram com outros ouvidos. Não foi com o ouvido de baterista, foi com o ouvido de músico, de produtor. Então aquilo, na verdade, para mim está só somando, porque hoje a hora que eu volto para o palco, meu ouvido ele está muito ampliado para o que as outras pessoas estão fazendo e o que a música precisa realmente, não só bateristicamente falando. Então acho que os dois mundos se complementam e são muito importantes serem juntados ali. Então, eu sinto muito prazer hoje em dia nos dois lados.

Hoje, a hora que eu sento para produzir uma música, eu não me sinto incompleto, não fico sentindo falta de nada, porque é uma coisa que a minha cabeça gosta disso, ela pede por isso também. Então eu estou achando muito legal poder ter os dois caminhos. Eu fui num workshop de um batera que chama Steve Jordan, que é o batera do Keith Richards, que tocou também com Eric Clapton, e ele produziu o disco do John Mayer, ele produziu o disco do Keith Richards. Ele falou que teve uma época que ele teve que parar de ser batera e avisou para a galera com quem ele fazia as turnês e disse “olha, não sou um baterista, sou um produtor”, para ele e a as pessoas entenderem que ele não era mais aquela persona, que ele era um produtor e ele ganhou nome como produtor, aí depois ele voltou a ser o baterista e fazer turnê com mó galera. Para ele, foi um caminho que fez sentido e, para mim, foi muito legar ver ele falando isso para entender que são dois caminhos que tem hora que eles têm que se dividir para as pessoas, e para você mesmo entender quem é você. Mas num futuro, quando as coisas estiverem claras, é legal as coisas voltarem a se juntar, sabe?

Então você acha que você está nesse caminho mais focado para o lado de produtor agora?

Daniel – Eu acho que eu vou tocando os dois juntos, porque os dois não pararam né. Domingo agora a gente tem um ensaio com a Pitty para fazer uma live na semana que vem e depois, no meio do mês de dezembro, tem uma outra live que a gente vai fazer. Então, eu não tenho como abandonar a bateria, porque eu estou com dois projetos rolando simultâneos, e um é baterístico e outro é produtor e artista. Mas é bom, quanto mais coisa para fazer minha cabeça curte.

E você tem planos futuros para seu projeto? Quais são suas expectativas em cima dele?

Daniel – Eu tô com mais algumas músicas engatilhadas para lançar, eu acho que vai rolar um remix de “Absurdo”, eu até recebi a master hoje. Aí já tem mais três artistas engatilhadas para fazer o trabalho no começo do ano. E é isso, a minha ideia é lançar bastante coisa com o WECKS e começar a produzir artistas que eu gosto também. Por exemplo, Boogarins é uma banda que eu gosto muito, quero falar com os caras do tipo “vamos colar no estúdio, quero produzir uma track de vocês”. Então eu quero aumentar também essa minha parte de produtor para trabalhar com mais pessoas que eu gosto e com o WECKS eu acho que é isso, ver se junta mais material para sair um EP ou um disco, e ir para uma segunda fase que eu não sei exatamente como vai ser, mas eu tô cheio de material aqui e quero fazer bastante coisa.

Mais cedo você tinha comentado sobre palco e shows. Com esse seu projeto acaba dificultando um pouco por ter muita parceria né? O que você pensa a respeito?

Daniel – Eu acho que daria para fazer alguns especiais. Se fossem em São Paulo, por exemplo, daria para juntar as cantoras que estivessem disponíveis naquela data ou fazer com uma banda reduzida e uma vocal fazendo as vozes de todas. Ou soltar no telão as vozes originais, acho que tem bastante possibilidade de fazer isso, mas acho que é uma coisa que, como não temos perspectiva nenhuma de quando volta a fazer show, eu não tô com a cabeça nisso agora, sabe?

Acho que estamos chegando ao fim. Queria te agradecer por essa entrevista, foi muito bom conversar com você e pedir para você deixar um recado para os leitores da Nação da Música.

Daniel – Muito obrigado a todo mundo que acompanhou essa entrevista com a gente, tô muito feliz de poder me redescobrir, ainda mais nessas fases difíceis que a gente tem passado. E falar para todo mundo que pé no chão, as coisas vão melhorar, acho que quanto mais a gente consegue ocupar nossa cabeça com coisas criativas que nos fazem bem, estudar é uma coisa super importante, você sempre está estudando uma coisa que te faz bem, que você gosta, porque aquilo mantém a sua cabeça viva, e mentalizar coisas boas. Vamos nessa, fiquem ligados porque daqui a pouco temos mais lançamentos na área.

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