Na última quarta-feira (04), o artista português Diogo Piçarra lançou a música “Nada é Para Sempre” junto com o Vitor Kley e, no mesmo dia, ela ganhou um clipe, que está disponível no YouTube e no final da publicação.
A Nação da Música teve a oportunidade de conversar, por vídeo, com o músico português sobre esse mais novo lançamento. Diogo contou sobre como conheceu Vitor e falou a respeito da ideia que quis passar com o clipe. O cantor também sobre outras parcerias brasileiras que ele já fez, como Jão e Anavitória, como está enfrentando a pandemia e seus planos na música.
Entrevista por Henry Zatz.
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————————————– Leia a íntegra:
Primeiro gostaria de dar parabéns pela nova música “Nada é Para Sempre”. E queria aproveitar falando dela. Como surgiu a ideia dessa parceria com o cantor Vitor Kley?
Diogo: Eu conhecia o trabalho do Vitor, principalmente pela música “O Sol”, que começou a tocar muito aqui em Portugal, então ficou o desejo de um dia poder conhecê-lo. Mas o Vitor fez este trabalho sozinho, ele falou de mim numa rádio. Eu imediatamente entrei em contato com ele, “eu também gosto muito do seu trabalho” eu disse numa mensagem privada. E ficamos em contato, trocamos ideia de músicas, até que surgiu essa “Nada É Para Sempre”, que ele ficou maluco com essa música, com essa ideia. Eu estava muito ansioso para lhe mostrar, porque eu imaginei muito a voz dele no segundo verso, achei mesmo que era o estilo dele, a guitarra, produzido pelo Benj, e acho que foi a parceria certa no momento certo. Porque acima de tudo temos a mesma energia, nós temos o mesmo respeito pela música, vemos a música da mesma maneira, nós dois tocamos violão e por isso acho que foi perfeito. Se fosse um ano atrás ou dois, tínhamos os dois o mesmo penteado, por isso estava tudo bem. O Vitor é uma pessoa incrível, alinhou em tudo. Aproveitamos que ele estava em Portugal e foi perfeito. Gravamos, filmamos o clipe, aproveitamos antes de ele regressar ao Brasil e foi a parceria perfeita. Fico feliz, eu ficaria triste se tivesse sido à distância, se não tivesse tido contato com ele e o clipe tivesse sido feito como muitos fizeram com webcam, com o telefone e é uma compilação de cada um no seu país.
Que bom que deu para conciliar tudo isso. Aproveitando que você falou do clipe. Ele tem uma estética diferente, com você e o Vitor maiores do que as cidades. O que você pode dizer dele? Que mensagem quiseram passar? Como foi construído isso?
Diogo: A ideia foi pegar no título, “Nada é Para Sempre”, mas tentar fazer de uma forma mais divertida. Então pensei com o realizador, que é o Felipe Santos, uma ideia de ilustrar como nos sentimos bem, gigantes, quando somos correspondidos por alguém e quando nos sentimos minúsculos quando alguém nos rejeita. Então tentamos mostrar isso no videoclipe de uma maneira divertida. Então eu caio dentro da água, o Vitor é rejeitado e cai de um prédio, mas no fim ficamos minúsculos, mas ficamos divertidos, nada é para sempre, mas ficam os bons momentos, ficam as boas memórias e essa era a ideia que queríamos passar no clipe. Mas também mostrar uma versão divertida da música, se não ia ser sempre um videoclipe normal, eu ia chorar para a câmera, o Vitor ia chorar para a câmera, tentamos fazer uma ideia mais original.
Ficou ótimo mesmo. E a música tem essa mensagem mais bonita, sentimental. Pode contar um pouco sobre ela? Ela surgiu durante a pandemia? De onde veio a inspiração?
Diogo: A música não tem uma inspiração real né, não é baseada em algo que tenha acontecido comigo, até porque estou muito bem com a minha namorada, com a minha filhota, mas realmente todos nós já passamos por isso e percebemos que quando temos uma relação que parece que vai ser para sempre, mas percebemos que quando acaba ficamos com a percepção que, afinal, nada é para sempre, afinal as coisas tem um fim por mais intensas que sejam no início. Então tentei buscar esses sentimentos de coisas já passadas, tudo que as pessoas já viveram também e tentar escrever isso na letra. Então quando eu estava com o Benji, o produtor, assim que comecei a escrever os acordes, eu comecei logo a contar a história de uma relação, quase que como contando a alguém: “se tudo não quiseres, eu não insisto. Depois de tudo isto só sobrou o que nós temos a nossa frente”. Então eu tentei escrever com base nisso, o Vitor tentou escrever de uma maneira mais romântica, a se apegar nas memórias boas, depois de tudo isso ficaram os abraços, ficaram as manhãs felizes, ficaram as conversas. Por isso o Vitor tem uma outra perspectiva da música, mas acho que as nossas duas perspectivas se completam muito bem.
E o Vitor não foi o primeiro brasileiro que você cantou junto, certo? Você já fez parceria com Jão e a dupla Anavitória. O que você achou de cantar com eles?
Diogo: Tem sido sempre uma surpresa, Henry. Acho que eu nunca esperei trabalhar com as Anavitória, elas que chegaram até mim, queriam entrar no mercado português e eu já as conhecia através do Tiago Iorc, então juntamos o útil ao agradável. Eu pude fazer uma versão portuguesa da música “Trevo”, que ainda é gigante aqui em Portugal. Depois, graças a essa música, o Jão ouviu falar de mim e me convidou para fazer uma versão da música “Aqui”, do álbum dele “Lobos”. E as coisas tem sido assim, devagar, cada vez que eu vou ao Brasil, conheço sempre alguém, como foi com o Vitão, que eu pude escrever a música “Complicado” com a Day, com a Carol e com ele também. Aí eu pude mostrar à Anitta e ela adorou, então surgiu esse dueto com o Vitão e a Anitta. Depois de repente também , uma nova parceria com Jão e Ivete Sangalo, surgiu também de uma ideia que eu tinha escrito com o Jão, de repente eu acho que a Ivete adorou. Mas tem sido surpreendente, não tem sido planejado, mas tem sido quase como um projeto, vou para o Brasil, vou trabalhar com essas pessoas, vou conhecer e se isso acontecer, se surgir uma parceria ou uma música, eu fico mesmo feliz, mas a viagem já é ótima, porque eu adoro ir ao Brasil e sinto-me em casa aí.
Ah que legal. E seu nome tem crescido bastante aqui, seus ouvintes vêm crescendo. Você sente isso?
Diogo: Eu sinto um pouco mais na comunidade brasileira aqui em Portugal, sinto que nos meus concertos tem uma grande comunidade brasileira assistindo, uma boa comunidade brasileira comentando as minhas fotos e enviando mensagem. Ou seja, mais pessoas brasileiras, mas que estão aqui em Portugal. No Brasil, sinto que tenho também um apoio, mas é sempre mais complicado fazer uma carreira à distância, porque é preciso eu passar uma boa temporada no Brasil, um mês ou dois meses para poder solidificar um pouco mais e quem sabe lançar mais parcerias e fazer espetáculos ao vivo, porque é isso que me está faltando no Brasil. Tenho as parcerias, tenho os contatos, mas ainda não surgiram concertos e espetáculos ao vivo aí no Brasil.
Mas pretende algum dia fazer isso?
Diogo: Claro, sem dúvida! Eu tive só uma oportunidade de tocar numa espécie de bar, que eu acho que era em São Paulo, mas foi um concerto pequeno e agora eu gostaria de mostrar o meu concerto normal, grande, com banda, com as luzes e com vídeo, e quem sabe poder contar com o público na minha frente, como se fosse um concerto normal e adoraria ir ao Rock in Rio, seria mesmo um grande sonho. Eu já fui no de Lisboa, mas gostaria de ir aí no Rio.
E como foi essa experiência do Rock in Rio de Lisboa? Foi em 2018, certo?
Diogo: Sim, se não me engano foi em 2018. Foi lindíssimo! Foi um dos maiores concertos que eu já tive e sem dúvida o maior palco, mesmo em termos de dimensões, um palco gigante, eu tinha vinte bailarinos a minha volta e mesmo assim o palco era enorme. Ou seja, nós podíamos correr de uma ponta a outra, e o palco continuava sendo gigante. Além de ser um dia ótimo, tinha o Muse nessa noite, que tocou depois de mim e estava cheio de gente. Eu toquei às seis da tarde, estava muito calor e assim que falei a primeira palavra, comecei a escorrer suor, mas às seis já estava cheio e foi uma ótima experiência. Eu lembro, mais ou menos em 2013, eu fui ver o Ed Sheeran no Rock in Rio aqui em Lisboa, e estava em frente ao palco e pensei “um dia eu vou estar ali”, passaram alguns anos e eu estava ali de fato, na mesma hora do Ed Sheeran, no mesmo palco e são coisas surpreendentes que acontecem na vida.
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Espero que você venha ao Brasil e que realize esse sonho de tocar no Rock in Rio daqui também.
Diogo: Eu sei que tem muitos portugueses artistas que têm a oportunidade num espaço que o Rock in Rio do Brasil dá, então espero ser o próximo escolhido a ir. Tenho muitos amigos que tiveram a oportunidade de cantar no palco do Rock in Rio e espero ser o próximo.
Torcemos para isso também. Bom eu não posso deixar de perguntar, estamos vivendo uma pandemia. Como você tem passado esse tempo?
Diogo: Tem sido quase que um dia de cada vez, mas na quarentena parei um pouco com a escrita e a composição para focar na nossa bebê que tinha acabado de nascer e eu não como não havia pressa, estávamos todos em casa, pensei em tirar um tempo da música e ficar mais com a bebê. A partir de então começaram a surgir nossas ideias naturalmente, mas ainda nessa fase estou, eu e muitos artistas, num impasse, numa incerteza, não sabemos quando teremos concertos, se vale a pena soltar música, porque não dá para tocá-las ao vivo de uma maneira consistente e fazer uma turnê. Por isso estamos todos num impasse, até chegar o dia que podemos marcar uma turnê em segurança. Ou então se for para manter mesmo essas formas de tocar novas, com as pessoas sentadas, com máscara, e afastadas umas das outras, eu não me importo, desde que haja concertos, acho que é importante voltarmos a essa “normalidade”, mas, no entanto, está tudo muito incerto e inseguro, as pessoas têm medo de apostar nos artistas, de pagarem concertos e comprarem espetáculos. O público quer, mas falta as pessoas que contratam perderem o medo.
Imagino que os concertos seja a coisa que faz mais falta agora né?
Diogo: Sem dúvida, tanto para mim, quanto para nossas equipes, os técnicos, nós somos cerca de 10, 11 pessoas que trabalham no palco. E essas pessoas não têm nada, eu consigo lançar uma música, tenho o “The Voice”, fazer uma live no Instagram, os meus técnicos não têm Instagram para poder fazer lives, por isso essas pessoas precisam mesmo do concerto e trabalhar no dia do concerto.
Torcer para que uma “normalidade” volte o quanto antes. Apesar de tudo parado um pouco, você lançou agora “Nada é Para Sempre” e, um tempo atrás, lançou “No Es Mi Culpa”, com o Trooko também. Como foi essa música para você? Como foi essa parceria?
Diogo: Essa parceria também foi uma surpresa. Eu estava em Los Angeles, eu fui viajar e trabalhar durante duas semanas, e todos os dias tinha um produtor diferente para trabalhar e fazer músicas, não só para mim, mas para quem quisesse, e fiz muitas músicas. Um dia, num evento, eu conheci o Trooko, trocamos contato e quando ele estava em Portugal, ele se lembrou de mim, e me mostrou um instrumental que seria dessa música “No Es Mi Culpa”, tinha um minuto para fazer uma letra com a voz, e passado dois anos, a música saiu e tivemos a sorte do “Fifa 21” usar a música como trilha sonora. Então foi uma enorme surpresa, porque eu estava sozinho tentando fazer uma música para o “Fifa 21” e não consegui, não foi aceita, e de repente recebo mensagens do outro lado do mundo, de Los Angeles, do Trooko, dizendo que conseguiu colocar nossa música no “Fifa”. Isso foi uma boa surpresa e já tenho o jogo, claro, já joguei, e é ótimo, sou fã, sempre fui fã, mas agora ter uma música minha no jogo que sempre fui fã é um sonho.
Bom Diogo, estamos chegando ao fim. Queria agradecer a oportunidade novamente. E queria pedir para você deixar um recado para nossos leitores.
Diogo: Olá a todos da Nação da Música, aqui é o Diogo Piçarra. É um enorme prazer falar com vocês, é um enorme prazer cantar com artistas brasileiros, por isso não percam essa parceria com o Vitor Kley, “Nada é Para Sempre”. Espero por vocês um dia em Portugal ou que eu vá ao Brasil em breve. Um grande beijinho e até breve.
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